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O pintor Nelson Magalhães no seu ateliê trabalhando, em março 2025. |
O
artista Nelson Magalhães Filho é pintor, cineasta e poeta. Está presente nas redes
sociais principalmente no Instagram onde publica as obras que revelam a sua
atual produção artística. Mas, afirmou que anda recluso ultimamente e preferiu
que enviasse as perguntas para elaboração deste texto através do e-mail. Confesso que esta é a primeira
entrevista que faço usando esta ferramenta porque sempre prefiro o tête-à-tête com o artista, porque a conversa é franca e as perguntas vão surgindo
enriquecendo o texto que vou escrever a seguir. Mas, não consegui uma
entrevista presencial ou mesmo através de vídeo com o Nelson Magalhães. O
curioso é que o Nelson além de ser formado desde 1983 pela Escola de Belas
Artes, da UFBA, é bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia -UFRB, desde 2019. Já fez cinco vídeos que estão
à disposição no You Tube, portanto é um artista que vive envolvido com as
imagens. Outra curiosidade é que seu e-mail traz
as palavras anjos baldios conjugadas . Segundo o dicionário, baldio é um
substantivo masculino que
significa terreno abandonado. E a
origem da palavra baldio deriva do árabe "bátil", que significa
"inútil, vão". E nos primeiros escritos que me encaminhou leio
este poema que traduzem um pouco, e são reveladores do que nos espera. Anjobaldio –  |
Obra da série Diário da Peste, 2022. |
“Teu cheiro amarfanho durante toda a cidade / e nos dentes postos sobre a mesa /
como um escapulário tua lascívia eu pressinto. / Nem a lua nem teus olhos
certamente me salvarão deste teu cheiro espesso. / Eu cresci nestas estranhas
paragens sem estrelas entre bichos e flores / como se não fosse coberto pela
escuridão. /Apenas arfava um golpe entre o vazio de mim / e a captura de insetos
do inferno em teus cabelos. / Em inquietude, me preparo para a dor.”
Como diz a sua colega Lígia Aguiar, o Nelson
Magalhães “tem o figurativo como base do seu trabalho, porém o desconstrói com
largas pinceladas e fortes cores o que evidencia as formas abstratas e também
matéricas, o que resulta num trabalho único, autoral o que lhe identifica”.
Examinando as obras que ele publica nas redes sociais a grande maioria tem
rostos que revelam também algo de atormentado nas imagens que restam dessas
pinceladas e riscos que ele dá freneticamente para conseguir a desconstrução das
figuras. Dizem que as obras de arte refletem sempre os momentos que os artistas
estão vivendo. Não sei até que ponto isto pode ser verdadeiro, e se as obras
recentes refletem este momento criativo de Nelson Magalhães. O que posso
afirmar é que as imagens são fortes e nos levam a refletir sobre muitas coisas,
enquanto as observamos. São bem construídas e que não passam imperceptíveis no
rolo compressor de milhares de informações que as redes sociais nos mostram a
cada instante. Lembrei do período que o pintor gaúcho Iberê Camargo permaneceu
preso por tentar defender uma mulher que estava sendo agredida e terminou
cometendo um crime, sendo condenado e preso. As obras que fez neste período têm a
dramaticidade e alguma semelhança com algumas criadas por Nelson Magalhães. |
Obra da série Bestunto Vazio, 2024, técnica mista sobre papel. |
QUEM É
O artista Nelson Magalhães Filho nasceu em trinta
de julho de 1958 na cidade Cruz das Almas, interior da Bahia. Filho de Nelson
Magalhães foi funcionário do IPEAL e depois da Embrapa e sua mãe Teresinha Santana Magalhães,
costureira. Herdou o dom artístico de seu avô paterno e de seu pai que eram
cronistas e também poetas. Lembra que estudou na Escola Landulfo Alves e também
na Escola Comendador Themístocles e que sua professora Margarida Elói adotou um
livro de histórias e fábulas fantásticas que lhe impressionaram muito na
adolescência. Quando estudava no Colégio Cruz das Almas ganhou uma coletânea
dos livros de Edgard Allan Poe, “como o aluno mais assíduo da biblioteca”. Em
seguida foi estudar no Colégio Alberto Torres, antigo CEAT. Juntamente com seu amigo e colega Welligton Sá fundaram um jornal chamado de Reflexos de Universos, que era rodado num velho mimeógrafo a óleo, que existe como revista até hoje. Quando veio para
Salvador cursou a Escola Técnica Federal da Bahia, no bairro do Barbalho.
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Nelson na Escola de Belas Artes, no ano de 2010. |
Para ele a arte sempre foi “uma necessidade essencial e que teve uma
infância povoada de fantasmas, acredito que a vida se mistura à ficção, e a
imaginação surge a partir do desejo, do anseio de relembrar”. Também que a
região de Cruz das Almas onde reside é carregada, segundo ele, de uma
ancestralidade fantástica. Passava sempre suas férias na roça de seus avós
maternos, e também em São Félix e Cachoeira, com os avós paternos. Em Cruz das
Almas havia um cinema perto da casa onde morava e passou a adolescência vendo
filmes todos os sábados à noite, e às vezes também aos domingos e
quartas-feiras. “Ficava arrebatado com aquela feitiçaria extraordinária. Era o
Cine Ópera, que resistiu até o final da década de 80. Depois veio o Cine Glória
que também foi muito importante para despertar minha sensibilidade pela arte e
da construção de minha cinefilia. Ali assisti todos os gêneros de filmes como
os westerns spaghettis dirigido pelo italiano Sérgio Leone, com Clint Eastwood; Gandhi em 1982, com Richard Attenborough; O Exorcista em 1973, com William
Friedkin; diversos dráculas com o ator Christopher Lee, e também a trilogia Mad
Mix, em 1979, dirigida por George Miller.” Nesta época o Nelson Magalhães lia
os livros de Edgard Allan Poe e sentia um fascínio especial por filmes de
terror. Seu pai escrevia crônicas para um jornal local e em sua casa
havia uma estante com muitos livros “que também me deixavam fascinado, daí pode
ter sido minhas referências para gostar de escrever e desenhar", disse o artista. Lembrou também que começou a pintar com um velho mestre chamado de Seo Zeca Salomão, que lhe
apresentou à Van Gogh e o incentivou muito a fazer a Escola de Belas Artes.
Neste tempo o Nelson Magalhães lia muito História em Quadrinhos e reuniu as
pinturas que fez e foi expor na sede da Lyra Guarani, que é a filarmônica
local da cidade onde mora até hoje. Nesta época recebeu um violão de presente do pai e também passou a se
interessar pela música. PAIXÃO
PELO CINEMA
Ao
concluir o curso de Eletrotécnica na Escola Técnica Federal entrou para a
Escola de Belas Artes no início da década de 80. Classifica sua presença na EBA
“como maravilhosa, tive colegas muitos talentosos. Meus professores eram os
melhores Juarez Paraíso, Ailton Lima, que me ensinou as técnicas de pastel seco
e oleoso, a Mercedes Kruschewisky, Márcia Magno, Ana Maria Vilar, professora de
Teoria e Técnica de Pintura, com ela aprendi a trabalhar com aquarela, guache,
nanquim e colagem. Lembrou ainda dos professores Carlos Eduardo da Rocha, Sônia
Rangel, Yêdamaria, dentre outros. Mas, quem o influenciou foi a professora
Graça Ramos, e disse que “devo a ela quase tudo que aprendi em pintura e com as
aulas de Integração Artística. No meu curso de Artes Plásticas tinha uma turma
que era formada por alunos de Belas Artes e das Escolasde Teatro , Música e Dança, e estudávamos
Desenho e Plástica, Música, Dança e Teatro”. |
Capas dos livros de poemas de sua autoria. |
O
Nelson Magalhães gostava muito desta integração e foi justamente por causa dessas aulas que passou a se interessar por cinema e teatro. Ele concluiu o seu
curso de graduação em 1983. Foi quando já iniciou umas incursões pela videoarte
e passou a realizar curtas bem pessoais de cunho experimental, tentando
hibridizar as linguagens e os gêneros cinematográficos. Para ele “fazer cinema
veio então de uma necessidade interior muito forte, que foi viabilizado pela
implantação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB . Falou ainda que o
advento das novas tecnologias, as câmeras
digitais e a realização da edição em softwares de fácil acesso, apresentaram
mais mecanismos de manipulação e facilidade de se arquitetar e reproduzir um
discurso cinematográfico. Concluiu sua graduação em Cinema e Audiovisual em 2019 pela UFRB. Para ele "um curso maravilhoso, um dos melhores do Brasil. Dentre tantos, os professores
Marcelo Matos e Angelita Bogado foram importantíssimos no meu exercício sobre a
linguagem cinematográfica.” Disse ainda que durante sua estadia no curso de
Cinema (no CAHL) sempre preferiu escrever roteiros mais poéticos, como aconteceu
em
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Série Diário da Peste, 40. Técnica nanquim sobre papel. |
vários curtas produzidos ao longo do curso de Cinema. Em Cadet Blues de
04'23, datado de 2012, ele filmou um homem torturado que vagueia por passagens áridas sob um sol
dilacerante, enquanto um blues incisivo vai destroçando sua própria aparição. O
curta recebeu Menção Honrosa no XV Festival Nacional 5 Minutos – 2012 -
Salvador-BA. Também teve Menção Honrosa no I Cine Virada Cultural, no I Festival
Interno de Cinema e Audiovisual da UFRB – 2012 – Cachoeira-BA. Em 2018
finalizou Malvir de 24’22. Malvir mostra um senhor das cobiças esmagadoras que está
sempre sentado nas margens de um rio de barro negro. Mas, suas primeiras
paixões cinematográficas ocorreram justamente quando ainda estudava em
Salvador-BA. "Nas aulas de Estética, do Professor Saja, na Faculdade de Ciências
Humanas da UFBA, fui apresentado ao cinema de arte, ao cinema de autor. Ali
conheci a poesia de Rimbaud, a Literatura de Borges, Cortázar, Guimarães Rosa,
Clarice Lispector e Juan Rulfo; a Filosofia de Friedrich Nietzsche, os
escritores da geração beat, o Cinema de David Lynch, Wim Wenders, Píer Paolo
Pasolini, Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Godard, Luís Buñuel e Lima
Júnior, dentre outros. Também era frequentador assíduo da Sala Walter da
Silveira, pois na época morava na casa de minha tia Olga Magalhães, no bairro dos Barris, em Salvador, e o cinema do ICBA no Corredor da Vitória. Ali assisti inúmeros clássicos do
cinema alemão e do cinema russo; filmes do Andrei Tarkovski, Serguei
Eisenstein, dentre outros.”
PRÊMIOS E PARTICIPAÇÕES
Na Escola de Belas Artes da UFBA foi Professor
Substituto de Pintura I e II de 2004-2006 e 2008 a 2010.
Aproveitou para cursar como aluno ouvinte a disciplina Produção e Análise da
Imagem, na EBA, sob a orientação do professor Taygoara Aguiar e juntos realizaram
o curta metragem Samael , que teve também a participação da artista plástica e
fotógrafa Karla Rúbia. Com pinturas e vídeos foi premiado várias vezes nas
Bienais do Recôncavo no Centro Cultural Dannemann e nos Salões Regionais de
Artes Visuais - FUNCEB. Em 1999 ganhou o Prêmio Copene, atual Braskem, de
Cultura e Arte. Participou de diversas mostras individuais e
coletivas em vários estados do Brasil, na Espanha - Segóvia, Barcelona, Málaga,
Valladolid e Nova York (EUA). Ganhou o Edital Portas Abertas para as Artes
Visuais 2009 (Funceb).
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Obra em acrílica sobre tela da série Anjos Sobre o Recôncavo, ano 2008. |
Afirmou Nelson Magalhães que “a arte sempre esteve
em minha vida desde a adolescência. Num catálogo da minha Exposição Anjos
Baldios em 2010, na Galeria do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, a
professora de História da Arte da EBA/UFBA, Alejandra Hernández Muñoz,
curadora, arquiteta, mestre em Desenho Urbano e doutora em Urbanismo pelo
PPGAU/UFBA, escreveu sobre minhas pinturas: A atopia dos anjos baldios: um
olhar sobre as pinturas de Nelson Magalhães Filho. Neste texto ela reflete que
no momento contemporâneo nossa percepção é bombardeada pelo imediatismo das
imagens eletrônicas, e nossas emoções são manipuladas pelos efeitos especiais e
nossa capacidade crítica é anestesiada pelo acúmulo de informações.
Entretanto, uma leitura transversal do conjunto
dessas pinturas permite a apreensão de algo maior, que transcende o âmbito de
cada tela. Não se trata de um “fio condutor” ou de uma narrativa, porém, da
constituição de uma realidade atópica. A palavra atopia designa algo
extraordinário, estranho ou, até absurdo, sem a negação dos topos (lugar em
grego) como a palavra utopia, forjada por Thomas Morus no início do século XVI,
que significa “lugar inexistente” ou aquilo que “não se encontra em lugar
nenhum”. Das pinturas de Nelson emerge um lugar. O conjunto das telas
revelam essa atopia, falam de algo que, embora desafie nossa lógica, existe.
Invertendo a ideia de representação, numa operação do avesso do olhar, na
melhor tradição expressionista, o artista desencava desse lugar atópico uma
fauna misteriosa de figuras que emergem do acúmulo de pinceladas e que não
descrevem nenhuma realidade aparente. São anjos baldios, quase ubíquos,
definidos pelas camadas de tinta e intangíveis além do suporte da tela
(MUNÕZ).”
O INTERIOR
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Ateliê do Nelson Magalhães em sua casa , Cruz das Almas-Ba. |
Decidiu morar no interior onde disse ter sempre
residência fixa em Cruz das Almas, interior da Bahia, e que as viagens são curtas em relação a Salvador, "mas definitivamente resolvi ficar aqui logo depois que terminei meu contrato de
Professor Substituto de Pintura na EBA, em 2010. Nessa época cheguei até a
cursar algumas disciplinas, como aluno especial, do Mestrado em Artes visuais
da UFBA, porém não quis mais continuar pra valer. De vez em quando ia pra
Salvador me reciclar e frequentei algumas oficinas como -Processos
Contemporâneos - no MAM, Solar do Unhão, com o Professor Caetano Dias, que
também foi fundamental nos seus ensinamentos sobre o que acontece na arte
contemporânea."
Nos anos 90 fez parte de uma banda pós-punk
instrumental, a Cabaret Neopatético, com Graça de Sena, que também é a atriz, e
Beto Rebelde, influenciada pelo Velvet Underground, Tom Waits, Nick Cave, dentre
outros. "Tocava uma guitarra meio performática e recitávamos nossos poemas
durante as apresentações. Fiz também muito teatro e escrevi alguns textos que
foram encenados no Teatro do Porão, da Casa da Cultura Galeno d’Avelírio, Cruz
das Almas, BA. Escrevi quatro livros de poemas, dentre eles Cachorro Rabugento Morto em Noite Chuvosa (2010)."
GALERIAS DESINTERESSADAS
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Frame do filme Cadet Blues,de 2012, de Nelson Magalhães. |
O artista Nelson Magalhães relatou que no tempo
que morou em Salvador frequentava e deixou catálogo e currículo em algumas
galerias, mas nenhuma se interessou por seu trabalho. “Como sou mais um artista
outsider, minha arte vive à margem das galerias e do circuito de arte já faz
tempo. De forma que não estou inserido no mercado e nem faço ideia como isso
funciona. Claro que gostaria de ter uma galeria que me representasse. "A gente
nunca está satisfeito, não é? Agradeço muito ao Aldo Tripodi, Reynivaldo Brito,
Graça Ramos, Justino Marinho, Eduardo Evangelista, Matilde Mattos, Fernando
Oberlaender, dentre outros, que sempre divulgaram meu trabalho nos jornais e
revistas. Também sou muito grato a Galeria ACBEU que me acolheu em várias
exposições individuais e coletivas, principalmente nas coordenações de Dilson
Midlej e Stella Carrozzo. Hoje tenho casa própria, de vez em quando dou aulas
particulares de pintura, vendo algum trabalho e vamos vivendo. Sou casado com
uma pedagoga, a professora da rede pública, tenho 3 filhos, 2 netos e uma
neta.”
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Obra Anjos Sobre o Recôncavo 2, 2008. |
Confessa que seu processo criativo é muito caótico,
já que não tem uma disciplina rígida, embora está diariamente no seu ateliê que disse ser um
pequeno quarto que fica aqui mesmo no fundo de minha casa, para pra ler, escrever, desenhar, pintar ou estudar guitarra. Não acredito em inspiração."
Geralmente trabalha em séries, seja em papeis diversos, papelão ou telas, que
ele mesmo prepara. Pinta várias delas ao mesmo tempo. Usa muita técnica mista,
fica sempre experimentando com aquarela, lápis, carvão, nanquim, guache,
acrílica, pastéis secos e oleosos. Praticamente já não usa tinta a óleo.
O artista que mais lhe influenciou foi Van Gogh.
Depois veio o fauvismo, o expressionismo alemão principalmente Ernst Ludwig
Kirchner, Picasso, Modigliani, Soutine, Rouault, Egon Schiele. Mais tarde
ficou fascinado pelo Grupo COBRA., Iberê Camargo, Art Brut (Jean
Dubuffet), neoexpressionismo de Georg Baselitz, Willem de Kooning, o
expressionismo abstrato e Basquiat. Atualmente quem mais lhe influencia é
Francis Bacon.
Citou Nelson Magalhães que "tem uma coisa que o
Miró falava que adoro até hoje: “Quanto mais envelheço, mais me torno louco ou
agressivo, ou mau, como queiram...” Na verdade eu nunca saberia dar uma
explicação convincente para o meu trabalho. Francis Bacon dizia que “as coisas
parecem cruéis na arte porque a realidade é cruel. Talvez seja por isso que
tanta gente gosta de abstração na arte. Porque você não pode ser cruel no
abstrato... Eu procuro dar sensações sem a chatice da transmissão... a única
coisa que faço é tirar as imagens do meu sistema nervoso tão bem quanto possa.
Não sei o que metade delas quer dizer. Não estou dizendo nada nem sei se alguém
consegue dizer alguma coisa à outra pessoa. Não tenho ideia do que os outros
artistas possam querer dizer...”
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Obra da Série Diário da Peste. |
“Embora tenha algumas séries mais narrativas,
acredito que muita coisa vem do inconsciente mesmo. Sou meio anárquico e com a
idade vou ficando mais arredio. Assim, figuras se misturam com formas
abstratas, às vezes orgânicas, matéricas, sem um pensamento prévio. Muita coisa
vem do acaso mesmo. O mundo hoje é um caos, e o cotidiano é assombroso e
turbulento, mesmo em cidades pequenas do interior. Então nesses tempos sombrios
prefiro ficar mais recluso mesmo.”
Também revelou que não “tenho temas preferidos, mas
a figura humana está bem enraizada em mim. Às vezes pinto só paisagens- ainda
que bastante abstraídas- outras vezes faço figuras inspiradas na arte infantil
- fiz muitas pinturas inspiradas nos desenhos de meus filhos-, na arte dos
“loucos”, na arte bruta, e nisso que os críticos chamam de “Bad Painting”.Continuando disse “sempre gostei de técnicas mistas, a
experimentação é essencial para um artista. Já misturei arenoso (barro) com
cola e outros pigmentos naturais, café com aquarela, lápis de cor, bico de
pena, acrílica com betume da Judeia, areias diversas com resina acrílica e
verniz, etc.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS – Em 1974 - Cruz das Almas, BA - na Filarmônica
Lira Guarany; 1987 – Salvador, BA – Individual,
Desenhos e Pinturas, na Panorama Galeria de Arte; 1993
– Salvador, BA, na Galeria ACBEU; 1996 – Salvador, BA,
na Galeria ACBEU; 1999 – Maragojipe, BA –na Casa da
Cultura de Maragojipe; Salvador, BA –Prêmio Copene de Cultura e Arte (atual
BRASKEM), Área de Exposições ACBEU Magalhães Netto; 2010 –
Salvador, BA – Anjos Baldios, na Galeria do Conselho Estadual de Cultura; 2000 –
Salvador, BA –Tauromáquina, Feira Cultural em homenagem à Espanha, no Shopping
Piedade; Maragojipe, BA, na Casa da Cultura de Maragojipe.
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Obra da série Bestunto Vadio , técnica mista sobre papel, 2024. |
SALÕES , BIENAIS E COLETIVAS – Em 1984 – Cachoeira, BA – Coletiva Verão / 84, no
Museu Regional da SPHAN / Pró-Memória; 1986 – Salvador-BA –
Coletiva – Mostra Baiana de Artes Plásticas, no Teatro Castro Alves; Cruz das
Almas-BA – Coletiva, na Biblioteca Municipal de Cruz das Almas ; 1987 –
Conceição do Almeida-BA – Expoart Recôncavo, na Biblioteca Pública Geraldo Coni
Caldas; Conceição do Almeida-BA – Coletiva, na Arteviva Maristela Menezes, na
Galeria de Arte; Salvador-BA – Exposição de Artes da Bahia, no Gabinete
Português de Leitura, por ocasião da visita do Presidente de Portugal, Dr.
Mário Soares; Cruz das Almas-BA – I Mostra de Artes Plásticas, na Fundação
Cultural Galeno d’ Avelírio; 1988 – Cruz das Almas-BA –
II Mostra de Artes Plásticas, na Fundação Cultural Galeno d’ Avelírio; 1990 –
Cruz das Almas-BA – III Mostra de Artes Plásticas, na Fundação Cultural Galeno
d Avelírio; Cruz das Almas- BA – Coletiva, na Fundação Cultural Galeno d’
Avelírio; São Félix-BA – Artistas do Recôncavo, na Casa da Cultura Américo
Simas, por ocasião do Centenário de São Félix; 1991- São
Félix-BA – I Bienal do Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann;
Salvador-BA – Exposição de Artistas Premiados e Convidados da I Bienal do
Recôncavo, na Fundação Gregório de Mattos; 1992 – Cruz
das Almas-BA – V Mostra de Artes Plásticas. Fundação Cultural Galeno d’ Avelírio;
São Félix-BA – Exposição Coletiva, no Centro Cultural Dannemann, por ocasião do
show Verdesurbanos, com Tetê Espíndola e Itamar Assumpção; 1993 –
São Félix-BA – II Bienal do Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann; 1994 –
São Félix, BA – Coletiva. Modernidade, no Centro Cultural Dannemann; Cruz das
Almas- BA – Coletiva, no Shopping Avenida; São Félix-BA – Coletiva, no Centro
Cultural Dannemann; 1995 – São Félix-BA – III Bienal do
Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann; Feira de Santana-BA – XI
Salão regional de Artes Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura Amélio
Amorim; 1996 - Cruz das Almas-BA – Coletiva, na
Fundação Cultural Galeno d’Avelírio; 1997 –
Valença-BA – XX Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, no Centro |
Nelson no ateliê, em 2025. |
de
Cultura Olívia Barradas; Porto Seguro-BA – XIX Salão Regional de Artes
Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura de Porto Seguro; Feira de Santana-BA –
XVIII Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura Amélio
Amorim ; Juazeiro-BA – XV Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, no
Centro de Cultura João Gilberto ; Exposição Coletiva de Artes Plásticas do
Festival de Artes do Recôncavo, promovido pela Escola de Belas Artes – UFBA (em
comemoração aos seus 120 anos) e pela Fundação Museu Hansen Bahia
; Alagoinhas-BA – XXI Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, no
Centro de Cultura de Alagoinhas ; Salvador-BA – Coletiva, no
Clube Baiano de Tênis; Vitória da Conquista-BA – XVI Salão Regional de Artes
Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima; Itabuna-BA –
XVII Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura Adonias
Filho ; 1998 – São Félix-BA – IV Bienal do Recôncavo,
no Centro Cultural Dannemann; Salvador-BA – Pintores e Escultores da Cachoeira,
na Galeria Solar do Ferrão ; Cachoeira-BA – Artistas Regionais, na
Fundação Hansen Bahia ; Itaparica-BA – XXII Salão Regional de Artes
Plásticas da Bahia, na Biblioteca Juracy Magalhães Jr; Salvador-BA –
Artistas Premiados dos Salões Regionais de Artes da Bahia; Coletiva, no
Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM – BA); São Félix-BA – IV Bienal do
Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann; Aracaju, SE – XIII Salão de Artes
Plásticas de Aracaju, na Galeria de Arte Florival Santos, no Centro de Cultura
e Arte; Salvador-BA – Coletiva, na Galeria ACBEU; Brasília-DF – Coletiva –
Mostra de Artes Plásticas Bahia – Nordeste – Brasil, no Espaço Cultural da
Câmara dos Deputados – DF; Salvador-BA – Coletiva, na Galeria Solar do
Ferrão ; Feira de Santana-BA – Recôncavo Contemporâneo, no Museu de Arte
Contemporânea; Cachoeira-BA – Artistas Regionais, na Fundação Hansen Bahia; São
Félix-BA – Recôncavo Contemporâneo, no Centro Cultural Dannemann; 1999-
Salvador-BA – Coletiva, na Galeria ACBEU; Salvador-BA – Coletiva, no
Solar do Ferrão; Itabuna-BA – XXIV Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia,
no Centro de Cultura Adonias Filho; Salvador-BA – Exposição de
Leilão Cooperarte, no Tropical Hotel da Bahia; 2000 –
Salvador-BA – Jovens Artistas Baianos Mostra Acervo ACBEU, na Galeria ACBEU;
Salvador-BA – Projeto Mural e Praça das Apas de Artistas Plásticos
Baianos, no Centro de Recursos Ambientais (CRA); Salvador-BA – Exposições
Comemorativas dos 25 anos da Galeria ACBEU, na Galeria ACBEU; 2001 –
Salvador-BA - + 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte
Sacra; 2002 – São Félix- BA – VI Bienal do Recôncavo,
no Centro Cultural Dannemann; 2006 – Conceição do
Almeida-BA – Coletiva, no Colégio Sérgio Carneiro; São Félix-BA – VIII Bienal
do Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann; 2008 – São
Félix-BA – XIX Bienal do Recôncavo, no Centro Cultural
Dannemann; Salvador, BA. Long Trip for Beautiful Global Village Long
Journey for the Beautiful Earth, na Escola de Belas Artes (UFBA). (Participação
de artistas brasileiros, coreanos, americanos, russos e noruegueses); Cruz das
Almas-BA – Coletiva, na Casa da Cultura Galeno d´Avelírio; 2009 –
Salvador-BA – Doce de Santo, durante o XVIII Encontro Nacional da ANPAP, na
Sala Juarez Paraíso, da Escola de Belas Artes da UFBA; Salvador-BA – Doce de
Santo, na Galeria ACBEU; Cruz das Almas-BA – Instalações, na Casa da Cultura
Galeno d´Avelírio.
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Foto 1 - Obra Sonho I, premiada em 1991 na I Bienal do Recôncavo,técnica mista sobre madeira. Foto 2 - Obra A Morte Diante da Lua, premiada no Salão Regional de Artes Plásticas, em Itabuna.
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Premiações:Em 1991- São Félix- BA – Prêmio
Aquisição, na I Bienal do Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann; 1993 – São Félix-BA – Menção Especial, na II Bienal do
Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann;
1995 – São Félix-BA – Prêmio Emilie Najar Leusen:
Artista Destaque da Região do Recôncavo, na III Bienal do Recôncavo, no Centro
Cultural Dannemann; Feira de Santana-BA – Prêmio Destaque Especial do Júri, no
XI Salão Regional de Artes Plásticas. Centro de Cultura Amélio Amorim. Fundação
Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB);
1997 – Vitória da Conquista-BA – Prêmio Destaque
Especial do Júri, no XVI Salão Regional de Artes Plásticas, Centro de Cultura
Camillo de Jesus Lima. (FUNCEB); Itabuna-Ba – Prêmio Agnaldo Siri Azevedo 2º lugar no
Centro de Cultura Adonias Filho, no XVII Salão Regional de Artes Plásticas, (FUNCEB);
1999 – Salvador-BA – Prêmio COPENE de Cultura e Arte (atual
BRASKEM), no ACBEU; Itabuna-BA – Menção Honrosa. XXIV Salão Regional de Artes
Plásticas, no Centro de Cultura Adonias Filho); 2004 – São Félix-BA
– Prêmio Emilie Najar Leusen: Artista Destaque da Região do Recôncavo, na VII
Bienal do Recôncavo. Centro Cultural Dannemann ; Itabuna-BA – Menção Honrosa, no Salão
Regional de Artes Plásticas da Bahia, no Centro de Cultura Adonias Filho; 2010
– Salvador, BA – Projeto da Exposição Individual Anjos Baldios, contemplado no
Edital Portas Abertas para as Artes Visuais, promovido pela Fundação
Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB.
Principais
Filmes Curta-Metragem: Em
2008 - Cachorro Raabugento - Morto em Noites de Frio. Direção de
Nelson Magalhães Filho e Priscila Pimentel, 5’21”; Inominável, Poema, Imagens,
Direção e Edição de Nelson Magalhães Filho, 5’ e Taturanas, Direção de Nelson
Magalhães Filho, 7’; 2010 - Dolls Angels. Direção de Nelson Magalhães Filho,
5’6”; 2012 - Cadet Blues. Direção de Nelson Magalhães
Filho. Cruz das Almas, BA, 4’23”.
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