JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE ABRIL DE 1981
CARTUNS DE SERRA NA DEFESA DOS INDÍGENAS
O índio é uma vítima constante desde que o homem branco pisou em solo
brasileiro. Quando os companheiros de Cabral gritaram terra à vista e aqui
desembarcaram foi selada com uma triste sina a vida dos silvícolas. Muitos
foram assassinados cruelmente e outros sofreram muito na tentativa de
escravizá-los. Reagiram, pois nunca podiam viver em cativeiro. Mas as
tribos foram encurraladas para o interior até que vieram os bandeirantes e
pecuaristas e a mortandade continuou.
Serra trabalhando tendo ao lado três cartuns de sua autoria. |
É
por tudo isto dito acima que fico feliz quando vejo pessoas defendendo os
índios. Algumas por idealismo e outras até por profissionalismo, como acontece
com alguns burocratas universitários. Mas isto é outra conversa. O que
interessa é que um jovem de 27 anos, o Paulo Roberto Serra, cartunista,
animador e publicitário realiza trabalhos voltados para a defesa do Índio. Ele
residiu cinco anos em São
Paulo onde estudou Comunicação e trabalhou profissionalmente
como, cartunista. Começou suas atividades com a criação de Mero um personagem
que defendia a ecologia. Em dezembro passado lançou em Salvador seu primeiro
livro Mero na luta Ecológica: Já publicou cartuns em A TARDE e outros jornais
baianos, além do Diário do Paraná, Correio de Notícias e Estado do Paraná,
todos no Paraná; e, nas revistas Exame, Status, Humor, Citrus e outras. Como
animador trabalhou na Start Desenhos Animados e foi responsável pelos filmes da
Sharp, Baratinha Rodox etc.
Em
Salvador está trabalhando com desenho animado. Apresentado o Serra, devo dizer
que ele prepara uma boa exposição que estará aberta ao público de 27 e 30 de
abril a partir das 20 horas na Escola de Administração de Empresas da Bahia.
Lá
o Serra mostrará com seus cartuns a exploração de nosso índio. Uma exploração
que rompe os anos e corrompe as mentes. Uma exploração que ao que tudo indica
só acabará quando o último índio deixar esta terra.Não
é pessimismo, é uma constatação diante de uma enxurrada histórica de exploração
e extermínio.
ESPANHÓIS LUTAM PELO RETORNO DE GUERNICA
Madri -
O governo espanhol decidiu adotar uma linha mais dura com o Museu de Arte
Moderna de New York, depois de cinco anos de protelações na devolução na famosa
obra Guernica, de Pablo Picasso e enviou uma delegação aos Estados Unidos para
reclamar o quadro de volta.
Os
herdeiros de Picasso entraram na briga e também tem posições contrárias a
respeito de Guernica, no qual o artista retratou o bombardeiro sofrido pela
cidade basca por aviões nazistas que apoiavam os franquistas na Guerra Civil
Espanhola.
Pablo Picasso enquanto pintava Guernica |
Picasso,
que pintou Guernica exilado na França, determinou que o quadro só seria levado
a Espanha quando fosse restaurada a democracia no país.
Quando
Franco ganhou a Guerra Civil, o artista emprestou a obra de arte que talvez
seja a mais conhecida do século XX ao Museu de Arte Moderna, onde se encontra
desde então, exceto por algumas exibições especiais..
Desde
que Franco morreu, em 1975,
a Espanha tem tentado trazer Guernica ao país.
Recentemente , foi preparada uma ala especial do Museu do Prado para receber o
quadro e os 57 óleos e desenhos que
acompanham a obra principal.
Em
várias ocasiões, o governo espanhol e o Museu de Arte Moderna indicaram que a
devolução estava próxima, mas sempre aconteciam problemas de última hora. O
museu nova-iorquino diz que Guernica está devolvida assim que a Espanha
apresentar um acordo com a viúva de Picasso, Jaqueline e os outros herdeiros.
Jaqueline
é a favor da entrega do quadro, mas outros membros da família alegam que a
democracia ainda não está garantida na Espanha. A última novidade no caso é um
documento que o governo espanhol sustenta que prova que o regime republicano
derrotado pelos franquistas comprou o quadro de grandes proporções durante a
Guerra Civil. Este documento é uma carta dizendo que a embaixada espanhola em
Paris pagou uma soma simbólica pelo quadro, a qual a delegação espanhola
pretende usar para conseguir a devolução de Guernica.
SOM
E LUZ - Adiaram a estréia do Espetáculo Som e Luz que terá lugar no Solar do
Unhão, a qual estava prevista para o próximo dia 1º de maio. A alegação é que
foi suspensa devido a problemas técnicos causados pelas fortes chuvas que
desabaram em Salvador, nestes últimos dias. E prossegue a nota oficial da
Bahiatursa; a instalação do sistema de som e iluminação, principalmente nas
áreas externas, vem sendo prejudicial pelo mau tempo. Algumas luminárias já
instaladas foram arrancadas pelo mar que invadiu a área mais baixa do Solar do
Unhão. No momento, os trabalhos estão suspensos até que o tempo melhore e haja
condições para a reinstalação de todo o equipamento.
A
Bahiatursa através da Emtur, empresa subsidiária, responsável pelo projeto vem
concentrando esforços para que o Espetáculo Som e Luz seja apresentado ainda no
mês de maio. Como podemos constatar o Solar do Unhão não deveria ser exposto a
tal perigo. Bastou chover um pouco para que as instalações do espetáculo, tidas
e havidas como excepcionais serem danificadas, isto poderia acarretar até num
incêndio de prejuízos irreparáveis para o patrimônio histórico baiano, caso o
espetáculo estivesse sendo apresentado. Seria hora de levantar âncoras e
instalar os tais fios e luminárias em outro local. Estou torcendo para que tudo
corra bem e que a Emtur não prejudique a nossa Salvador. Os milhões de
cruzeiros que estão sendo gastos no projeto poderiam ser melhor aproveitados em
muitos outros projetos de maior prioridade.
ADESÕES-
Na semana passada o título principal desta coluna saiu com um erro grosseiro.
Não foi, evidente, por culpa deste colunista e sim por culpa de outras pessoas
que manipulam durante a fase de produção industrial as matérias jornalísticas.
Peço desculpas portanto aos leitores desta coluna. Escrevi adesões e saiu
adesãos..
TRINTA
PAÍSES - Mais dezessete países confirmaram, até o início do mês de abril, sua
adesão à XVI Bienal International de São Paulo, elevando-se a trinta o número
de participantes da mostra artística que se realizará entre outubro e dezembro
próximos.
Segundo
a diretoria da Bienal, esse volume de participação pode ser considerado
excelente, principalmente por ainda falar mais de um mês para encerrarem as
inscrições dos países interessados.
Os
Estados Unidos foram o primeiro país a confirmar sua presença na XVI Bienal,
somando-se a ele, posteriormente, outros doze
da Europa Ocidental, o Canadá, a Síria, três países do bloco socialista
( Polônia, Checoslováquia e Iugolávia), cinco do Extremo Oriente (Japão,
Bangladesh, Paquistão, Filipinas e Indonésia) e sete latino-americanos.
Esse
resultado é fruto dos trabalhos desenvolvidos pela diretoria da Bienal junto a
embaixadas, fundações e órgãos culturais de todo o mundo. Revela, também amplo
apoio dos países à nova forma de apresentação as obras de arte por assemelhação
de linguagens proposta para esta exposição comemorativa dos 30 anos da Bienal
Internacional de São Paulo.
RESTAURAÇÃO-
Os técnicos Fabrizio Mancinellim diretor de Arte Bizantina, Medieval e Moderna
do Museu do Vaticano e Giuliano Colalucci ( Foto ao lado) vão restaurar parte da pintura da
Capela Sistina, cujos afrescos são de autoria de Michellangelo. Eles vão
trabalhar durante um ano para remover mais de quatrocentos anos de sujeira que
os afrescos vêm sofrendo.
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