Esta foto eu fiz no dia em que estive visitando Hansen, que já estava adoentado e veio mostrar a bela paisagem. |
Num domingo ensolarado resolvi pegar a estrada e fui visitar,
sem avisar, meu amigo Hansen Bahia, em São Felix. Fazia algum tempo que não
tinha estado com ele, principalmente depois que foi morar naquela cidade fugindo
do barulho de Piatã , bairro onde morou durante alguns anos numa confortável
casa onde mantinha três prensas no seu amplo atelier.
Minha expectativa era encontra-lo forte, com sua potente voz e mãos enormes a me receber, juntamente com a meiguice de Ilse, sua companheira por muitos anos. Porém, ao chegar encontrei meu amigo deitado numa cama com um ededron quadriculado amarrado na cintura e, sem aquele seu jeito, às vezes meio de rude de conversar e receber as pessoas.
Minha expectativa era encontra-lo forte, com sua potente voz e mãos enormes a me receber, juntamente com a meiguice de Ilse, sua companheira por muitos anos. Porém, ao chegar encontrei meu amigo deitado numa cama com um ededron quadriculado amarrado na cintura e, sem aquele seu jeito, às vezes meio de rude de conversar e receber as pessoas.
Fiquei meio surpreso porque na época mantinha contatos com
muitos artistas seus amigos e conhecidos e nenhum mencionou que Hansen estava
adoentado. Ele levantou da cama e veio mostrar, sem aquela alegria que lhe era
peculiar, a sua linda casa que funciona como se fosse um mirante descortinando
o vale , o rio Paraguaçu e as cidades-irmãs Cachoeira e São Félix. Um lugar
privilegiado que ele escolheu para viver seus últimos anos nesta terra que
adotou como sobrenome.
Curtia muito os aglomerados da cidade de Salvador como as
feiras livres, os mercados populares, o de São Miguel, sobre o qual fez um
álbum de gravuras (Flor de S ;os ancoradouros naturais onde aportam os pequenos
barcos e saveiros.
Das duas vezes que morou em Salvador ( em 1955 a 1959 e de 1966 a 1978) sempre esteve envolvido com a gravura. Lembro que tomei um curso com ele no Instituto ICBA , no Corredor da Vitória, e fiquei impressionado com os rápidos sulcos que ele fazia nas pranchas de cedro, levando-as depois para a impressora de onde saiam suas belas gravuras.
Das duas vezes que morou em Salvador ( em 1955 a 1959 e de 1966 a 1978) sempre esteve envolvido com a gravura. Lembro que tomei um curso com ele no Instituto ICBA , no Corredor da Vitória, e fiquei impressionado com os rápidos sulcos que ele fazia nas pranchas de cedro, levando-as depois para a impressora de onde saiam suas belas gravuras.
Portão da sua casa em Piatã, onde desistiu de continuar morando por causa do barulho,segundo me disse. |
CENTENÁRIO
Se estivesse vivo Hansen Bahia teria completado cem anos de
vida no dia 19 de abril último. Nasceu na Alemanha e teve uma infância pobre, inclusive contraiu
a tuberculose. Sempre teve este espírito de aventureiro chegando a pedalar até a Itália, foi
sorveteiro, participou de uma trupe de circo, também foi marinheiro embarcado .
Teve três filhos do primeiro casamento. Mais dois no segundo relacionamento.
Lutou na Segunda Grande Guerra ,quando foi ferido e no porto de Hamburgo recolheu
cadáveres. Era um assunto que não gostava de falar. Tinha certamente, horror às
guerras e àquela intolerância dos que já
viveram em períodos conturbados Esteve
na Etiópia onde ficou entusiasmado com a
cultura popular e com o ditador Selasiê, que o convidou para ministrar um curso
de gravura.
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