JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO,
25 DE SETEMBRO DE 1977
Os Arlequins do artista Sérgio Velloso |
A
procura resultou no encontro dos palhaços e arlequins, figuras indefinidas que hoje
preenchem e dão um colorido especial às suas telas.
Uma
pintura singela, tranqüila e devagar como diriam os mais avançados.As
cores são tão tênues que tivemos dificuldade em fotografar os seus quadros. O
desenho surge apenas para dar ligeiras formas das figuras humanas porque os espaços
são preenchidos principalmente por tonalidades esbranquiçadas. É como afirma
Sérgio: " Estes novos trabalhos, acredito que estão numa etapa superior aos
anteriores em termos de qualidade. É uma evolução do meu trabalho e também da
minha personalidade artística. A gente muda e estou transmitindo aquilo que
sempre gostei de fazer. Sei que inicialmente o público reage porque está
acostumado a consumir quadros onde as cores fortes predominam e agradam fácil.
Uma prova disto é que vendi pouco na última exposição que realizei recentemente
na Galeria Panorama na Barra.Compreendo
perfeitamente esta reação do público, mas acredito que com o passar do tempo a
minha pintura venha a ser disputada.Continuo
trabalhando na mesma linha que norteou minha última mostra."
É
claro que o retraimento não deve significar o fim, uma volta ao passado e sim
um incentivo para uma busca mais profunda em termos de qualidade e de definição
de uma temática.
Como
falei acima a leveza dos traços e das cores utilizadas por Sérgio revelam a sua
personalidade quieta.
O
quadro intitulado Braços Abertos, um dos adquiridos realmente expressa tudo que
poderia falar sobre o seu trabalho. É que o artista está de braços abertos em
busca de uma definição e assim o público deve recebê-lo. Sérgio é um dos bons
artistas jovens de Salvador e tem uma importante aliada que é a obstinação em
acertar.
O
quadro Braços Abertos é simples e me chamou a atenção a disposição dos cinco
palhaços que compõem a composição. Eles foram concedidos com vestes folgadas e
adequadas com um traço fino que nos dão a impressão de liberdade de uma partida
para o infinito.
Os
palhaços contemplam o espaço, o horizonte como eu estou a contemplá-lo.
Alem
disto temos que destacar que Sérgio Velloso tem consciência de artista, atributo
tão essencial mas que infelizmente falta em muitos que existem por aí afora.
Sua
consciência profissional existe e tem ciência de suas limitações e qualidades.
Quanto
ao mercado de arte para o jovem artista ele considera Salvador um péssimo
mercado. É muito difícil para um estreante ou mesmo um artista jovem que
realizou algumas exposições viver exclusivamente de arte.
No
entanto, sou de opinião que o mercado existe porque estamos vivendo numa cidade
com mais de um milhão e cem mil habitantes.
O
que é preciso é um maior incentivo no campo das artes plásticas pelas
autoridades encarregadas de nossa política cultural. Quanto a questão de
crédito do público ao jovem eu sou de opinião que se o trabalho é bom, é bem
feito, tem conteúdo, ele agrada mesmo que seja feito por um artista
desconhecido. Mas a distância do bom trabalho para uma sobrevivência digna de
seu autor é muito grande, folgadas e adequadas com um traço fino que nos dão a
impressão de liberdade de uma partida para o infinito.
Os
palhaços contemplam o espaço, o horizonte como eu estou a contemplá-lo.
Além
disto temos que destacar que Sérgio Velloso tem consciência de artista,
atributo tão essencial mas que infelizmente falta em muitos que existe por aí
afora.
Sua
consciência profissional existe e têm ciência de suas limitações e qualidades.
Quanto
ao mercado de arte para o jovem artista ele considera Salvador um péssimo
mercado. ´[E muito difícil para um estreante ou mesmo um artista jovem que
realizou algumas exposições viver exclusivamente de arte.
No
entanto ou de opinião que o mercado existe porque estamos vivendo numa cidade
com mais de um milhão e cem mil habitantes.
O
que é preciso é um maior incentivo no campo das artes plásticas pelas
autoridades encarregadas de nossa política cultural. Quanto a questão de
crédito do público ao jovem eu sou de opinião que se o trabalho é bom, é bom
feito, tem conteúdo, ele agrada mesmo que seja feito por um artista
desconhecido. Mas a distância do bom trabalho para uma sobrevivência digna de
seu autor é muito grande.
ECOLOGIA
DA ROSA CABRAL
Rosa refletindo sobre a Ecologia |
Rosa vive preocupada com modificação da paisagem natural devido a especulação
imobiliário e a remoção indisciplinada da vegetação nativa. Suas imagens são
poéticas com força de denúncia porque ele mostra a crueldade com que esta
paisagem é descaracterizada e a presença de pequenas manchas de verde em locais
ás vezes considerados inacessíveis.
Rosa
denuncia a remoção das nossas dunas brancas e belas e o abate indiscriminado
dos coqueirais do litoral de Salvador
dando lugar a uma vegetação superficial. Como fundo ela utilizou em seu
audiovisual canções interpretadas por violeiros nordestinos. Este audiovisual
deverá ser apresentado também na Faculdade Arquitetura de Recife, seguido de
debate com os estudantes.
INDEPENDENTES
Cerca
de 50 trabalhos entre aquarelas e serigrafias estão sendo mostrados no Icba, de
autoria do Grupo Kwarz, da Alemanha. A mostra, segundo alguns artistas do grupo, visa
divulgar o trabalho e descobrir afinidades e analogias com artistas baianos.
Assim, eles esperam receber e captar subsídios para a feitura de novos
trabalhos que serão desenvolvidos na oficina de serigrafia do Icba.
Segundo
Pette Feeller, membro do grupo, "independente das técnicas de elaboração de
trabalhos em si esperamos conseguir um treinamento e um conteúdo através do
aproveitamento de artistas baianos. No final do curso pretendemos realizar uma
exposição e aí teremos condições de saber quais as afinidades existentes entre
nós, alemães, e os artistas baianos."
O Grupo Kwarz é formado por seis artistas e três deles estão em Salvador: Petter
Feeller, Janek Sylla e Warner Reister.
Feeller
estendeu as suas paisagens de molduras ornamentais com caráter construtivista.
Faz algum tempo que ele reside num prédio, nas proximidades da fronteira com a
República Federal e a vista através da janela do seu apartamento descortina a
paisagem fronteiriça a qual ele joga em seus trabalhos. Os céus apresentam-se
com formações de escadas e variações de espaço.
Já
Werner Reister trabalha as suas variações e colagens com disfarçada crítica e
ironia social, ao passo que Janek Sylla com suas imensas planícies sugere uma
distância inalcançável, o mais baixo possível, sobre o qual se eleva um vasto
céu em tonalidades sutis de cor e povoado por criações de uma outra esfera de
ideias.
INSTRUMENTO
DE RAIMUNDO PALLES
O
pincel e a espátula são os instrumentos de trabalho do artista Raimundo Palles
(R.Palles) que há cinco anos vem desenvolvendo uma técnica mista, que
certamente proporciona melhores efeitos. Agora o artista participará de três
exposições uma individual no Hotel do Farol, a segunda, no III Concurso
Nacional de Belas Artes, em Goiânia e, finalmente, no Museu de Arte e Ciência
na cidade de Itapetinga, interior da Bahia. Palles é aluno da Escola de Belas
Artes, tendo feito anteriormente um curso livre de Iniciação às Artes
Plásticas.
PAINEL
SALÃO -
Participando do II Salão da Independência, promovido pela Associação dos
Artistas Plásticos do Distrito Federal, a artista Gabriela Dantés, foi
agraciada com uma Medalha de Prata, por sua escultura em gesso, imitando bronze
intitulado Inanição e Menção Honrosa por sua tela Feira de São Joaquim. Um
detalhe curioso deste salão é que não foi convidado para integrar o júri nenhum
crítico de arte, porque na opinião do seu organizador, Sr. Roberto Amaro de
Lucena " é de conhecimento geral, o fracasso das bienais e similares, onde bujões
de gás, pias entupidas, carrinhos de tijolos, montes de lenha e outras
aberrações são premiadas. Tudo é arte, gritam os pseudo-entendidos. Existe
ainda os que procuram termos rebuscados para dar definição ao nada ". Os que
estão de acordo com o Sr. Lucena, certamente estão definindo e fazendo o NADA!
Na foto, o trabalho de Gabriela Dantés -Inanição- que recebeu a Medalha de
Prata.
PARA ESTUDANTES - As inscrições para o I Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas para desenho e gravura, estão abertas até o dia 14 de novembro próximo, na Delegacia do MEC. Os candidatos poderão inscrever-se nas duas categorias, sendo obrigatória apresentação de três trabalhos para cada categoria. Os prêmios são CR$15 mil para o 1º colocado; CR$10 mil para o 2º; CR$5 mil para os 3.o, 4.o, 5.o e 6.o lugares.
JÁ
VAI O CALÁ -Novamente Calasans Neto vai expor nos States, sendo que desta vez a
convite do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores. Além
desta, ele realizará mais duas exposições na Galeria Internacional de Nova
Iorque e outra em Nova
Orleans , onde se inspirou para confecção do álbum De Jazz. Sobre
o álbum Itapuã Céu, já comentei demorosamente.
BOA
COTAÇÃO- Os leiloeiros estão ficando cada vez mais sabidos. Agora um deles
realizou um levantamento do mercado de arte e chega a conclusão que maiores
lances já conseguidos por estes artistas foram: Portinari CR$950 mil; Di
Cavalcanti CR$390 mil; Visconti CR$280 mil; Pancetti CR$156 mil, Volpi CR$130
mil; Bonadei CR$64.500; Teruz CR$ 49 mil e Marysia CR$28 mil. No entanto ele
fez uma ressalva: o levantamento refere-se ao 1º semestre do corrente ano.
BAIANOS
EM SERGIPE - Eis
que Ivo Vellame segue para São Cristovão, levando trabalhos de Juarez Paraíso,
Therezinha Dumet, Edson Barbosa,Graça Ramos, Edson Luz, Roberval Marinho e
Renato Viana para integrar o V Festival de Arte de São Cristovão, um dos mais importantes
do país.
CÉSAR
ROMERO – Inaugurou ontem a exposição da Pousada do Carmo, intitulada Abordagem.
Psiquiatra de formação ele utiliza os símbolos para falar dos problemas do
homem.
OS
PÁSSAROS DE CRISTIANO – Uma exposição de nível está sendo apresentada aos
baianos pela Galeria Panorama. Trata-se dos trabalhos do artista Cristiano,
jornalista e ilustrador mineiro. De posse do catálogo, fiquei impressionado com
as cores e os movimentos do seus pássaros de asas abertas, em busca da
liberdade, dos espaços. Seus pássaros voam com segurança através de pinceladas
definidas na profusão de cores.
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