JORNAL A TARDE, SALVADOR,
SEGUNDA-FEIRA, 10 DE NOVEMBRO DE 1986
ESCULTURA AQUÁTICA QUE
WASHINGTON LEVARÁ AO RIO
Os tubos plásticos coloridos darão maior beleza à praia |
Os
tubos serão presos por 30 mil metros de fitas de nylon e ficarão dispostos a
uns 70 metros
da praia para evitar qualquer transtorno aos banhistas. A exposição terá a
duração de 18 dias e o artista prevê que vai demorar cinco dias para armar os
tubos e mais quatro para retirá-los. Ele acredita que os tubos funcionarão como
uma verdadeira esteira colorida e móvel, bailando ao sabor das marés.
Ele
espera instalar uma iluminação especial que também será movimentada, tipo um
desses canhões utilizados em iluminação de shows em teatros, a qual ficará
passeando por sobre os tubos, dando uma bela imagem visual.
MUITAS
DIFICULDADES
O escultor Wasghinton |
Daí,
partir para experiências mais arrojadas, tentando não só surpreender pela
ousadia das formas, mas também pelos objetivos que pretende produzir, os quais
extrapolam os limites até então concebidos.
Quanto
a área deste projeto está completamente identificada com essas novas tendências
onde as obras de arte se agigantam e ocupam os espaços urbanos em
intransigentes e surpreendentes formulações. Inicialmente, vou expor no Rio de
Janeiro, mas, também, espero trazer esta escultura que se movimenta ao sabor
dos ventos e das marés para a nossa Bahia a fim de que todos vejam o meu
trabalho. Para se ter uma idéia do seu esforço em realizar este trabalho devo
dizer que ele não está auferindo qualquer lucro com sua realização. É
simplesmente a sua vontade de criar, de enfrentar dificuldades em busca da
realização como artista, e acima de tudo, desempenhar o seu papel dentro da
sociedade.
O PROJETO
A
esteira tubular colorida de Washington Santana terá cerca de quatro quilômetros
de extensão, cada tubo ficará cerca de um metro do outro, permitindo a geração
de novas formas nos diversos momentos do dia, na variação dos níveis de
temperatura e intensidade da luz, irão aguçar mais os olhares dos espectadores.
Além
da possibilidade do objeto ser observado em vários campos visuais, o espectador
vai poder participar ativamente tocando-a e modificando a posição dos elementos
que desejar. O que Washington busca é a participação do público num jogo lúdico
e diuturno.
Ele
batizou o seu Projeto de Aquabella e espera que não se esgote na exposição por
sobre as águas do Atlântico. Para isto pretende, paralelamente, a montagem da
exposição gravá-la num vídeo tape, em todas as suas etapas. Do documentário
constarão ainda uma entrevista com o autor e também pequenos flashes com
pessoas que estiverem observando o objeto. Posteriormente irá exibir o vídeo em
universidade, centros de cultura e galerias de arte.
Uma
das pessoas que está apoiando o projeto é Geraldo Araújo, da Polipropileno,
além de executivos da Polialden e da CPC. Mas, estas empresas não bastam para a
concretização do projeto. È preciso o apoio de outras empresas para que
Aquabella seja uma realidade.
GAROTA MELADA 87 VEM DEBOCHAR OS PRECONCEITOS
Hedi Lamar com traços vigorosos na sua luta contra preconceitos |
A
pequenina Hedi Lamar mostrará três grandes painéis e uma escultura em relevo,
que é a Garota Melada 87, onde utilizou tintas de acrílico sobre telas, isopor,
tecidos e folhas de compensado.
Com
traços vigorosos, acompanhados de outros mais claros, Hedi Lamar em poucos
gestos compõe as suas obras. São figuras atléticas que contrastam exatamente com a fragilidade da
própria artista. Se alguém que não conhece a artista fosse fazer alguma
especulação sobre quem seria o autor dessas obras jamais deixaria de descrever
que o artista deve ser um jovem de corpo atlético, que gosta de ginástica, ou
coisa parecida. Nada, aparentemente o levaria a esta jovem, pequenina e
frágil,porém, muito forte em expressividade.
Hedi
Lamar vai expor de hoje até o próximo dia 21, e certamente, a sua Garota Melada
87 será uma atração á parte na programação desta semana no movimento plástico
de Salvador.
DILSON
OLIVEIRA EXPÕE
Ao
fundo um elemento fincado ao chão, e no primeiro plano, folhas brancas
semelhantes a folhas de papel em movimento, querendo livrar-se de um laço
pintado em cor escura.
Examinado
esta obra de Dílson Oliveira me vem a mente a ideia de liberdade. Certamente
ele traz dentro de sua concepção plástica a necessidade de discutir, de viver,
das liberdades dentro de uma visão geometrizante.
Abandonou
o figurativo em busca de formas mais livres, evitando que suas idéias e suas
emoções ficassem limitadas ás linhas que delimitassem figuras. Tudo feito
dentro de um rico espírito de liberdade, e o próprio gesto para a criação das
formas geométricas nos leva a esta sensação, principalmente, quando surgem
elementos que se movem em busca de outros espaços. Dílson está expondo no
Restaurante Bom Vivant, que fica na Barra, e que, hoje, é mais um espaço para
os novos artistas baianos.
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