JORNAL A TARDE, SALVADOR, 08 DE JUNHO DE 1981
ESTAMOS EMPERRADOS
Venho
reclamando, há algum tempo, que a arte baiana precisava sair do marasmo em que
se encontrava em busca de novos caminhos. Tenho também incentivado, ao lado de
Ivo Vellame, Matilde Mattos, Francisco Liberato (mais recentemente) e Juarez
Paraíso, os artistas emergentes. Dando o apoio necessário, cada um no seu
setor, uns mais e outros com menor intensidade.
Por
várias vezes fiz críticas contundentes a atitudes condenáveis e a má qualidade
de trabalhos expostos.
Apontei
os bons, destaquei aqueles que realmente estão interessados em criar algo de
novo e significativo como o Bel Borba, Zivé, Murilo, Deca Conde, Valuízio,
Mazo, Jamison Pedra, Márcia Magno, Justino Marinho, César Romero e muitos
outros. Porém, com a mesma intensidade continuarei a criticar posições e
trabalhos que achar ruins. Com a mesma postura e com a mesma sensatez.
Mas,
o que me incentivou a escrever hoje sobre este assunto foi a euforia
incompreensível de alguns desses artistas, com algumas exceções com a crítica
feita por Frederico Morais, em edição de O Globo do último dia três do corrente
sob o título: Arte baiana, emperrada, começa a movimentar-se. Na verdade, o
título mostra um certo atraso porque já começou há alguns anos esta
movimentação, a qual poderá ser constatada nas colunas escritas por mim sobre
os valores que estão surgindo. Não é de agora também que apontamos a
necessidade de inovar e condenamos, com sérias repercussões - , o incensar
constante dos artistas prontos, feitos e vendáveis da década de 40, que nada
mais inovaram. Pararam no tempo e assim continuam até hoje sobrevivendo dos
loiros conseguidos e também usufruindo daquele imobilismo, que felizmente
começa a ser quebrado. Hoje, alguns desses jovens que lançamos e continuamos
apoiando começam a deslanchar e a tomar seus lugares, dentro, evidente, da
substituição natural das gerações. É preciso portanto, que a nova geração
emergente seja ainda mais criativa em benefício da arte baiana.
Sou,
por questão mesmo de idade, mais ligado a esta jovem geração de artistas. Em determinados momentos discordamos e, aceito a discordância como um processo
natural da dialética. É preciso discordar para em seguida encontrar um ponto de
equilíbrio. Infelizes daqueles que pensam ser donos da verdade. E na medida do
possível, a busca da verdade deve ser conseguida de um consenso, e é isto que
procuro.
Não
estou desconhecendo as verdades ditas pelo Frederico de Morais, que é um dos
bons críticos deste País.
Estou
apenas lembrando, porque às vezes as memórias são falhas e esquecem o que foi
dito com muita facilidade. Estou plenamente de acordo como Frederico. O que não
entendi foi a euforia por algumas colocações que já foram ditas até com mais
veemência.
PINTURAS
NAZISTAS VÃO SER DEVOLVIDAS
Uma
coleção de seis mil pinturas nazistas pode ser devolvida pelo Estados Unidos à
Alemanha Ocidental, disse Marylou Gjernes, diretora do Centro de História
Militar do Exército Norte-Americano, instalado em Alexandria, Virgínia.
O
conjunto de obras apreendido durante a Segunda Guerra Mundial, que retrata as
glórias do Terceiro Reich, contém quatro aquarelas pintadas por Adolf Hitler,
existe uma grande probabilidade de elas não serem devolvidas, disse a diretora
explicando que elas poderiam tornar-se peças de propaganda política dos
neonazistas.
Os
Estados Unidos e seus aliados reuniram as peças artísticas produzidas em sua
maioria por pintores do Ministério Nazista da Propaganda, já no final da
Segunda Guerra.
Entre
elas se incluem vários retratos a óleo de Hitler, que muito provavelmente não
serão também devolvidos, mas outras obras prestam-se a uma ampla interpretação,
explicou Marylou Gjernes.
Antes
da visita feita a Washington recentemente pelo chanceler alemão-ocidental
Helmut Schmidt, especialistas do Departamento de Estado recomendaram ao
secretário Alexander Haing a devolução do conjunto de obras como um gesto de boa
vontade, mas um porta-voz da Embaixada de Bonn em Washington disse que seu
governo não fez qualquer tentativa para recuperar os quadros.
VAMOS
MOSTRAR AS FOTOGRAFIAS
A Criança e os Pombos, foto de Carlos Santana |
Cada
fotógrafo poderá participar de quatro até 10 fotos com o tamanho mínimo de 20x20
cm e máximo de 30x40 cm com margem a critério do profissional. A montagem tipo
passepartout em papel duplex branco. As fotos podem ser preto e branco ou a
cores.
Para
o jornal-catálogo da exposição o fotógrafo enviará quatro fotos, até o dia 10
de junho, ao Instituto de Arquitetura da Bahia, Ladeira da Praça.
Este
prazo é apenas para o catálogo, chamo a atenção para evitar confusão que a
seleção será de 10 a
20 de junho.
SALÃO
EM PARIS
Por
outro lado, será realizado o 34º Salão Internacional de Fotografia, Cinema e
Ótica, de 24 de outubro a 2 de novembro no Parque de Exposição da Porta de
Versailles, em Paris. A
exposição ocupará uma área de 26 mil metros quadrados, sendo que 230
expositores apresentarão 457 marcas de material de fotografia e cinema entre
máquinas de fotografar, equipamentos e acessórios para fotocópia e projeção;
equipamento de laboratórios e estúdios fotográficos; álbuns e quadros, produtos
sensíveis, micrografia, microfilme e micro cartas. Quanto a cinema, serão
mostradas câmeras, acessórios, projetores e equipamentos para cinema, além de
equipamentos para audiovisual
Paralelamente
ao salão haverão diversas manifestações como: o grande prêmio Foto da Cidade de
Paris, a exposição A China Vista Pelos Chineses, fotos da China feitas por fotógrafos
chineses; a retrospectiva do Nu, de Daguerre a nossos dias; a exposição de
fotos de esportes náuticos, apresentada pela Associação Encontros
Internacionais do Mar e mostrando as mais belas fotografias deste esporte.
Anotamos
ainda outras exposições: os grandes momentos do rádio em imagens; retrospectiva
de Boiffard e de Elie Rothard: o Surrealismo de 1920-1940 e retratos de
crianças e de velhos apresentados pela Associação Nacional Francesa de
Fotografia Profissional.
KLAUS
STAECK EXPÕE DIA 15 NO ICBA
Os
trabalhos de Klaus Staeck um dos maiores cartunistas da Alemanha, serão
apresentados ao público baiano na exposição O Pensamento é Livre, organizada
pelo Instituto Cultural Brasil- Alemanha, de 15 de junho a 15 de julho.
Staeck,
43 anos, nasceu na Alemanha Oriental, transferindo-se para a República Federal
da Alemanha em 1957. Começou sua atividade gráfica de 1960, e de dez anos
depois conquistava o prêmio Zille, uma das distinções mais importantes da
gravura sócio-crítica.
Sua
técnica é caracterizada pela montagem de retratos, gravuras, recursos
tipográficos antigos e modernos e, principalmente, fotografias, ao estilo da
propaganda comercial. Para Staeck, a fotografia provoca mais impacto que a
caricatura usual feita com lápis, nanquim, guache, etc. pois, como no efeito da
propaganda, ao olhar uma foto, o espectador pensa contemplar a realidade e é
pego desprevenido, deparando-se com a mensagem proposta pelo autor. E a
mensagem de Staeck é direta, desafiante, agressiva. Em defesa do meio ambiente,
da paz e dos direitos humanos, ele investe sem rodeios contra a restrição da
liberdade, a injustiça social, a demagogia dos partidos políticos, o que já
custou alguns processos da Justiça.
Para
o humorista Millôr Fernandes, que o apresenta nesta exposição, “ qualquer que
seja a discussão teórica sobre o processo gráfico de Staeck , o resultado que
obtém é da mais alta qualidade – uma imagem apresentada com nitidez, eficiência
e, mesmo que isso não seja busca intencional nesse tipo de proposta – beleza artística
-. Quanto à mensagem , Staeck é curto e grosso. Vai direto ao assunto e não
trata a mãe de ninguém de senhora sua mãe”. E, numa apreciação resumida ,
afirma Millôr: “ Sem conhecer Staeck, apenas por sua arte, me arrisco a dizer
que ele é um radical. E por que não ?”.
DIANA DE CERA - O Museu de Madame Tusseau, como é mais conhecido em Londres, onde estão representadas as principais figuras humanas, recomendou recentemente à escultora Muriek Pearson uma estátua de Diana Spencer, a noiva do príncipe Charles. O modelo de barro já está pronto e servirá para a moldagem da cera. Posteriormente serão implantados os cabelos e olhos e finalmente será feita pela escultora a distribuição das cores. O modelo estará em exposição antes do casamento de Charles com Diana, marcado para o dia 29 de julho próximo.
CONCURSO- As inscrições de projetos ao concurso de esculturas para praça, com dois prêmios de CR$100 mil cada, serão recebidas até o dia 31 de julho pela Coordenadora de Cultura de Minas Gerais. As duas esculturas premiadas serão colocadas nas praças Bandeirantes, em Mariana (alusiva a Claudio Manoel da Costa, poeta e mártir da Inconfidência Mineira) e ao coronel Maximiano, localizada em Carangola (comemorativa ao centenário de emancipação política do município).
Pode
participar qualquer artista brasileiro ou estrangeiro residente no país há mais
de três anos. Os projetos devem ser apresentados através de maquete, foto ou
qualquer outra forma que dê plena condição da avaliação da obra pela comissão
julgadora.
FEIRA
NA LE DÔME - Revivendo uma iniciativa pioneira, a Galeria Le Dôme abrirá suas
portas a partir de hoje para sua Feira de Arte 1981.
Reúne
a feira mais de 200 quadros de sessenta e dois artistas. A Galeria fica situada
na Rua Direita da Piedade, 17 e é uma boa oportunidade para aqueles que gostam
de colecionar obras de arte.
CRÍTICA
DE ARTE - O mestre Romano Galeffi ( Foto) lançou na última sexta-feira seu mais novo
livro intitulado Fundamentos da Crítica de Arte, na Galeria Eucatexpo, com a
presença de muitos de seus alunos e
amigos. O livro tem uma tiragem limitada de apenas mil exemplares, tendo em
vista que este assunto interessa de perto a estudantes de Belas-Artes,
professores e amantes da crítica. Sem dúvida que o professor Romano Galeffi é
um dos mais conceituados estudiosos das artes plásticas na Bahia e tem uma
bagagem cultura capaz de discorrer sobre Estética e outros assuntos, considerados difíceis, com muita fluidez.
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