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domingo, 31 de março de 2013

AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO - 29 DE DEZEMBRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 29 DE DEZEMBRO DE 1979

  AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO 

Percorrendo os inúmeros rios que cortam a Amazônia, fotografando, entrevistando os ribeirinhos, vendo com seus próprios olhos a brutal devastação que se está processando em todo o vale, Moacir Andrade enfeixou em seu livro Amazônia, Pulmão do Mundo até Quando? Um documentário terrível da realidade amazônica.
Como um monge, vestindo roupas simples adquiridas na Zona Franca de Manaus, Amazonas, portanto um eterno sorriso, calçando sandálias de couro cru, visitando as longínquas cidades daquela floresta tropical, onde distribui roupas, remédios, alimentos e ferramentas compradas com a venda de seus quadros, dando aulas de desenho, pintura, escultura e entalhe em madeira ás crianças pobres, indígenas, expulsas de suas terras, lutando, permanentemente, em defesa dos monumentos históricos e artísticos e principalmente da natureza amazônica  agora brutalmente agredida por grileiros internacionais milionários, Moacir Andrade é hoje um homem conhecido em todo o país.
Nativo do Amazonas, nascido no beirão do Rio Negro, Município de Manaus, e criado no seio do povo cabocio na Cidade de Manacapuru, no coração da floresta amazônica, acostumou-se a ouvir e conviver com as estórias, os costumes, os hábitos e as tradições do povo índio seu ascendente. Por isso e por tudo, Moacir Andrade revelou-se um telúrico, o artista da Amazônia e seu grande defensor.
Suas palestras, aulas, conferências, suas crônicas, seus livros e sobretudo suas pinturas, são além de um belo, apelo dramático, e um verdadeiro documentário cultural do cotidiano daquela área que ele recria com alma e com magia das cores que manipula magistralmente.

Laureado com prêmios no Brasil e em países da Europa e da América, suas telas fazem parte do espólio de importantes museus nacionais, estrangeiros e colecionadores particulares.
Seu atelier à Rua Comendador Alexandre Amorim em Manaus, é ponto obrigatório de visitantes ilustres.
Há cinqüenta e dois anos vive metido, solitariamente, no coração da Floresta Amazônica, pintando, e escrevendo os mistérios, os dramas e todo um processo criminoso que envolvem as comunidades indígenas agora em pleno curso de extinção, Moacir Andrade tem lutado muito em favor da preservação da natureza amazônica.
Vestido de homem sanduíche, visitou mais de vinte capitais brasileiras, denunciando a invasão daquela monumental e portentosa área brasileira pelas multinacionais que estão devastando impiedosamente suas florestas e massacrando os silvícolas que antes viviam, tranqüilamente, em suas terras num verdadeiro e harmonioso equilíbrio ecológico. A extinção do aborígene brasileiro é um fato assombroso: segundo Joaquim Molano Campuzano,  só na década de 1960 se calcula a população indígena em entre 68.100 e 99.700 de pessoas.
Alguns especialistas brasileiros afirmam que ultimamente, organismos internacionais como a USAID e a ALCOA, estão adquirindo extensas zonas amazônicas ocupadas pelos remanescentes indígenas. Pergunta-se, há alguma coisa por trás disso?
Existem grandes latifúndios com 200.000 a 600.000 hectares, os quais foram entregues a magnatas milionários e a companhias multinacionais com empréstimo do Banco Mundial, da USAID e da ALCOA, em terras ocupadas pelas tribos indígenas que compreendem aldeias, reservas, parques nacionais etc. Um dos graves e contundentes documentos que denuncia o assassino do índio brasileiro é a carta de José Estasio Rivera, autor da imortal vorágine, dirigida a Mr. Henry Ford I, fundador da  Fordlândia na Amazônia que diz:por infelicidade Mr. Henry Ford vai colonizar as selvas quando elas estão quase desertas. Mais de trinta mil índios foram exterminados no vale do Putumaio trabalhando nos seringais, sob o jugo do látego, do garrote, e da castração.

           ARTE GEOMÉTRICA NA GALERIA PORTAL

O movimento da pintura concretista e da op art em São Paulo, que na opinião de críticos, como Mário Schemberg, aumentou sua atividade nos últimos anos, acaba expor obras de Amanda Sobel, norte-americana radicada há três anos no Brasil, que mostrará seus trabalhos pela primeira vez, a partir do próximo dia 8,  na Galeria Portal (Rua Augusta, 1961).
A sua contribuição para o desenvolvimento do geometrismo, uma rígida escola da arte abstrata, é a utilização das cores em degradés, com grande perícia técnica e notável sensibilidade, que, na visão do pintor e arquiteto Antônio Augusto Marx, conhecedor do trabalho da artista, criam uma harmonia dinâmica, quase musical, que leva o observador a uma emoção maior.
FORMAÇÃO ARTÍSTICA
Dois dos mais conhecidos ilustradores dos Estados Unidos, Jon Nielsen e Alton Tobi, professores da Parkinson School of Design, de New York, foram os primeiros professores de Amanda Sobel, ensinando-lhe a rígida disciplina do desenho.
A sua formação universitária voltou-se inteiramente para o campo das artes, no Franklin Pierce College, onde ela pode tomar conhecimento com todas formas de manifestações artísticas, suas escolas e suas tendências. Foi a base técnica que para os críticos, faz com que, mesmo tempo, de grande maturidade.
A DESCOBERTA DO GEOMETRISMO
A Neue Gestalt de Mondrian, em termos universais, e o geometrismo de Frank Stella, nos Estados Unidos, são apontados por ela como as primeiras influências em sua pintura.
Mas, antes de mais nada, uma profunda relação pessoal de Amanda com a natureza, levaram-na ao construtivismo geométrico.
Suas pesquisas de campo, em Geologia, deram-lhe o fascínio das linhas de superposição das diversas camadas do solo, a sua continuidade e exatidão, criando espaços de grande densidade para o observador. Foram um complemento para a sensação ótica que a paisagem de edifícios de New York, lhe deram na adolescência.
Amanda acredita que sua pintura teria a mesma rigidez do geometrismo norte-americano, se não tivesse passado muito anos em contato com a exuberância e tropicalismo da natureza da flórida, onde sua família, posteriormente, fixou residência. O mar, principalmente, trouxe-lhe a visão da função das cores, como fator atenuante da severidade do geometrismo. O degradé oceânico, da linha da praia á linha do horizonte, está presente em sua obra.

                DESENHOS DE PORTINARI SÃO EXPOSTOS

Os vinte desenhos que Cândido Portinari dedicou ao escritor Antônio Callado e que foram reproduzidos, em parte, em seu livro Retrato de Portiinari, estarão expostos entre 22 de janeiro de 1980, na Galeria Bolsa de Valores, no Rio, em uma mostra de estudos para grandes painéis e obras de evocação á infância Portinari.
Entre os desenhos que o pintor tirou da infância de seusmedos e saudades, segundo explicou Antônio Callado, porque foi assim que Portinari me dedicou esta Diabo, desenho a nanquim medindo 32cmx25cm, mostrando a imagem que o pintor tinha do demônio ainda quando criança. Em Vaqueiro na Praça de Brodósqui, desenho a nanquim, Portinari lembra-se mais uma vez, de sua cidade da infância e desenha, ao fundo, sua casa.
Menino Jesus da Capela de Batatais foi feito, ainda segundo o escritor, em traços leves e estéreos, como convinha a imagem, o desenho mede 25,3x21,6 e é mais um estudo que será exposto, juntamente com Jesus crucificado cercado por anjos, estudo para mosaico, medindo 25,3x21,6.
Meninos soltando pipa, guache, é uma referência ás manhãs de Brodósqui, frias apenas do sereno que madrugava na Casca das frutas, contou Portinari.
Na sua fase de estudos para grandes painéis, será exposto Descobrimento do Brasil, desenho a lápis  medindo 100cmx80cm, a maior das telas de Portinari na exposição e a mais cara.
Ela foi avaliada em 600 mil cruzeiros.
Em A descoberta de Ouro Preto, Antônio Callado deduziu ser a fundação da referida cidade, em Minas Gerais. Portinari já havia morrido e não explicou ao amigo o desenho que mostra um garimpeiro em atividade. Carregadores de Café e Colheita de Bananas pertencem á década de 40 e Figura de homem é uma litografia.
Estudo para painel em azulejos, foi o único dos estudos da coleção de Callado a ser realizado, tendo como local uma residência em São Paulo.
Entre as recordações da infância de Portinari, que será mostrada através de seus desenhos, na exposição, Antônio Callado lembra que talvez o maior dos temores do pintor, nos anos de imaginação fértil que só a infância é dona, tenha sido o demônio. O artista não pode se furtar à pressão dos deuses familiares nem Portinari escapou completamente, como demonstra em seu Diabo.

MORRE INCENTIVADORA DAS ARTES PEGGY GUGGENHEIM

A grande filântropa Peggy Guggenheim em Veneza
Foto Google
 A filantropia e colecionadora de arte norte-americana Peggy Guggenheim, que descobriu talentos como o do pintor Jack Pollack, morreu dia 23 passado na sua casa em Veneza, com 81 anos de idade.
Guggenheim morreu entre suas fabulosas obras de arte na sua casa, o palácio Vernier Del Leoni, do século dezoito.
Guggenheim herdou 450 mil dólares 19.138.500 cruzeiros do seu pai, que morreu no naufrágio do Titânica, e mudou-se em seguida para Paris e depois para Londres, onde iniciou sua fabulosa coleção de arte antes da Segunda guerra Mundial.
Diz-se que durante a guerra ela comprava um quadro por dia de seus amigos franceses para deixá-los contente. Ainda durante a guerra, descobriu Jackson Pollack e Marc Ernst, com quem se casou, depois de se divorciar do pintor Lawrence Vail.
EM 1966, Guggenheim viajou para Nova Iorque para expor parte de sua coleção no Museu Guggenheim
. As obras valiam cerca de 10 milhões de dólares e representavam somente parte da coleção.
Guggenheim permitia que o público visitante a sua coleção de arte duas vezes por semana. Ela tinha uma filha, Peggem, que morreu em 1967.

SOBEM AS PIPAS DE MÁRCIA MAGNO - 22 DE DEZEMBRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 22 DE DEZEMBRO DE 1979

               SOBEM AS PIPAS DE MÁRCIA MAGNO

As pipas ganham os céus sob o comando de garotos maltrapilhos que infestam os bairros populares da maioria das cidades brasileiras. Elas dançam nos espaços sob o comando de verdadeiros malabaristas. São meninos vivos, alegres e brincalhões que fazem os seus pegas onde as únicas vítimas são alguns metros de linha temperada e as arraias que se desprendem das mãos dos vencidos. Uma batalha portanto, onde sobrevive o mais vivo e aquele que tem uma linha melhor temperada. Foi exatamente dentro deste quadro, tão comum e belo, que a artista Márcia Magno foi encontrar o suporte que considerou adequado para realizar sua obra.
Boa observadora, encontrou ainda nas pipas os desenhos feitos sem muita pretensão por aqueles garotos humildes.
Procurou melhorar e a geometria, que aprendera na Escola de Belas Artes da Bahia e o chamamento do social que viveu na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro foram suficientes para lhes dar o  estrato necessário e conceber uma obra interessante e acima de tudo vibrante. Suas gravuras ganharam forças e a batalha, pois agora mesmo Foi uma das poucas selecionadas para participar do Salão Nacional de Belas Artes e está expondo na Galeria Macunaíma, da Funarte, no Rio de Janeiro.
Confesso que fiquei contente quando soube da sua escolha e desta nova exposição.
Quando participei do júri no Salão Universitário e Nordestino em 1977 ela estava no grupo Lama, com um trabalho integrado de arte plásticas, música e dança, arrebatou o primeiro prêmio. No ano seguinte no 1º Salão Universitário Baiano de Artes Visuais, concorreu com o Projeto Papagaio 1 e 2, foi agraciada com o prêmio da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Aí apareceram as pipas e o projeto Papagaio realmente trouxe algo de novo à gravura plana.
Assim, o foyer do Teatro Castro Alves foi pequeno para receber as pipas que a todo custo queriam mais espaço. Márcia prosseguiu participando de outros salões e exposições e agora está mostrando suas pipas aos cariocas.

        TRAMA E LUZ DE MARIA ADAIR

A artista Maria Adair volta a expor, desta vez na Galeria do Praiamar Hotel, na Ladeira da Barra. São trabalhos inspirados em corpos humanos e de vegetais. Trabalhos que estão intimamente relacionados com as pulsações da vida no que diz respeito aos movimentos e ás formas sinuosas que encerram os músculos e os órgãos. Um trabalho que reflete sua visão pictórica calcada na necessidade de valorização de tudo que palpita por cima deste universo tão conturbado e tão violento.
As cores são belas e o preto (bico-de-pena) nos oferece um bom contraste com as tintas de várias cores que vão esmaecendo á medida que o preto aparece.
Maria Adair vive exclusivamente de arte. Ministrando aulas de arte nos colégios Maristas e no São Paulo, ou quando está produzindo suas telas em seu atelier. É uma mulher que vive dedicada à sua profissão. Recentemente com mais dois colegas fez toda a decoração natalina do Shopping Center Iguatemi. Nem terminara e já estava completamente envolvida com esta nova exposição. Tem uma força de vontade férrea e já está se preparando para uma bolsa de estudos que fará nos Estados Unidos.
Conheço de perto a obra de Maria Adair que a princípio sofreu uma influência marcante do professor Juarez Paraíso, como muitos outros estudantes que aprenderam com ele a manejar as formas e as tintas.
Mas, aos poucos Adair está se libertando da batuta do mestre em busca de suas próprias manifestações e sensibilidades. Não é uma artista conformada com o que faz ou está fazendo. Agora mesmo está buscando novos horizontes, buscando novas formas de realizar o seu trabalho dentro da temática que elegeu e que vem desenvolvendo há alguns anos. Creio mesmo, que a partir desta exposição Maria Adair começa a delinear o seu próprio caminho em busca do encontro com sua personalidade pictórica, que é uma das coisas mais difíceis para um artista. É aquele momento que você diz este quadro é de fulano. Isto não se consegue de uma hora para outra. E tem ainda o problema d qualidade.
Portanto é necessário buscar o encontro de uma personalidade pictórica com qualidade. Acredito que Maria Adair está chegando lá.

        FERNANDO COELHO EM SÃO PAULO

Obra recente de Fernando Coelho. Foto Google
Da fria programação visual dos anúncios publicitários Fernando Coelho desembocou na pintura onde as paisagens selecionadas eram muito disputadas por colecionadores. De repente o inquieto Fernando resolveu encarar os problemas sociais e sua arte ganhou conotações de uma participação politicamente que não total, um engajamento que aos poucos foi dando lugar a um jogo lúdico de fantasias onde os palhaços se equilibravam em fios ou tocavam bumbos. Era como um protesto de alguém que estivesse cheio das agruras e desperdícios da vida e resolvera entornar o caldo.
Agora o Fernando Volta com outra mostra na Galeria Renato Magalhães Gouveia, em São Paulo, com apresentação do Jacob Klintowitz que em certo trecho afirma. Ele trata de equilibristas, figuras soltas no espaço em pleno momento ou desejo de ultrapassagem. É o seu assunto.
São figuras apresentadas com os personagens da história em quadrinhos, parentes próximos dos comics, São símbolos do homem, humanos no difícil exercício da sobrevivência e ao gesto. Mas, em todas estas pinturas, há um clima de sonho, uma atmosfera onírica, como se o artista contemplasse a realidade com os olhos mágicos de menino. Olhos jovens e esperançosos assistindo os homens no seu vôo que, também, é o vôo do artista em direção ao seu sonho.
Homens sonhando e voando, Ultrapassando obstáculos. Homens sem peso, soltos, libertos, amigos, sonhadores, homens artistas.
Propositalmente transcrevo parte da apresentação do Jacob o qual continua realçando que: Esta habilidade, o saber fazer, já lhe valeu, talvez, algumas restrições. Acredito que as restrições pela coisa bem feita, de boa qualidade é inviável. O que houve e há em certos setores é discordância da ambigüidade em ter uma visão crítica da sociedade da qual ele é um dos grandes beneficiados.
Digo da sociedade bem posta, daquela sociedade ligada ao desperdício e as delícias da vida. Aí é fácil ter uma visão  critica da vida com a barriga cheia de caviar. Mas, é preciso que sua arte seja também vista como uma objetiva fora de uma realidade, uma visão de um sonhador que tenta equilibrar-se numa visão crítica do social e falta-lhe os instrumentos para senti-la. Uma visão de alguém que olha a tragédia que vivem os palhaços e os duendes de uma vidraça e prova de odor, e outras inconveniências, a que estão livres muitos que andam por aí despreocupados com custo de vida e outras coisas mais. Uma visão diria assim colorida e bem feita, mas fora da realidade. É como o olhar de alguém que passa pela Avenida Suburbana num Mercedes e fica encantado com os casebres rústicos e miseráveis que vão desfilando no vidro fechado, refletindo na lente do seu Ray-Ban francês.

            CRÍTICO DE ARTES VENCE CONCURSO


O critico  Walmir Ayala foi o vencedor do concurso de monografias sobre o artista plástico Vicente do Rego Monteiro, com o trabalho Vicente Inventor, promovido pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte. O prêmio consiste na publicação do trabalho além de CR$30mil em dinheiro.
A comissão indicada para a seleção de estudos, com um mínimo de 90 páginas, realizados por críticos, pesquisadores e interessados pelo desenvolvimento das artes plásticas no Brasil, foi formada pelo diretor do INAP e mais quatro críticos. João Vicente Salgueiro, como Diretor do INAP, foi o presidente da banca composta por Antônio Bento de Araújo Lima, Antônio Alves Coelho, Ruy Sampaio Silva e Geraldo Edson de Andrade.Durante a reunião de seleção dos trabalhos foi sugerida a realização de uma retrospectiva da obra de Vicente Rego Monteiro.
Os melhores do júri, em seus votos qualificados deram as seguintes opiniões sobre o trabalho, identificado sob o pseudônimo de Aldebará, que acabou saindo vencedor:
Antônio Bento- É um trabalho difícil que analisa diversas obras do artista.
Antônio Coelho- A monografia de Aldebará (Walmir Ayala) é a mais completa, a mais detalhada e a mais interessante pois enfoca melhor vários aspectos interessantes do pintor.
Ruy Sampaio-Aldebará empregou uma boa metodologia apesar do resultado final do trabalho apresentar algumas falhas.
Geraldo Edson- o autor apresenta grande acúmulo de informações sobre um artista que nunca foi estudado e a respeito do qual não há bibliografia. Daí vem o mérito do trabalho que não precisa ser o ideal. Basta que seja o melhor, apesar de algumas ressalvas.





sábado, 30 de março de 2013

O SÃO FRANCISCO NA OBRA DE ARTE - 27 DE OUTUBRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE OUTUBRO DE 1979

                 O RIO SÃO FRANCISCO NA OBRA DE ARTE

O rio sempre exerceu uma influência marcante a todos aqueles que tiveram ou têm a felicidade de residir numa cidade banhada por um deles. Aliás, acho que as cidades que possuem rios são mais simpáticas, mais bonitas e agradáveis, principalmente quando o rio está cheio com suas águas barrentas quase tocando nas pontes de onde os garotos mais espertos pulam desafiando a sua correnteza. Foi assim que uma pintora radicada no Sul do país a Ediria Peralva influenciada pela força do Velho Chico escolheu como temática sua gente a sua história. Ediria está expondo na Galeria Panorama, na Barra, 23 telas a óleo, de grande força plástica e de um colorido perfeitamente identificado com as cores do rio. As carrancas com sua força e magia, que eram antigamente utilizadas pelos pescadores, que as colocavam na proa de suas embarcações para espantar os maus espíritos foram transpostas para as telas desta baiana com grande força plástica.
Suas lendas, suas crendice, suas cantigas de remeiro, a luta pela interiorização dos pioneiros para implantar seus currais através do vale, forma suficientes para provocar em Ediria uma imensa vontade em retratá-los. Vamos, principalmente, em sua obra, a preocupação com a icnografia. A figura humana é retratada num clima de impessoalidade e as telas onde aparecem na composição, as carrancas, tem uma força expressiva maior. Ediria não retrata simplesmente; ela consegue envolver esses elementos num clima de magia e encantamento. Uma perfeita identidade entre a arte e aquilo que inspirou a artista, que soube acima de tudo captar todo o clima, embora esteja residindo há vários anos fora do nosso estado, especialmente da região do São Francisco.

A propósito quero transcrever o ABC da Carreira Grande que vem inserindo em seu catálogo onde está escrito: Juazeiro da lordeza,/Petrolina da vaidade/Santana do cascalho/Riacho da carestia/Sento Sé da nobreza/Remanso de valentão,/Pilão Arcado da miséria/Xique-Xique dos bundão/, Icatu cachaça ruim,/Barra só da Barrão/Morporá casa de palha,/ Bom Jardim de rica flor,/Urubu da Santa Cruz,/Triste do povo da Lapa,/se não fosse o Bom Jesus,/Carinhanha é bonitinha,/Malhada também o é,/Passa Manga e Morrinhos/Pagam impostos em Jacaré,/Januária, carreira inteira,/ Corrente, meia carreira,/ Santa Rita bate o prego,/Suja mole na Marreira,/São Francisco da arrelia,/São Romão da bruxaria,/Extrema dos cabeludos/Pirapora da alegria.
Sabemos que Bom Jardim é hoje a cidade de Indianópolis; Urubu é Rio Branco; jacaré é Itacarambi e Riacho, Casa Nova. Todas essas cidades e figuras integrantes do ABC foram retratadas por Edíria Peralva em suas telas que merecem ser vistas pela beleza plástica, pela técnica apurada e suas cores bem escolhidas.
Estamos diante de uma artista cheia de vitalidade e sua força é tamanha ao ponto daquelas pessoas que não a conhecem que é obra de um jovem artista. Tsto porque suas telas são fortes e vibrantes.

JOVENS E ANTIGOS GRAVADORES REPRESENTAM OS EUA

Os Estados Unidos participam da 15ª Bienal Internacional de São Paulo com dois grupos de artistas: um deles representando a nova geração de gravadores americanos, e o outro, formado pelos premiados em bienais anteriores.
Os cinco jovens gravadores cujos trabalhos podem ser apreciados no Ibirapuera foram selecionados por Gene Baro, Curador- Consultor do Departamento de Gravuras e Desenhos do Museu de Arte de Brooklyn (Nova Iorque), São eles Susan Hamilton, Herb Jackson, Martin Levine, Minna Resnick e Jack Torlakson. Cada um está representado no pavilhão dos EUA, no primeiro andar do prédio da Bienal com seus gravuras.
Os cinco gravadores americanos são, embora de maneira diversa, característicos da qualidade técnica e visão artística gráfica contemporânea dos Estados Unidos.
Martin Levine e Jack Torlakson tiram suas imagens do panorama urbano e rural norte-americano e trabalham com métodos tradicionais de água-forte, aquatinta e litografia. Eles mesmo imprimem seus trabalhos, com sensibilidade e técnica dificilmente encontradas. Minna Resnik lida nas litografias sempre com uma imensa figura, invocando interação da forma com o espaço. Susan Hamilton e Herb Jackson trabalham em abstração colorida, respectivamente em serigrafia  e água-forte e aquatinta. Suas obras oferecem grandes experiências visuais em espaços pequenos. Ambos fazem alusões a formas geométricas e temas que se referem ao mundo natural, no caso de Susan Hamilton, a objetos feitos a mão, e no de Jackson a energia do panorama e da atmosfera. Suas obras têm um colorido sutil e requintado.
Os cinco artistas trabalham em diferentes partes dos EUA: Levine, em Illinois; Torlakson, na Califórnia; Resnick, no Colorado; Hamilton, no Texas, e Jackson, na Carolina do Norte. Eles simbolizam e concretizam a rica diversidade e substância da fase atual da gravura norte-americana.
O outro grupo que representa os Estados Unidos nesta 15ª Bienal é formado por seis artistas premiados em montagens anteriores da mostra paulista. São artistas consagrados, representados no segundo andar do prédio da Bienal, com trabalhos recentes.
São eles: T. Roszak, premiado na 1ª Bienal em 1951; Bem Shahh, na 2ª Bienal, em 1953; L. Baskin, 6ª Bienal, 1961; Adolph Gottlieb, Grande Prêmio da 7ª Bienal, 1963; e Jasper Johns e H. C. Westermann, premiados na 9ª Bienal, em 1967.

                         PAINEL

BAIANOS PREMIADOS - os constantes prêmios que estão sendo destinados a alguns artistas baianos vêm de certa forma confirmar o que tenho afirmado em várias colunas passadas.
Agora para minha alegria novos prêmios foram concedidos a esses que sempre tenho dedicado algumas palavras. Vejamos:
No IV Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas realizado na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, coube ao Bel Borba o prêmio Governo do Estado de Santa Catarina, recebendo 35 mil cruzeiros. Foi escolhido pelos visitantes da exposição. Já o Murilo recebeu o prêmio especial de pintura e o José Araripe o Prêmio Especial Super 8.
No VIII Salão de Artes Plásticas de São Cristóvão, em Sergipe, o primeiro lugar foi novamente de Bel Borba, sendo que o segundo e terceiro lugares foram conferidos a Joubert Moraes e Jorge Luís, sergipanos.

ARTE TURISMO- Fiquei surpreso com a quantidade de obras sem a necessária qualidade que integra o Movimento Cultural Brasil Arte Turismo. A mostra está armada nos salões do Othon Palace Hotel. Este movimento teria o apoio do Departamento de Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Já realizou exposições no Rio de Janeiro e São Paulo e agora chega à Bahia. Evidente que o movimento presta algum serviço da divulgação da obra de arte, mas pela total despreocupação com a qualidade do que vai expor.
Não podemos conceber que uma obra de Juarez Machado, de Augusto Rodrigues, e mesmo uma tela de Djanira sejam expostos juntamente com trabalhos de iniciantes e de pintores de casario de qualidade duvidosa. Isto serve para quebrar a unidade da amostra e duvidar do real objetivo do tal movimento.
Tive a preocupação de percorrer demoradamente a mostra e constatei uma coisa terrível. É que se assemelha a uma exposição Cadastro, a qual critiquei há duas semanas, por apresentar bons artistas misturados com outros que ainda tem muito a fazer para serem reconhecidos como profissionais.

EXPOSIÇÃO DE PROJETOS - Foi lançado o sexto volume de Cadernos Brasileiros de Arquitetura, que reúne a obra de Sérgio Pileggi e Euclides Oliveira. Na ocasião, os arquitetos abriram a exposição de painéis fotográficos que representam alguns de seus projetos já realizados. A mostra permanecerá no local, Showroom Papaiz, á Avenida 9 de julho,6017, até o dia 25 de outubro.
Cadernos Brasileiros de Arquitetura são editados pela Projeto Editores Associados e constituem-se uma série de publicações que se destina a contribuir para a formação e documentação da memória da arquitetura brasileira.
O sexto volume lançado faz um retrospecto dos últimos dez anos de atividades dos arquitetos Sérgio Pileggi e Euclides Oliveira. Sérgio é formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, foi diretor do IAB, vice-presidente da Comissão estadual de Artes Plásticas da Secretaria da Cultura e Tecnologia de São Paulo, Assessor técnico da COHAB/SP e hoje é professor da cadeira de Projeto II da Faculdade de Arquitetura e urbanismo da Universidade Mackenzie.
Euclides Góes Monteiro de Oliveira é carioca, diplomado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalhou até 1971, nos escritórios dos arquitetos Homero Leite e Antônio Carlos Vasconcelos, no Rio de Janeiro, associando-se, a seguir, com o arquiteto Sérgio Pileggi.

ARTE DA ERA ESPACIAL _ O artista Howard Sochurek, da cidade de Nova Iorque ganhou notoriedade nos círculos das artes comerciais ao criar suas obras utilizando uma palheta eletrônica. Ele emprega um processo de ampliação da imagem originalmente desenvolvido para ajudar a selecionar locais seguros de pousos na Lua, durante a realização do Projeto Apolo, da NASA ( Administração de Aeronáutica e Espaço dos EUA. Desse modo , o artista consegue converter fotografias normais em espetaculares concepções de arte gráfica.


JENNER AUGUSTO APÓS 19 ANOS - 22 DE SETEMBRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 22 DE SETEMBRO DE 1979

                     JENNER AUGUSTO APÓS 19 ANOS


A exposição que Jenner Augusto inaugurou no último dia 14 na Kattya Galeria de Arte é considerada o maior acontecimento no campo das artes plásticas, na Bahia, neste ano de 1979. Nela, o artista mostra uma série de 22 quadros óleo sobre tela, abordando vários aspectos da orla marítima do Salvador, até então inexplorada pelo pintor que há mais de 30 anos está radicado na Bahia.
Jenner, que durante 19 anos esteve ausente das galerias baianas, apresenta duas razões para esta nona mostra de quadros em Salvador: uma forma de prestar satisfação ao povo da Bahia daquilo que está fazendo e uma maneira de estimular as galerias, que além de proporcionarem um novo tipo de comércio, dão ao público o direito de conhecer e verificar o trabalho de um determinado profissional.

A VISÃO DA ORLA
Após o fechamento da Galeria de Arte Oxumaré, o artista baiano passou a desenvolver sua profissão no atelier de trabalho, o que veio colocar uma certa distância entre ele próprio e o público, afirma Jenner. Na sua opinião, é importante incentivar a manutenção dessas galerias, especialmente daqueles que vêm desenvolvendo uma atividade séria e que se proponha a mostrar não somente o trabalho de profissionais consagrados mas também, desta nova geração de artistas que está surgindo no cenário artístico da Bahia.
Nesta exposição que deverá ser visitada até próximo dia 22, Jenner procura mostrar uma nova visão da paisagem, onde as cores vivas e berrantes foram substituídas pela preocupação com a luz do ambiente, a atmosfera e a cor local. Desta maneira, a tranqüilidade do seu trabalho é refletida através de sua visão para com as praias de Itapuã, Piatã, Placafor, jardim de Alá e até mesmo da Lagoa do Abaeté.
Não houve mudanças significativas naquilo que proponho fazer costuma argumentar Jenner Augusto. A paisagem é mostrada através de uma nova roupagem enquanto que a técnica obedece o mesmo processo e sistema, sempre com o cuidado de selecionar os materiais, usando tintas estrangeiras e telas importantes para melhor segurança do trabalho. Na sua opinião todo artista, para melhor desenvolvimento de sua profissão, deve sempre trabalhar e procurar desenvolver o que vem fazendo, como meio para atingir uma realidade mais próxima de sua própria visão.

     A 15ª BIENAL INTERNACIONAL DE  SÃO PAULO

O cartaz representativo da 15ª Bienal Internacional de São Paulo reúne todos os outros anteriores, representativos das 14 mostras que terão seus premiados novamente em destaque, expondo seus trabalhos mais atuais.
Além dos premiados em mostras anteriores, tantos brasileiros como estrangeiros, a 15ª Bienal mostrará as obras de artistas contemporâneos, indicados para participar desta exposição em seus países de origem. No Brasil, a indicação coube à Associação Brasileira de Critérios de

Arte que, através de seus membros, escolheu o nome de 15 artistas contemporâneos.
A 15ª Bienal Internacional de São Paulo que será realizada no período de 03 de outubro próximo a 9 de dezembro no pavilhão engenheiro Armando de Arruda Pereira, Parque Ibirapuera, poderá contar com a presença de representações de 45 países, a exemplo da Alemanha Federal; Chile, Argélia, China, Guatemala, Honduras, Coréia, Curaçao, Egito, EL Salvador, Indonésia, União Soviética, Venezuela, Uruguai, Ilhas Virgens Britânicas, Romênia, Tailândia, República Dominicana e vários outros que já confirmaram suas presenças.
PRESENÇA LATINA
A embaixada do El Salvador em Brasília, confirmou dias atrás a presença de dois artistas salvadorenhos na XV Bienal Internacional de São Paulo: Alfredo Milian J. e Victor Barriere Martinez, que na opinião do critico Camilo Ninero realiza uma obra banhada de sociedade e que tem caráter, ou seja, não é a pintura de um aficionado ou de um diletante, mas de um verdadeiro artista. Já Alfredo Milian J. que classifica sua obra como parte do movimento expressionista contemporâneo, estará participando da 15ª Bienal com 5 trabalhos gráficos.
Na delegação chilena destaca-se a presença de Marta Colvin, escultora premiada na VIII Bienal realizada em 1965 que estará participando com 5 outros artistas contemporâneos do Chile: Benjamin Lira, Gonzalo Cienfuegos, Benito Rojo, Robinson Mora e Gonzalo Diaz.
Em sua exposição, Marta Colvin estará apresentando cinco esculturas, quatro em pedra e uma em madeira policromada.
O Museo de Bellas Artes de Caracas confirmou a presença da Venezuela na 15ª Bienal Internacional de São Paulo, com a participação de um artista premiado e um contemporâneo. Entre a relação enviada pelo Museo de Bellas Artes daquele país latino, encontra-se nome de Carlos Cruz-Diez que em 1967 foi premiado na IX Bienal de São Paulo. O outro é o pintor Manuel Quintana Castilo que estará representando seu país no setor dos artistas contemporâneos.
Obra do artista americano Leonard Baskin
Quintana Castilo que já recebeu vários prêmios em exposição na Venezuela, nesta 15ª Bienal Internacional de São Paulo estará expondo 18 quadros.
Entre as presenças brasileiras nesta próxima Bienal, destaca-se a figura de Oscar Niemeyer que estará participando com uma série de painéis com desenhos e fotografias de vários projetos, além de móveis, maquetes, filmes e slides com depoimentos pessoais. Os materiais da exposição de Niemeyer deverão repetir o mesmo sucesso do artista na capital francesa quando participou do Centro de Cultura Georges Pompidour o Beaubo

                          75 ANOS DO COLÉGIO MARISTAS

Uma série de cinco exposições completa o Ciclo de Exposições Comemorativo dos 75 anos de Maristas na Bahia.O ciclo , uma promoção do grêmio estudantil daquele estabelecimento de ensino,será desenvolvido até o dia 7 de novembro próximo através da reunião de trabalhos realizados por diversos estudantes do colégio. Até o dia 5 do próximo mês, terá lugar uma mostra de alunos da 5ª,6ª,7ª e 8ª  séries  1º do grau. As atividades terão continuidade no período de 8 a 13  de outubro com exposição dos alunos da 1ª,2ª,3ª e 4ª séries e do dia 16 ao dia 22, serão mostrados os trabalhos de Luiz César Mesquita Baqueiro que utilizará as técnicas com crayon,lápis de cera sobre papel e outras. O ciclo de Exposições Comemorativo 75 anos de Maristas na Bahia será encerrado no dia 7 de novembro com um concurso de fotografia, aberto a todos os alunos.

IV SALÃO  NACIONAL UNIVERSITÁRIO DE ARTES PLÁSTICAS

O Instituto Nacional de Artes Plásticas – Inap da Funarte e a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC promovem em Florianópolis, no período de 1 a 31 de outubro IV Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas abrangendo as seguintes categorias: cerâmica, desenho,escultura, gravura,fotografia, serigrafia, objeto,pintura,propostas ambientais ou ecológicas,propostas conceituais, super-8 e tapeçaria. As inscrições para o Salão encerram-se a 20 de setembro, quando os trabalhos deverão estar montados ou emoldurados.
Só poderão participar aqueles que  comprovarem, através de declaração atual, ser alunos regulares de instituições de ensino superior. Os participantes inscreverão, em cada categoria mencionada, um máximo de três trabalhos, acompanhados de fichas de inscrição por categoria, deverão ser entregues no Departamento de Assuntos Culturais da UFSC ( Campus Universitário de Trindade – 88.000 – Florianópolis, SC .
No caso de obras que exijam grande espaço para ser expostas, ou cuja montagem deva ser procedida no próprio local da mostra, será suficiente, no ato da inscrição a apresentação de informações descritivas em forma de projetos, fotos ou outras, que possibilitem a apreciação da comissão incumbida da seleção dos trabalhos.
A Comissão Julgadora será constituída por críticos de arte e artistas – dois deles escolhidos pela Funarte e dois pela UFSC – que funcionarão sob a presidência do Diretor do INAP, João Vicente Salgueiro, ou por representante autorizado.
O prêmio ao Melhor Trabalho  do Salão será no valor de CR$35 mil, doados pela UFSC. A Funarte premiará com CR$15 mil. Melhor Trabalho por Categoria. A divulgação dos trabalhos premiados e a entrega dos prêmios serão feitas, respectivamente, quando da abertura e encerramento do Salão. Os prêmios não poderão ser cumulativos, isto é, cada participante não poderá ser premiado duas vezes.
 O Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas realizou-se pela primeira vez em 1976, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, foi feito em João Pessoa e em 1978 em Vitória.

         EXPOSIÇÃO FIGURAÇÃO SINTÉTICA NO TCA

Sob o patrocínio do Instituto Cultural Brasil Alemanha e com a colaboração da Escola de Belas Artes da UFBa. e Teatro Casto Alves está sendo realizada em Salvador a Exposição Figuração Sintética. A mostra que poderá ser visitada até o dia 7 de outubro próximo no foyer do TCA é planejada pelo Instituto Cultural das Relações Exteriores de Stuttgarrt, devendo circular pelas principais capitais do Brasil. Segundo o critico Olívio Tavares de Araújo não cabe destacar um só artista muito mais impressionantes talvez seja a qualidade técnica que permite á litografia uma impecável textura de desenho ou pintura a aerógrafo além da tradicional precisão geométrica. 

FANTASIA DE MARÍLIA CAMPANÁRIO - 29 DE SETEMBRO DE 1979.


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 29 DE SETEMBRO DE 1979.

                      FANTASIA DE MARÍLIA CAMPANÁRIO

Um mundo de fantasia onde maestros se desdobram em gestos que traduzem as notas musicais, mulheres gordas e ricas com cachorros ao colo ou crianças brincando e rindo a valer. Um mundo alegre onde a fantasia toma conta dos espaços, fazendo que esqueçamos por algum tempo a violência desenfreada de uma realidade caótica que vivemos nesta década. O s trabalhos de Marília Campanário, expostos na Minigaleria da Associação Cultural Brasil-Estados Unidos merecem ser vistos para que você possa avaliar a exaltação da fantasia desta pintora mineira.Como afirma Pedro Horta. São evidentes a finura e a fantasia do espírito de quem pintou aqueles quadros: refletem um mundo interior rico, dominado por estranhas imagens.
Não chamaria suas imagens de estranhas, apenas de imagens que não refletem a nossa realidade embora pareçam absurdas para alguns.Mas,para os que gostam da fantasia e vê em as coisas por outro prisma as imagens parecem comuns ou de sua intimidade.
Marília nasceu em Ouro Fino, Minas Gerais, mas vive em São Paulo desde os três meses de idade. Já fez desenho, gravura, escultura e alguns murais. Foi aluna de Caciporé, Yolanda Monayi e Nelson Nóbrega. Participou de várias coletivas, além de salões entre os quais o Salão de Arte Sacra Brasileira, em Londrina, do Salão da Juventude, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Sua pintura tem sido classificada como uma tendência ao realismo fantástico.
Agora ela vem à Bahia e nos ostra alguns trabalhos na ACBEU onde nos mostra a sua busca em comunicar-se através do pincel.

             BRINQUEDOS DO GRUPO POSIÇÃO


O Grupo Posição, que em maio apresentou no foyer do Teatro Castro Alves o trabalho EX-Posição Brinquedo vai mostrar no Solar do Unhão, durante a Exposição Cadastro promovida pela Fundação Cultural do Estado, que será aberta no próximo dia 4 de outubro, o resultado mais recente de suas pesquisas: a Com-Posição escultura Brinquedo II.
O trabalha participou da Mostra de Escultura Lúdica, realizada no Museu de Arte de São Paulo-MASP- entre os dias 4 e 25 deste mês e mereceu várias referências dos jornais paulistas, apesar de estarem presentes na mostra um total de 50 artistas, a grande maioria deles, de São Paulo.
Os bichos e seres em grandes blocos de espuma, recobertos de tecido, que compõem a Escultura Brinquedo II aprofundam a proposta dos artistas do Grupo Posição, o sentido de expressar o conteúdo lúdico da arte e de estimular o público a ter uma postura ativa frente ao objeto de arte. Brincar, recriar, reinventar é o que os artistas propõem ao público.
E oferecem para isso possibilidades concretas, porque as esculturas são em módulos que podem ser misturados, tocados, sentidos pelo tato e não somente vistos.
As esculturas, com três metros de comprimento em média, são uma cobra, de Zélia Maria; um estranho bicho a lembrar vagamente um bumba-meu-boi, de Juracy Dórea; um boneco-máscara de Carlos Petrovich; uma lagarta, de Sônia Rangel; um dragão, de Chico Diabo e uma mulher, de Eckemberger. Belos e coloridos, a sugerir lendas fantásticas de princesas e dragões que a literatura de cordel tornou possível no Nordeste seco, eles são um resultado sério e cheio de prazer do trabalho de artistas experimentados, vindos de diferentes caminhos que se uniram a partir de janeiro desse ano. Do grupo, somente Petrovich não tinha um caminho percorrido em artes plásticas.Sua origem é o teatro.

       MAM DO RIO REABRE COM O SALÃO NACIONAL

No dia 15 de dezembro o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro será reaberto, depois de 14 meses fechado devido ao incêndio, com o II Salão Nacional de Artes Plásticas. O salão é uma promoção do Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte.
No MAM serão expostos os trabalhos nas categorias de pintura, escultura e outras manifestações artísticas, enquanto que os trabalhos classificados nas categorias de desenho e gravura serão expostos no andar térreo do Palácio da Cultura.
O II Salão Nacional de Artes Plásticas apresentará ainda, como manifestação paralela de caráter histórico e didático, o Painel Ecológico de Cícero Dias, que figurou no Salão Nacional de Belas Artes de 1931.
INSCRIÇÃO
De acordo com o Regulamento poderão se inscrever os artistas brasileiros ou os estrangeiros que comprovarem permanência de, no mínimo, cinco anos no Brasil.
Os candidatos deverão ter realizado, no período de 10 anos até a data da inscrição, pelo menos uma exposição individual ou participado de no mínimo, duas coletivas.
As obras inscritas poderão estar incluídas em qualquer forma artística de expressão, como as de estruturas tradicionais, pintura, escultura, desenho e gravura e as  mais livres manifestações de criação, inclusive fotolinguagem e performance corporal.
Cada artista deverá inscrever três trabalhos por categoria, não podendo as obras ocupar espaço superior a 12 metros quadrados e o conjunto das projeções de obras de fotolinguagem, incluindo vídeo-tape, super 8, audiovisual, ou exibições de expressão corporal, não podem ultrapassar 12 minutos.
A Comissão de Seleção e Premiação será constituída de três membros indicados pela Comissão Nacional de Artes Plásticas e três membros eleitos pelos artistas inscritos no salão, além do presidente da Funarte, que a presidirá com direito a voto de qualidade.
O Salão Nacional concederá quatro prêmios de viagem ao exterior, cada um no valor de CR$180 mil; quatro de viagem ao país, cada um no valor de CR$70mil. Será concedido ainda o Prêmio Gustavo Capanema, no valor de CR$50 mil, ao artista que apresentar o melhor conjunto de obras.
Os prêmios de aquisição, até o máximo de cinco, serão pagos de acordo com os valores declarados pelos expositores nas respectivas fichas de inscrição, desde que o total das aquisições não seja superior a CR$70mil.
Já foram iniciados os trabalhos que visam a realização do II Salão Nacional de Artes Plásticas. O regulamento já foi aprovado pela Comissão Nacional de Artes Plásticas e, segundo o Art.nº4, as fichas de inscrição serão encaminhadas para os escritórios de representação da Funarte, Delegacias Regionais e Representações do Ministério da Educação e Cultura, que deverão distribuí-las para as instituições de artes. Assim, de 20 de setembro a 20 de outubro, os artistas plásticos da Bahia que desejarem participar deste acontecimento nacional devem procurar o Museu da Bahia,no Solar do Unhão, apanhar ficha de inscrição e entregar trabalhos pessoalmente, ou remetê-los para o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, Avenida Beira-Mar s/nº, Parque do Flamengo.

           TRABALHO EXPERIMENTAL DE LUIZ RAMOS

O artista Luiz Ramos fala com Ângela Barreto
Utilizando materiais como tela, papel, madeira , tinta, colagem, fragmentos, embalagens de vidro e plástico, Luiz Ramos em sua primeira exposição individual mostra sua proposta ambiental denominada O Jogo do Jogo , utilizando todo o espaço da edificação onde funcionam os serviços culturais da Aliança Francesa, na Barra Avenida.
Com 20 anos de idade, Luiz Ramos é natural de Alagoinhas onde iniciou suas atividades artísticas, expondo pela primeira vez em 1973.Participou de exposições coletivas, inclusive no Arte Bahia em Angola, Consulado de Portugal Angola-África, tendo seus trabalhos merecido alguns prêmios como a Menção honrosa no 1º Encontro de Arte no Museu de Arte da Bahia.
Até o dia 4 de outubro ele estará mostrado ao público seus desenhos, pinturas, objetos que resultaram em composições que refletem as escolas, movimentos e as correntes mais atuais da arte moderna segundo definição de Carlos Eduardo da Rocha.
O Jogo do Jogo é uma sucessão de quadros ambientais encerrando propósitos de crítica , ironia,protesto em relação de uma temática enfocando a realidade social, diz Carlos Eduardo, acrescentando que o artista em questão encara os problemas da sociedade de consumo , da preservação da natureza, da poluição urbana, do sexo e dos padrões de comportamento através de ângulos muito pessoais.
Luiz Ramos falou das dificuldades que o artista plástico enfrenta, notadamente devido ao problema trazido pelas galerias que abrem suas portas " apenas para medalhões", deixando os demais em situação difícil, principalmente os que iniciam. Para ele, a arte como comércio é a que está predominando tirando as chances dos que trabalham a arte puramente.
A exposição da Aliança Francesa que Luiz define cimo uma proposta mental deixa ver os espaços externos e os interiores , as aberturas, a porta principal e as janelas transformadas em ambientes artísticos e suportes para suas criações surrealistas, abstratas e concretas ( De Ângela Barreto).









sexta-feira, 29 de março de 2013

DOZE ARTISTAS DEFENDEM O BRASIL NA XV BIENAL - 06 DE OUTUBRO DE 1979


JORNAL A TARDE,  SALVADOR, 06 DE OUTUBRO DE 1979

DOZE ARTISTAS DEFENDEM O BRASIL NA XV BIENAL

Os brasileiros estão representados nesta XV Bienal Internacional de São Paulo por 12 artistas brasileiros contemporâneos, indicados para a mostra, e os premiados nas bienais passadas que participarão pessoalmente da inauguração da XV Bienal.E todos os trabalhos já estão praticamente em seus lugares definitivos dentro do prédio da fundação.A grande força XV Bienal de São Paulo é apresentar com a mesma consideração e respeito, jovens artistas e antigos premiados pela fundação.
Lado a lado, eles estarão sendo observados e avaliados. Os primeiros, divulgando seu nome e obra, os segundos passando por um rigoroso exame de evolução ou não.
O artista Amílcar de Castro
Os indiciados são doze. Amílcar de Castro é escultor e foi um dos integrantes do Movimento Neoconcreto na década de 50. Aos poucos foi evoluindo da escultura para o desenho e a pintura e, agora cria, com traços a escultura e o desenho livre como um só objeto. A seu lado estará Arlindo Daibret do Amaral, desenhista de projeção nos grandes salões. Seu caminho foi de pergaminho de cabra ao papel e lápis. Ascânio Maria Martins Monteiro (MMM) é português naturalizado. Escultor, diretamente ligado á arquitetura. Seu espaço deve ser próximo ao de Berenice Gorini, que utiliza materiais orgânicos, como a palha e o vime, em grandes estruturas. Glauco Pinto de Moraes também está presente, o pintor das locomotivas, visão forte de sua infância, com obras fortes e violentas.
Haroldo Barroso Beltrão trabalhou com Burle Marx em painéis e murais escultóricos. Atualmente voltou à velha forma de escultor autônomo. Ivald Granato é conhecido por protestar de todas as formas possíveis contra a estrutura das artes plásticas em sua comercialização. Estará nesta bienal com painéis a base plástica. João Câmara Filho é pintor desenhista e gravador. Apresenta obras de óleo e litografia de pessoas conhecidas, em tons escuros.
O artista Rubens Gerchaman
Luiz Gregório Correia trabalha com aquarelas, desenho e pintura, sempre utilizando figuras e problemas do cotidiano. Rubens Gerchman não precisa de apresentação, rebela-se contra qualquer vanguarda institucionalista e usa cores explodindo, quase autônomas em suas obras. José Tarcisio Ramos é o pintor que se equilibra entre o racional e a pintura elaborada e a ingenuidade de abstração cromática.
O último destes jovens artistas, jovens por não ter ainda participado de alguma Bienal de São Paulo e por na terem o seu trabalho em grande divulgação é Roberto Magalhães. Este artista retrata cabeças, seu tema vigoroso. Faz surgir rostos estranhos, arcaicos e remotos. E ainda um estudioso em cabala, ocultismo, signos, alquimia e assuntos desta categoria.
Os antigos premiados sobre quem quaisquer explicações podem mesmo parecer pretensão são: Ademir Martins; Volpi, Anatol Wladislaw, Armando Sendin, Arthur Luiz Piza, Danilo Di Prete, O Grupo Arte/Ação, Grupo Bóias frias, Grupo Etsedron, Evandro Costa Jardim, Fayaga Ostrower, Felícia Leirner, Fernando Odrizola, Geraldo de Barros, Grupo Iadê, Hildegard Rosenthal, Isabel Pons, Ione Saldanha, Ivan Freitas, José Roberto Aguilar, Lívio Abramo; Lydia Okumura, Seron Franco, Wega Nery, Mabe, Grassimann, Marcelo Nitsche, Mário Cravo Neto, Paulo Roberto Leal, Roberto Sandoval e finalmente Sérgio Camargo. Todos eles estão com suas obras (atuais) à avaliação pública desde 3 de outubro, na XV Bienal Internacional de São Paulo.

      HOMENAGEM AO ARQUITETO  OSCAR NIEMEYER

O belo Museu de Arte Moderna de Niterói
Oscar Niemeyer, arquiteto, é o nome da mostra realizada pelo arquiteto brasileiro na XV Bienal Internacional de São Paulo. É também a mesma exposição apresentada no Centro de Cultura Georges Pompidou, mais conhecido como Beaubourg, em Paris, no começo deste ano e que segue pela Europa. Niemeyer é reconhecido em todo o mundo por usar, em grandes estruturas, linhas levemente curvas e sensuais. No Brasil ficou conhecido por projetar a cidade de Brasília e por ter doado o projeto de todo o Parque do Ibirapuera, incluindo o prédio da bienal, à cidade, em 1951. Nestes trinta anos de bienal a sua grande mostra será a homenagem justa. E primeira em todo o Brasil.
A mostra de Oscar Niemeyer na XV Bienal Internacional de São Paulo já está sendo mostrada nos 600 metros quadrados que lhe foram destinados, espaço dez vezes maior do que o utilizado por todas as comissões internacionais.
Entre as obras que compõem esta retrospectiva podemos destacar o Yacht  e o Cassino e a Capela de Pampulha, em Minas Gerais, as grandes estruturas do projeto de Brasília, o Hotel Nacional do Rio de Janeiro, o Banco Safra de São Paulo e seus principais projetos feitos para o exterior: em Paris, Argel, Milão e Nova Iorque. Além de painéis fotográficos destes projetos e algumas maquetes, serão apresentados móveis que levam a sua assinatura, filmes e slides com depoimentos pessoais, em justa homenagem ao brilho que  deu ao nome do Brasil por todo o mundo.
Homenagem justa a este grande brasileiro. Foto Google
Ele esteve presente à abertura da Bienal de São Paulo, dia 3 de outubro e recebe hoje arquitetos em sua exposição.
As linhas curvas, ponto alto de Oscar Niemeyer, podem servir como uma definição deste homem:
Não é a linha reta que me atrai, dura, inflexível, criada pelo homem O que me atrai é a curva leve e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso de um rio, nas curvas do céu e no corpo da mulher amada. De curvas é feito o universo. O universo curvo de Einstein.
Mas a curva não é uma obsessão. Muitas vezes é o  próprio concreto quem a insinua. Se você tem um espaço grande a vencer, a curva é o caminho indicado e ela permite uma forma mais leve, como que solta no ar. E assim ele projetou Brasília, rapidamente.
Sofremos pressão durante o projeto e as obras. Mas cada vez mais elas animavam a JK e a mim. Era um grande desafio. E assim tempo sobrando, os projetos não puderam sofrer modificações. Com isto ficaram muito mais espontâneos, com a qualidade e os defeitos iniciais. Mas com os arcos nada inventei. Eles são antiquíssimos. Dei-lhes uma forma mais delgada e elegante, desejoso de manter, no Palácio do Itamaraty a leveza arquitetônica que preferíamos e que tanto assustou o engenheiro italiano que trabalhava conosco.
Este é Oscar Niemeyer,o arquiteto de Brasília. Mas estão são as obras que nosso homem fez em casa.
Mas os meios melhores trabalhos estão na Europa, França, Itália e Argélia. Foi para o exterior porque aqui não havia condições de trabalho. Lembram-se do aeroporto de Brasília? Por ele o ministro da Aeronáutica não se conteve, acreditando que lugar de comunista era em Moscou, quando nem os russos admitiam esta arquitetura leve e burguesa. E depois veio o estádio de Brasília, o Museu da Terra, do Ar e do Mar, a Universidade de Brasília...
Sua exposição na XV Bienal vai de Pampulha a Brasília e desta á sua atuação na Europa Pampulha foi o ponto de encontro de Niemeyer, a ideia que desencadeou toda sua nova forma de arquitetar. De 1939 a 76, a forma plástica predominou, sem interferir na função uma de suas brigas com a crítica desde que abandonou o funcionalismo arquitetônico. Esta exposição é a didática e contestatória como sempre o foi Oscar Niemeyer, o arquiteto.

                  ADA EXPONDO NA PANORAMA

Tive dupla satisfação em reencontrar a pintora Ada, que alguns anos não via, e de sentir através de seus trabalhos expostos na Galeria Panorama, o seu desenvolvimento pictórico.
Seus trabalhos hoje podem figurar em qualquer coleção particular ou mesmo em museus importantes tal a qualidade. A criança continua exercendo influência marcante em seu traço forte, onde as figuras em movimentos refletem a sua ligação com a nossa gente. É o pequeno jornaleiro, o vaqueiro, o músico e assim por diante. Todas essas figuras importantes a comunidade estão representadas em suas telas dentro de um lirismo e de belas composições, onde destaco o equilíbrio das formas e as distorções propositais. Ada tem assim progredido, guardando sua linha mestre que á a criança como temática mais presente em suas telas.

              ARTISTAS PLÁSTICOS REALIZAM 1º ENCONTRO

Com o principal objetivo de abrir um debate livre e em âmbito nacional sobre a condição social e profissional do artista plástico, será realizado, no período de 26 a 29 de novembro, o 1º Encontro Nacional de Artistas Plásticos Profissionais, no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
As reuniões preparatórias do Conselho foram realizadas no Parque Lage, nos dias 11 e 25 de setembro. E nos dias 9 e 23 de outubro, no horário das 19 horas as reuniões terão continuidade. O encontro terá o apoio da Funarte, do Departamento de Cultura do Estado do Rio, da Riotur e da Fundação-Rio.
Os artistas interessados devem confirmar sua participação enviando á ABAPP, até o dia 20 de novembro, a ata da Assembléia Geral dos Artistas de seu estado. O endereço para correspondência é: Secretaria Geral do 1º ENAPP- Associação Brasileira de Artistas Plásticos profissionais- Caixa Postal 34048- Rio de Janeiro -RJ.

TEMÁRIO
A produção artística em relação ao mercado de arte e às instituições culturais, o ensino e a crítica de arte, e a discussão dos estatutos de sua entidade de classe nacional são os principais temas que serão debatidos entre os participantes do encontro.
O 1º ENAPP obedecerá a um calendário que prevê grupos de trabalho para discutir cada item do temário. As noites serão reservadas para apresentações de trabalhos individuais, conferências ou filmes previamente inscritos.
De acordo com a Circular distribuída pela ABAPP, cada delegação terá como peso de voto nas plenárias do 1º ENAPP, o equivalente a 10% dos participantes que os elegeram na assembléia de seu estado. As delegações não poderão ter mais de cinco representantes. Somente os delegados eleitos nas assembeias estaduais terão direito a voto nas decisões do encontro, porém qualquer pessoa presente às reuniões plenárias terá direito à palavra.


CELSO CUNHA - 1º DE SETEMBRO DE 1979


JORNAL A TARDE,SALVADOR, 1º DE SETEMBRO DE 1979

CELSO CUNHA FARÁ MURAL NO CENTRO DE CONVENÇÕES

Celso Cunha com algumas partes do seu mural
Entrou com o pé direito no cenário artístico baiano ganhando o primeiro prêmio no concurso público instituído pelo governo do estado para um mural do Centro de Convenções da Bahia. Um imenso e belo mural que veio somar a muitos outros que existem na Bahia, os quais inclusive precisam de melhor conservação por parte dos seus proprietários e encarregados da manutenção dos imóveis onde estão instalados.
Na verdade Celso Cunha é o melhor de todos estes muralistas que tem aparecido nesta década. Trabalha em silêncio, o que releva um detalhe da sua própria personalidade. É um indivíduo de poucas palavras e o seu forte é trabalhar com ferramentas na consecução de formas o volume que dia-a-dia vão preenchendo os vazios das paredes de prédios públicos e particulares.
Foi feliz Ivo Vellame por ter convidado Celso para expor alguns de seus últimos trabalhos, pela qualidade de sua obra, como também pela necessidade de divulgar cada vez mais o que este jovem artista vem criando. Está portanto de parabéns o Ivo, e o Celso por essa mostra que terminou ontem e que durante o tempo em que passou aberta foi visitada por centenas de pessoas.
As soluções abstratas e figurativas que surgem dos talhos fortes de Celso Cunha demonstram sua grande força e intimidade com os materiais que manipula. O entalhe que foi denominado Cavalos em Repouso é bem expressivo e as figuras são concebidas com certa ternura dentro de uma imagem deste nosso universo. Celso Cunha ainda vai trabalhar muito e cada vez mais a Bahia, e em breve o Brasil, estarão dentro a ele o que realmente merece. Ou seja, o destaque entre muitos dos entalhadores que existem por aí. Sim, porque ele está acima de muitos inclusive, já conceituados, e certamente tende a se firmar como um dos mais importantes muralistas baianos. Vamos aguardar.

                          RAUL STEINBERG EM SALVADOR

Uma exposição de 27 trabalhos do artista norte-americano Saul Steinberg faz parte do IV Salão Internacional de Humor, que se realiza em Piracicaba. Estado de São Paulo, sob o patrocínio da prefeitura local, de 18 de agosto a 3 de setembro. A mostra, a primeira de Steinberg no Brasil, tem a colaboração da Agência de Comunicação Internacional dos Estados Unidos.
Depois de Piracicaba, os trabalhos de Steinberg serão exibidos no Rio de Janeiro de 10 a 21 de setembro em Brasília de 26 de setembro a 5 de outubro, Salvador de 10 a 19 de outubro, Belo Horizonte de 25 de outubro a 8 de novembro e Porto Alegre de 14 a 27 de novembro.
Steinberg é um dos mais populares artistas vivos dos EUA e suas obras são tão imediatamente identificáveis pelo público como as de Adrew Weth ou Norman Rockwell.
Ele nasceu em Bucareste, Romênia, em 1914, filho de um tipógrafo impressor de cartazes e posters. Seus primeiros brinquedos foram os tipos de metais e madeira-os sinais gráficos que motivaram a sua notável criatividade artística.
Aos 18 anos, após terminar o colégio, Steinberg mudou-se para a Itália, onde fez, em Milão, um treinamento como engenheiro e arquiteto. Seu coração, entretanto, estava no desenho e aos 21 anos ele pode se considerar um artista profissional, ganhando a vida vendendo desenhos humorísticos a revistas e jornais.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Seinberg decidiu transferir-se para os Estados Unidos, onde, chegou em 1941, tendo logo se tornado cidadão americano.
Seu primeiro emprego no país foi como desenhista da revista The New Yorker, para a qual continua trabalhando até hoje.
A sua atividade como artista, todavia não se limitou a revista. As capas que criou para The New Yorker, bem como as charges e ilustrações, constituem apenas uma parte de sua copiosa produção artística, rica em humor e ambigüidade. Autor de meia dúzia, de livros, ele se tornou conhecido internacionalmente através de mostras coletivas ou individuais em inúmeras cidades, entre as quais Barcelona, Caracas, Estocolmo, Chicago, Londres, Milão, Paris e Hamburgo.
Suas figuras incorporam um paradoxo, sendo ao mesmo tempo acessíveis e impenetráveis. Pode ser fácil para o público adentrá-las, mas é Steinberg quem decide o quanto o público pode penetrar nelas. Em seu trabalho ele pouco vê para amar na natureza, mas por outro lado, muito observa para satirizar.
Hoje, aos 65 anos, Steinberg sente que está no limiar de novas aventuras estéticas, diferentes daquelas que ele viveu até agora com caneta, lápis, crayon e outros materiais menos convencionais como madeira, cera, cola, envelope etc.
Hoje em dia eu desenho a vida, diz ele como os velhos mestres, a medida em que fico mais velho, torno-me cada vez mais interessado no que está lá fora e não com o que está em minha cabeça.

                 SIMBIOSE A QUATRO MÃOS DE DUAS ARTISTAS

Minetismo obra de Sônia Regina, de 43,5 x 62,5
Sônia Regina e Lygia Aguiar pertencem à nova geração de artistas que está saindo da Escola de Belas Artes. A exposição das duas artistas poderia ter sido feita por uma. Explico. Alguns trabalhos de Sônia poderiam ser assinados por Lygia e vive-versa.
Uma identidade de tratamento das formas, escolha de cores, inclusive da própria temática e a Simbiose.
Só, com uma pequena diferença, que uma usou os frutos da terra e a outra os frutos do mar. Uma identidade que chega a confundir, daí preferir chamar de uma exposição a quatro mãos.
Argonauta, obra de Lygia Aguiar, de 43,5 x 62,5
Aliás, na apresentação do próprio mestre Rescála ele que diz, existe uma afinidade temática e plástica entre as duas pintoras, percebe-se entretanto uma natural diferença no tratamento e na tonalidade dos quadros, mas isto não prejudica a harmonia da exposição. Também concordo que não chega a prejudicar, mas chamo a atenção para a necessidade de uma busca maior da individualidade de temática, do tratamento e uso dos materiais, e também uma certa busca para melhorar a combinação das cores. Observei na exposição que está aberta na Eucatexpo que alguns trabalhos chegam ás raias do primarismo. Inclusive comentei com a artista Ângelo Roberto, também apresentador das novas artistas, o qual concordou com algumas restrições e dois trabalhos expostos.

Porém, não concordo com o Ângelo quando ele afirma numa maturidade artística. Elas chegam lá.
Mas ainda falta alguma coisa, inclusive melhor tratamento pictórico. O que existe é uma vontade e algumas coisas na cabeça que começam a ser despejadas no papel. Também achei exagerados os preços de muitos trabalhos expostos tomando por base outros artistas já maduros, e que tem uma obra pictórica madura e conhecida. Elas começam a despontar e o despontar exige do criador certo cuidado e principalmente preocupação em não ousar demais todos os sentidos.
Concordo que foram felizes em escolher a técnica do pastel que proporcionou uma impressão ótica aveludada, devido a reflexão difusa da luz nas milhares de partículas pigmentarias que refletem a sua cor recíproca, variando o ângulo de reflexão segundo o ângulo de incidência em relação à posição de cada partícula. Inclusive no programa da apresentação elas definem o que seja pastel e das suas vantagens.