JORNAL A TARDE, SALVADOR, 10 DE FEVEREIRO DE 1979
A Coleção de Arte Sacra Abelardo Rodrigues terá destino adequado na próxima administração estadual, inclusive um museu com estrutura para abrigar todas as peças que estão orçadas hoje em CR$150 milhões sendo adquirida na época por três milhões de cruzeiros, à família do extinto colecionador.
Apesar
de não ter confirmado, sabe-se que o futuro Governador da Bahia, Antônio Carlos
Magalhães já tem estudo pronto para localização e recuperação de todas as peças
da coleção, que estão hoje, parte exposta no Museu de Arte Sacra.
O
propósito do futuro governador é não só dar um melhor tratamento à coleção, a
cláusula contratual de compra que determina que a Coleção de Arte Sacra
Abelardo Rodrigues é uma, e deve ficar num só local.
A MAIS VALIOSA
A MAIS VALIOSA
A coleção, adquirida por um ato de compra pelo então Governador Antônio Carlos Magalhães, conseguiu colocar um atrito entre os governos baiano e de Pernambuco, cuja decisão final foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal. Ela é formada por 762 peças entre santos, nichos e pinturas, todas dos séculos XVI, XVII e XVIII, considerada como o mais importante acervo sacro existente no Brasil.
De
acordo com o professor Valentin Calderon, a única dificuldade que está sendo
encontrada diz respeito a falta de uma documentação original que venha
identificar a verdadeira origem de suas peças. O colecionador, explica
Calderon, teve como única preocupação a reunião de peças sem se interessar por
outro lado em elaborar documentos que venham registrar suas procedências e suas
origens.
A
Coleção de Arte Sacra Abelardo Rodrigues chegou até mesmo a participar de
várias exposições realizadas fora do país. Entre os prêmios recebidos no
exterior está a Medalha de Ouro que foi concebida durante a Feira Internacional
de Bruxelas, na Bélgica. De acordo com alguns colecionadores, em todos os
países onde esta coleção foi mostrada, ela foi admirada não somente pela
sua beleza como também pela sua originalidade.
Falecido
em dezembro de 1971, Abelardo Rodrigues sempre foi considerado como um homem
inquieto, de cultura humanística profunda e variada.Desde
a sua juventude, Abelardo Rodrigues começou a manter contatos com vários meios
artísticos do país, especialmente durante o período em que morou no Rio de
Janeiro. Naquele estado, o falecido colecionador entrou em contato com jovens
pintores brasileiros, a exemplo de Djanira, Portinari, Pancetti, Di Cavalcanti
e outros.
Mais
tarde, sua atenção se volta para a arte popular e em seguida para a arte
barroca.Com
o contato mantido com os jovens artistas brasileiros, Abelardo conseguiu formar
a mais importante coleção particular de arte moderna, atualmente em poder de
sua família. Na década de 40, já de volta a Pernambuco, ele passa a se
interessar pela arte barroca, cuja parte do rico acervo está em exposição em
duas salas do tradicional Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia.
Por
outro lado, há ainda seus trabalhos paisagísticos cujo aspecto veio somar ainda
mais seus dotes artísticos. Neste campo, Rodrigues chegou até mesmo a projetar
jardins e recantos para as estradas nordestinas. Em decorrência do seu profundo
conhecimento da Arte, vários artistas populares do Nordeste chegaram ao
conhecimento nacional através de suas descobertas. Há ainda a sua contribuição
para o enriquecimento de vários museus europeus e norte-americanos através de
obras oferecidas pelo colecionador.
NA
BAHIA
Após
a decisão do Supremo Tribunal Federal, que deu parecer favorável ao Governo da
Bahia, a Coleção de Arte Sacra Abelardo Rodrigues chega a Salvador em 23 de
agosto de 1974, onde foi colocada nas instalações do Museu de Arte Sacra da
UFBa. A coleção que foi adquirida por CR$3 milhões, veio enriquecer o acervo
natural da Bahia bastante visitado e admirado pelos brasileiros que chegam a
esta terra.
Suas
peças são originais e de grande valor artístico, comentou recentemente o
professor Valentin Calderon. Todo o acervo é composto por 53 crucifixos, 14
imagens do Menino Jesus, 123 imagens de Nossa Senhora, 265 santos em madeira e
87 santos de diversos materiais. Em decorrência do seu estado de conservação,
algumas dessas obras passaram por um cuidadoso processo de restauração,
enquanto que outras, em decorrência do tamanho, estão pra ser restauradas.
Feitas
de madeira, barro e de pedra-sabão, há imagens de Nossa Senhora, de Santa
Luzia, do Menino Jesus, além de altar, nichos e algumas pinturas. O próprio
Valentin Calderon costuma mencionar toda a sua importância, além de fazer
referências ao pesquisador incansável do barroco brasileiro, Abelardo
Rodrigues.
O
BRASIL NA VISÃO DE ALAN KOBRIN
A Fundação Cultural do Estado da Bahia promoveu, ontem, no Solar do Unhão, uma projeção de slides do fotógrafo Alan Drew Kobrin.
Alan,
americano radicado em Salvador há dois anos, mostrou tudo o que viu e
fotografou nas suas viagens ao Rio, São Paulo, Mato Grosso e interior da Bahia.
O
trabalho de Alan tem como tema central as pessoas destes lugares:gente
do povo, festas de rua, trabalhadores e artesãos.
O
trabalho foi mostrado em duas sessões, às 20 e 21 horas, com entrada franca.
SÉRGIO
RABINOVITZ
De
16 a 2 de
março o artista Sérgio Rabinovitz estará apresentando seus últimos desenhos,
gravuras e fotografias. Sérgio retornou recentemente dos Estados Unidos, onde
estudou Arte. É um dos jovens que começam a despontar com uma arte livre e
totalmente fora do tradicional. É um artista que tem uma produção com
contemporaneidade. Faz uma arte que despreza o cavalete e utiliza materiais
modernos e atuais. Os riscos e traços livres mostram o seu despojamento em
busca de novas sensações artísticas.
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