NOVENTA ANOS DE FLORIANO TEIXEIRA
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Ilustração do catálogo da mostra |
Este maranhense de Cajapió que adotou a Bahia como sua segunda terra deixou
uma lacuna com seu traço definitivo e delicado. Tenho diante de mim, no meu
escritório, duas obras de Floriano Teixeira. Numa delas vemos uma bela mulata
com suas vestes amarelas deixando aparecer sutilmente seus predicados naturais, observada por um lindo pássaro chamado de galo de campina ou cardeal e, ao fundo
um casal, aos carinhos. A outra, é uma aquarela onde uma criancinha acaricia sua
cabra. Estas duas obras mostram um pouco da criatividade e da singeleza deste artista que soube conquistar os baianos e todos os brasileiros que apreciam a arte.

Uma pequena retrospectiva de suas obras será realizada na Galeria Paulo
Darzé ,de 15 de março a 13 de abril. Floriano nasceu em 8 de março de 1923 em Cajapió.Segundo disse em
certa ocasião " é uma região coberta por grandes pântanos, florestas,
campos pastoris, rica em babaçu e folclore".Realizou seus estudos no Grupo
Escolar Sotero dos Reis, em São Luís, depois no Liceu Maranhense, quando em
1935 teve suas primeiras aulas de desenho com o professor Rubens Damasceno. Faz
algumas aquarelas, caricaturas e histórias em quadrinhos. Nos anos 40 foi
introduzido por J. Figueiredo no ambiente artístico de São Luís quando estuda e
documenta tipos populares e cenas do cotidiano da velha capital maranhense.
Conhece a obra de El Grego e ficava impressionado com o alongamento das
figuras do mestre.Em finais de 1941 recebe o I Prêmio no Salão de Dezembro,provocando
sua decisão de ser um pintor profissional.
No ano de 1948 foi encarregado de fazer o levantamento e catalogação das
gravuras, desenhos , e pinturas da coleção de Arthur Azevedo, quando tem
contato direto com obras de Daumier, Gavarni, Millet e outros . Dois anos depois
já está no Ceará e funda com Antônio Bandeira o Grupo Independência, em 1952.
Foi no Ceará que conheceu d. Alice com quem teve sete filhos. Lá ainda foi o
primeiro Diretor do Museu de Arte Moderna. Participando de uma exposição de
artistas nordestinos que chega a Bahia e
em 1965 decide viver aqui até a sua morte.
Fez 12 capas da Coleção de Obras Completas de Graciliano Ramos, os desenhos
dos romances Dona Flor e Seus Dois Maridos, A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água , Milagre dos Pássaros e o Menino Grapiúna, todos de Jorge Amado, seu
grande amigo. Também, ilustrou a obra Maria Duzá, de Lindolfo Rocha.
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Gostava de dizer que não se situava em escolas. Pintava por vontade de
pintar. Desejo que tinha em quase todos os momentos. Mas, os que o conheceram mais de perto sabem que Floriano Teixeira tinha uma família numerosa e que tirava o seu
sustento diário do que produzia, a ponto de ter dificuldade em juntar obras para
fazer exposições. Pintar, era uma necessidade visceral e também, uma necessidade
para prover as despesas que cresciam dia a dia. O próprio filho Sandro Teixeira
numa entrevista concedida recentemente a um jornal local disse que "desde
menino a gente respira tinta lá em casa. Ele nunca trabalhou para enriquecer,
pintava mesmo para vender. Chegou a perder muitas exposições por isso, porque
não fazia acervo”. Ele pintava na garagem de sua casa , que transformou em atelier, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
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