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terça-feira, 22 de março de 2016

UM ALEGRE REENCONTRO INESPERADO

Zivé Giudice,Reynivaldo Brito e Bel Borba
Foi um reencontro daqueles fortuitos, onde amigos estão ou vão a algum lugar com interesses e objetivos diferentes. De repente se encontram numa sala, num corredor, num shopping e ai começa aquela conversa alegre falando do presente, passado e futuro. Escolhem uma mesa de um bar ou restaurante e, a conversa prossegue com brincadeiras e recortes de fatos onde cada um lembra algo que fizeram ou presenciaram juntos. Surgem as provocações sobre a política atual no Brasil, porque ai estão presentes pessoas com posicionamentos também divergentes  e, claro conversam sobre a arte. Sim, porque este foi um reencontro entre dois artistas, um jornalista e um ex-livreiro-restauranteur , agora, criador de búfalos em São Sebastião do Passé.

Getúlio,Bel Borba,Zivé Giudice e Reynivaldo Brito 
Esses personagens são os artistas Bel Borba e Zivé Giudice,atual diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia - MAMB, alé do ex-livreiro-restauranteur Getúlio e agora, fazendeiro,além do autor deste texto cheio de saudosismo e alegria.
Estava andando no shopping Iguatemi,  rebatizado shopping da Bahia, quando  deparei com uma loja cheia de quadros.Ao chegar perto vi através da vitrine a figura inconfundível de Bel Borba, o nosso "Salvador Daqui ", como disse Getúlio em tom de brincaddeira, se referindo ao  bigode pontiagudo, porém, não tão grande como o que ostentava o velho artista catalão Salvador Dali, que era um provocador nato. 
Ao entrar avistei o também talentoso  Zivé Giudice e Getúlio e, a conversa foi ganhando força enquanto as brincadeiras apimentavam o reencontro. Falamos de arte, de política, do que estamos fazendo e, como acontece com amigos num bar ou restaurante as conversas eram  entremeadas de brincadeiras e provocações.
Algumas cervejas, doses de uísque e caipiroscas contribuíram para animar os interlocutores, enquanto beliscavam algumas iguarias da culinária japonesa.
Sou sertanejo e confesso que não tenho predileção por culinárias de outros países, a não ser uma boa massa italiana.  Este reencontro proporcionou momentos agradáveis e inesquecíveis espero que se repita.

domingo, 20 de março de 2016

OLHAR ATENTO DE BEL BORBA NA PAISAGEM QUE DESCORTINA


Bel com uma das esculturas expostas no shopping
Bel Borba é um desses artistas inquietos e de olhar perspicaz que enxerga de longe, com sua grande sensibilidade, a possibilidade de uma intervenção urbana. Um barco velho abandonado na praia , um muro sujo e mal cuidado, um pedaço de cano, uma velha tela retorcida, até mesmo sinalizadores e bloqueadores de trânsito lhe servem de inspiração. Suas esculturas , mosaicos, telas,fotografias e gravuras  vão surgindo como brota a água límpida das pedras. É o borbulhar da criatividade que aflora e explode em cores e formas as mais diversas. Assim, objetos tidos pela grande maioria como imprestáveis são reaproveitados em suas obras.
Sem dúvida que Bel Borba é um dos mais criativos artistas brasileiros da sua geração, reconhecido aqui e fora do país.Já fez exposições e intervenções em Nova Iorque, Suíça, Itália , Alemanha .Sua trajetória tende a seguir por outros países à medida que sua obra vai se tornando mais conhecida e  integrada com a vida moderna, que muda a cada instante.
Ele também utiliza de muitas ferramentas,  a exemplo de iphones, impressoras modernas e outras que estejam ao seu alcance. Esta sua capacidade em utilizar novas ferramentas e encontrar novas formas de expressar o seu talento é que o torna um artista de possibilidades inimagináveis. 
Até mesmo nos tradicionais gigantes painéis luminosos de led da Time Square, em Nova Iorque, Bel mostrou suas obras em dezenas deles atraindo a atenção de críticos, colecionadores, artistas e o público de modo geral. 
Também, expôs em Nova Iorque grandes esculturas feitas com bloqueadores de trânsito, as quais agora os baianos têm uma chance ímpar de conhece-las no Shopping da Bahia sob o título O Olhar Material.Vá visitar esta mostra, que com certeza você sairá de lá impressionado com a criatividade e a disposição em fazer de Bel Borba.
Antes, ele fez uma exposição na Caixa Econômica Federal chamada de "Bel Borba - Intervêm Urbano -  Ontem, Hoje e Amanhã". Nesta mostra documentada num livro do mesmo nome, ele escreveu  "As pessoas precisam  aprender a conviver com o que não gostam e com aqueles que não concordam". Esta sua colocação merece uma reflexão neste momento conturbado que estamos vivendo em nosso país, onde o ódio permeia as discussões e as relações entre contraditórios. 

Bel Borba trabalha com antiga foto dos casarões de Salvador
introduzindo novos elementos. (Ontem )
 Voltando à arte de Bel partimos do Ontem onde  apresenta várias colagens sobre fotografias antigas de Salvador, utilizando recortes de revistas .Ele intervém em fotos que são ícones de uma época as quais permanecem intocáveis nas coleções de museus e  particulares, muitas delas  hoje já disponíveis na internet. Foi ai que  Bel se apropriou para realizar as suas obras, dando
Cena do cotidiano  em Salvador no Terreiro de Jesus (Hoje)
colorido, e até um ar lúdico com introdução de elementos gráficos e de objetos diversos.


No Hoje o artista utilizou seu Iphone e fotografou paisagens, enquanto era conduzido num carro,  conseguindo flagrantes do cotidiano das  cidades de Salvador e Recife.
São pinturas em acrílica sobre fotografias das duas capitais, com um colorido que lembra serigrafias.
Esta sua capacidade em captar através do olhar com sensibilidade o cotiadiano é um diferencial do homem comum que passa , olha e segue o seu caminho .
Foto de satélite do Aeroporto de Salvador (Amanhã)

Já no Amanhã  buscou as fotos aéreas feitas  de aeroportos importantes de várias cidades, inclusive de Salvador, São 40 fotos de aeroportos tiradas de satélite  as quais parecem imagens futuristas .
Segundo ele "O pressuposto desta série é a tese de que a funcionalidade e a cultura de cada aeroporto, de cada país se impõe no grafismo impresso". 
Sabemos que os aeroportos são terra de ninguém, por onde se cruzam pessoas de vários países, muitos falando línguas estranhas e buscando destinos desconhecidos. Vistos do alto lembram uma imagem sem vida, mas, ao contrário, eles fervilham por dentro onde ocorrem encontros e desencontros.

SEUS BARCOS

Finalmente, ainda pude apreciar as novas pinturas de Bel em grandes dimensões. Ele voltou seu olhar para  as catraias, saveiros e outras embarcações que descansam mansamente na beira das praias  do mar da nossa Bahia. É uma demonstração clara do exercício de pintar, que exige técnica e um aprendizado permanente, mesmo para àqueles acostumados e envolvidos há anos neste oficio de pintor.
Sabemos que Bel fez uma campanha vitoriosa em defesa dos saveiros que estão ameaçados de desaparecer do litoral  da Bahia. Antes tão presentes, eram um dos  mais importantes meios de transporte de mercadorias entre o Recôncavo, as centenas de ilhas que existem em nosso litoral e Salvador. Os saveiros traziam as frutas, a farinha, a cerâmica, peixes e mariscos  desses locais e lavavam daqui produtos manufaturados.