JORNAL A TARDE, SALVADOR, 06 DE OUTUBRO DE 1979
DOZE ARTISTAS DEFENDEM O BRASIL
NA XV BIENAL
Os
brasileiros estão representados nesta XV Bienal Internacional de São Paulo por
12 artistas brasileiros contemporâneos, indicados para a mostra, e os premiados
nas bienais passadas que participarão pessoalmente da inauguração da XV Bienal.E
todos os trabalhos já estão praticamente em seus lugares definitivos dentro do
prédio da fundação.A
grande força XV Bienal de São Paulo é apresentar com a mesma consideração e
respeito, jovens artistas e antigos premiados pela fundação.
Lado
a lado, eles estarão sendo observados e avaliados. Os primeiros, divulgando seu
nome e obra, os segundos passando por um rigoroso exame de evolução ou não.
O artista Amílcar de Castro |
Haroldo
Barroso Beltrão trabalhou com Burle Marx em painéis e murais escultóricos.
Atualmente voltou à velha forma de escultor autônomo. Ivald Granato é conhecido
por protestar de todas as formas possíveis contra a estrutura das artes
plásticas em sua comercialização. Estará nesta bienal com painéis a base
plástica. João Câmara Filho é pintor desenhista e gravador. Apresenta obras de
óleo e litografia de pessoas conhecidas, em tons escuros.
O artista Rubens Gerchaman |
O
último destes jovens artistas, jovens por não ter ainda participado de alguma
Bienal de São Paulo e por na terem o seu trabalho em grande divulgação é
Roberto Magalhães. Este artista retrata cabeças, seu tema vigoroso. Faz surgir
rostos estranhos, arcaicos e remotos. E ainda um estudioso em cabala,
ocultismo, signos, alquimia e assuntos desta categoria.
Os
antigos premiados sobre quem quaisquer explicações podem mesmo parecer
pretensão são: Ademir Martins; Volpi, Anatol Wladislaw, Armando Sendin, Arthur
Luiz Piza, Danilo Di Prete, O Grupo Arte/Ação, Grupo Bóias frias, Grupo
Etsedron, Evandro Costa Jardim, Fayaga Ostrower, Felícia Leirner, Fernando
Odrizola, Geraldo de Barros, Grupo Iadê, Hildegard Rosenthal, Isabel Pons, Ione
Saldanha, Ivan Freitas, José Roberto Aguilar, Lívio Abramo; Lydia Okumura,
Seron Franco, Wega Nery, Mabe, Grassimann, Marcelo Nitsche, Mário Cravo Neto,
Paulo Roberto Leal, Roberto Sandoval e finalmente Sérgio Camargo. Todos eles
estão com suas obras (atuais) à avaliação pública desde 3 de outubro, na XV
Bienal Internacional de São Paulo.
HOMENAGEM
AO ARQUITETO OSCAR NIEMEYER
O belo Museu de Arte Moderna de Niterói |
A
mostra de Oscar Niemeyer na XV Bienal Internacional de São Paulo já está sendo
mostrada nos 600 metros quadrados
que lhe foram destinados, espaço dez vezes maior do que o utilizado por todas
as comissões internacionais.
Entre
as obras que compõem esta retrospectiva podemos destacar o Yacht e o Cassino e a Capela de Pampulha, em Minas Gerais , as
grandes estruturas do projeto de Brasília, o Hotel Nacional do Rio de Janeiro,
o Banco Safra de São Paulo e seus principais projetos feitos para o exterior:
em Paris, Argel, Milão e Nova Iorque. Além de painéis fotográficos destes
projetos e algumas maquetes, serão apresentados móveis que levam a sua
assinatura, filmes e slides com depoimentos pessoais, em justa homenagem ao
brilho que deu ao nome do Brasil por todo o mundo.
Homenagem justa a este grande brasileiro. Foto Google |
As
linhas curvas, ponto alto de Oscar Niemeyer, podem servir como uma definição
deste homem:
Não
é a linha reta que me atrai, dura, inflexível, criada pelo homem O que me atrai
é a curva leve e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no
curso sinuoso de um rio, nas curvas do céu e no corpo da mulher amada. De
curvas é feito o universo. O universo curvo de Einstein.
Mas
a curva não é uma obsessão. Muitas vezes é o
próprio concreto quem a insinua. Se você tem um espaço grande a vencer,
a curva é o caminho indicado e ela permite uma forma mais leve, como que solta
no ar. E assim ele projetou Brasília, rapidamente.
Sofremos
pressão durante o projeto e as obras. Mas cada vez mais elas animavam a JK e a
mim. Era um grande desafio. E assim tempo sobrando, os projetos não puderam
sofrer modificações. Com isto ficaram muito mais espontâneos, com a qualidade e
os defeitos iniciais. Mas com os arcos nada inventei. Eles são antiquíssimos.
Dei-lhes uma forma mais delgada e elegante, desejoso de manter, no Palácio do
Itamaraty a leveza arquitetônica que preferíamos e que tanto assustou o
engenheiro italiano que trabalhava conosco.
Este
é Oscar Niemeyer,o arquiteto de Brasília. Mas estão são as obras que nosso
homem fez em casa.
Mas
os meios melhores trabalhos estão na Europa, França, Itália e Argélia. Foi para
o exterior porque aqui não havia condições de trabalho. Lembram-se do aeroporto
de Brasília? Por ele o ministro da Aeronáutica não se conteve, acreditando que
lugar de comunista era em Moscou, quando nem os russos admitiam esta
arquitetura leve e burguesa. E depois veio o estádio de Brasília, o Museu da
Terra, do Ar e do Mar, a Universidade de Brasília...
Sua
exposição na XV Bienal vai de Pampulha a Brasília e desta á sua atuação na
Europa Pampulha foi o ponto de encontro de Niemeyer, a ideia que desencadeou
toda sua nova forma de arquitetar. De 1939 a 76, a forma plástica predominou, sem interferir
na função uma de suas brigas com a crítica desde que abandonou o funcionalismo
arquitetônico. Esta exposição é a didática e contestatória como sempre o foi
Oscar Niemeyer, o arquiteto.
ADA EXPONDO NA PANORAMA
Tive
dupla satisfação em reencontrar a pintora Ada, que alguns anos não via, e de
sentir através de seus trabalhos expostos na Galeria Panorama, o seu
desenvolvimento pictórico.
Seus
trabalhos hoje podem figurar em qualquer coleção particular ou mesmo em museus
importantes tal a qualidade. A criança continua exercendo influência marcante
em seu traço forte, onde as figuras em movimentos refletem a sua ligação com a
nossa gente. É o pequeno jornaleiro, o vaqueiro, o músico e assim por diante.
Todas essas figuras importantes a comunidade estão representadas em suas telas
dentro de um lirismo e de belas composições, onde destaco o equilíbrio das
formas e as distorções propositais. Ada tem assim progredido, guardando sua
linha mestre que á a criança como temática mais presente em suas telas.
ARTISTAS
PLÁSTICOS REALIZAM 1º ENCONTRO
Com
o principal objetivo de abrir um debate livre e em âmbito nacional sobre a
condição social e profissional do artista plástico, será realizado, no período
de 26 a
29 de novembro, o 1º Encontro Nacional de Artistas Plásticos Profissionais, no
auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
As
reuniões preparatórias do Conselho foram realizadas no Parque Lage, nos dias 11
e 25 de setembro. E nos dias 9 e 23 de outubro, no horário das 19 horas as
reuniões terão continuidade. O encontro terá o apoio da Funarte, do
Departamento de Cultura do Estado do Rio, da Riotur e da Fundação-Rio.
Os
artistas interessados devem confirmar sua participação enviando á ABAPP, até o
dia 20 de novembro, a ata da Assembléia Geral dos Artistas de seu estado. O
endereço para correspondência é: Secretaria Geral do 1º ENAPP- Associação
Brasileira de Artistas Plásticos profissionais- Caixa Postal 34048- Rio de
Janeiro -RJ.
TEMÁRIO
A
produção artística em relação ao mercado de arte e às instituições culturais, o
ensino e a crítica de arte, e a discussão dos estatutos de sua entidade de
classe nacional são os principais temas que serão debatidos entre os
participantes do encontro.
O
1º ENAPP obedecerá a um calendário que prevê grupos de trabalho para discutir
cada item do temário. As noites serão reservadas para apresentações de
trabalhos individuais, conferências ou filmes previamente inscritos.
De
acordo com a Circular distribuída pela ABAPP, cada delegação terá como peso de
voto nas plenárias do 1º ENAPP, o equivalente a 10% dos participantes que os
elegeram na assembléia de seu estado. As delegações não poderão ter mais de
cinco representantes. Somente os delegados eleitos nas assembeias estaduais terão
direito a voto nas decisões do encontro, porém qualquer pessoa presente às
reuniões plenárias terá direito à palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário