JORNAL A TARDE, SALVADOR, 21 DE
JULHO DE 1979
GENARO DE CARVALHO TERÁ UMA EXPOSIÇÃO
Genaro ultimando uma de suas obras onde aparecem a mulata e a flora tropical |
Outras
peças estão espalhadas pelo Sul do país e até no exterior. Além disso muitos de
seus tapetes são grandes em tamanho e precisam de espaços para uma arrumação
mais adequada. De qualquer forma só tenho que bater palmas a esta iniciativa do
decorador Pedreira, que hoje está á frente do Museu de Arte da Bahia.
Genaro
Antônio Dantas de Carvalho nasceu na Gamboa de Cima, portanto, debruçado sobre
a nossa Baía de onde se avista a beleza e nobreza do Forte do Mar ou de São
Marcelo. Desde cedo que começou a pintar tendo como primeiro mestre o seu pai,
Carlos Alberto de Carvalho, que era um pintor amador. EM 1944 estudou desenho
na Sociedade Brasileira de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
No 10º aniversário da Petrobras alguns tapetes foram expostos no Campo Grande |
EM
1945 o seu médico e amigo, Dr. Peregrino Júnior, o incentivou a realizar sua
primeira exposição na Associação Baiana de Imprensa, no Rio de Janeiro.
No
ao seguinte expõe ainda no Rio, no Museu de Belas Artes.
E
sua exposição individual na Bahia só vai acontecer em 1947, sendo que neste
mesmo ano realizou uma individual no Ceará.
Em
1949, com uma bolsa de estudos do governo da França, estudou na École Nationale
de Beaux Arts de Paris, onde foi discípulo de Fernand Leger e André Lhote.
Mas
a descoberta do tapete só aconteceu em 1950, com seus tapetes murais, e depois
vieram as exposições na França e em outros países da Europa. A última vez que
encontrei-me com o Genaro ele estava cortando cuidadosamente uma batata doce
para estudar as suas estrias e em seguida jogá-las como elementos de seus belos
tapetes. Era um artista dedicado ao trabalho, sério, envolvido com aquilo que
fazia e evitava as interferências estranhas.
Foi
em 1971 que aconteceram suas últimas exposições, quando esteve ocupando os
salões do Museu de Arte Moderna da Bahia, e A Galeria, em São Paulo , e a Petite
Galerie, no Rio de Janeiro, com suas belas mulatas.
O
Wilson Rocha, que era seu amigo pessoal, escreveu certa vez que viver um pouco
a pintura, os desenhos e as tapeçarias de Genaro evoca-nos sempre o vigor e
extraordinária sensibilidade deste artista baiano prematuramente desaparecido e
para quem a lei dos atos humanos achava-se implícita em seu metier. A arte,
considerada como uma virtude intelectual, para ele era antes uma necessidade
vital, uma cotidiana e permanente quantidade adicional de vida que ia recebendo
no dia-a-dia de sua existência. Inumeráveis são os mundos de seu universo
psicológico, o faire et l’agir, a ordem especulativa e a ordem prática em sua
atividade criativa, o tempo e o modo, a forma, o espaço e a luz nas regras e
nos habitus de sua personalíssima elaboração em qualquer das modalidades
técnicas de sua obra, como podemos ver e sentir particularmente neste breve
catálogo de seus retratos femininos de um único obsessor modelo e que
representa uma pequena história psicológica de sua pintura.
PROJETO
ARCO-ÍRIS TRAZ AO RIO A ARTE DE PERNAMBUCO
Doze
artistas representam a arte pernambucana na mostra que estará até 31 deste mês
na Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade da Funarte Rua Araújo Porto Alegre,
80 Rio, em prosseguimento ao Projeto Arco-Íris do Instituto Nacional de Artes
Plásticas.
Compõem
a mostra pinturas, cerâmicas, esculturas e entalhas, selecionadas pela Fundação
do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco-Fundarpe procurando traduzir
a vitalidade do movimento artístico daquele estado. Para tal foram reunidos
destes artistas ligados à Sociedade de Arte Moderna do Recife até aqueles que
vêm desenvolvendo, atividades mais recentes. Segundo José Luís mota Menezes, da
Fundarpe, nas obras expostas não há qualquer pretensão de escolha dos melhores.
Os critérios de valor que separam ou estabelecem diferenças em seleções de
trabalhos artísticos são subjetivos nem sempre traduzem senão a verdade de um
momento, de alguém ou de alguns. É na beleza deste símbolo, o arco-íris, que
vemos a natureza do convívio útil com as obras dos dois extremos do nosso país.
Os
artistas são Petrúcio Nazareno (pintura), Tiago Amorim (cerâmica), Mariza
(pintura), João Batista (escultura), Wilson de Souza (pintura), Sylvio Hansen
(pintura), Manoel Arruda (pintura), Maria Carmem (pintura), Fernando Guerra
(pintura), Bernardo Dimenstein (pintura), José Barbosa (entalhe) e Plínio
Palhano (pintura).
A
ROTA DO ARCO-ÍRIS
Criado
com o fim de promover ou apoiar iniciativas de intercâmbio de arte em todo o
país, o Projeto Arco-Íris já apresentou, somente no Rio de Janeiro, exposições
coletivas e individuais de artistas dos Estados do Maranhão; Piauí, Paraná,
Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio
Grande do Norte, Alagoas, Espírito Santo e Goiás, através de convênios firmados
com as secretarias de culturas dos estados.
Pelo
Brasil, estão programadas as seguintes exposições para o segundo semestre de
79: em Brasília, individual de Tancredo Araújo (19 a 30/10); em Vitória;
Eraldo Motta (24/7 a 5/8), José Silveira Dávila (2º quinzena de setembro, e uma
coletiva com artistas de Goiás 10/4; em Belém do Pará, mostras de Carmem Bardy
19/9 a 3/10 e Antonio Grosso/Lótus Lobo 9 a 23/10; em Teresina, coletiva de desenho 6 a 27/7, Júlio Vieira 4 a 26/10; Tereza Brunnet 8 a 28/11 e uma mostra de
trabalhos de gravura da Oficina do Ingá 6 a 26/12; em São Luiz , Clésio Penedo Julho, Octácilia 8 a
28/8, Tereza Brunnet 10 a
30/10 e mostra dos trabalhos da Oficina do Ingá 5 a25/11. Finalizando, no Rio
Grande do Sul, a Universidade Federal de Santa Maria apresentará os trabalhos
de Sérgio Campos 3 a
28/09.
PAINEL
LICURGO -Quando
expôs pela primeira vez, em 1973, na Galeria Le Dome, Licurgo era apenas um
jovem artista iniciante, que sequer imaginava que mais tarde teria os seus
trabalhos expostos em Munique e na Suíça.
Recentemente
encerrou Cabana da Barra, mais uma exposição individual, cujos trabalhos
ofereceu ao Instituto de Organização Neurológica da Bahia, como uma forma de
colaborar com o Ano Internacional da Criança.
Licurgo
reflete na sua arte o conceito que faz do papel que o artista deve desempenhar
na sociedade, que é mostrar toda a realidade que nela existe, pois ele é
como uma espécie de observador que registra em sua obra os
acontecimentos da época em que se vive.
GENTE
SOFRIDA- Em
correspondência ao que afirma o seu pincel desliza na temática da gente
simples, sofrida, as suas manifestações. Com dezenas de exposições feitas em
várias galerias de Salvador e já tendo participado de mostras em outros
estados, Licurgo da Silva Tadeu Neto comenta:
Acho
que estou agradando, mas não posso deixar de reconhecer o apoio que a imprensa
tem me dado.
Licurgo,
que está vinculado à Telebahia, desde 1968, já conseguiu vender mais de 600
trabalhos, utilizando a técnica do óleo sobre tela. Agora, no final do mês em
curso, alguns trabalhos seus estarão sendo expostos na Suíça por Hans lamm,
colecionador e crítico e de arte alemão.
O artista Licurgo ofereceu alguns de seus trabalhos ao Instituto de
Organização Neurológica da Bahia-ION para que sejam comercializados em
benefício das muitas crianças excepcionais que são amparadas por um grupo de
pessoas abnegadas que lá trabalham. Licurgo da Silva Tadeu Neto ou Licurgo é
natural de Esplanada.
OITO
MULHERES- continua aberta até o próximo dia 22 na Eucatexpo a exposição de
Clara, Gabriela, Graça Lúcia, Lea Stork, Magali, Mara, Socorro e Sônia Regina.
Espero que não fiquem na pintura de fim de semana ou nos intervalos da cozinha.
BIENAL-
quarenta países já confirmaram sua participação na próxima Bienal de São Paulo
são eles: África do Sul, Alemanha, Argentina, Bélgica, Bolívia, Bulgária,
Chile, China, Colômbia, Coréia, Curaçao, Egito, Espanha, Estados Unidos,
França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Honduras, Hungria, Ilhas Virgens
Britânicas, Índia, Indonésia, Iraque, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão.
México, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, República Dominicana, Suíça,
Tailândia, Tchecoslováqui, Uruguai, URSS e Venezuela.
ESCULTURA
DE CARVALHO - Uma antiga escultura de Carvalho que representa uma frade é uma
das peças mais visitadas e famosas da coleção de artes da Universidade Karl
Marx, de Leipzig.
Muitos
a chamam de Tomás de Aquino pela aparência que tem com o santo, porém, a sua
denominação correta é Dominicano Sentado.
Embora
velha podemos notar a perfeição das formas do nariz, lábios e olhos e a grande
expressividade serena do frade. Uma escultura realmente que merece ser
destacada entre muitas e muitas outras que povoam importantes coleções
espalhadas por todo o mundo.
Seres Marítimos, bela tela de autoria de Chico da Silva |
Participante
de exposições internacionais, com destaque na Bienal de Veneza, Chico da Silva reclama
da concorrência da concorrência desleal de que muitos artistas lhe fazem
imitando-o , confundindo a clientela e falsificando a autoria de quadros.
Sua
própria filha Chica da Silva, é apontada por Chico como falsificadora de seus
quadros, formando um grupo que se denomina Escola de Chico da Silva, de onde
sai diariamente dezenas de quadros com o fantástico mundo animal do
primitivista, sob a encomenda de marchands e galerias de quase todo o Brasil e
do exterior.
De
início, o próprio Chico aceitava as falsificações, pois impedido de trabalhar
pelas conseqüências de alcoolismo crônico, cobrava uma pequena taxa por a cada
quadro que lhe levavam para autografar: alertado por amigos decidiu agora agir
contra os falsificadores.
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