JORNAL A TARDE, SALVADOR, 12 DE
MAIO DE 1979.
ARTE SOVIÉTICA FAZ SUCESSO NOS ESTADOS UNIDOS
Museu de Arte A.S. Pushkin, em Moscou |
Kornetchuk
reconhece envergonhada que ainda não terminou sua tese de doutorado iniciada em
1975 na Universidade de Georgetown , em Washington, com o ambicioso título de A
Política na Arte Soviética. Mas , ela e seu marido Jonathan Showe, ex-assessor
da Casa Branca para Assuntos de Economia Internacional, compraram, reformaram e
transformaram um dos prédios pertencentes ao Banco Nacional de Pittsburg,
instalando nele sua Galeria de Arte Moderna Soviética. A Galeria foi inaugurada
em julho do ano passado e desde então já vendeu umas 200 obras de arte
soviética no valor total de aproximadamente 100 mil dólares.( Dois milhões
trezentos e setenta e nove mil cruzeiros) .
Cerca
de 50% de nossos clientes são colecionadores particulares, 40% são companhias e
o restante são galerias particulares, disse ela. Os preços vão de 200 a 400 dólares para
pequenas obras impressas em edições de 25 exemplares, da autoria de artistas
pouco conhecidos,como Yevgeni Sidorkin, até mil a dois mil dólares para um
grande quadro a óleo de Yevgeni Kumankov, cenografista de teztro e cinema de
Moscou. Na realidade, recebemos a maioria dos quadros em consignação, disse
Elena Kornetchuk.Se os quadros não são vendidos nós s devolveremos aos
artistas. Essas operação é garantida por uma letra de crédito entregue a
agência soviética para importação e exportação de obras de arte.
Eugene
afirma que seu trabalho agora é mais rápido e eficaz. No princípio costuma
comprar o que me agradava; mas agora já tenho uma idéia melhor do que tem
saída, disse ela. Segurando uma grande aquarela escura de Kumankov retratando
as cúpulas da Catedral ortodoxa de São Basílio na Praça Vermelha, Kornertchuk
afirmou: eu gostaria de ficar com isto mas Kumankov é muito caro e seus quadros
não se vende muito rapidamente.
Mostrando
outra aquarela onde aparecem camponeses russos caminhando sobre a neve, ela
diz:Este quadro é muito bonito mas as companhias industriais não os comprarm.
As companhias não compram quadros onde aparecem pessoas, os nus são também
excluídos, naturalmente, as companhias gostam de paisagens e pinturas
abstratas. Seja como for os quadros deverão ter cor e movimento e impressionar
desde uns 50 metros
de distância e de perto, porque provavelmente serão pendurados num saguão ou
num grande salão.
Kornertchuk
procura todos os artistas possíveis mas a maioria dos quadros por ela
examinados e comprados estão na exposição oficial do Governo na Praça Smolensk,
em Moscou, bem diante do Ministério das Relações Exteriores. Um funcionário
responsável pelos preços dos quadros vem muitas vezes ao Salão de Exposições e
fala sobre uma mostra na Áustria e sobre as últimas tendências da arte contemporânea soviética.
Dificilmente
Kornertchuk pode conseguir alguma coisa fora dos canais oficiais. Sua diretora
assistente Laura Phares disse que ela conseguiu comprar alguns quadros
diretamente dos artistas, sem intervenção oficial, mas Kornertchuk desmente
esta afirmação. No campo da arte dissidente o máxima que ela conseguiu foi
alguns quadros de Ilya Glazunovgn um pintor reconhecido oficialmente, mas que
uma vez se queixou contra as autoridades porque suas telas mais audaciosas não
tinham sido aceitas para uma exposição.
ENCONTRARAM
UM REMBRANDT ROUBADO
Comunicaram
ao governo francês o quadro de Rembrandt roubado há sete anos e recuperado por
agentes que o adquiriram de um ladrão
por 20 mil dólares ( 475 mil cruzeiros.)
A
obra prima, Le Rabbin um retrato de um rabino feito em 1655 foi roubado em 1971
juntamente com outros e foi recuperada pelo FBI há dois anos através de uma
operação secreta.
O
Rembrandt, o último dos quatro quadros a ser recuperado, e avaliado
conservadoramente em 250 mil dólares (5 milhões e 950 mil cruzeiros), mas os
franceses o consideram um tesouro da arte nacional.
O
embaixador francês, ficou entusiasmado ao elogiar o notável trabalho do
FBI.
Webster
explicou que os agentes do FBI organizaram uma rede para comprar objetos
roubados e conseguiram condenar 31 pessoas até o momento.
O
agente do FBI Don Hartnett, que supervisionou a operação, disse que tudo foi
filmado por uma câmara escondida na parede. O FBI exigiu aos jornalistas o
filme que mostra o especialista em arte do FBI, Thomas Mchane e o agente
comprando o quadro de John Gandolfo, a 11 de abril de 1977, por 20 mil dólares.
O
dinheiro pago pelos contribuintes norte-americanos ainda não foi recuperado
porque Gandolfo ainda está foragido. Um francês e um alemão foram acusados de
assaltar o museu e Gandolfo aparentemente atuou como intermediário para vender
o quadro.
Hartnett
disse: o FBI preferiu não prendê-lo após comparar o Rembrandt porque revelaria a
rede de compra que ainda tinha possibilidades de recuperar outros objetos
roubados.
JUAN MIRÓ COMEMORA SEUS 86 ANOS
Palma
de Majorca- O artista Juan Miró completou no mês passado, 86 anos de idade,
comemorando a data com prosseguimento de cinco grandes projetos, apesar de sua
avançada idade.
O
jornal Última Hora indicou que Miró concluiu os esboços para um mural de 60 por
20 metros
para o Palácio de Congressos e Exposições de Madri. Seus outros projetos
incluem uma escultura de 409
metros , a ser instalada em New York , outro mural
para uma universidade norte-americana, vitrais para uma igreja próxima a Paris
e uma monumental escultura para um parque de Palma de Majorca.
SALVADOR DALI NA ACADEMIA FRANCESA DE BELAS ARTES
O
excêntrico, pintor catalão Salvador Dali foi recebido em Paris como membro da
Academia Francesa de Belas-Artes.Na
oportunidade foi homenageado por Tony Aubin, presidente da academia, que
proferiu um espetacular discurso elogiando seu antecessor Mariano Andreu: Tinha
aparência de pássaro diferente de qualquer pássaro existente por isso era
excepcional.
Com
uma série de cartazes onde apareciam subtítulos para a mensagem sem precedentes
no célebre recinto- Dali recordou seus primeiros compradores: o poeta Paul
Eluard e Gala (hoje mulher de Dali), o visconde Noailles levou um quadro
surrealista escabroso e Christian Dior.
O
Velocino de Ouro carneiro mitológico com pele de couro, A Onipresença de Cristo
e A deriva dos Continentes, foram os principais capítulos do discurso de Dali,
que citou personagens como Freud, Malebranch, Montaigne, Platão, Jasão e
Felipe, o Bom.
Não
venho aqui como acreditam, para fazer escândalo, mas para fazer o elogio da
arte acadêmica, da qual nascerá um novo classicismo, afirmou Dali, que citou o
artista hiper realista norte-americano Richard Estes como exemplar renovador.
BIENAL
ÍTALO LATINO AMERICANA
Anna
Letycia, Márcia Rothstein, Lyria Palombini, Greogório Luiz, paulo Laport e Isa
Aderne são os artistas plásticos que representam o Brasil na I Bienal
Ítalo-Latino-Americana de Técnicas Gráficas em Roma, até 15 de junho.
A
mostra da representação brasileira- A mais numerosa da Bienal foi organizada
pelo INAP/FUNARTE, a convite do Itamarati a outras capitais europeias.
A
Bienal tem o patrocínio do Instituto Ítalo-Latino-Americano, sediado em Roma. A Argentina ,
Bolívia, Costa Rica, Cuba, Chile, equador, EL Salvador, Guatemala, Haití,
Honduras, Itália, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República
Dominicana, Uruguai, Venezuela são os outros países que participam da Bienal.
Entre
desenhos e gravuras, o INAP selecionou 49 obras de artistas brasileiros, dos
quais foram escolhidos dezenove, por um júri italiano, para participar da
Bienal: cinco obras de Anna Letycia, cinco de Márcia Rothstein, cinco de Lyria Palombini, duas de Greogório Luiz, uma
de Paulo Laport e uma de Isa Aderne.
PROJETO
ARCO-ÍRIS MOSTRA 15 ARTISTAS SERGIPANOS
Em
prosseguimento ao Projeto Arco-Íris, lançado em março do ano passado. A Funarte
está promovendo uma exposição de artistas sergipanos, reunindo desenhos,
pinturas e tapeçarias.
Patrocinada
pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte e Conselho Estadual de
Cultura de Sergipe, a exposição contou com obras de 15 artistas, a maioria
deles radicada no Rio.
Segundo
o professor Antônio Garcia Filho, da Universidade Federal de Sergipe e um dos
responsáveis pela seleção os trabalhos o artista sergipano geralmente emigra
para as localidades de maiot projeção nacional, onde, na luta competitiva,
aprimora a sua arte em busca de um estilo próprio e da divulgação que os meios
de comunicação lhe oferecem.
Mas,
diz ainda o professor, em
tudo Sergipe está presente no traço da paisagem, no
claro-escuro dos ângulos, no contorno das linhas, num protesto simbólico das
árvores retorcidas, na agressividade das cores que refletem o temperamento
mestiço de sua gente, na interpretação subjetiva do objeto de arte que é o símile da universidade
da sua cultura miscigenada de folk e erudição.
Jenner
Augusto, um dos participantes especiais da exposição, ao lado de Jordão de
Oliveira, Antônio Maia e José Dome, ao ser interpelado sobre suas origens,
acentuou que a linha Horizontal, quase sempre em suas telas, reflete a Barra
dos Coqueiros, ilhazinha que se estira no horizonte de Aracaju.
Jordão
de Oliveira, é o ameno mestre da cor das coisas como o define Garcia Filho pintar a natureza morta com frutas de sua
terra, focalizando o gomo da laranja em cima do velho jornalzinho provinciano.
Os
demais expositores são Maria Anete Sobral de Farias, Ronaldo Gomes de Oliveira
(Cãa), Alfredo, Inácio, Gervásio Teixeira, Luís Adelmo Soares de Souza, Eurico Luiz,
Leonardo Alencar, Joubert Moraes, Jorge Luiz e José Fernandes.
O
principal objetivo do Projeto Arco-Íris é promover o intercâmbio regional das
artes plásticas, tornando conhecido nos grandes centros o trabalho dos artistas
de outros estados.
No
Rio, já foram expostas obras de artistas do Maranhão, Goiás, Piauí, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Minas, Pará, Espírito Santo, Ceará e Paraná.
CARIOCAS
EM BRASÍLIA
Ainda
dentro do Projeto Arco-Ìris, a Funarte apresenta em Brasília trabalhos de 14
gravadores cariocas. A exposição está na Galeria Funarte/Oswaldo Goeldi desde o
dia 23 de abril.
Segundo
o critico Geraldo Edson de Andrade, esta mostra pretende levar a Brasília uma nova
geração de gravadores cariocas em plena ascensão.
Uma
geração que, essencialmente gráfica, dá continuidade a um dos setores
artísticos brasileiros mais criativos, o único, talvez, que tem merecido
reconhecimento internacional graças á garra diversificada de um grupo de
artistas ainda em pelo processo criativo.
Fazem
parte da exposição Alex gama, Anna Carolina, Arydio Xavier, Heloísa Pires
ferreira, José Paixão, Kazuo, Lena Bergenstein, Lyria Palombini, Maria
Tomaselli Cirne, Marlene Hori, Paulo Laport, Pilar, Sandra Santos, Valério
Rodrigues.
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