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domingo, 3 de maio de 2015

AS FOLHAS DOS ORIXÁS


Aqui a representação do Orixá  com a
conhecida Espada de Ogum
A nossa cidade é rica pela sua diversidade cultural e, a contribuição africana nos proporciona uma riqueza imensurável de gostos, sabores, cheiros, cores além de  manifestações religiosas e culturais muito variadas. Agora o fotógrafo Alexandre Mury vai mostrar a partir do próximo dia 7 de maio na Galeria Roberto Alban várias fotos do universo das folhas dos Orixás e da cultura afro-brasileira.
 Lembrei que na época da construção da Avenida Bonocô existiam naquele vale vários terreiros de candomblés que foram deslocados e, na época escrevi uma reportagem protestando contra a retirada das árvores sagradas e, principalmente  as do Tempo arrancadas impiedosamente pelos tratores . A necessidade da mobilidade social, hoje tão em voga, levou de arrastão ao esquecimento àqueles terreiros e suas árvores sagradas.  
Portanto, fico feliz em ver que Alexandre Mury vem ressaltar a importância das folhas, e é claro da natureza, no universo dos Orixás. Esta frase da cultura yorubá  transcrita pelo jornalista Antônio Moreno no texto que anuncia esta mostra  - Sem folha não tem Orixá - sintetiza a importância desta relação do culto com a natureza. A mostra intitulada "O Catador na Floresta dos signos" é resultado de "uma incursão artística e filosófica sobre o universo afro-brasileiro a partir de uma pesquisa feita pelo artista fluminense durante dois meses em Salvador. A exposição fica em cartaz até o dia 6 de junho na galeria que fica no bairro de Ondina.
As folhas e flores de Iemanjá
O trabalho de Mury resultou na composição de 12 orixás, numa leitura livre baseada na simbologia das folhas associada à figura humana.  Em sua pesquisa em território baiano, o fotógrafo investigou o tema religioso a partir do contato próximo com as pessoas que vivem o candomblé no seu cotidiano, levando para sua vida essa influência. “Eu tinha uma ideia na cabeça, mas quando cheguei a Salvador tudo mudou. Mudou na construção e no próprio sentido da obra que eu imaginava fazer”, disse, ressaltando a importância da vivência em terras baianas para o resultado final da mostra.
Para  ele a exposição  decorre de sua atenta observação sobre a apropriação dos signos e significados do candomblé pelos baianos.  “Aqui, mesmo quem não é do candomblé acaba incorporando alguma coisa do candomblé no seu dia a dia”, observa o artista, que diz ter procurado em seu trabalho a busca da ancestralidade no que ela tem de mais essencial. Nesse ponto, entra como fio condutor da mostra o elemento natureza, particularmente, as folhas.

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