JORNAL A TARDE ,SALVADOR, 26 DE
MAIO DE 1979
EX-POSIÇÃO BRINQUEDO REÚNE SEIS ARTISTAS
No
piso do foyer do Teatro Castro Alves, os riscos de marcação do jogo da
Amarelinha. De repente, adultos e crianças podem se encontrar com o lúdico e
aloprado camelô. Súbito, entra em cena o Jogo do Riso-Riso e o Chororó-Chororó,
ladeado por esculturas, dominós gigantes, multicoloridas bandeirinhas. Também o
Teatro de Sombras de algum lugar sairá para ocupar o espaço de ação, onde
repousa o Baú de Mistérios. Ao mesmo tempo, as Vitrinas de Bonecas e as Caixas
de Viagem espreitam os presentes, em meio às diversas brincadeiras eletrônicas.
De pé, enormes seres feitos de argilas a partir da Terra Virgem povoam o
ambiente, onde à saída, um lambe-lambe estará prestes a disparar sua máquina e
registrar a recordação de quem já esteve, e brincou e participou, da primeira
EX-POSIÇÃO BRINQUEDO.
No
foyer do Teatro Castro Alves, adultos e crianças tem um encontro marcado para
brincar com arte, manusear objetos, conversar com bruxas, trabalhar com
aparelhos de som e com objetos de barro juntamente com os artistas Eckenberger,
Zélia Maria, Carlos Petrovick, Chico Diabo, Juracy Dórea e Sônia Rangel.
Segundo Zélia Maria, o objetivo do grupo, que começou a se reunir no final do
ano passado, é o de fazer com que as pessoas descubram o lúdico, através de uma
brincadeira séria com a arte.
Segundo
ela, uma das preocupações dos artistas promotores da exposição, é fazer com que
o público participe, modifique o aspecto do trabalho durante a exposição e crie
as coisas.
Hoje,
frisou, as pessoas estão acostumadas a comprar os brinquedos prontos, quando é
muito mais econômico e inteligente fazer os brinquedos com material comum, como
a argila e a areia, por exemplo. Assim, cada artista trabalha com um tipo de
material capaz de despertar a curiosidade do público.
AS
ATRAÇÕES
As
atrações da exposição que fica até o próximo dia 10 de junho, tem início
através do catálogo, no qual apresenta os seis artistas com os rostos
colados em figuras antigas e com as
cabeças desproporcionais para o corpo.
Essas
figuras, os artistas mandaram ampliá-las em madeira e vazaram o rosto para que
as pessoas possam fotografá-las durante a exposição. Além do catálogo, são os
artistas com os seus trabalhos que se responsabilizam para desvendar com o
público, os mistérios da criação artística.
Carlos
Petrovick apresenta um trabalho com recursos de teatrinho de sombras, máscaras
e com um baú de material que desafia as pessoas, segundo ele próprio confessou.
Juracy Dórea, arquiteto, nascido e vivendo em Feira de Santana, mostra um jogo
de dominó gigante, na outra face do dominó, vê-se um quebra-cabeça e na face
lateral o público pode fazer vários tipos de jogos que só serão descobertos no
momento em que começar a manusear o objeto. Quanto a Chico Diabo, o seu
trabalho é mais moderno, atendendo as exigências da sociedade de consumo: um
aparelho completo de som, com amplificador, luzes dentro de um cubículo
fechado, painéis para a composição das pessoas e outra infinidade de atrações.
Através
da luz no interior do cubículo, o público se vê de várias dimensões. As bruxas
são mostradas por Eckenberger, em um misto de vitrina e teatrinho. Sônia
Rangel, com as caixas de viagem, satisfaz a curiosidade de quem se dispuser
outros brinquedos.
Para
Zélia Maria a argila e a luz são os elementos de sua criação. Sobre um piso de
terra estão colocados elementos abobadados feitos também de terra.
Embaixo,
são focados pequenos seres feitos de argila. Ela disse que o seu trabalho tem
por objetivo provocar nas pessoas o interesse em manusear a argila, criando
seres vivos que continuarão povoando a área, modificando o aspecto inicial do
seu trabalho. Acho, frisou, que as pessoas devem criar as coisas que querem e
não ficar dependendo das coisas prontas (Antenor Barreto)
ELES
EXPLICAM
CHICO
DIABO (Carlos Francisco de Almeida Sampaio)
O trabalho consta de duas esculturas móveis e
sonoras, fazendo parte de uma ambientação metálica que também reproduz som ao
ser tocada. Isso será brinquedo? Não sei, não brinco, ou sei lá se brinco. Se
não brinco proponho. Veja, toque, sacuda, enfim brinque,sem a máquina da
estrela e o bang-bang da TV”.
REINALDO ECKENBERGER Brinque / Brincância / Efervescência sem sindicância/Brinque./Briquilice inocência,meretricie,jogo,sorte/Brincadeira , derradeira é a morte”
SÔNIA RANGEL
“As
caixas de Viagem”, ou “Caixas para Viagem”, guardam estórias. Formas, cores,
palavras, idéias.
O
conhecido e o desconhecido./O claro e o que está para para ser descoberto...
decifrado./Boa Viagem para quem quer brincar!
CARLOS
PETROVICH – O Tesouro de cada uma é chororó é riso rizo, é a sombra em ação
ainda onde anda pula,canta, ri.
JURACY DÓREA – na vida como na arte, é quase impossível determinar-se onde Inicia o ato , inexiste um marco, uma
clara indicação de limites. De fato as coisas se confundem.Os valores
entretanto, são subjetivos, particulares, sutis:brincar depende, antes de tudo,
da óptica de quem brinca.
No
sertão até os adultos sabem disso.
ZÉLIA
MARIA –Para brincar comigo estão convidados: os que tem tempo para viver no
agora enquanto tantos correm por um amanhã que nunca chegará... Os que estão
descontraídos enquanto medos e fantasmas enrijecem tantos corpos e cegam tantas
mentes... Os que se deleitam na aventura fantástica do descobrir, do inventar e
do amar...Na aventura fantástica do viver!
FUNARTE
LANÇA CONCURSO DE MONOGRAFIA SOBRE
VICENTE
DO REGO MONTEIRO
O
Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte está lançando um Concurso de
Monografias sobre a Vida e a Obra do Artista Plástico Vicente do Rego Monteiro,
cuja morte ocorreu há dez anos. As inscrições encerram-se a 31 de outubro e a
melhor monografia será dado um prêmio de 60 mil cruzeiros. Os concorrentes
deverão apresentar texto inédito com um mínimo do 90 páginas,
datilografadas,sobre pseudônimo, sem título e em cinco vias. Acompanhando um
envelope lacrado contendo o título da monografia, o pseudônimo do autor, nome
e endereço, CPF, número da carteira de identidade e assinatura.
As
inscrições podem ser realizadas diretamente ou enviadas, via postal, sob
registro, para a sede da Funarte – Instituo Nacional de Artes Plásticas, à Rua
Araújo de Porto Alegre, 80, Centro, Rio de Janeiro, RJ – CEP 20030.
O
autor da monografia ao se escrever concordará com o Direito de Preferência da
Funarte para editar o trabalho , em edição de no máximo 3 mil exemplares,
estando incluídos no pagamento do prêmio os direitos autorais.
ROSA
CABRAL FOTOGRAFA O QUE PENSA
Brasil, um país gigante pela própria natureza apresenta a fascinação dos contrastes de um continente. O surpreendente sincretismo que hoje se observa oriundo da fusão de três culturas basicamente diferentes: a índia, a branca e a negra, deu origem ao fenômeno invulgar da miscigenação brasileira.O mesmo apresenta aspecto cariosíssimo não apenas com relação aos traços fisionômicos do povo, como e principalmente no que diz respeito aos traços culturais da forma de comportamento. É da maior importância que a nossa gente tome conhecimento de suas origens étnicas e culturais no sentido de melhor se conhecer para melhor se conduzir.
É
importante ainda que a mulher baiana tenha consciência de que o sincretismo no
Brasil teve lugar inicial no ventre da mulher escrava, a negra e a índia, desde
a época do Brasil Colônia. Seu trabalho está no Salão do Icba, na Vitória até o
próximo dia 4 de junho. Ela intitulou de Fotoambientação e consta do Projeto de
Imagens conjugadas obre uma superfície preta , evidenciando o silêncio,
enfatizando a dinâmica no tempo e no espaço.
CONCURSO
DE OUTDOORS PARA TODO O PAÍS
Ainda
está bem vivo na cabeça de todo mundo a imagem de um cartaz de rua que dizia:
Cláudia Lessen Rodrigues, que todos os pais desta Cidade jamais se esqueça
deste nome.
Este
foi o outdoor vencedor do I Concurso Nacional de Outdoor, promovido pela Central de Outdoor, no ano
passado. A decisão que teve como base a criatividade,a qualidade, o drama e o
choque polêmico que este crime havia provocado na época, não poderia ter sido
mais acertado.
O
objetivo de mostrar a utilização do meio outdoor para campanhas institucionais
e educativas foi alcançado. A Central de Outdoor está agora lançando o II
Concurso Nacional de Outdoor, desta vez com o objetivo de destacar a
importância mercadológica e social deste meio de comunicação e premiar o
trabalho de artistas criadores, agências de propagandas, anunciantes,
profissionais de mídia e atendimento. O II Concurso abrangerá todo o território
nacional e terá como ponto de apoio as sedes e sub sedes da Central de Outdoor,
localizada nas principais cidades do país.
As
inscrições são automáticas para as peças exibidas nestas cidades e nas demais,
onde não houve sedes ou sub sedes da Central, os concorrentes deverão enviar as
provas dos cartazes para a Central de Outdoor de São Paulo.
OS
PRÊMIOS
Quem
fizer o melhor cartaz vai ganhar o maior prêmio oferecido em concurso de
publicidade.A Central de Outdoor vai oferecer ao artista criador o homem de
atendimento da conta e para o Mídia, responsáveis pelo cartaz colocado em
primeiro lugar. Primeiro Prêmio - viagem à Europa, com acompanhante durante 25 dias e todas as
despesas pagas, incluindo depósito compulsório, transporte até o ponto de
destino e retorno, além de translado e transporte terrestre nos pontos de
chegada e hospedagem em
hotéis. O anunciante receberá gratuitamente impressão e
veiculação em idênticas condições de prazo e exibição, quantidade e praça ou
praças utilizadas pelo cartaz vencedor. A agência receberá o troféu A Tabuleta
de Ouro. O Segundo Prêmio ,para o artista criador e homem
de atendimento da conta e mídia, será uma viagem pela América Latina, com duração
de 12 dias, também com todas as despesas de transporte e hospedagem pagas. O
anunciante receberá troféu e diploma, e a agência Tabuleta de Prata.
Finalmente,
o Terceiro Prêmio será uma viagem à Bahia ou ao Rio de Janeiro, a escolha dos
premiados com duração de 10 dias com as mesmas despesas pagas, para os homens
de criação,mídia e atendimento responsáveis pelo outdoor. O anunciante receberá
troféu e diploma e a agência a Tabuleta de Bronze.
LEILÃO
RECORDE DE 150 OBRAS DE ARTE
Calder descontraído, brinca com uma escultura de sua autoria |
A
pintura abstrata de Paul Klee chamada
Die Klaerung feita em 1932 foi vendida por 435 mil dólares ( 10 milhões
774 mil e 950 cruzeiros) a um comerciante de arte não identificado de Nova
Iorque. O lance oferecido foi também um recorde para uma obra de artista
francês.
Uma
escultura de metal pintada chama de Discos Brancos, executada por Alexander
Calder em 1955 foi comprada por 58 mil
dólares ( 1 milhão e 436 mil cruzeiros). O recorde anterior para uma
escultura de Calder era de 4 mil dólares ( 99 mil cruzeiros).
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