INJUSTIÇA POÉTICA COM O PINTOR
VICENT VAN GOGH
O Jardim do Poeta, de Vicent Van Gogh |
A
própria origem da tela, O Jardim do Poeta é irônica. No final do verão de 1888,
Vincent vivia, numa casa amarela, em Arles (França), onde desejava estabelecer
uma comunidade de artistas com o auxílio do colega Paul Gauguin, que ele
idolatrava.Enquanto
esperava pelo amigo, Vincent produziu obras para a decoração do quarto.Diversas
de suas cartas falavam então do jardim público local, que o impressionara e
servira de tema a diversas telas. Em 29 de setembro, escreveu ele a Gauguin:
Fiz uma decoração expressamente para o quarto que você irá ocupar, o quarto do
poeta. Quis pintar o jardim de tal forma que se pudesse pensar no velho poeta
daqui, Petrarca, e ao mesmo tempo no novo poeta morador aqui, Paulo Gauguin. E
em carta ao irmão Téo: Imagine agora um imenso pinheiro azul-esverdeado,
abrindo seus ramos na horizontal sobre um gramado verde, o caminho ensaibrado
manchado de luz e sombra. Dois vultos de namorados à sombra da grande árvore.
Infelizmente o sonho da casa amarela acabou em drama, com o incidente de Van
Gogh cortando parte da própria orelha.
Após alguns acessos de loucura, o pintor
se mataria aos 37 anos, em Auvers-sur-Oise. Poucos anos após sua morte, as telas
começariam a alcançar tanto o aplauso da crítica quanto os elevados preços.
Por
volta de 1905, O Jardim do Poeta pertencia à coleção do príncipe de Wagram. Nos
cinqüenta anos seguintes passou sucessivamente às mãos de vários
colecionadores. Em 1958, foi vendido na Sotheby’s (Londres), por 132 mil libras.
Recentemente Fez parte de um lote de dez obras da coleção Henry Ford II,
vendido pelo preço global de 18,4 milhões de dólares.
Segundo a Christie’s, o Retrato de Juan de Pareja ( Foto ao lado) do mestre espanhol do século XVII, Diego Velazquez, vendido em Londres por2.310.000
libras continue sendo a tela mais cara do mundo. Talvez
seja justo, Velásquez, célebre entre seus contemporâneos, um homem de posses e
confidente do rei da Espanha, teria apreciado esta distinção bem mais que
Vincent Van Gogh.
Segundo a Christie’s, o Retrato de Juan de Pareja ( Foto ao lado) do mestre espanhol do século XVII, Diego Velazquez, vendido em Londres por
CONSELHO
DE CULTURA QUER ESPAÇO PARA
AS NOVAS MANIFESTAÇÕES
AS NOVAS MANIFESTAÇÕES
O
Conselho Estadual de Cultura aprovou, recentemente, uma indicação apresentada
pela Câmara de Música, Artes Cênicas e Artes Visuais através do seu presidente,
Conselheiro Wilson Lins, no sentido de que a Secretaria de Educação e Cultura
inclua em todos os seus projetos arquitetônicos salas ambientais para música,
artes plásticas, dança, teatro e experiências integradas.
Na
íntegra, a indicação possui o seguinte teor : Em virtude da prioridade expressa
em lei pelo governo federal, relativamente à prática da educação artística no
sistema educacional brasileiro, objetivando o desenvolvimento integral do
indivíduo e considerando a urgente necessidade de viabilizar os recursos
materiais necessários à consecução de tão grande objetivo, indicamos ao Exmo.
Secretário da Educação e Cultura sejam incluídas em todos os projetos
arquitetônicos a serem executados pela Secretaria de Educação, salas ambientais
para música, artes plásticas, dança, teatro e experiências integradas."
Esta
indicação do escritor Wilson Lins merece um registro seguido de aplausos. Isto
porque, muitas escolas existentes por esta Bahia agora não dispõem sequer de
local para uma reunião de alunos. É preciso abrir espaço para as manifestações
culturais em todos os níveis para que possamos impulsionar a criatividade e
também começarmos a valorizar os nossos estudantes. Nos bancos escolares
começam as primeiras manifestações de grandeza e de criatividade.
CLÁSSICOS
EM DISPUTA
Os
grandes clássicos e imortais da pintura mundial continuam sendo
disputadíssimos, especialmente nos leilões realizado nas praças de Londres,
Paris e Nova Iorque. Quase sempre são batidos recordes e por coincidência ou
não os compradores geralmente são ricos americanos. Velhos colecionadores
yankes que de posse de muitos dólares resolvem investir em obras de arte e por
várias vezes doam a museus e outras instituições. Mas, esta não foi doada.
Trata-se da obra A Banhista, ( Foto ao lado) que foi vendida num disputado leilão por um milhão
e 980 dólares. Renoir além de pintar belas crianças perto ou carregando flores,
foi sem dúvida, um dos que melhor retratou a mulher. Esta tela é realmente
encantadora e a modelo gordinha, como exigia a estética feminina da época ainda
faz sucesso...
CENTENÁRIO
DE NASCIMENTO DE ANTÔNIO ROCCO
O pintor itálo-brasiloeiro Antônio Rocco |
A
Pinacoteca do Estado de São Paulo realizou um estudo sobre a obra de Antônio
Rocco que resultou num texto, que transcrevemos a seguir, de autoria de Daniela
Busso, que faz parte do corpo de funcionários deste museu.
Pintor
de paisagens, retratos, marinhas e aquarelista, nasceu em Amalfi, na Itália, em
1980 e aos dezenove anos, matriculou-se no Instituto de Belas Artes de Nápoles,
tendo como professores Domenico Morelli e Filippo Palizzi. Esses dois pintores
desenvolveram seu trabalho no período conturbado da Unificação italiana (Rissorgimento),
no qual um vivo sentimento revolucionário tomou conta de toda a Itália, e
estiveram envolvidos nas barricadas que cobriram boa parte as Europa em meados
do Sec. XIX.
Por
ocasião da apresentação dos seus trabalhos de formatura, em 1905, Rocco recebeu
o primeiro prêmio com a obra Os Mineiros, óleo sobre tela datado do mesmo ano,
de colorido intenso e desenho marcante, características em que se evidenciam as
influências que recebeu dos seus mestres, seja no tratamento da matéria
cromática de pinceladas amplas e gestuais adquiridas com Morelli, seja no
desenho que se destaca pela geometrização do traço, adquirido com Palizzi. Além
dessas caracteríticas formais, Rocco herdou desses artistas a temática social
de que se incubiu o trabalho de sua juventude profissional.
Tendo
permanecido na Itália por oito anos após a sua formatura, participou de algumas
mostras italianas nos anos de 1905, 1906, 1908 e 1909.
Em
1910, expõe Os Emigrantes ( Foto ao lado) em Roma, óleo sobre tela desde 1918 pertencente à
coleção da Pinacoteca do Estado que, segundo análise feita para publicação do
destaque do mês de março de 1978, nos remete a uma época de profunda crise na
recém unificada Itália e constitui uma referência visual, familiar tanto na
Itália de início do século, em que a partida de emigrantes sempre significaria
uma opção dramática e aventurosa de rompimento com suas raízes, quanto em São Paulo do mesmo
período, com a chegada em massa de um futuro melhor.
Pinceladas
amplas e gestuais, a denunciar uma liberdade de fatura, distanciam Rocco de uma
tendência puramente acadêmica; opção por tons surdos e soturnos enfatiza o
realismo social claramente visível nesta obra, sem qualquer artifício que possa
diminuir a comunicação de um drama humano. (Destaque do Mês de março, 1978,
Pinacoteca do Estado.
Participa
da exposição dos Independentes, em Roma, no ano de 1911, tendo também
participado de um concurso da Escola de Nápoles com a tela Os Mineiros. ( Foto ao lado) Apesar
de ter sido classificado em primeiro lugar pela comissão, o prêmio não lhe foi
concedido porque entre os concorrentes havia um protegido da rainha Helena, o
que motivou o artista a deixar a Itália transferindo-se para o Brasil dois anos
depois, trazendo consigo várias telas como Os Mineiros, Os Emigrantes,
II Pecoraio, A Revolta de Mazzanielo e fixando-seem São Paulo. Naquele
momento, a cidade contava com cerca de 325.000 habitantes entre os quais havia
uma elite dominante, em que predominava o capital dos grandes latifundiários, e
uma incipiente burguesia industrial que, com o advento da Primeira Guerra
Mundial, se fortaleceria com o crescimento da indústria.
II Pecoraio, A Revolta de Mazzanielo e fixando-se
Rocco
começa a trabalhar e entre em contato com essa elite, tornando-se conhecido da
mesma a partir de 1914 com a visita de críticos a seu atelier, tendo
apresentado Os Emigrantes, II Pecoraio, Vista de Amalfi, As Curiosas e outras.
As
artes plásticas naquele momento possuíam um caráter de extrema oficialidade, e
o artista é convidado pela Prefeitura do Município de São Paulo para integrar o
júri referente ao projeto do monumento a Giuseppe Verdi, assim como executou
alguns retratos de personalidade da época, no período de 1915 a 1917: Bernardino
de Campos (presidente da República), Altino Arantes (governador do Estado de
São Paulo), pertencente à coleção da Pinacoteca do Estado. Enviou também duas
obras para o Salão de Belas Artes do Rio de Janeiro: Os Emigrantes e II
Pecoraio. Na data dessa exposição, 1917, o artista executou, sobre metal, uma
cópia da pintura original Os Emigrantes para ser utilizada como clichê em
jornais.
Apesar
de certa efervescência de idéias modernas que começaram a florescer por volta
de 1913 e ainda em caráter embrionário em 1917, o mercado das artes estava mais
para o academismo do que para qualquer renovação artística que pudesse surgir
no Brasil. Os artistas sobreviviam atendendo à demanda dos órgãos oficiais e
das famílias mais enriquecidas. Muito bem relacionado, Rocco abandona a
temática social que existia nas obras produzidas na Itália e passa a trabalhar
por encomendas, adaptando-se às restrições do mercado vigente. Fixou-se na
pintura de gênero, dedicando sua palheta principalmente ao retrato.
A
primeira exibição individual do artista realizou-se em 1918 nas salas da mansão
do Conde Prates, à esquina da Rua Direita com Líbero Badaró, em São Paulo. Nessa
mostra, apresentou trabalhos de diferentes técnicas: aquarelas, desenhos e
óleos feios na Itália e no Brasil. O tema varia entre paisagens e figuras,
incluindo também retratos de pessoas da alta sociedade, entre elas o retrato do
Sr. Altino Arantes e a tela Os Emigrantes.
Neste
ano começou a frequentar a cada do Senador Freitas Valle, a Vila Kyrial, que
abrigava artistas e intelectuais que saboreavam bons pratos e vinhos enquanto
discutiam e trocavam idéias. Fez ainda a capa da revista A Cigarra, além de ter
fundado a Escola Novíssima, na Rua da Consolação, onde deu aulas de pintura,
até fechar a escola três anos mais tarde, quando passaria a dar aulas em sua
casa.
Tendo Rocco passado seis meses na fazenda do Sr. Oscar Souza Pinto, em 1919,em São Carlos do Pinhal,
produziu algumas paisagens e figuras de animais, entre as quais Manhã no
Mangueiro, (Foto ao lado) pertencente a coleção da Secretaria da Agricultura do Estado de São
Paulo, óleo sobre tela no qual Rocco narra uma estória, captando o ambiente de
trabalho no mangueiro e descrevendo os diferentes momentos desta cena rural.
Dispõe as figuras humanas do primeiro plano em forma de semi-círculo enquanto gado e cerca se integram no segundo plano, criando uma situação visual de horizontalidade, o gado alongando-se, a cerca dividindo a tela em dois espaços.
Tendo Rocco passado seis meses na fazenda do Sr. Oscar Souza Pinto, em 1919,
Dispõe as figuras humanas do primeiro plano em forma de semi-círculo enquanto gado e cerca se integram no segundo plano, criando uma situação visual de horizontalidade, o gado alongando-se, a cerca dividindo a tela em dois espaços.
O
colorido surpreendente, com o predomínio de cores, castanhas e raros azuis,
rosas e magentas, soma-se à luminosidade difusa da aurora, que integrada aos
elementos que compõem a cena, vai criando os sombreados que traduzem a marcha
com sutileza. Essa tela foi exposta no Salão de Belas Artes do ano de 1919. No
ano seguinte, realizou uma individual na Casa Di Franco, na Rua São Bento,
apresentando trabalhos já expostos anteriormente e algumas obras realizadas na
fazenda de São Carlos do Pinhal. Entregou também o retrato do Sr. Washington
Luís, então presidente da República, à Câmara Municipal de São Paulo.Convém
lembrar que Rocco sempre utilizou cores intensas e continuou mantendo
qualidades coloridas em seu trabalho.Apesar
das tonalidades austeras que caracterizavam os retratos na época, o artista
sempre se servia de alguns objetos ou elementos para incluir pinceladas
coloridas. ( Da Pinatoceda do Estado de Sâo Paulo)
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