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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

REGISTROS DE PASSAGENS DE SÉRGIO RABINOVITZ

Sérgio autografando meu exemplar de
Registros de Passagens.
Revi pessoalmente o pintor Sérgio Rabinovitz depois de alguns anos. Foi no lançamento de seu livro de Registros de Passagens , no último dia 13, na Galeria Paulo Darzé. A sala principal da galeria estava cheia de conhecidos frequentadores de vernissagens e deste tipo de evento cultural . A alegria era geral, enquanto Claudius Portugal  organizador do livro, e Sérgio autografavam os exemplares que foram distribuídos gratuitamente entre os presentes.
Tenho acompanhado a obra de Sérgio Rabinovitz desde a década de 70 quando ele retornou de uma bolsa de estudos nos Estados Unidos,onde chegou influenciado pelos grafites que via diariamente nas ruas de New York. Assim seus trabalhos iniciais tinham uma forte marca do gestual, de um grafismo vigoroso e moderno. O artista é de certa forma metódico naquilo que pretende realizar, e assim vai construindo uma obra coerente através dos anos.
Claudius e Sérgio na noite de autógrafos.
Ao folhear o livro encontramos cerca de 80 trabalhos em preto e branco onde ele capta a essência de momentos do que acontece nas praias, nas ruas,becos ,praças e mesmo nas casas de Salvador.São cenas do cotidiano desta cidade mágica como a puxada de rede, o vendedor de passarinho, as festas populares. Cada obra é uma crônica visual. As obras nos levam a imaginar a movimentação das pessoas, a alegria estampada em rostos negros marcados pelo sol e o salitre deste mar que banha a nossa costa.
Filho de músicos, inclusive seu pai Salomão Rabinovitz era solista da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia e por diversas vezes esteve comigo para divulgar seus concertos no jornal A Tarde, onde trabalhava. Porém, não sabia que Sérgio andou tocando flauta doce e até viajou pelo Brasil afora em suas apresentações musicais.
Frequentou os ateliês do saudoso Calazans Neto. e também de Mário Cravo. Diz Sérgio no depoimento a Claudius Portugal que no atelier de Calá "tive a pedra de toque para minha escolha colocando em minhas mãos alguns instrumentos de corte, de xilogravura, uma goiva, formões, mostrando como se cortava a madeira e me mandando para casa trabalhar e trazer o resultado". Já com Mário Cravo ele tem contato com a gravura em metal, a escultura em ferro, e ele "me ensina a ser capaz de minha arte".
O tradicional baba na praia
Em 1979 gradua-se bacharel em Artes Plásticas pela Cooper Union for the Advancement of Science and Arte, em New York. Foi exatamente no seu retorno que tivemos o primeiro contato quando ele me mostrou trabalhos que tinha feito sob a influência dos grafites que cobriam as paredes e muros da grande metrópole americana..
A puxada de rede na orla
de Salvador
Portanto, ao olhar estas obras integrantes do livro tive a impressão que Sérgio acabara de desembarcar num sonho onírico em nossa cidade, como aconteceu em Nova Iorque há vários anos.Sérgio  se delicia com as cenas urbanas desta magia miscigenada que encantam os olhos de todas as pessoas que têm alguma sensibilidade. Os traços são firmes, econômicos. Sim, porque com poucos traços e gestos ele compõe as paisagens que nos deixam reflexivos tentando preenche-las ou não  com  elementos presentes e ausentes.
Hora do passeio na Barra

Talvez , estivesse em momentos
contemplativos observando o vaivém das marés, o andar de lá pra cá das pessoas, enquanto a brisa refrescava o seu corpo.
Quero registrar que este livro foi editado com o patrocínio da Assembleia Legislativa, que vem fazendo um trabalho cultural digno de elogios com lançamentos de livros que enriquecem a cultura baiana.