JORNAL A TARDE,SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 29 DE DEZEMBRO DE 1986
AS PREVISÕES PARA 87 DO
CARTUNISTA SERRA
Há vários anos que o cartunista Paulo Serra apresenta suas previsões, com uma forte dose de humor e crítica. Este ano, ele lembra do Cruzado, que já despencou do seu altar autoritário em forma de cascata. Os preços escapolem por todos os lados e a classe média vai aos poucos perdendo o seu poder de compra. Segundo o sábio Delfim Neto, um dos responsáveis por esta situação de miséria que vive o País, a sociedade brasileira não quer o fim da inflação. Mais uma mentira que deve ser entendida assim: o povo não quer inflação. Porém, acabar com o povo para acabar a inflação de nada adiantaria.
Paulo
Serra acredita ainda que 87 será um ano bom para as artes, de modo geral. Vamos
esperar que as boas previsões se confirmem e que as más não. Serra, além de
cartunista é um artista atualizado, que vive os momentos bons e ruins deste
País, que está sempre envolvido com os movimentos ecológicos. Tem consciência
do seu papel de artista, que afinal de contas deve ser sempre renovador.
OS DISSIDENTES DE 1942 E O GRUPO DO
MESTRE GUIGNARD
MESTRE GUIGNARD
Obra de Iberê Camargo |
Encerrando sua programação de
A segunda exposição reexamina a atual
de um grupo de alunos da Escola Nacional de Belas Artes que se rebelou contra o
ensino acadêmico ali ministrado, realizando, na Associação Brasileira de
Imprensa em 1942 uma exposição polêmica, apoiada pelos principais intelectuais
atuantes no Rio de Janeiro naquela época, como Afonso Aruinos, Manoel Bandeira,
Aníbal machado, Murilo Mendes, José Lins do Rêgo, Marques Rebelo, Santa Rosa,
além do próprio Guignard. Desse grupo
rebelde da ENBA
Participaram entre outros Sansão
Castello Branco, Alfredo Ceschiatti, José Pedrosa, José Moraes, Percy Deane,
Ahmés di Paula Machado , além dos arquitetos Maurício Roberto, Francisco
Bologna , Eduardo Corona e Flávio de Aquino, crítico de arte.
As exposições realizadas pelos dois
grupos tiveram intensa repercussão dentro e fora da Escola Nacional e mesmo
fora do Rio de Janeiro. A mostra do Grupo Guignard montada inicialmente na ENBA
em 1943 , foi desmontada a força pelos alunos acadêmicos , sendo transferida, a
seguir, para a ABI. O incidente teve tanta repercussão que, segundo alguns
articulistas da época, estimulou o movimento que levou a criação do Museu de
Arte Moderna.
Já o movimento dos Dissidentes de
acordo com a análise de Quirino de Campofiorito foi mais importante que o
realizado em 1931 por Lúcio Costa. Segundo o conhecido crítico e historiador,
foi mais positivo porque foi realizado pelos próprios alunos, enquanto Lúcio
Costa quis combater a Escola com elementos de fora, provocando uma reação
interna de professores e alunos que levaram a sua demissão.
VINTE E CINCO PUBLICITÁRIOS
Será encerrada hoje, no Museu de Arte da Bahia a I Mostra de Artistas Publicitários, reunindo 25 artistas da área, que desencantaram uma Idea antiga, cujo objetivo é de criar um espaço estimulador, livre das pressões de mercado. Nildão, Enéias Guerra, Gizele e Donizete foram alguns dos expositores, desta mostra cujo maior destaque já a partir da noite de inauguração foi do pintor Carlos Rodrigues, publicitário que trabalha na Secretaria Municipal de Comunicação Social, da Prefeitura de Salvador. Seus quadros ( Foto) foram apreciados pela criatividade .
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