JORNAL A TARDE ,SALVADOR, 03 DE
NOVEMBRO DE 1979
DEPOIS DO FOGO, PAINEL VIRA
ASSUNTO POLÍTICO
O painel de Carlos Bastos que foi consumido pelo fogo e agora consome os deputados |
O
artista, inclusive, não se mostra interessado em repetir uma façanha que lhe
ocupou durante dois anos, não apenas porque irá lhe privar de outros afazeres,
mas porque não dispõe de tanta saúde para trabalhar em andaimes na altura que o
local exige. O que acha é que, não sendo aceito o orçamento proposto, o artista
a ser contratado deve procurar fazer um trabalho que possa assinar e não fazer
uma reprodução em que servirá apenas de pedreiro.
ALUSÃO
Carlos Bastos cobra atualmente CR$80 mil por
retrato que faz. O painel da Assembléia Legislativa, o maior da América do Sul,
contém 134 retratos de pessoas ligadas ao cenário baiano, sem contar as figuras
de fundo. Explica que mesmo cobrando CR$50 mil daria um total superior ao que
está sendo cobrado. Segundo ele, ao fim de dois anos e levando em conta que o
pagamento é parcelado, CR$6 milhões já significará muito pouco.
Confeccionado
em 1973, o painel foi destruído no terceiro incêndio ocorrido na AL, em 22 de
novembro do ano passado. O artista plástico faz alusão aos inúmeros incêndios
que vêm ocorrendo em Salvador e não duvido que se venha recorrendo a este
expediente para destruir alguma coisa. Inclusive o que aconteceu na AL visou
apenas o mural. Quando aparece alguém fazendo oposição á sua reconstrução, como
agora, é estranho pois parece que está se condenando.
INTENCIONAL
Nas
obras de restauração da AL, apenas a parte elétrica custou CR$10 milhões, sem
contar com a recolocação da parte decorativa como o blinde, tapetes, cadeiras e
mármores, entre outras coisas. A importância da obra se deve ainda, segundo o
autor, ao fato de ter o público condições de conhecer os trabalhos de baianos.
E lembra que em todos os prédios do CAB existem obras de artistas baianos.
Considerando
que a arte sempre está relegada a segundo plano, ele lamenta que qualquer
comerciante possa jogar com altas cifras, direito que o artista se vê sem
condições de exigir. Caso a AL resolva aprovar o orçamento que propôs, o
artista fez constar do documento o pedido de liberdade de criação quando dentro
do mesmo tema fossem retirados, ou acrescentados outros personagens. E garante
que tudo faria para incluir Jaciara junto aos demais.
Como
não há definição para o personagem que nasceu das pichações dos muros da
cidade, ele afirma que provavelmente faria um desenho sem rosto, segurando um
spray.
Os
deputados baianos parecem desconhecer os mínimos princípios de respeito a uma
obra de arte. O painel do Carlos Bastos, de gosto discutível, devido á inclusão
de pessoas sem muito significado no cenário baiano, era uma atração. Para
outros. Bonito e grandioso. Agora é hora de se tomar uma posição mais coerente.
O que desapareceu não ressuscita, a não ser que os deputados acreditem em
espíritos que voltam errantes para cobrar o que os vivos deixaram de realizar.
O que é preciso faze ruma nova concorrência pública se é que houve para o
painel que desapareceu para dar oportunidade a outros artistas jovens.
ELINALDO
TEM O HOMEM COMO TEMA
Hoje,
a razão do meu trabalho é a preocupação para com o homem na sua maneira de ser,
de se envolver e por se situar num campo pela sua individualidade. Esta é a
maneira que Elinaldo define seu trabalho, um estudo voltado para o metafísico que pode ser em Salvador e no final do ano quando
estará participando de suas exposições individuais: no Museu de Arte Moderna da
Bahia e na Associação Atlética do Banco do Estado, está ainda em projeto.Nascido
em Salvador, em 1960, Elinaldo começou a se preocupar pelas artes a partir de
1973 quando fazia estudos com ferro e cedro.
Logo
em seguida, sua curiosidade volta-se para a pintura a óleo sobre tela, onde vem
se desenvolvendo, dentro de uma visão metafísica. A proposta do seu trabalho,
segundo explica é ser um profissional de arte e procurar um ideal através
daquilo que faço.
CORES
NATURAIS
Autodidata,
Elinaldo que começou a pintar, profissionalmente, há três anos.Situa
sua pintura num plano de consciência, resolvida por uma pesquisa dura e fria
que revela a situação da atmosfera que encontramos, mediante permanência na
solidão como criaturas esquecidas, divagando numa expressão de luta, de
procura, de exigência, o querer para um firmamento.
Seu
trabalho, uma forma para exigir a essência da coisa, é refletido através de
temas com cores de tonalidades claras que são usadas de acordo com o
comportamento da vida. São cores quase naturais, simplesmente para ditar uma
sombra, assim revelando um sistema uma forma de recompor alguma coisa em seu
exato lugar, explica Elinaldo. Segundo ele, a linha é um ponto de equilíbrio,
de sensibilidade, de mistério, de circulação, voluntário, sob o ponto de
despertar o sonho, para consciência.
Sua
arte, voltada para a busca e se envolvendo no interior de uma visão séria mas
procurando por outro lado, na percepção um grande encontro de uma conseqüência,
um sistema, o qual indica uma fuga para nos seguir do encontro a nós mesmos,
numa motivação rígida, exigível para o desconhecido.
AMIGOS
DO LOUVRE DE PARIS FAZEM VISITA A MUSEUS
DE SALVADOR
A
condessa Patrícia de Surmont, diretora artística do Museu do Louvre, chegará a
Salvador, no próximo dia 6 de novembro, liderando uma comitiva da Societé des Amis
Du Louvre (Sociedade dos Amigos dos Louvre), fundada em 1897 e responsável pela
compra de obras importantes para aquele museu, entre elas a Pietá.
A
sociedade dos Amigos do Louvre é uma organização cultural, existente em Paris,
na França, mas seus membros fazem viagem pelo mundo para conhecer museus e arte
antigos. Em Salvador, a comitiva cumprirá uma vasta programação, constando de
visitas aos museus do Recôncavo, Arte Sacra, Costa Pinto e aos locais
históricos da cidade.
Os
amigos do Louvre tem reserva no Hotel Meridien e a comitiva está composta de
Pierre Belleteste, Lucien Doquet Chassainy, Hubert Giboulet, Bernard Joyeus,
Antoine Merles Jean Petier, Pierre Uhry, Sra. Gurgel Valente e, no comando do
grupo, a condessa Patrícia de Surmont.
O LOUVRE
O LOUVRE
Louvre
é o maior museu de arte da França e um dos mais ricos do mundo.Atualmente,
divide-se em seis departamentos: o das Antiguidades Orientais, criado em 1881 e
suas obras abrangem três milênios; de Antiguidades Egípcias, criado em 1826; de Antiguidades Gregas e Romanas, que se originou do Museu dos Antigos inaugurado
em 9.11.1800; Departamento dos Quadros, do Séc. XIII, a Época Contemporânea: Departamento das Eesculturas, Idade Média, Renascimento e Tempos Modernos, e o Departamentos de objetos de arte, que conserva as jóias da coroa (Galeria de
Apollon), assim como conjuntos de móveis e de obras de arte dos Sécs.XIII e
XVIII.
A Escola do Louvre difunde ensino geral de história da Arte e contribui para
formar o pessoal técnico dos museus. O Louvre compreende, também, uma
biblioteca de arte e arqueologia, um laboratório consagrado ao estudo
científico das obras, ateliers de restauração e de montagem.
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