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sábado, 9 de março de 2013

CÉSAR ROMERO RECRIANDO A SIMBOLOGIA NORDESTINA - 08 DE DEZEMBRO DE 1986


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SEGUNDA-FEIRA, 08 DE DEZEMBRO DE 1986

CÉSAR ROMERO RECRIANDO A SIMBOLOGIA NORDESTINA

César Romero
O feirense César Romero volta a expor suas faixas emblemáticas enfocando a visualidade brasileira, segundo suas próprias palavras inseridas no catálogo da exposição que vai inaugurar na Época Galeria de Arte, a partir do próximo dia 11. Ele visa uma síntese da linguagem simbólica existente na vastidão do Nordeste brasileiro, e que emerge nas manifestações populares, desde as festas religiosas às profanas. Posso dizer que nesta sua caminhada em busca de uma coerência temática, César Romero conseguiu desenvolver um trabalho de qualidade facilmente identificado. Esta apropriação gerou uma recriação de uma simbologia nordestina e não um simples registro, porque na sua obra está inserido todo um conteúdo de informações e vivências bem acima do horizonte daquela gente.
Do movimento surgem volumes
densos e fortes
Mas não podemos pensar numa arte simplesmente regionalista, quando estamos diante da produção deste artista. Vejo a sua arte, embora calcada numa simbologia regional com uma linguagem universal. As fitas que parecem voar ao sabor dos ventos secos do Nordeste ganham maior luminosidade e também estão perfeitamente integradas à paisagem tropical. A luminosidade das cores permite a formação de um conjunto exuberante de símbolos às vezes criados pelo homem do povo sem maior preocupação com o significado.
Lembro quando César Romero começou timidamente com suas faixas ainda sem um movimento adequado. Agora, elas estão mais soltas, movem-se, se enroscam ocupando os espaços da tela.

A riqueza dos movimentos
de suas faixas 
César Romero divide sua atividade na clínica de psiquiatria com esta preocupação constante com a simbologia nordestina. Portanto, são duas coisas aparentemente distintas, mas, que César Romero sabe dosá-las e consegue exercer bem estas atividades. Ele vai construindo o seu universo pictórico como uma mulher nordestina que vai guardando num saco pedacinhos retalhos de tecidos e que depois vai costurando pacientemente até surgir uma colcha ou uma toalha ricas em detalhes. Esta ação inspirou no início o artista que hoje caminha quase sozinho recriando, e também, inventando seus símbolos, porque afinal de contas ele é nordestino, filho do sertão. César está assim imbuído da criatividade popular que viu crescer, se desenvolver, e que é uma coisa muito espontânea da gente simples. Este registro simbólico lhe interessou, lhe sensibilizou e ganhou uma nova roupagem com tintas de maior qualidade, com composições feitas com maior critério técnico e também com luminosidade mais apropriada. Daí a diferença entre a arte simbólica popular e a do cavalete criada por César Romero. São duas maneiras de criar o símbolo baseado na cultura nordestina. Uma mais simples, mais popular, despida de informações e conceitos e outra mais trabalhada, mais intelectualizada. Ambas belas. Ambas ricas dentro de seus respectivos conceitos de criação. Espero que César Romero continue enchendo as nossas ruas, igrejas, galerias, salões, enfim, que ele ocupe todos os espaços com seus emblemas, símbolos, com suas faixas de cores fortes a movimentarem-se ao sabor dos ventos. Que elas tragam para junto de nós a alegria estampada nos rostos daqueles nordestinos com seus risos largos, deixando saudades dos tempos de interior.

SALOMÃO ZALCBERG NO HOTEL DA BAHIA

O artista Salomão Zalcberg é um apaixonado pela paisagem da Chapada Diamantina, e expressa essa paixão através das suas pinturas ricas em cromatismo. Numa linguagem poética, ele vai mostrando o bucolismo da paisagem, enquanto introduz peças da indústria caseira como os pilões de pisar café e as rodas de ralar mandioca, dentre outras.
Suas pinceladas, em determinados momentos, parecem demonstrar a vontade em expressar-se com vigor. É um artista que ainda precisa absorver algumas habilidades do seu ofício, especialmente com relação ao desenho. Escrevo com esta franqueza porque acredito que Luiz Salomão terá, dentro em breve, maior facilidade quando trabalhar com a figura humana. Posso afirmar ainda que ele tem talento. É uma pessoa interessada e tem informação. Acho esses elementos importantes para um artista que começa.
Diria mesmo que Luiz Salomão está começando bem.
Ele expõe no Hotel da Bahia até o dia 10.

          DEZ ARTISTAS PINTAM O NATAL

Natal de Di Cavalcanti
Com o slogan dez artistas famosos vão assinar seu cartão de Natal, o Conjunto Cultural da CEF está lançando este ano, cartões natalinos ilustrados com obras do seu acervo, considerado um dos mais expressivos do Brasil.
Natal de Clóvis Graciano
Natal de Djanira
Os cartões estão sendo vendidos em pacotes, cada um contendo 10 exemplares com envelopes. Reproduzem quadros dos mais conceituados pintores nacionais, como Di Cavalcanti, Djanira, Aldemir Martins, Wellington Virgolino, Clóvis Graciano, Lula Cardoso Ayres, Petrina Checacci, Paul Garfunkel, Abelardo Zaluar e Antônio Poteiro, sobre temática natalina.
Os interessados podem adquirir os cartões, ao preço de CZ$50,00 o pacote, nas agências relógio de São Pedro Mercês, Comércio, Iguatemi, Barra, Pituba, Graça, Calçada e D. João VI Brotas, na capital, e no interior, nas agências Feira de Santana, Juazeiro, Itabuna, Vitória da Conquista, Ilhéus, Alagoinhas e Jequié. A renda integral da venda dos cartões será utilizada pelo Conjunto Cultural da Caixa no apoio às artes e a cultura, em seus projetos de nível racional.

         A ARTE DO GRUPO 3X4

Integrando o Grupo 3x4, Verona Castro expôs recentemente seus trabalhos na Galeria Cañizares com o intuito de dar continuidade aos estudos estéticos fundamentados numa temática social. Esta busca está impregnada da fantasia natural do criador expressa no momento que decide criar a seu modo as imagens que vão surgindo na sua mente, até aquele momento da materialização. Uma identificação com a somatória do universo real com o irreal, onde o homem sente a necessidade de mostrar a sua individualidade.
A artista tem muitos anos pela frente para aprimorar o seu traço, a sua técnica, enfim, para incorporar outros elementos que vão surgindo com a maturidade. Não a simples maturidade do tempo, medido pela idade, mas a maturidade que lhes falo é a conseqüência da habilidade técnica. E, isto só se consegue com muito trabalho e esforço.
O grupo que pertence é composto ainda por Bárbara Almeida, Cláudio Palmeira, Denise Bandeira, Elci, Jaime Aurino, Roberval Marinho e Sumaya Mendes.

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