JORNAL A TARDE, SALVADOR ,11 DE
MAIO DE 1981
RESTAURAÇÃO PERDE SEU MESTRE E
GRANDE ALIADO
Professor e restaurador Edson Motta |
Depois
de algum tempo internado, devido a problemas pulmonares e respiratório, morreu
aos 71 anos o professor, pintor e restaurador, Edson Motta, considerado uma das
principais figuras da restauração brasileira e mesmo mundial. Há três anos o
professor Motta era também o Diretor do Museu Nacional de Belas Artes que,
somente em sua gestão, conseguiu a conclusão das reformas do prédio antigo e
colonial da Avenida Rio Branco e a reabertura das galerias do 2º andar, há
muito fechadas.
" Museu
para mim não é apenas uma casa de contemplação, mas uma casa de cultura ativa,
oferecendo concertos, conferências, aulas para alunos de todos os níveis, sendo
uma oportunidade para aprender a viver melhor", declarava ele em 1978, quando
assumia a direção do MNBA, justificando todas as melhorias que pretendia e
efetivamente implantou, remanejou pessoal e departamentos para que espaços mais
amplos pudessem servir ao objetivo que pretendia, a arte. Nos dois anos e três
meses em que, anteriormente, completou a gestão de Maria Elisa Carrazzonim na
direção do museu, Edson Motta, já iniciara as reformas que viriam a melhorar o
estado geral do museu. Á frente de uma equipe promoveu restaurações em grande
parte do acervo.
Durante
33 anos Edson Motta dirigiu o Setor de Restauração do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, depois transformado em instituto que ele dirigiu até 1978.
Durante este tempo restaurações brasileiras importantes, como a do acervo do
Teatro Municipal e do Museu de Arte Moderna, foram empreendidas por ele.
Sem
contar os muitos trabalhos internacionais para os quais era requisitado na
América Latina e mesmo na América do Norte, onde cursou pós-graduação, em
Harvard.
Foi
como restaurador que, em 1978, já diretor do MNBA, Motta recebeu o Prêmio
Estácio de Sá, como a personalidade que mais trabalhou em favor, das artes
plásticas.
Nem
todos sabiam que a sua restauração, considerada perfeita, tinha suas origens no
desenho e na pintura, que também lhe valeram prêmios nacionais e
internacionais.
Nos
últimos tempos ele havia abandonado as atividades de professor que exerceu
durante muitos anos na Escola Nacional de Belas Artes, e já não se dedicava tão
intensamente à restauração. Sem, contudo, recusar qualquer restauração de quadros
de amigos que fazia quase por hobby, em seu atelier do bairro carioca da Urca,
nunca deixou de pintar, ainda que fossem raras suas exposições.
Mineiro
de Juiz de Fora em 1931, Edson Mota criou, junto com amigos como Joaquim
Tenreiro, João Rescála, Bustamante Sá Milton da Costa, Ealdo Malagoli, o Núcleo
Bernadelli, que muito fez pelas artes plásticas, do Rio e do Brasil. Edson Mota
juntou, ao longo de toda a sua vida, muitos títulos que encarava com discrição
e tranqüilidade. Foi presidente do Conselho Estadual de Cultura ,do Rio de
Janeiro e membro da Academia Delle Arti di Disegno, de Florença.
PROFESSORES
DA ESCOLA DE BELAS ARTES EXPÕEM
Uma obra de Pássaro que trabalha com sucata |
Ana
Lúcia através de suas xilogravuras de cores intensas e vibrantes estabelece o
contorno de suas figuras com linhas luminosas que envolvem seus personagens
trágicos e contemplativos.Sem
pertencer à correntes contemporâneas sentimos no entanto certa carga
expressionista em suas gravuras. Ana Lúcia empresta na sua impressão das áreas
de cor acentuada dramaticidade.
Na
mesma direção, Graça Ramos mostra suas litografias de pleno domínio técnico e
sua densidade dramática é enriquecida nas variáveis de sua rica textura. No
tratamento do plano elaborado de suas litografias há na amarração das formas
penetração da superfície na qual imprime seus sonhos e personagens.
Apresentando-se
pela primeira vez, o escultor Firmino Pássaro mostra suas esculturas em sucata
de ferro, Pássaro, como o conhecemos na intimidade, é artesão de várias
técnicas e arruma seus elementos construindo figuras e ritmos em suas
esculturas. Deslancha em experiências as mais variadas dentro do mundo
fantástico dos seus personagens.
Finalmente,
fazendo parte do grupo está Márcia Magno com suas xilogravuras de grande
formato, demonstrando uma particular segurança na construção de suas colagens.
Márcia utiliza a cor em áreas de transparências e superposições, assim como sua
superfície cromática é rica e vibrante. Na liberdade que tem ao utilizar a
técnica mista usando a xilo como base, demonstra uma energia e segurança pouco
comuns.
Não
pretendemos estabelecer parâmetros e juízo crítico ortodoxo, achamos
simplesmente que este grupo de artistas traz de novo à nossa cidade a presença
do entendimento expondo seus trabalhos livres e desenibidamente."
Esperamos
que fatos similares se repitam nesta casa de arte, estimulando assim, público e
artistas.
IMAGENS
AGRESTES- A Galeria de Arte Impacto de Comunicação apresentará a partir do dia 14 a exposição do pintor
Alderico de Freitas.São
30 quadros em óleo sobre tela de imagens agrestes inspiradas na sua infância
passada em Pindobaçu no sertão baiano, sob o sol escaldante e entre os
mandacarus do Nordeste.
Fiquei
comovido com as notícias sobre a seca em 1980, conta Freitas. Então comecei a
me lembrar da minha infância e percebia que conhecia o problema . Então me deu aquela vontade de pintar, usando o mandacuru para compor
os quadros.Isso
foi mais de um ano, e ainda continuo querendo mostrar essa imagem que faz parte
da minha infância.Os
trabalhos de Freitas custam de CR$10 mil a CR$30 mil e ficarão expostos na
galeria (Al. Joaquim Eugênio de Lima, 30) até o dia 30 de maio.
LATINOS-
Quadros do pintor mexicano Diego Rivera obtiveram os preços mais altos do
leilão de arte latino-americana registrado o final de semana na Galeria Sotheby
Parke Bennet.
La Canoa Enflorada ( Foto ao lado) foi vendida por 220 mil dólares em apenas oito minutos e
Delfina Flores com sua Sobrina Modesta atingiu os 210 mil, em seis minutos.
Ainda
de Rivera, foram vendidos Las Naranjas, por 100 mil dólares; Madre Y Nina, por
60 mil e Retrato de América: Union Proletária, por 25 mil.
Vista Del Canal de Xochimilco, de Joaquim Clausell, atingiu os 90 mil de dólares; Sandias, de Rufino Tamayo, 92.500 e Retrato de Um Niño, do mesmo autor, 55 mil.
Duas
obras, de José Clemente Orozco atingiram preços altos: El Dolor, 70 mil dólares
e Calle Catorze: Manhattan, 57.500.
HUMOR- A partir deste mês, os desenhistas de humor de todo o Brasil ganham um espaço permanente para expor suas charges, cartuns, quadrinhos e caricaturas.Trata-se da Galeria Nair de Teffé, que pertence ao recém-criado Núcleo de Grafismo da Funarte, com sede em Brasília, no Setor de Divulgação Cultural do MEC.
A
inauguração ocorreu no último dia 7 com a abertura da exposição Criaturas II,
reunindo cartunistas conhecidos e seus afilhados, gente nova que começa a
despontar no desenho de humor. A escolha do nome de Nair de Teffé para batizar
a galeria é uma homenagem a primeira caricaturista mulher do Brasil, que se
tornou famosa no início do século.
Participam
de Criaturas II os seguintes cartuninstas: Cão, de Blumenau, que apresenta
Bonsom; Guidacci apresentando Elihu, do Rio; Humberto, de Recife, e seu
afilhado Lailson, Juarez Machado e seu irmão mais novo, Edson; Lan mostra o
ceramista Eduardo, do Rio Grande do Sul; Lage revela Zé Vieira, de Salvador;
Lor apresenta Aroeira, de Belo Horizonte; Marco Aurélio e o afilhado Rekern, de
Porto Alegre; Mariza traz Glauco, de São Paulo; Milson apresentando Dino, de
Vitória; Mino e o afilhado Sinfrônio, de Fortaleza; Racsow e Oscar, de Brasília;
Zélio mostra Jun, de São Paulo; e Millor Fernandez.Depois
de Brasília, a exposição de Criaturas II percorrerá diversas capitais
brasileiras passando primeiro pelo Rio de Janeiro (junho) e Salvador (julho).
PROPOSTAS - Em presença de alguns membros da Comissão Julgadora do concurso promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia foram assinados os contratos para a execução das propostas escolhidas. Espero que realmente os vencedores elaborem trabalhos dignos de representar o que de mais importante existe nas artes plásticas baianas. A assinatura ocorreu no Museu de Arte Moderna onde está sendo realizada a exposição dos ganhadores do III Salão Nacional. Coube a Geraldo Machado receber os artistas e na foto ele cumprimenta Bel Borba.
PROPOSTAS - Em presença de alguns membros da Comissão Julgadora do concurso promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia foram assinados os contratos para a execução das propostas escolhidas. Espero que realmente os vencedores elaborem trabalhos dignos de representar o que de mais importante existe nas artes plásticas baianas. A assinatura ocorreu no Museu de Arte Moderna onde está sendo realizada a exposição dos ganhadores do III Salão Nacional. Coube a Geraldo Machado receber os artistas e na foto ele cumprimenta Bel Borba.
I
Nenhum comentário:
Postar um comentário