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domingo, 31 de março de 2013

AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO - 29 DE DEZEMBRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 29 DE DEZEMBRO DE 1979

  AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO 

Percorrendo os inúmeros rios que cortam a Amazônia, fotografando, entrevistando os ribeirinhos, vendo com seus próprios olhos a brutal devastação que se está processando em todo o vale, Moacir Andrade enfeixou em seu livro Amazônia, Pulmão do Mundo até Quando? Um documentário terrível da realidade amazônica.
Como um monge, vestindo roupas simples adquiridas na Zona Franca de Manaus, Amazonas, portanto um eterno sorriso, calçando sandálias de couro cru, visitando as longínquas cidades daquela floresta tropical, onde distribui roupas, remédios, alimentos e ferramentas compradas com a venda de seus quadros, dando aulas de desenho, pintura, escultura e entalhe em madeira ás crianças pobres, indígenas, expulsas de suas terras, lutando, permanentemente, em defesa dos monumentos históricos e artísticos e principalmente da natureza amazônica  agora brutalmente agredida por grileiros internacionais milionários, Moacir Andrade é hoje um homem conhecido em todo o país.
Nativo do Amazonas, nascido no beirão do Rio Negro, Município de Manaus, e criado no seio do povo cabocio na Cidade de Manacapuru, no coração da floresta amazônica, acostumou-se a ouvir e conviver com as estórias, os costumes, os hábitos e as tradições do povo índio seu ascendente. Por isso e por tudo, Moacir Andrade revelou-se um telúrico, o artista da Amazônia e seu grande defensor.
Suas palestras, aulas, conferências, suas crônicas, seus livros e sobretudo suas pinturas, são além de um belo, apelo dramático, e um verdadeiro documentário cultural do cotidiano daquela área que ele recria com alma e com magia das cores que manipula magistralmente.

Laureado com prêmios no Brasil e em países da Europa e da América, suas telas fazem parte do espólio de importantes museus nacionais, estrangeiros e colecionadores particulares.
Seu atelier à Rua Comendador Alexandre Amorim em Manaus, é ponto obrigatório de visitantes ilustres.
Há cinqüenta e dois anos vive metido, solitariamente, no coração da Floresta Amazônica, pintando, e escrevendo os mistérios, os dramas e todo um processo criminoso que envolvem as comunidades indígenas agora em pleno curso de extinção, Moacir Andrade tem lutado muito em favor da preservação da natureza amazônica.
Vestido de homem sanduíche, visitou mais de vinte capitais brasileiras, denunciando a invasão daquela monumental e portentosa área brasileira pelas multinacionais que estão devastando impiedosamente suas florestas e massacrando os silvícolas que antes viviam, tranqüilamente, em suas terras num verdadeiro e harmonioso equilíbrio ecológico. A extinção do aborígene brasileiro é um fato assombroso: segundo Joaquim Molano Campuzano,  só na década de 1960 se calcula a população indígena em entre 68.100 e 99.700 de pessoas.
Alguns especialistas brasileiros afirmam que ultimamente, organismos internacionais como a USAID e a ALCOA, estão adquirindo extensas zonas amazônicas ocupadas pelos remanescentes indígenas. Pergunta-se, há alguma coisa por trás disso?
Existem grandes latifúndios com 200.000 a 600.000 hectares, os quais foram entregues a magnatas milionários e a companhias multinacionais com empréstimo do Banco Mundial, da USAID e da ALCOA, em terras ocupadas pelas tribos indígenas que compreendem aldeias, reservas, parques nacionais etc. Um dos graves e contundentes documentos que denuncia o assassino do índio brasileiro é a carta de José Estasio Rivera, autor da imortal vorágine, dirigida a Mr. Henry Ford I, fundador da  Fordlândia na Amazônia que diz:por infelicidade Mr. Henry Ford vai colonizar as selvas quando elas estão quase desertas. Mais de trinta mil índios foram exterminados no vale do Putumaio trabalhando nos seringais, sob o jugo do látego, do garrote, e da castração.

           ARTE GEOMÉTRICA NA GALERIA PORTAL

O movimento da pintura concretista e da op art em São Paulo, que na opinião de críticos, como Mário Schemberg, aumentou sua atividade nos últimos anos, acaba expor obras de Amanda Sobel, norte-americana radicada há três anos no Brasil, que mostrará seus trabalhos pela primeira vez, a partir do próximo dia 8,  na Galeria Portal (Rua Augusta, 1961).
A sua contribuição para o desenvolvimento do geometrismo, uma rígida escola da arte abstrata, é a utilização das cores em degradés, com grande perícia técnica e notável sensibilidade, que, na visão do pintor e arquiteto Antônio Augusto Marx, conhecedor do trabalho da artista, criam uma harmonia dinâmica, quase musical, que leva o observador a uma emoção maior.
FORMAÇÃO ARTÍSTICA
Dois dos mais conhecidos ilustradores dos Estados Unidos, Jon Nielsen e Alton Tobi, professores da Parkinson School of Design, de New York, foram os primeiros professores de Amanda Sobel, ensinando-lhe a rígida disciplina do desenho.
A sua formação universitária voltou-se inteiramente para o campo das artes, no Franklin Pierce College, onde ela pode tomar conhecimento com todas formas de manifestações artísticas, suas escolas e suas tendências. Foi a base técnica que para os críticos, faz com que, mesmo tempo, de grande maturidade.
A DESCOBERTA DO GEOMETRISMO
A Neue Gestalt de Mondrian, em termos universais, e o geometrismo de Frank Stella, nos Estados Unidos, são apontados por ela como as primeiras influências em sua pintura.
Mas, antes de mais nada, uma profunda relação pessoal de Amanda com a natureza, levaram-na ao construtivismo geométrico.
Suas pesquisas de campo, em Geologia, deram-lhe o fascínio das linhas de superposição das diversas camadas do solo, a sua continuidade e exatidão, criando espaços de grande densidade para o observador. Foram um complemento para a sensação ótica que a paisagem de edifícios de New York, lhe deram na adolescência.
Amanda acredita que sua pintura teria a mesma rigidez do geometrismo norte-americano, se não tivesse passado muito anos em contato com a exuberância e tropicalismo da natureza da flórida, onde sua família, posteriormente, fixou residência. O mar, principalmente, trouxe-lhe a visão da função das cores, como fator atenuante da severidade do geometrismo. O degradé oceânico, da linha da praia á linha do horizonte, está presente em sua obra.

                DESENHOS DE PORTINARI SÃO EXPOSTOS

Os vinte desenhos que Cândido Portinari dedicou ao escritor Antônio Callado e que foram reproduzidos, em parte, em seu livro Retrato de Portiinari, estarão expostos entre 22 de janeiro de 1980, na Galeria Bolsa de Valores, no Rio, em uma mostra de estudos para grandes painéis e obras de evocação á infância Portinari.
Entre os desenhos que o pintor tirou da infância de seusmedos e saudades, segundo explicou Antônio Callado, porque foi assim que Portinari me dedicou esta Diabo, desenho a nanquim medindo 32cmx25cm, mostrando a imagem que o pintor tinha do demônio ainda quando criança. Em Vaqueiro na Praça de Brodósqui, desenho a nanquim, Portinari lembra-se mais uma vez, de sua cidade da infância e desenha, ao fundo, sua casa.
Menino Jesus da Capela de Batatais foi feito, ainda segundo o escritor, em traços leves e estéreos, como convinha a imagem, o desenho mede 25,3x21,6 e é mais um estudo que será exposto, juntamente com Jesus crucificado cercado por anjos, estudo para mosaico, medindo 25,3x21,6.
Meninos soltando pipa, guache, é uma referência ás manhãs de Brodósqui, frias apenas do sereno que madrugava na Casca das frutas, contou Portinari.
Na sua fase de estudos para grandes painéis, será exposto Descobrimento do Brasil, desenho a lápis  medindo 100cmx80cm, a maior das telas de Portinari na exposição e a mais cara.
Ela foi avaliada em 600 mil cruzeiros.
Em A descoberta de Ouro Preto, Antônio Callado deduziu ser a fundação da referida cidade, em Minas Gerais. Portinari já havia morrido e não explicou ao amigo o desenho que mostra um garimpeiro em atividade. Carregadores de Café e Colheita de Bananas pertencem á década de 40 e Figura de homem é uma litografia.
Estudo para painel em azulejos, foi o único dos estudos da coleção de Callado a ser realizado, tendo como local uma residência em São Paulo.
Entre as recordações da infância de Portinari, que será mostrada através de seus desenhos, na exposição, Antônio Callado lembra que talvez o maior dos temores do pintor, nos anos de imaginação fértil que só a infância é dona, tenha sido o demônio. O artista não pode se furtar à pressão dos deuses familiares nem Portinari escapou completamente, como demonstra em seu Diabo.

MORRE INCENTIVADORA DAS ARTES PEGGY GUGGENHEIM

A grande filântropa Peggy Guggenheim em Veneza
Foto Google
 A filantropia e colecionadora de arte norte-americana Peggy Guggenheim, que descobriu talentos como o do pintor Jack Pollack, morreu dia 23 passado na sua casa em Veneza, com 81 anos de idade.
Guggenheim morreu entre suas fabulosas obras de arte na sua casa, o palácio Vernier Del Leoni, do século dezoito.
Guggenheim herdou 450 mil dólares 19.138.500 cruzeiros do seu pai, que morreu no naufrágio do Titânica, e mudou-se em seguida para Paris e depois para Londres, onde iniciou sua fabulosa coleção de arte antes da Segunda guerra Mundial.
Diz-se que durante a guerra ela comprava um quadro por dia de seus amigos franceses para deixá-los contente. Ainda durante a guerra, descobriu Jackson Pollack e Marc Ernst, com quem se casou, depois de se divorciar do pintor Lawrence Vail.
EM 1966, Guggenheim viajou para Nova Iorque para expor parte de sua coleção no Museu Guggenheim
. As obras valiam cerca de 10 milhões de dólares e representavam somente parte da coleção.
Guggenheim permitia que o público visitante a sua coleção de arte duas vezes por semana. Ela tinha uma filha, Peggem, que morreu em 1967.

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