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domingo, 24 de agosto de 2014

AS ILUSÕES DO REAL DE HILDEBRANDO DE CASTRO

O pernambucano Hildebrando de Castro está expondo pela primeira vez em Salvador com a mostra intitulada Ilusões do Real, onde apresenta doze pinturas em acrílica sobre tela e placas de mdf, na Paulo Darzé Galeria de Arte, que fica numa rua transversal ao Corredor da Vitória.
Sem título. Acrílica sobre
tela de 100x100cm - 2014
Uma das características da produção de Hildebrando é que nos remete à arquitetura e certamente notamos um preciosismo na execução das obras. São traços firmes e bem definidos que retratam as lâminas dos chamados brise-soliels , que são aquelas lâminas , fixas ou móveis, que impedem o sol de incidir diretamente nas paredes ou nos ambientes,mas deixam o ar passar livremente. 
Ele encontrou estes elementos no prédio anexo da Câmara dos Deputados, em Brasília, mas você poderá encontrá-los aqui em alguns edifícios. Me parece que o da IBM, no Canela, possui alguns brise-soliels, parecidos com esses que o pernambucano pintou. O seu trabalho começa com a fotografia, pois ele passou algum tempo fotografando em Brasília e, em seguida,  estudando para realizar as suas pinturas com perfeição e mais próximas do real. Não vejo qualquer significado  filosófico . O que vejo é trabalho, sensibilidade de observação e habilidade em realizar o seu desejo. É um trabalho que tem uma elaboração bem próxima da arquitetura. Até mesmo a foto do artista trabalhando incluída no belo catálogo demonstra claramente o seu ofício ao traçar utilizando uma régua e lápis, ferramentas também ligadas ao dia a dia  arquitetônico.
Hildebrando concentrado em sua
arte limpa e geométrica
 Embora autodidata Hildebrando tem, ao reproduzir os brise-soliels um encontro com a arquitetura desde o momento que mira o majestoso prédio do anexo da Câmara Federal, seleciona e fotografa os elementos que lhe interessa e vai para seu atelier reproduzir na tela e nas placas de mdf. Evidente, que não é uma simples reprodução, porque esses elementos permitem ao artista um jogo livre de cor e sombra , que muda de acordo com a incidência de luz, e ai surgem as combinações infinitas. 
Neste conjunto de obra a figura humana está totalmente ausente e, o que interessa é o geometrismo, a cor e a sombra que incide sobre os elementos pintados. 
Diria que é um trabalho cerebral, pensado. Um trabalho onde o artista se predispõe sim, a reproduzir elementos da arquitetura, só que dando sua contribuição individual de sua habilidade, de seus gostos e desejos na escolha da cor e da incidência da luz. 
Objeto,acrílica sobre mdf de
80x80x7cm - 2011
Diz Hildebrando no texto distribuído pela galeria : "Me chamou a atenção sobretudo a situação rítmica que as lâminas verticais criavam, pois cada movimento singular de abrir ou fechar as janelas geravam uma nova composição com infinitos matizes e valores tonais em função da luz projetada nos elementos. Apenas recorto um detalhe da arquitetura, a composição geométrica".
O artista nasceu em Olinda em 1957 e passou sua infância e se desenvolver profissionalmente no Rio de Janeiro. Sua primeira individual foi no Museu Nacional de Belas Artes,em 1980.Morou durante onze anos em Paris e Nova York desde 2004 vive em São Paulo. 
Sempre trabalhou no terreno da representação figurativa, valendo-se da estratégia de empregar o enquadramento e a luz da fotografia como referência para construção de sua pintura. 
Vieram os primeiros trabalhos com pastel seco e ai suas experimentações pictóricas que o levaram ao domínio do óleo e da acrílica. Já nesta sua nova série agora mostra em Salvador, traz substrato para unir geometria e representação, e estabelecer vínculos com o construtivismo e suas vertentes.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

ESCULTURAS EM MADEIRA DE TON DIAS


Tenho recebido com certa frequência e-mails  sobre trabalhos de artistas de outros estados e entre esses um que me chamou a atenção foi o de Ton Dias , de Belo Horizonte, Minas Gerais, que trabalha com esculturas em madeira.
Ele se encanta com  as texturas de cada tipo de madeira , as quais interferem e influenciam em suas obras.As que mais tem utilizado são tauari branco, marupá,vinhático-do-campo, jequitibá, peroba, cedro , dentre outras,que lhes permitem um movimento espetacular nas suas esculturas de parede.
Começou fazendo guitarras especiais , onde permaneceu por uma década criando instrumentos personalizados com suas esculturas , em seguida, passou a fazer entalhes com tendência figurativa, quando apareceram os cavalos, aves , mulheres e outros seres e objetos. Atualmente, está trabalhando mais com esculturas abstratas, onde diz conseguir mais liberdade em seu processo de criação.
Tudo começa com um simples esboço e depois do contato com a madeira vai seguindo com certa liberdade aquele esboço que pode ser abandonado ou alterado de acordo com as texturas que vai encontrando com sua criatividade aguçada. 
Ton Dias não cursou nenhuma academia, tudo brota do universo que está ao seu redor que vai lhe influenciando. Veja que começou a fazer guitarras especiais em 2001 e permaneceu até 2010. Em 2011 iniciou suas esculturas figurativas e por incentivo de amigos passou também a criar esculturas abstratas. Portanto, seu caminho ainda tem muito a ser percorrido e, certamente, Ton Dias vai nos mostrar em breve esculturas em três dimensões para que possamos continuar acompanhando e apreciando a sua arte.
Ele  revela que o mercado de arte é muito competitivo e difícil, mas, que está ai lutando por seu espaço procurando cada vez mais aprimorar sua técnica escultórica.