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quinta-feira, 21 de maio de 2015

TOUSSAINT MUFRAGGI, ARTISTA FRANCÊS EM SALVADOR

A partir hoje,  dia 21, o pintor  Toussaint Mufraggi  estará expondo  25 pinturas em óleo sobre tela na Darzé Galeria de Arte, na Vitória. O artista francês Toussaint Mufraggi nasceu e vive na Córsega, inicia a temporada de exposições 2015. Para o crítico italiano Guido Curto,  nesta pintura estão “elementos das paisagens da sua Terra, solitária, dura, cheia de vento e belíssima. A parte preponderante da exposição é constituída pelos quadros do ciclo Memória, que são 17 telas criadas em 2014, nos quais o fundo branco é “poupado” e como uma folha cândida de papel se transforma na base sobre a qual se estendem pinceladas intensas, vibrantes, radicalmente abstratas. Abstratas no sentido etimológico de uma abstração que extrai formas essenciais da Natureza”.
Diz ainda  que num de seus quadros mais grandiosos e emblemáticos na mostra se intitula Terra mea  "o olhar do artista se estende entre céu e mar, na direção dos horizontes distantes e indefinidos com duas grandes obras dedicadas a Viaggi impossibili e a l’Enlevement d’Europe. "

Toussaint Mufraggi inicia  a prática do desenho e pintura no início da década de 70. Devido à falta de estrutura no ensino de artes em Córsega, estuda os grandes mestres e suas obras de arte presentes nos documentos disponíveis em sua terra natal. O artista, sem ter vontade nem necessidade de estudar no exterior, escolhe ficar em Córsega, onde todas suas criações foram feitas. No início, seu trabalho usa a representação figurativa de forma expressionista, tentando traduzir, através de paisagens e cenas bucólicas, os sentimentos e memórias de sua infância, acontecimentos em sua maioria na área de Villanova. Sua infância tem muita importância para ele, pois viveu lá os últimos momentos do estilo de vida agropastoril, baseado nas tradições do século 19, que o tocaram profundamente. Desse período, ele traz um gosto pela liberdade, pelo papel do mistério, dos sons, cheiros, pela comunhão entre o homem e a beleza selvagem da natureza, pela vida simples, pela ligação com os valores essenciais e com sua terra. E traduz esta sua fascinação através de pinturas coloridas, expressivas e líricas. Toussaint Mufraggi nasceu em 7 de fevereiro de 1948 em Ajaccio, Córsega, França. Sua obra está em coleções públicas e privadas internacionais - Estados Unidos, Espanha, Países Baixos, Alemanha, Itália, Suécia e Brasil.
 “A minha terra é, sempre, o sujeito eterno da minha inspiração. Porque se eu devo me exprimir com sinceridade, devo falar e escrever ou pintar temas nos quais eu estou totalmente imerso. Resta o fato de que eu vivo e trabalho no vilarejo de Villanova. Do meu atelier, todos os dias posso admirar o cenário eterno onde os meus antepassados passaram suas vidas trabalhosas, e onde faço uma pintura que aspira à própria eternidade. Meu desenvolvimento cultural ao longo dos anos me guiou, naturalmente, na direção do estudo de uma estética e de um mundo de ideias típicas do coração do Mare Nostrum (nosso mar: assim os antigos romanos denominavam o Mediterrâneo): a filosofia, a arte e o pensamento místico e, principalmente, o cenário de um mundo em que o Espírito se destrincha no meu espaço e a pintura participa de certo modo a ilustrar a perenidade dos mitos fundadores. De qualquer maneira, pinto com a sensação de ainda viver as vibrações que a terra me transmite e que percebo desde a minha infância, e minha pintura pode dar memória àquilo que passou ou desapareceu”, afirma Mufraggi.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

RIBEIRA DO POMBAL PRECISA PRESERVAR SUA HISTÓRIA

Depois  da igreja este solar era o mais importante.Datado do início do século
 XIX. Poderia ter se transformado numa biblioteca ou casa de cultura .
Vários prédios que serviram de referência para várias gerações de pombalenses foram demolidos, sem que as autoridades e mesmo a população esboçassem qualquer reação. Entre eles podemos citar: a igrejinha e o cruzeiro que ficavam na antiga rua da Santa Cruz, hoje, Avenida Evência Brito; o antigo Mercado Municipal; Solar dos Brito’s; Casa Chaves e o prédio da cadeia pública, conhecido por Quartel, dentre outros. O mesmo vem acontecendo com algumas manifestações populares como os grupos de bumba meu boi, de reisados, etc. Está na hora de uma ação positiva em defesa do nosso patrimônio histórico e cultural.
Foi através da obra da  artista Vânia Reis, que vem ao longo dos anos pintando e  registrando em suas telas a Ribeira do Pombal antiga, que percebi que a reflexão a qual vinha fazendo sobre a descaracterização que a cidade vem sofrendo, também, interessava a outras pessoas. Depois soube que Ubiratan Rocha coleciona fotos antigas dos moradores e da própria cidade, inclusive duas delas ilustram esta matéria.
A majestosa igreja de Santa Tereza, construída pelos jesuítas 
quase ia à baixo pela sanha dos insensíveis.
  A sanha destrutiva da construção civil costuma desrespeitar as tradições em todos os recantos de nosso país. Prédios que deveriam ser conservados, porque fizeram parte da história e do desenvolvimento das cidades, estão desaparecendo. Foi assim com a igreja e o imponente Cruzeiro que ficavam na antiga rua Santa Cruz, hoje, batizada com o nome de Avenida Evência Brito - a igrejinha ficava  mais ou menos no local onde está a Casa do Juiz; o Mercado Municipal; o centenário casarão dos Brito's; os prédios onde funcionavam as lojas de tecidos de Antônio Nascimento e a Casa Chaves, de José Leôncio; os prédios do  antigo Abrigo ( bar) e o posto de gasolina Esso e, recentemente ,  derrubaram  a Cadeia Pública, conhecida por Quartel. Eram prédios que tinham uma identidade com a nossa cidade. Como podemos ver a maioria estava localizado na  Praça Getúlio Vargas, hoje completamente desfigurada com a construção de imóveis de gosto arquitetônico duvidoso. 
As intervenções têm que ser feitas com critérios e não simplesmente porque alguém acha bonito ou feio.O patrimônio de qualquer cidade tem que ser preservado e os pombalenses devem ficar alertas para evitar novas perdas irreparáveis como a da igrejinha na rua Santa Cruz e outros prédios que desapareceram deixando um vazio do nosso patrimônio histórico.                                                                                              
                                              
                                                      PRESERVAR O QUE RESTA

Este belo prédio  também foi demolido e em seu lugar surgiu 
outro de gosto arquitetônico discutível.
Estas referências desapareceram e deram lugar a outros imóveis  sem qualquer valor arquitetônico,contribuindo para apagar da memória das novas gerações a verdadeira história de Ribeira do Pombal. Até a histórica igreja matriz, de Santa Tereza, construída pelos jesuítas, esteve ameaçada na mira para ser demolida e, foi salva, graças a alguns abnegados que fizeram uma campanha ( da qual contribui) para arrecadar fundos para recupera-la. Assim, este templo majestoso continua servindo de casa de oração aos pombalenses e se impondo como o mais antigo prédio da cidade.
Não sou contra a modernidade e o desenvolvimento. Ao contrário, porém, entendo que a modernidade não pode passar como um trator por cima dos bens materiais e imateriais das nossas comunidades. Não é conversa de sonhador, de poeta ou como queiram classificar àqueles que não têm esta sensibilidade de valorizar o nosso patrimônio
 Esta falsa ideia de que os bens só devem ser preservados se forem centenários é ultrapassada. Os técnicos do Crea, de São Paulo, publicaram  uma importante obra: Patrimônio Histórico: Como e Por que Preservar, onde defendem que "a importância de um bem não tem ligação direta com sua idade. Hoje, existem entidades de preservação da arquitetura moderna. Bens recentes podem ser indicados para tombamento, pois também estão sujeitos às descaracterizações ou demolições ".
O escritor Telmo Padilha diz que "o  Patrimônio Cultural é um conjunto de bens culturais, e tem seu valor reconhecido por um determinado grupo, ou mesmo, por toda a humanidade. Normalmente o patrimônio cultural é dividido em duas categorias: os bens intangíveis e os bens tangíveis
Outro prédio significativo da cidade era o imponente Mercado
 Municipal demolido pra nada!
Já o Instituto Estadual do Patrimônio, de Minas Gerais, ensina que "a comunidade é a verdadeira responsável e guardiã de seus valores culturais. Não se pode pensar em proteção dos bens culturais, senão no interesse da própria comunidade, à qual compete decidir sobre sua destinação no exercício pleno de sua autonomia. Para preservar o patrimônio cultural é necessário, inicialmente, conhecê-lo através de inventários e pesquisas realizadas pelos órgãos de preservação , em conjunto com as comunidades. O passo seguinte é a utilização dos meios de comunicação e do ensino formal e informal para a educação e informação das comunidades, para desenvolver o sentimento de valorização dos bens culturais e a reflexão sobre as dificuldades de sua preservação."
                                                       
                                                          CRIAR UM PARQUE PÚBLICO


A Prefeitura Municipal, mesmo com seus poucos recursos, deve olhar para essas descaracterizações que a modernidade impõe, a fim de combatê-las. Também, a nossa  cidade precisa de um local para a Cultura, para realização de exposições, de encontro de escritores e poetas, onde os jovens possam ter maior contato com a arte e a literatura. Este local poderia ser um aglutinador para resgatar as tradições culturais, especialmente as manifestações populares da zona rural.
Quando da realização do projeto Domingueiras o produtor cultural Roberto Sant'Anna, conseguiu reunir várias manifestações populares que a maioria dos pombalenses desconhecia que existiam em nosso município. Foi um momento mágico e encantador para os que gostam de arte e das tradições culturais.
Os administradores de Pombal já devem ir pensando em criar um parque, próximo da Cidade, numa área significativa da caatinga, preservando-a para ser utilizada pelas futuras gerações. A caatinga também está desaparecendo. Essas ações devem ser implementadas por um gestor que pensa no passado, no presente e no futuro de sua Cidade.
Não podemos ficar só conhecidos como a cidade que tem muitos bares e mulheres bonitas. É preciso cultivar também valores culturais, que enriqueçam as atuais e futuras gerações.
                                                                                                                                         Reynivaldo Brito
                                                                                                                                               Jornalista




FESTIVAL DE FOTOGRAFIA EM BELO HORIZONTE


Os artistas e pesquisadores brasileiros e de outros países poderão enviar até o próximo dia 3 de julho suas fotografias para o Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte , que em sua segunda edição, estará recebendo trabalhos que exploram as interseções e relações da fotografia com o universo das artes visuais.
  "Os interessados podem se inscrever para três ações do festival: Exposição Internacional, Moving Images e FIF Universidade. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 3 de julho por meio do site www.fif.art.br. O FIF BH 2015 será realizado entre os dias 10 e 20 de setembro e incluirá ainda palestras, oficinas e maratona fotográfica. 

Para se inscrever na convocatória da exposição internacional, os artistas deverão apresentar uma série de oito imagens, ficha técnica e um breve texto com descrição do trabalho proposto, além de currículo e portfólio, sendo que todos os arquivos solicitados não deverão ultrapassar 15 MB. Os termos da convocatória podem ser consultados no site do festival e o resultado será divulgado até o dia 20 de julho. "

IMAGENS EM MOVIMENTO 

"Visando ampliar o entendimento sobre as possibilidades da produção criativa ligada ao universo da imagem fotográfica, a convocatória Moving Images busca trabalhos que privilegiam a fotografia em movimento. Serão selecionadas obras que atuam no campo de aproximação entre fotografia, vídeo, animação, GIF animado, cinema e novas tecnologias. Esses trabalhos serão exibidos em sessões de projeção durante o FIF BH 2015. Para participar da convocatória, os artistas devem inscrever-se no site enviando um link com apresentação e descrição do trabalho que desejam incluir na programação do Festival."

Durante os onze dias de programação mais intensa do Festival, no mês de setembro, serão realizados cinco painéis de debate abertos a pesquisadores do Brasil e do mundo. A ação busca gerar reflexão sobre a produção imagética, suas influências no mundo e a forma como impactam as relações humanas. Serão selecionados 20 artigos para compor os cinco paineis e também integrarão uma publicação digital de caráter cultural com ISBN. Para se inscrever o pesquisador deverá enviar seu um resumo do artigo por meio do site do Festival. 

Idealizado pelos artistas visuais Bruno Vilela e Guilherme Cunha, o FIF chega à sua segunda edição com a proposta de refletir sobre as relações Mundo, Imagem, Mundo. “O ser humano cria imagens e as utiliza como meio para construir, entender e propagar ideias. A imagem se torna então uma ferramenta de poder, pois ela tanto organiza quanto também desestabiliza realidades”, explica Vilela. “Gerar reflexão sobre a produção imagética e suas influências no mundo é o que pretendemos com o FIF 2015”, completa Cunha. Além dos dois, compõem a curadoria dos trabalhos recebidos pelo festival o crítico, ensaísta, membro-diretor da Associação Cultural Videobrasil (SP) e professor da PUC Minas, Eduardo de Jesus; e a artista e professora da Faculdade de Belas Artes da UFMG, Patrícia Azevedo. 

O FIF-BH 2015 é realizado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e conta com apoio de parceiros como Artmosphere, Solução Imagem, Agência Nitro, Canal C, Hahnemuhler, Fundação Clóvis Salgado e Governo de Minas Gerais. "
 
O FESTIVAL

"O FIF - Festival Internacional de Fotografia busca promover o diálogo entre a produção fotográfica de diferentes países, bem como o encontro entre fotografia e outros meios de expressão criativa. 

Em 2015, o festival tem como proposta refletir sobre a produção imagética, suas influências na construção das diferentes visões de mundo e a forma como impactam as relações humanas, por meio do conceito Mundo, Imagem, Mundo. Voltado para o universo fotográfico ligado a pesquisas e investigações no campo das poéticas visuais, o festival bienal busca privilegiar os processos criativos que exploram a fotografía como elemento potêncial do discurso poético e sua interseção com outras plataformas de produção do conhecimento sensível. 

Em sua primeira edição, realizada em 2013 (www.fif.art.br/2013), o Festival recebeu mais de 1.000 inscrições vindas de 73 países. Foram selecionados 340 trabalhos de 32 artistas, de 19 nacionalidades, oriundos de 4 continentes, que integraram a grande exposição que ocupou seis espaços da capital mineira." Estas informações são de Ricaro Girundi, Coordenador das Galerias da SUBSL, de Belo Horizonte.


domingo, 3 de maio de 2015

AS FOLHAS DOS ORIXÁS


Aqui a representação do Orixá  com a
conhecida Espada de Ogum
A nossa cidade é rica pela sua diversidade cultural e, a contribuição africana nos proporciona uma riqueza imensurável de gostos, sabores, cheiros, cores além de  manifestações religiosas e culturais muito variadas. Agora o fotógrafo Alexandre Mury vai mostrar a partir do próximo dia 7 de maio na Galeria Roberto Alban várias fotos do universo das folhas dos Orixás e da cultura afro-brasileira.
 Lembrei que na época da construção da Avenida Bonocô existiam naquele vale vários terreiros de candomblés que foram deslocados e, na época escrevi uma reportagem protestando contra a retirada das árvores sagradas e, principalmente  as do Tempo arrancadas impiedosamente pelos tratores . A necessidade da mobilidade social, hoje tão em voga, levou de arrastão ao esquecimento àqueles terreiros e suas árvores sagradas.  
Portanto, fico feliz em ver que Alexandre Mury vem ressaltar a importância das folhas, e é claro da natureza, no universo dos Orixás. Esta frase da cultura yorubá  transcrita pelo jornalista Antônio Moreno no texto que anuncia esta mostra  - Sem folha não tem Orixá - sintetiza a importância desta relação do culto com a natureza. A mostra intitulada "O Catador na Floresta dos signos" é resultado de "uma incursão artística e filosófica sobre o universo afro-brasileiro a partir de uma pesquisa feita pelo artista fluminense durante dois meses em Salvador. A exposição fica em cartaz até o dia 6 de junho na galeria que fica no bairro de Ondina.
As folhas e flores de Iemanjá
O trabalho de Mury resultou na composição de 12 orixás, numa leitura livre baseada na simbologia das folhas associada à figura humana.  Em sua pesquisa em território baiano, o fotógrafo investigou o tema religioso a partir do contato próximo com as pessoas que vivem o candomblé no seu cotidiano, levando para sua vida essa influência. “Eu tinha uma ideia na cabeça, mas quando cheguei a Salvador tudo mudou. Mudou na construção e no próprio sentido da obra que eu imaginava fazer”, disse, ressaltando a importância da vivência em terras baianas para o resultado final da mostra.
Para  ele a exposição  decorre de sua atenta observação sobre a apropriação dos signos e significados do candomblé pelos baianos.  “Aqui, mesmo quem não é do candomblé acaba incorporando alguma coisa do candomblé no seu dia a dia”, observa o artista, que diz ter procurado em seu trabalho a busca da ancestralidade no que ela tem de mais essencial. Nesse ponto, entra como fio condutor da mostra o elemento natureza, particularmente, as folhas.