JORNAL A TARDE, SALVADOR, 09 DE
JUNHO DE 1979
O CARTAZ CULTURAL POLONÊS
Nos
primeiros anos após a guerra apareceu na arte gráfica industrial uma corrente
que mais tarde passou a ser chamada de Escola de Cartaz Polaca. Num período
quando o cartaz europeu representava uma fria perfeição profissional, nas ruas
da Polônia apareceram verdadeiros trabalhos de pintura com uma grande expressão
poética.
Havia
nos cartazes uma simplicidade e uma alegria sincera e bela como nos desenhos de
crianças. A sociedade, martirizada pela guerra, aceitou facilmente a colorida e
alegre arte de rua. O cartaz tornou-se popular. Atraía um número sempre
crescente de artistas, passou a ser objetos de coleções. Os jovens artistas
tentavam a sua sorte em numerosos concursos organizados. Cada mês, num concurso
organizado pelo maior diário de Varsóvia, o público elegia o mais interessante
cartaz que neste período era exposto pelas ruas da cidade. De dois em dois anos
reúnem-se em Varsóvia os criadores e os teóricos do mundo inteiro, para assistir
a Bienal Internacional do Cartaz, uma confrontação dos melhores cartazes de
todos os continentes.
Em
Wilanów encontra-se o primeiro Museu do Cartaz na Europa. Não é de estranhar,
portanto que nas condições de um interesse social tão acentuado desde vários
anos a arte do cartaz desenvolve-se na Polônia.
Esta
exposição promovida pela Embaixada da Polônia, em colaboração com a Fundação
Cultural do Estado da Bahia, constitui aquilo que tem de mais interessante no
cartaz cultural dos últimos anos. Além de trabalhos de mestres de renome
internacional, encontraremos também as obras de jovens que estrearam este ano.
A
exposição começou ontem na Capela do Solar do Unhão, a partir das 21 horas e permanecerá aberta diariamente até
o dia 20 próximo. Mais uma promoção da Fundação Cultural do Estado da Bahia,
através do Museu de Arte Moderna.
O
CARTAZ POLONÊS
Na
Polônia, no pós-guerra, desenvolve-se a arte cartazística. Desvinculando-se do
aspecto comercial, adquirindo liberdade de criação e fixando-se na sua proposição,
o cartaz polonês transformou-se em um dos mais destacados do mundo. As
premiações internacionais atestam a posição que os artistas da Polônia possuem
em nesse setor de comunicação.
A
carreira internacional do cartaz polonês inicia na década de 1920. Em 1925, na
Exposição Internacional de Arte Decorativa de Paris, o grande prêmio foi dado a
três gráficos poloneses. No estilo formal do cartaz dessa época influiu o
movimento Jovem Polônia, vinculado nas artes plásticas, com o modernismo
europeu, recolhendo, também, as influências das correntes cubistas.
Depois
da Segunda Guerra Mundial, em um dos primeiros confrontos do cartaz polonês com
a gráfica mundial, em 1948, em Viena, um artista polaco conquista sete prêmios.
Desde
então, em concursos e bienais, os poloneses marcam sua presença. Nas bienais de
São Paulo de 1963 a
1969, Waldemar Swierzy e outro polonês obtiveram os principais prêmios. Jan
Lenica obtém medalha de ouro em 1966 na Bienal Internacional do Cartaz em
Varsóvia, e Romon Cieslewicz na bienal de 1972.
Em
Varsóvia, desde 1966, vem sendo organizada, a Bienal Internacional do Cartaz,
certamente conhecido e muito apreciado pelos artistas gráficos do mundo.
O
fato de a Polônia realizar esta bienal tem relação com o alto nível do cartaz
polonês e com a sua posição na arte mundial.
CARACTERÍSTICAS
O
cartaz polonês, livre das influências comercializantes, é um meio de expressão
artística que, além de tudo, tem a possibilidade de apresentar os problemas
mais importantes da humanidade vistos pelo artista. Por sua expressão formal,
oferece um vasto campo para a criatividade dos artistas que querem apresentar
assuntos conhecidos de modo surpreendente e inesperado.
Já
nos primeiros anos de pós-guerra, o cartaz polonês obteve os mesmos direitos e
o mesmo valor na hierarquia das expressões artísticas. Isso foi alcançado,
especialmente, pela interpretação original e a carga emotiva com que foram
abordados os problemas humanos num país que se levantava das ruínas. Os anos de
cinqüenta, período de intensa reconstrução, é a época de maior florescimento do
cartaz polonês.
Nas
obras dos artistas gráficos do países críticos perceberam as marcas do caráter
nacional, do temperamento e a imaginação amalgamados com a herança cultural de
muitos séculos e o reflexo da história imediata; os problemas candentes a
atualidade filtrados através da personalidade dos artistas; o estilo peculiar
junto á habilidade de utilizar a linguagem plástica comum para toda a arte
contemporânea.
No
cartaz polonês entrelaçavam diversas concepções estéticas: a aspereza e
vulgaridade populares coma cultura plástica refinada, o colorido puro e nítido
com a superfície monotoda a arte contemporânea.
No
cartaz polonês entrelaçam diversas concepções estéticas: a aspereza e
vulgaridade populares com a cultura plástica refinada, o colorido puro e nítido
com a superfície monocromática, rica de sutilezas, a expressão gráfica
lapidada, como gosto pictórico livre; a decoratividade excessiva com a
simplicidade.
O
CARTAZ POLONÊS E A CRÍTICA
Críticos
de arte falando sobre os cartazes poloneses, chamavam atenção sobre a livre
concepção de seu tema, graças ao qual seus autores deixavam certa margem à
imaginação do público. Face a isso, o cartaz teatral Poe exemplo, é uma forma
de interpretação da obra dramática.
Os
cartazes de Jan Lenica, se caracterizam pelo intelectualismo frio e preciso. È
um mestre no tratamento dos temas com muita e até excessiva liberdade. A forma
de sua obra é enxuta, limitando-se a uns poucos elementos gráficos. Linhas,
manchas ou um elemento plástico criam o signo lapidar e perfeitamente estético,
em seus trabalhos.
Waldemar
Swierzy é distinguido sempre pela vitalidade sensual de sua composição, a qual
cede finalmente à reflexão.
Todos
os autores de cartazes teatrais e com temas de óperas permanecem fiéis à técnica
gráfica e pictórica.
Roman
Cieslewicz, reside em Paris, desenha seus cartazes com ajuda de meios mecânicos
de reprodução, em laboratórios. Interessantes provas de
aproveitamento gráfico, podem ser apreciadas em suas obras.
Marcin
Mroszezak é uma representante da geração mais jovem de artistas plásticos.
Originais provas de aproveitamento de
material fotográfico podem ser apreciadas nos seus trabalhos.
Franciszek
Starowieyshi é um representante maduro dos cartazistas poloneses.
A
caricatura com traços macabros conserva um caráter poético em suas obras.
O
alcance cada vez maior dos meios de comunicação de massa libertou o cartaz de
obrigação de cumprir, necessariamente, sua função fundamental, a de informar.
Os cartazistas obtiveram possibilidade de apresentar suas obras como um
comentário gráfico pessoal, exteriorizar suas convicções e atitudes e ensaiar
suas experiências formais.
Tudo
isso enriqueceu o cartaz enquanto forma de expressão, assumindo o nível de
arte. O cartaz polonês é uma obra que não só anuncia, como também comenta. E
sua estética refinada, sua metáfora e simbolismo, não impediram o contato com o
público de massa. O teatro, o cinema e os sucessos culturais e sociais de
importância falam diretamente às pessoas na rua, despertam sua imaginação com
uma forma interessante e convidam à reflexão com sua mensagem plástica.
A
vida do cartaz é breve e por isso, a organização, na Polônia, de um Museu do
Cartaz, em 1968, primeiro desse tipo no mundo, alcançou aplauso da crítica e do
público.
O
museu se propôs documentar a história do cartaz polonês e apresentar seu
desenvolvimento atual em
exposições. Seus pesquisadores realizam estudos científicos
sobre as fontes de informação com imagens, novas técnicas e outros fenômenos
afins da cultura de massa, além de realizarem científicos do século e de seus
sistemas.
PRÊMIO A ARTISTAS PARA CRIAÇÃO DE EMBLEMA
Um
prêmio de CR$85.000,00 está reservado para o melhor emblema criado para o
melhor emblema criado para a profissão técnico em administração, no concurso
promovido pelo Conselho Federal de Técnicos de Administração (CFTA), com
inscrições abertas para brasileiros de todos os estados até o dia 15 de julho próximo.
Os
trabalhos deverão ser entregues no Conselho Regional dos Técnicos em
Administração do Estado da Bahia, Escola de Administração da UFBa. (Vale do
Canela), ou enviados diretamente á sede do CFTA em Brasília, EDf. Federação do
Comércio, 3º andar, setor comercial sul-DF.
O
símbolo é de livre escolha do concorrente e será julgado em função da
criatividade, originalidade, comunicação e significado.
Cada
participante poderá apresentar até 3 trabalhos. O símbolo deverá ser
apresentado em :
-arte
final papel branco tipo cartolina, ou papel apropriado no formato A2 (420 x
594) ABNT;
-em
duas variações de tamanho menor, sendo um para aplicação em envelope de
correspondência e outra para cartões de visitas;
-em
variações de duas cores no máximo (exclusive o branco de fundo), sendo que uma
das cores será obrigatoriamente o azul, cor que identifica o técnico de
administração;
As
construções gráficas e respectivas medidas, bem como os esclarecimentos sobre o
significado dos desenhos deverão ser indicados.
O
Conselho Federal de Técnicos de Administração é o órgão que orienta, fiscaliza
e regulamenta o exercício profissional dos técnicos em administração. As
atividades destes profissionais estão ligadas ás técnicas de planejamento,
metodologia, organização, coordenação e controle de atividades através de
pesquisas, análise de administração mercadológica, administração financeira, de
pessoal, de material; assessoria, elaboração de pareceres; projetos,
arbitragens e relatórios.
Serão
classificados três trabalhos, mas apenas o 1º colocado terá prêmio em dinheiro,
o 2º e 3º colocados receberão menção honrosa.
Maiores
informações sobre o concurso no Conselho Regional do Estado da Bahia, na Escola
de Administração da UFBa (Vale do Canela)
CADASTRAMENTO
DA PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA
A
Funarte, através do Centro de Documentação e Pesquisa, pretende inaugurar em
julho a primeira galeria permanente de fotografia aberta a todas as tendências
e formas de linguagem fotográfica. Um espaço também aberto a outras
iniciativas, além das exposições, um espaço de debates, de encontros para
publicações de cadernos de fotografias, cartões-postais e seminários.
Para
a realização deste trabalho o Cedop/Funarte dará prosseguimento ao
cadastramento, iniciado em 1978, de fotografias produzidas ou preservadas por
iniciativas pessoais. O objetivo deste programa é montar um arquivo de
referência da produção fotográfica que auxilie trabalhos de pesquisadores que
sirva como subsídio ás exposições a serem realizadas nesta nova galeria. Para
isto, estamos enviando um novo formulário que uma vez preenchido, deverá ser
enviado ao Centro de Documentação e Pesquisa/Funarte á Rua Araújo Porto Alegre,
80 Cep. 20030, Rio de Janeiro-RJ.
A
primeira exposição, prevista para julho, será coletiva e terá cinco tema Nossa
Gente, pois queremos mostrar um retrato do povo brasileiro. Os interessados
devem enviar até o dia 11 de junho uma folha de contato, tamanho 24x30, em
preto e branco, seguindo o tema proposto.
Este
material será selecionado e a Funarte entrará em contato com as pessoas que
tiverem seus trabalhos escolhidos.
PAINEL
TORRES GARCIA - um auto-retrato do pintor uruguaio Joaquim Torres Garcia,(Foto) datado de
1922, foi doado ao acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro pelo Sr.
Ernest Pines, de Galeria Artéria, de Paris.
Por
outro lado, iniciando suas atividades no hall do bloco-escola podem ser vistas
uma série de esculturas do seu acervo nacional e internacional. Figuram as
obras de Marino Marini (Touro), Cesar (Compressão), Amilcar de Castro (sem
título), dentre outros.
BRIGA ESTÉRIL- enquanto no Rio de Janeiro e São Paulo os órgãos culturais realizam
exposições e outras atividades, os nossos representantes culturais brigam como
caranguejos. Que o passo já era de caranguejo, todos já sabem....
TAÇA DE VIDRO - uma taça de vidro trabalhada datada do quarto século da Era Cristã foi vendida pelo preço recorde de 520 mil libras esterlinas que correspondem a 27 milhões e 750 mil cruzeiros, pela Casa de Leilões Southeby. A caríssima taça mede apenas
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