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terça-feira, 5 de março de 2013

CARTUNS DE SERRA NA DEFESA DOS INDÍGENAS -27 DE ABRIL DE 1981


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE ABRIL DE 1981

CARTUNS DE SERRA NA DEFESA DOS INDÍGENAS
O índio é uma vítima constante desde que o homem branco pisou em solo brasileiro. Quando os companheiros de Cabral gritaram terra à vista e aqui desembarcaram foi selada com uma triste sina a vida dos silvícolas. Muitos foram assassinados cruelmente e outros sofreram muito na tentativa de escravizá-los. Reagiram, pois nunca podiam viver em cativeiro. Mas as tribos foram encurraladas para o interior até que vieram os bandeirantes e pecuaristas e a mortandade continuou.
Serra trabalhando tendo ao lado três cartuns de sua autoria.
Agora, em pleno século vinte os índios brasileiros são explorados e confinados em reservas sem limites e proteções. A Funai tem demonstrado sua incompetência através dos anos, porque vive presa a orçamentos irreais e não dispõe de uma mão-de-obra á altura. Mas, ainda restam alguns homens brancos que clamam por melhores dias para os índios e denunciam os exploradores; os religiosos que querem impor suas religiões e valores destruindo o sentido de unidade e os traços culturais dos índios, existem também os grileiros, os fazendeiros usurários, os políticos incompetentes e funcionários corruptos. Todos juntos prejudicam e ajudam a exterminação do índio brasileiro. Sou de uma terra onde ainda existem índios. Sou de Ribeira do Pombal e lá no distrito de Mirandela estão os Kiriris. Coitados, são vítimas eternas de religiosos, de fazendeiros e políticos da região. Suas terras nunca foram demarcadas e estão ocupadas por fazendeiros que dispõem de poder. Assim eles vão sendo exterminados com o consumo de álcool, com a prostituição e falta de trabalho. Os mais jovens emigrando para as metrópoles e os mais velhos terminam esmolando nas feirinhas. Um triste retrato, difícil descrevê-lo em Letra de forma Só vendo e sentindo.
É por tudo isto dito acima que fico feliz quando vejo pessoas defendendo os índios. Algumas por idealismo e outras até por profissionalismo, como acontece com alguns burocratas universitários. Mas isto é outra conversa. O que interessa é que um jovem de 27 anos, o Paulo Roberto Serra, cartunista, animador e publicitário realiza trabalhos voltados para a defesa do Índio. Ele residiu cinco anos em São Paulo onde estudou Comunicação e trabalhou profissionalmente como, cartunista. Começou suas atividades com a criação de Mero um personagem que defendia a ecologia. Em dezembro passado lançou em Salvador seu primeiro livro Mero na luta Ecológica: Já publicou cartuns em A TARDE e outros jornais baianos, além do Diário do Paraná, Correio de Notícias e Estado do Paraná, todos no Paraná; e, nas revistas Exame, Status, Humor, Citrus e outras. Como animador trabalhou na Start Desenhos Animados e foi responsável pelos filmes da Sharp, Baratinha Rodox etc.
Em Salvador está trabalhando com desenho animado. Apresentado o Serra, devo dizer que ele prepara uma boa exposição que estará aberta ao público de 27 e 30 de abril a partir das 20 horas na Escola de Administração de Empresas da Bahia.
Lá o Serra mostrará com seus cartuns a exploração de nosso índio. Uma exploração que rompe os anos e corrompe as mentes. Uma exploração que ao que tudo indica só acabará quando o último índio deixar esta terra.Não é pessimismo, é uma constatação diante de uma enxurrada histórica de exploração e extermínio.

ESPANHÓIS LUTAM PELO RETORNO DE GUERNICA

Madri - O governo espanhol decidiu adotar uma linha mais dura com o Museu de Arte Moderna de New York, depois de cinco anos de protelações na devolução na famosa obra Guernica, de Pablo Picasso e enviou uma delegação aos Estados Unidos para reclamar o quadro de volta.
Os herdeiros de Picasso entraram na briga e também tem posições contrárias a respeito de Guernica, no qual o artista retratou o bombardeiro sofrido pela cidade basca por aviões nazistas que apoiavam os franquistas na Guerra Civil Espanhola.
Pablo Picasso enquanto pintava Guernica
O enviado especial Rafael Fernandez Quintanilha e o perito em Direito International, Joaquim Tena, do Ministério da Cultura, viajaram hoje a New York, marcando uma mudança de tom do governo espanhol depois de cinco anos de negociações amistosas com o museu norte-americano.
Picasso, que pintou Guernica exilado na França, determinou que o quadro só seria levado a Espanha quando fosse restaurada a democracia no país.
Quando Franco ganhou a Guerra Civil, o artista emprestou a obra de arte que talvez seja a mais conhecida do século XX ao Museu de Arte Moderna, onde se encontra desde então, exceto por algumas exibições especiais..
Desde que Franco morreu, em 1975, a Espanha tem tentado trazer Guernica ao país. Recentemente , foi preparada uma ala especial do Museu do Prado para receber o quadro  e os 57 óleos e desenhos que acompanham a obra principal.
Em várias ocasiões, o governo espanhol e o Museu de Arte Moderna indicaram que a devolução estava próxima, mas sempre aconteciam problemas de última hora. O museu nova-iorquino diz que Guernica está devolvida assim que a Espanha apresentar um acordo com a viúva de Picasso, Jaqueline e os outros herdeiros.
Jaqueline é a favor da entrega do quadro, mas outros membros da família alegam que a democracia ainda não está garantida na Espanha. A última novidade no caso é um documento que o governo espanhol sustenta que prova que o regime republicano derrotado pelos franquistas comprou o quadro de grandes proporções durante a Guerra Civil. Este documento é uma carta dizendo que a embaixada espanhola em Paris pagou uma soma simbólica pelo quadro, a qual a delegação espanhola pretende usar para conseguir a devolução de Guernica.

SOM E LUZ - Adiaram a estréia do Espetáculo Som e Luz que terá lugar no Solar do Unhão, a qual estava prevista para o próximo dia 1º de maio. A alegação é que foi suspensa devido a problemas técnicos causados pelas fortes chuvas que desabaram em Salvador, nestes últimos dias. E prossegue a nota oficial da Bahiatursa; a instalação do sistema de som e iluminação, principalmente nas áreas externas, vem sendo prejudicial pelo mau tempo. Algumas luminárias já instaladas foram arrancadas pelo mar que invadiu a área mais baixa do Solar do Unhão. No momento, os trabalhos estão suspensos até que o tempo melhore e haja condições para a reinstalação de todo o equipamento.
A Bahiatursa através da Emtur, empresa subsidiária, responsável pelo projeto vem concentrando esforços para que o Espetáculo Som e Luz seja apresentado ainda no mês de maio. Como podemos constatar o Solar do Unhão não deveria ser exposto a tal perigo. Bastou chover um pouco para que as instalações do espetáculo, tidas e havidas como excepcionais serem danificadas, isto poderia acarretar até num incêndio de prejuízos irreparáveis para o patrimônio histórico baiano, caso o espetáculo estivesse sendo apresentado. Seria hora de levantar âncoras e instalar os tais fios e luminárias em outro local. Estou torcendo para que tudo corra bem e que a Emtur não prejudique a nossa Salvador. Os milhões de cruzeiros que estão sendo gastos no projeto poderiam ser melhor aproveitados em muitos outros projetos de maior prioridade.

ADESÕES- Na semana passada o título principal desta coluna saiu com um erro grosseiro. Não foi, evidente, por culpa deste colunista e sim por culpa de outras pessoas que manipulam durante a fase de produção industrial as matérias jornalísticas. Peço desculpas portanto aos leitores desta coluna. Escrevi adesões e saiu adesãos..

TRINTA PAÍSES - Mais dezessete países confirmaram, até o início do mês de abril, sua adesão à XVI Bienal International de São Paulo, elevando-se a trinta o número de participantes da mostra artística que se realizará entre outubro e dezembro próximos.
Segundo a diretoria da Bienal, esse volume de participação pode ser considerado excelente, principalmente por ainda falar mais de um mês para encerrarem as inscrições dos países interessados.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a confirmar sua presença na XVI Bienal, somando-se a ele, posteriormente, outros doze  da Europa Ocidental, o Canadá, a Síria, três países do bloco socialista ( Polônia, Checoslováquia e Iugolávia), cinco do Extremo Oriente (Japão, Bangladesh, Paquistão, Filipinas e Indonésia) e sete latino-americanos.
Esse resultado é fruto dos trabalhos desenvolvidos pela diretoria da Bienal junto a embaixadas, fundações e órgãos culturais de todo o mundo. Revela, também amplo apoio dos países à nova forma de apresentação as obras de arte por assemelhação de linguagens proposta para esta exposição comemorativa dos 30 anos da Bienal Internacional de São Paulo.

RESTAURAÇÃO- Os técnicos Fabrizio Mancinellim diretor de Arte Bizantina, Medieval e Moderna do Museu do Vaticano e Giuliano Colalucci ( Foto ao lado) vão restaurar parte da pintura da Capela Sistina, cujos afrescos são de autoria de Michellangelo. Eles vão trabalhar durante um ano para remover mais de quatrocentos anos de sujeira que os afrescos vêm sofrendo.



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