JORNAL A TARDE SÁBADO, 1º DE
NOVEMBRO DE 1975
Os americanos que vivem numa
sociedade tecnologicamente muito à frente da nossa, estão mostrando uma arte
eletrônica, ou melhor estão fazendo arte com a televisão, que normalmente é vista
como um mercado.
Abandonaram a tradicional
exposição de quadros ou objetos e partiram para o vídeo-tapes gravados por
artistas plásticos, demonstrando uma grande versatilidade da tecnologia do
vídeo na produção de efeitos especiais e distorções do sinal das estações de
TV.
Numa rápida demonstração que foi
realizada na USIS, em Salvador antes de minha viagem a São Paulo pude sentir de
perto os efeitos extraordinários conseguidos no vídeo-tape pelos plásticos
americanos.
Como explicou Jack Boulton, delegado
dos Estados Unidos junto a Bienal o importante na videoarte é que a tecnologia
está a serviço da arte, e não o contrário.
EM DUAS SALAS
Noutra dependência, foi instalado
o Jardim do Vídeo idealizado por Nam June Paik, o precursor da vídeoarte.
Trata-se de um salão iluminado unicamente por 20 aparelhos de televisão
montados no solo, em meio a plantas de vários tipos. Você sente um grande
efeito visual com todos os aparelhos transmitindo a mesma imagem, a qual é
observada através de uma plataforma situada a mais de um metro acima do chão.
Entre os primeiros que decidiram
dedicar-se à videoarte destaca-se Nam June Paik, Sul coreano de nascimento,
Paik transferiu-se para os Estados Unidos, onde trabalhou nas televisões
educativas de Boston e Nova Yorque, após ter estudado música eletrônica com Stockhausen. Em longos trabalhos de pesquisa, Paik constatou que a instalação
de eletromagnéticos em receptores de televisão provoca distorções de
belo efeito
plástico. Sua experiência foi bem sucedida que em 1970 ele inventou o
sintetizador de vídeo. Essa descoberta permitiu a gravação de videotapes com
imagens compostas, Paik chegou mesmo a sugerir a gravação de videotapes para
fins educacionais, como por exemplo, na gravação de apresentação musicais,
omitindo-se uma voz ou um instrumento de forma que o estudante de música possa
sentir-se cantando ou tocando acompanhado de uma orquestra completa.
"Embora adote um sistema
coordenadas históricas, Vídeo Art USA pretende evitar qualquer conclusão
taxativa da ordem histórica. Não passa na realidade, de uma resenha de 32
artistas, cujo denominador comum é uma mesma tecnologia."
O Jardim do Video, idealizado pelo coreano Nam June Paik |
E prosseguiu, " historicamente a
primeira vez que o vídeo foi apresentado no contexto das belas artes foi como
escultura. Duas instalações esculturais foram incluídas na presente exposição.
Uma é de autoria de Nam June Paik, a figura ancestral da Arte do vídeo. Ela
incorpora o vídeotape num contexto escultural enaltecendo, de maneira
superlativa, a capacidade que o vídeo tem de fundir culturas e povos diferentes
numa aldeia global. A outra é de autoria de Peter Campus, escultor do período pós-arte
mínima, o qual se utiliza do vídeo como instrumento de uma exploração altamente
sofisticada e cerebral na natureza da percepção. São três tipos de vídeotapes
incluídos na exposição aqueles da orientação sociológica, que documentam ou
revelam certos aspectos de nossa vida nacional, os quais são ignorados ou
tocados apenas superficialmente pela televisão comercial; aqueles que se
concentram na pesquisa e manipulação das complexidades do potencial eletrônico
do meio, e finalmente, Aqueles refletindo o período pós-arte mínima, os quais
são utilizados pelos artistas para explorar ou transmitir preocupações
estéticas de um teor mais amplo. Esperamos que, graças ao uso do projetor do
vídeo Advent, grupos numerosos de pessoas que visitarem a Bienal possam ter uma
idéia da grande variedade de trabalhos apresentados na exposição.
De nada valeram os esforços dos
organizadores da XIII Bienal de São Paulo para salvá-la da decadência. Uma
decadência que paradoxalmente vem crescendo gradativamente. Trabalhos sem
qualquer nível – a não ser com o propósito de descaracterizá-la – são mostrados.
Alguns expositores apresentam trabalhos que fazem há trinta ou mais anos, indo
de encontro ao objetivo da mostra que é de dar guarida aos movimentos de
vanguarda.
Estive visitando durante dois
dias a XIII Bienal a convite do Serviço de Divulgação e Relações Culturais dos
Estados Unidos, e lá pude sentir a reação do público que realmente está cheio
de tanta descompostura. Algumas representações é que salvam a Bienal de uma
total visão negativista: a americana, a espanhola, chilena e poucas outras.
A maioria das representações oferece
ao público obras sem qualquer inovação ou pura apelação com utilização de
materiais sofisticados, mas que na realidade pouca coisa de conteúdo trazem em
termos artísticos.
CRISTO PARA PAULO VI
O artista pernambucano Daniel é o
autor de escultura em madeira representando Cristo, que foi presenteada ao Papa
Paulo VI no último dia 29, pelo Chanceler Azeredo da Silveira. A peça com 1,50 metros de altura,
seguiu para Roma desde a semana passada. Ela estava á venda a seis meses numa
loja de arte popular, no Pátio de São Pedro, em Recife.
ADERBAL RODRIGUES
Yemanjá, o orixá das águas foi
violentada por seu filho Orugan (Oxumaré).De seus seios jorraram lágrimas.
Daí nasceram os oceanos e mais uma dezena de deuses. Yemanjá, como é mais
conhecida, é também chamada Princesa do Mar, Princesa do Aioka, Janaína e
Sereia do Mar.
O orixá das contas transparentes
de cristal, que come ebó de milho branco com azeite e sal, veste-se de azul bem
claro e usa coroa, abebé (leque) braceletes, dois peixes com correiras e uma corrente de balangandans.
Dança como as ondulações do mar.
Toda a beleza de Yemanjá será
levada hoje pelo pintor Aderbal Rodrigues para sua exposição no Salvador Praia
Hotel. É um jovem pintor que tem muito a percorrer. Já tive a oportunidade de
ver alguns de seus trabalho. Acredito que dentro em pouco Aderbal será
um artista conceituado.
De nada valeram os esforços dos
organizadores da XIII Bienal de São Paulo para salvá-la da decadência. Uma
decadência que paradoxalmente vem crescendo gradativamente. Trabalhos sem
qualquer nível – a não ser com o propósito de descaracterizá-la – são mostrados.
Alguns expositores apresentam trabalhos que fazem há trinta ou mais anos, indo
de encontro ao objetivo da mostra que é de dar guarida aos movimentos de
vanguarda.
Estive visitando durante dois
dias a XIII Bienal a convite do Serviço de Divulgação e Relações Culturais dos
Estados Unidos, e lá pude sentir a reação do público que realmente está cheio
de tanta descompostura. Algumas representações é que salvam a Bienal de uma
total visão negativista: a americana, a espanhola, chilena e poucas outras.
A maioria das representações oferece
ao público obras sem qualquer inovação ou pura apelação com utilização de
materiais sofisticados, mas que na realidade pouca coisa de conteúdo trazem em
termos artísticos.
SANDUARTE VAI À BRASÍLIA
Estive esta semana na Cidade de
Juazeiro, quando da realização do I Seminário da Bacia do São Francisco e lá
fiquei sabendo que o artista Sanduarte está trabalhando sem parar para sua
próxima exposição que será em
Brasília. O artista possui uma técnica a bico de pena que é
considerada por muitos como uma das mais importantes do País.
Além disto, é também, conceituado
no retratar personalidades, e pelas paisagens da região sanfranciscana.
Sanduarte não é um artista de
vanguarda, nem tampouco um conformista. Sua arte reflete acima de tudo as
coisas e a gente da beira do rio, tem cheiro de brisa do São Francisco. Os
peixes em fartura, as carrancas que espantam os maus espíritos, os barcos do
velho pescador agora ameaçados de não navegar grande parte do rio, devido á
construção da Barragem de Sobradinho são retratados com maestria por este
pintor.
EXPOSIÇÕES NO MAM DO RIO DE
JANEIRO
1-PERCURSOS-INFORMAÇÕES- Estará
aberta até o próximo dia 23 de novembro a exposição do francês Bernar Venet. É um dos mais conceituados artistas da França e segundo declara ao abandonar a
pintura e a escultura em 1966, busco reconsiderar, de um lado, o conteúdo do
quadro e, sobretudo, do código que o organiza. Minhas obras não estão mais
sujeitas à representação do mundo exterior nem à expressão em si mesma, o que
me limitaria a uma certa tradição de uma pintura abstrata expressionista, assim
como não procuro uma pesquisa formal que, tendo alcançado o desenvolvimento
considerável a partir do início do século, entrevi a possibilidade de renovar o
conteúdo do quadro. Assim como seu código de significação, graças à
apresentação de disciplinas estranhas ao domínio artístico."
2-REGISTRO FOTOGRÁFICOS
AUDIOVIDUAIS- Outra mostra que ficará aberta até o dia 2 de novembro é de
Gastão de Magalhães. Ele está apresentando uma seqüência de fotografias e três
audiovisuais, que integram uma pesquisa por ele desenvolvida a partir de 1972.
Mostra também em suas experiências a figura do artista e o seu relacionamento
frente à arte e à sua desmistificação. Anteriormente, Gastão já expôs aqueles
conceitos através do desenho de investigações no campo da arte conceitual,
preocupando-se em comunicar ideias do seu engajamento com a realidade. Chegou
inclusive a lidar com elementos primários da natureza como a terra, fogo, água.
Esta exposição é uma revisão
dessas pesquisas... Gastão de Magalhães, é paulista, já tendo participado de
inúmeros salões.
3-SITUAÇÕES- LIMITES (PASSAGENS)-
Finalmente, a exposição de Anna Bella Geiger formada por vídeo-tapes e fotolinguagens.Os trabalhos realizados em 1972 e
1973 contavam de fotos e textos complementares onde já havia certos elementos
de caráter antropológico. Na realidade desde 1969 que a artistas vem
sadesenvolvendo em trabalhos experimentais uma pesquisa sobre o momento na
arte, sempre com uma abordagem antropológica.
BORTK NA GALERIA D’ART NO RIO DE JANEIRO
É um dos novos valores da arte
fantástica brasileira.Uma tendência que nunca chegou a
ser um movimento, ou mesmo impor-se como grupo, mas vem marcando momentos importantes
da evolução da nossa arte desde a Semana de 1922.
Como, todo surrealista de modo
geral destaca-se a técnica em pintar.
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