JORNAL A TARDE ,SALVADOR, 21 DE JUNHO DE 1982
CINQÜENTA PAINÉIS NA MOSTRA DO MAMB
SOBRE
A NOSSA ARTE MODERNA
A NOSSA ARTE MODERNA
Mangue ,tela do inesquecível Di Cavalcanti |
São
cerca de 50 painéis fotográficos a cores e em preto e branco mostrando
trabalhos famosos e característicos filosóficas deste acontecimento de 1922 que
revolucionou as artes no Brasil. Entre outros trabalhos podem ser vistos Homem
Amarelo e A Boba, de Anita Malfalti, Menino da Floresta e Retrato de Mário de
Andrade, de Lazar Segall, poemas de Manoel Bandeira e Oswald de Andrade, e O
Beijo, de Di Cavalcanti.
O
diretor do MAMB, Chico Liberato diz que esta exposição tem um significado muito
amplo: ele se propõe a documentar todos os acontecimentos importantes da Arte
Moderna no Brasil. É uma iniciativa de um departamento especial da Funarte que
inicia uma série de exposições temáticas.
Esta
exposição tem um significado didático muito importante diz Chico.Nas
suas peças expostas situam-se claramente o pensamento dos conteúdos que
motivaram o desencadeamento do processo de atualização da arte brasileira. Os
artistas que participam desta mostra confirmam seus valores dentro da história
da arte do Brasil, até época atual.
Falando
sobre a Semana de 22, o diretor do MAMB coloca como um acontecimento que deve
ser examinado dentro de um contexto do início da posição dos valores estéticos
da Arte Moderna no Brasil. E é o que esta mostra enfoca: uma primeira tomada de
posição que desencadearia uma série de outros acontecimentos.
Ele
lembra que em debates realizados paralelamente à exposição no Rio:Ficou
claro que o movimento da década de 20 não deve ser visto como um fato que gerou
todas as correntes de artes plásticas no Brasil, mas, sim, como um
acontecimento que atualizou os conceitos estéticos da arte universal, no
Brasil, naquela década.
A
mostra 60 Anos da Semana de Arte Moderna fica aberta ao público até o próximo
dia 30, no Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão. Neste período acontecerá um
debate com artistas e críticos convidados com o objetivo de avaliar a
repercussão desse movimento.
WALMIR
AYALA LANÇANDO O SEU DICIONÁRIO DE ARTE
O
critico Walmir Ayala está lançando, em edição nacional, o seu Dicionário de
Arte em fascículos quinzenais. Este seu trabalho é resultado de inúmeras
experiências e conclusões durante as duas décadas que estuda a arte,
especialmente a arte feita em nosso país. Walmir tem colecionado durante este
tempo um vasto material bibliográfico dos artistas brasileiros, muitos dos
quais ostentam em seus catálogos apresentações de sua autoria. O lançamento é
da Editora Cultura Contemporânea e vem possibilitar a muitos adquirirem em
condições acessíveis informações importantes sobre a arte. É um trabalho que
tem um cunho didático e por isto merece todo o apoio. O primeiro fascículo
(letra A) traz um encarte muito oportuno sobre a xilogravura com um pequeno
histórico de seu surgimento e desenvolvimento.
Até
o final do próximo mês, o Museu de Arte da Bahia, atualmente instalado no Solar
Góes Calmon, em Nazaré, será transferido para o Solar Cerqueira Lima, onde
funcionava a Secretaria de Educação (Vitória). O diretor do MAMB, Emanoel Araújo,
disse que além da mudança, a instituição vai sofrer uma reformulação, deixando
de ter somente um acervo estático em exposição.
O
Museu de Arte da Bahia será transformado num centro de atividades culturais,
estando prevista a promoção de cursos, espetáculos e exposições. E, para
atender a essa proposta dinâmica, irá ser criada uma infra-estrutura
necessária, com a implantação dos setores de documentação, pesquisa e arquivo.
DENTRO
DO PRAZO
Belas imagens estão sendo recuperadas |
Alojando-se
no Solar Cerqueira Lima, O MAB poderá mostrar todo o seu grandioso acervo.
Atualmente espalhado por várias instituições, devido ao problema de espaço
físico. Nas novas instalações, o museu contará com um auditório, com capacidade
para 150 pessoas e uma sala de exposição temporária, com 50 metros quadrados
de área.
Uma
das vantagens do novo local é a de possuir área para estacionamento, o que na
opinião de Emanoel Araújo, deverá estimular a freqüência do público.
A
Biblioteca de Arte do MAB, a mais especializada da Bahia, será também
dinamizada e, segundo Emanoel Araújo, o desenvolvimento de atividade dinâmicas
e a localização mais adequada, são fatores que, por certo, vão contribuir para
que o museu seja mais frequentado.
RESTAURAÇÃO
O
Museu de Arte da Bahia está fechado à visitação pública desde março último. No
seu interior, é grande o volume de trabalho, tendo sido realizado o
cadastramento e inventário do acervo e posterior embalagem. Do acervo, as peças
de louça, porcelana e obras de pintura são as que apresentam maior nível de
danificação e estão sendo restauradas.
A
coleção do museu é vasta e variada: tem mobiliário do século XVII ao XIX,
pintura do século XVIII e meados do século XIX, reunindo artistas como
Presciliano Silva Lopes Rodrigues, Valença. Pertencentes ao segundo período da
Escola Baiana de Pinturas, tem a coleção de Abott, com muitas peças européias,
ainda não totalmente identificadas e uma grande coleção de cerâmica, com louças
chinesa, japonesa e européia. O museu
reúne, também, um acervo com 8 mil volumes em literatura artística e pratarias
baiana e portuguesa do século XVIII.
Criado
em 1918, o MAB funcionou no Solar Pacífico Pereira, onde hoje se localiza o
Teatro Castro Alves, tendo várias denominações até chegar a atual. O Solar Góes
Calmon foi comprado em 43, com um pequeno acervo em seu interior, ao qual foi
anexado os anteriores. Foi em 70, no governo de Luís Viana, que o solar foi
reformado e o museu reinaugurado com o nome de Museu de Arte da Bahia.
EXPOSIÇÕES
Ainda
este ano, diversos eventos serão realizado no MAB, conforme anunciou Emanoel
Araújo. Está programada uma exposição sobre A Obra Crítica Iconográfica de
Clarival Valladares que reúne, além dos seu trabalho crítico, cem painéis
fotográficos das diversas exposições iconográficas organizadas por ele ao longo
dos anos. Dentre outras atividades, acontecerão ainda as seguintes exposições:
Os 80 anos de Pedro Calmon, com edição do livro A Casa da Torre, OS 400 anos de
São Bento, Pintura baiana dos séculos XVIII e XIX, O negro na formação e
cultura brasileira, A Arte Cemiterial Brasileira e Análise iconográfica da
Pintura Monumental de Portinari nos Estados Unidos.
Uma
outra atividade que vai dinamizar o MAB após a sua transferência para as novas
instalações será a Feira de Arte e Antiguidade, que ocorrerá mensalmente,
sempre aos sábados de Ana Maria.
CALÇADÃO
DA SÉ INTERESSA AOS ARTISTAS
Serão
encerradas hoje as inscrições ao concurso público que escolherá o desenho, em
pedra portuguesa, para o calçadão da Praça da Sé. Trinta e três artista
plásticos já receberam a planta da área na sede do Órgão Central de
Planejamento da Prefeitura, para desenvolver seus projetos que devem ser
inscritos no próprio Oceplan. Amanhã, a comissão julgador do concurso reúne-se
pela primeira vez para apreciar os trabalhos. A comissão é formada por
representantes do Oceplan, da Secretaria Extraordinária de Informações e
Divulgação da Prefeitura, da Companhia de Renovação Urbana de Salvador (Renurb)
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da
Associação dos Artistas Plásticos de Salvador.
ANONIMATO
A
forma de apresentação fica a critério de cada concorrente, podendo ser
utilizado qualquer tipo de papel, cores, texturas, escala etc. cada prancha
apresentada deverá conter um letreiro no canto interior direito, com a seguinte
legenda: Prefeitura Municipal de Salvador e, logo abaixo, Concurso Público
Desenho do Calçadão da Praça da Sé. Os anteprojetos não deverão conter
quaisquer elementos, como marcas, nomes etc. que identifiquem sua autoria.
Na
entrega dos trabalhos, estes receberão um número de identificação para
assegurar o anonimato do autor ou autores.
No
ato de inscrição, os concorrentes deverão anexar em envelope separado a ficha
de identificação com os respectivos documentos exigidos: identidade civil,
atestado de residência(recibo de luz, telefone ou água) CPF ou CGC. Somente
participarão do concurso artistas plásticos brasileiros residentes na Bahia,
exceto aqueles que tenham vínculos empregatícios com as entidades envolvidas na
comissão de seleção. A responsabilidade pelo ante-projeto poderá ser assumida
individualmente ou em
equipe. Sendo em equipe, esta será representada por uma
pessoa.
SELEÇÃO
Caberá
á comissão julgadora selecionar um ante-projeto entre os inscritos, que será
considerado o vencedor, recebendo um prêmio no valor de 100 mil cruzeiros. A
comissão indicará também outros dois ante-projetos para menções honrosas. O
resultado da seleção será conhecido e divulgado dias após a data de
encerramento das inscrições.
Os
concorrentes assinarão um termo de compromisso para executar os desenhos
complementares e detalhes necessários, assim como acompanhar a execução do
projeto, no caso de sua premiação. Os trabalhos não classificados deverão ser
retirados pelos interessados dentro do prazo de 15 dias a partir da divulgação
do resultado do concurso.
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