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sábado, 1 de março de 2025

OLIVEIRA DOS SANTOS BUSCA SUA IDENTIDADE PICTÓRICA

Para chegar neste resultado o artista aplica
e retira camadas de tintas até encontrar
 o resultado plástico que busca .
O fenômeno urbano é tema
da obra do jovem artista Oliveira dos Santos que acaba de concluir o Curso de bacharelado, na Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. É pintor, ilustrador e desenhista. Já fez algumas capas para cds e livros e adianta que tem uma relação forte com a música e a poesia. 
Como bom observador capta principalmente nos centros comerciais de Salvador os elementos e as forças operativas para suas pinturas. Usando várias camadas superpostas de tintas o artista vai criando imagens que vão surgindo a cada camada que superpõe ou retira através de uma lixadeira elétrica, solventes, diluentes e outros elementos químicos que utiliza até que chegue ao ponto que lhe satisfaça. Assim como surgem as imagens também desaparecem. Este processo que é relativamente demorado, pois uma tela para ser concluída pode até demorar mais de um mês, Oliveira dos Santos também inclui dizeres e frases que encontra nas ruas. Para isto faz um estêncil de acetato e as letras, números ou frases são introduzidos numa das camadas da tela. Com este seu processo criativo permanecem apenas partes das frases ou a frase inteira a depender da retirada de camadas que realizar.

O artista usa tintas automotivas e acrílicas, e com as retiradas através lixamentos e outros métodos a pintura fica uniforme e não apresenta texturas irregulares. Cheguei a passar a mão em algumas telas que estão em preparação para sentir o que estava observando e pude constatar que ficam mais lisas até que uma tela nova. Talvez por ter feito vestibular de arquitetura e estudado dois anos, ele tem esta preocupação com o urbano. Também por ter feito estágio durante um ano trabalhando na decapagem das paredes quando da restauração do belo prédio Palacete Tira-Chapéu, no centro de Salvador, os vestígios passaram a lhe interessar.

Lembro sempre de uma frase que não devemos voltar aos lugares onde fomos felizes. Isto me acende a ideia de que a Cidade é um elemento vivo, que vai se transformando com tempo e são os vestígios deixados pelo tempo, suas marcas, fissuras, manchas, riscos que interessam a Oliveira dos Santos. Neste seu processo busca levar para a tela imagens sobreviventes, como o tempo faz naturalmente desgastando as paredes, as calçadas e todos os equipamentos urbanos. É que as cidades também envelhecem, se renovam e envelhecem novamente, basta a gente observar os centros urbanos das grandes

O artista faz reflexão sobre a vida
e as transformações da Cidade.
cidades e o trabalho de renovação que os proprietários de imóveis e mesmo os gestores procuram restaurar prédios antigos e históricos criando condições de uso e até de habitabilidade.

Diz o Oliveira dos Santos que “desta maneira encontro uma forma viva, que se constrói na medida que é desfeita, como o próprio tempo operando em nossas vidas, que, ao lançar direciona para o futuro, na expectativa do que ainda será”. E continua; “Minha intenção não é alcançar uma pintura que expresse uma moral preconcebida ou uma diretriz ideológica, mas uma obra que retrate com fidelidade o nosso encontro. Uma arte que abrace simultaneamente espontaneidade e raciocínio, geometria e gesto, palavra e silêncio, cidade e natureza. Uma regra mutante. Uma mudança ordenada”.

                                                         QUEM É

Foto 1. "A Casa de Deus, Nº16." Foto 2.
"Aula de Samba para o Sr.Newman",
2024. Foto 3."Entre Sobras do Dia que
Passou", 2022-2024
.
Seu nome de batismo é Rodrigo Oliveira dos Santos, nasceu em Salvador no dia vinte e sete de novembro de 1995. É filho do médico pediatra neonatologista Claudio Silva Oliveira e Ivete Maria Santos, e tem um casal de irmãos. Estudou o primário na escola Novo Tempo, que ficava próxima a Rua do Canal, no Caminho das Árvores. O ginásio e o colegial cursaram no Colégio Sartre, no Alto do Itaigara, onde ficou dos onze aos dezessete anos. Ao terminar o colegial fez o vestibular para Arquitetura, sendo aprovado e cursou cerca de dois anos. Mas, descobriu que não era aquilo que queria e se transferiu e para o curso Artes Visuais na Escola de Belas Artes, também da Universidade Federal da Bahia, tendo concluído este ano. Disse que ao decidir largar a arquitetura para estudar arte sua mãe Ivete Maria ficou um pouco preocupada com seu futuro e as dificuldades que irá enfrentar para sobreviver fazendo arte. Ele disse que hoje tem consciência que é preciso encontrar uma saída para resolver este problema e assim trabalhar em sua arte com mais tranquilidade. Acabou de concluir o bacharelado, mas quer continuar estudando e vai fazer o Mestrado na EBA e assim poderá ensinar.

"O Que Significam as Cores Branco  
e Azul", obra de 2022-2023.
"O artista Oliveira dos Santos disse que desde que chegou à Escola de Belas Artes sua preocupação primeira foi encontrar uma forma de trabalhar as texturas das telas para fazer as suas pinturas. Desde que começou já estava levando a pintura como algo que lhe tomaria o tempo inteiro e sempre buscando  respostas para  dificuldades e questionamentos junto aos professores e até mesmo em conversas com os colegas. O que lhe encantava mais, era o tratamento das texturas e passou a procurar formas de criar suas próprias texturas. Foi assim que nesta procura passou a colocar e retirar camadas, até que parece diz “ter encontrado uma forma pessoal de fazer as minhas texturas. No tempo em trabalhei na restauração do palacete Tira- Chapéu, o que mais fiz no trabalho de decapagem foi retirar as camadas que foram colocadas nas paredes durante anos. Muitas técnicas e materiais que aprendi e usava lá eu trouxe para meu trabalho.” Lembrou que quando suspenderam o seu estágio no final do ano e recebeu a indenização coincidiu que foi convidado para expor em São Paulo e que o dinheiro da rescisão serviu para realizar mais esta etapa de sua vida de artista. Passou um mês em São Paulo e expôs duas telas na exposição coletiva da Art Lab Gallery. Quando retornou voltou a trabalhar em seu pequeno atelier na Avenida Paulo VI, no bairro da Pituba, em Salvador e continua neste processo de trabalhar as texturas e que não tem data para terminar. Agora está buscando mostrar as pessoas, inclusive a galeristas e possíveis clientes a sua produção artística.

"Ressonância", esta obra mostra
muita movimentação .

Começou trabalhando com o preto e branco até se dar por satisfeito com as
formas e as texturas que conseguiu. Agora está iniciando o processo de colocar um pouco mais de cor nas suas obras. Afirmou que alguns acham que as obras em PB impactam um pouco mais e que as que apresentam mais de duas cores têm uma luminosidade maior e são mais amenas. Para Oliveira dos Santos essas opiniões são importantes porque as obras estão de alguma forma mexendo com a sensibilidade das pessoas que as observam. Já pintou figurativo, mas que a passagem para o abstrato surgiu naturalmente e hoje está desenvolvendo uma série de pinturas abstratas.

EXPOSIÇÕES E PARTICIPAÇÕES

Em 2019 - Exposição coletiva - Atelier Leonel Mattos - Salvador -Bahia.

Em 2018 a 2020 - Iniciação Científica - UFBA - História e Filosofia da Arte. -
Em 2020 - Exposição Individual - Espaço Cultural URBAN - Salvador-BA.
Em 2021 - Residência artística - Zona Fluxus - setembro a dezembro
Em 2021 - Exposição coletiva - Mostra dos processos da Residência -Salvador.
Em dezembro de 2021 a janeiro de 2022 - Estágio em restauração de pinturas - Elysium Sociedade Cultural Palacete Tira-Chapéu-Salvador-BA.
Em 2023 - Exposição coletiva - Art Lab Gallery - São Paulo, Capital.


Um comentário:

  1. Cada semana um artista e sua técnica. Vc faz um trabalho muito bom amigo Reynivaldo em divulgar os tales nas Artes Visuais

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