JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 22 DE
JULHO DE 1978
Foto da grande tragédia que foi o incêndio no MAM-Rio |
Como fruto da luta entre o
descaso, a destruição e a inoperância dos diretores de nossos museus, estamos
assistindo o desaparecimento de acervos não apenas consumidos pelo fogo, mas
também levados por misteriosos colecionadores e também pelas traças, pela
maresia ou pela umidade. É uma vergonha nacional. As diretorias de museus são
escolhidas por apadrinhamento e realmente você pode apontar poucos
profissionais de respeito, a exemplo do professor Bardi, de São Paulo. Vemos é
diretores arranjados de última hora, que não conhecem coisa alguma. Falam
grosso e são caluniáveis. Aqui na Bahia por exemplo, gostaria que alguém me
informasse se adquiriram neste últimos cinco anos algumas peças para os
acervos. Nada. Se houve alguma doação particular o que não acredito ninguém
tomou conhecimento. O que sei é que estão cuidando de pequenas exposições.
Basta dizer que tinha desaparecido misteriosamente os cadastros do acervo do
MAM , não acharam o livro de tombo onde deveriam estar anotados todos os detalhes
do seu acervo. Fizeram um novo levantamento, tenho notícias que existiam no
acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia duas telas de Pancetti e agora só tem
uma.
Você realmente não vê exposições
dos acervos dos nossos museus, cujos trabalhos estão sofrendo o ataque da
maresia e umidade. A sede do MAM é inadequada, a beira mar, num velho casarão,
que inicialmente foi idealizado para o Museu de Arte Popular. Este também já
terminou e ninguém fez listas para que fosse reaberto.
Enquanto isto não vem, vamos nas
feiras livres do interior que lá está a arte popular. Paciência. É o que nos
resta, enquanto os diretores de nossas fundações e museus estão nos banquetes.
Esta solidariedade ao MAM do Rio de Janeiro é plausível. Mas também é bom que
atentem para a necessidade, não de reconstrução, mas de construção de uma sede
digna para o nosso Museu de Arte Moderna e uma conscientização para que seu
acervo seja conservado e ampliado. As listas devem ser assinadas para doações
MAM do Rio, e, também, para o nosso que é bem mais pobre em quantidade e
qualidade de obras. Aliás, quase que não temos um museu. O que temos é um
pequeno acervo que precisa ser ampliado. Vamos aproveitar a festa carioca, com
as escolas de samba, para alertar sobre a importância de melhorar o nosso Museu
e de exigir de seus dirigentes que saiam do imobilismo e encetem uma campanha
pela construção de uma sede digna.
RESPEITO A AGRIPINIANO DE BARROS
Esta foto está no Google. Falta uma letra no nome do homenageado e não tem nenhum registro sobre sua biografia. É preciso que o diretor ( a) corrija isto imediatamente. |
Para homenagear a um dos seus
mais antigos mestres, a Escola de Belas Artes da UFBa., através da sua direção
promoveu a exposição de obras do pintor e desenhista Agripiniano de Barros, na Galeria Cañizares apresentando 56 trabalhos entre desenhos e pinturas.
Paralelamente está sendo comemorado o 80º aniversário de nascimento do seu filho, o escultor
Ismael de Barros, que durante muitos anos também lecionou nesta escola.
De origem humilde, o professor Agripiniano nasceu
em Floresta, estado de Pernambuco, em 31 de janeiro de 1891 e ainda jovem veio
morar na Bahia. Ao morrer em 6 de abril de 1933, deixou um acervo constituído
de aproximadamente 200 obras a lápis grafite e crayon, bico-de-pena, aquarela,
guache, pastel, desenho geométrico, entre outras técnicas, sem nunca ter feito
uma exposição e nem ter vendido quadros.
Segundo seu filho, Ismael, ele preferia dar de presentes
aos amigos. Ele costumava fazer trabalhos relativos a datas históricas e a
campanhas de combate ao fumo e ao álcool e além disso fazia charges a
bico-de-pena solicitadas pela imprensa, gratuitamente, afirmou.
AVERSÃO POLÍTICA
Obra de Agripiniano de Barros |
É um dos fundadores do Conservatório de Música, onde
foi professor de teoria musical, solfejo e harmonia, por muito tempo.
Também lecionou Desenho e Arquitetura no antigo
Liceu das Artes e Ofícios e além disso assumiu a direção de vários cursos no
antigo Arsenal da Guerra, extinto em 1896, passando a ser adido ao Hospital Militar.
Veio para a Bahia ainda jovem, mas antes, em
Floresta, já revelava sua tendência para as artes, nesse tempo, sem receber
nenhuma orientação técnica.
Em Salvador, logo quando chegou foi trabalhar na
área comercial e no ano de 1901 após ter desistido do Curso de Farmácia onde já
tinha feito dois anos, matriculou-se na Escola de Belas Artes e depois da
conclusão do Curso de Desenho, passou a ser professor da mesma, ministrando
Desenho à Mão Livre. Desenho Geométrico e Arquitetônico. Na velha escola foi
contemporâneo de Cañizares e Lopes Rodrigues.
Além disso, foi catedrático da Escola Complementar
Anexa ao Instituto Normal, atual ICEIA, ensinando a disciplina Ciências Físicas
e Naturais até o ano da sua morte.
Como músico participou de várias orquestras,
destacando-se a do próprio Conservatório, atual Seminário de Música da UFba.
Casou com Arlinda Maria de Oliveira, e tiveram cinco
filhos. Um deles morreu quando criança.
Outra, Georgina de Barros, faleceu aos 33 anos de
idade. Continuaram vivos Stefânia de Barros, formada em enfermagem pela Escola
Ana Nery do Rio de Janeiro e em Obstetrícia pela Faculdade de Medicina da Bahia;
Álvaro de Barros, caricaturista, desenhista, residente em São Paulo e Ismael de
Barros que seguiu a carreira do magistério e de escultor que já fez cerca de
mil esculturas entre bustos e baixo-relevo.
DEDICAÇÃO À ESCULTURA
Desde criança Ismael gostava de fazer esculturas.
Durante 36 anos foi professor da Escola Técnica e por 25 anos lecionou na
Escola de Belas Artes, onde se formou em 1930. Atualmente está aposentado.
"Fiz retratos de todos os governadores da Bahia a
partir de Juracy Magalhães, exceto do atual, que inclusive já tenho encomenda, Disse
Ismael. No entanto nunca fez exposição individual", afirmou o artista..
Em coletiva já participou de várias, destacando-se o
Salão Nacional do Rio e o Salão Nacional de São Paulo, ambos realizados na
década de 50 tendo obtido nos mesmos, medalhas de bronze. Em Salvador também já
fez diversas coletivas, sendo que a última na Galeria Cañizares em comemoração
ao Centenário de fundação da Escola de Belas Artes, onde apresentou oito
trabalhos.
Ele declarou que gostou muito dessa homenagem feita
a seu pai. Sempre tive vontade de um dia ver expostos os trabalhos dele. Seu
sonho foi realizado quando a direção da Escola de Belas Artes, nas comemorações
do Centenário da escola, organizou uma exposição de obras dos antigos mestres,
inclusive do professor Agripiniano, onde foram apresentados cindo dos seus
trabalhos. Foi a partir daí que surgiu a ideia de se fazer esta exposição
somente de obras do velho mestre. (Graça)
ARQUITETURA NO BRASIL É TEMA DE CONCURSO DE
MONOGRAFIAS
Com um prêmio de 50 mil cruzeiros para o primeiro
colocado, além de duas menções honrosas, a Funarte e o Instituto de Arquitetos
do Brasil instituíram um concurso de monografias de âmbito nacional intitulado
Arquitetura Brasileira. As inscrições poderão ser feitas até dia 31 de agosto
na sede da Funarte Rua Araújo Porto Alegre, 80, Rio, ou na sede do IAB, Rua
Conde de Irará, 122, Botafogo, Rio.
Os concorrentes devem ser arquitetos brasileiros,
natos ou naturalizados, que poderão escrever apenas um trabalho, com a condição
expressa de ser inédito. O texto, de caráter monográfico, deverá possuir o
mínimo de 90 páginas datilografadas em espaço dois, em cinco vias, sob pseudônimo,
acompanhado de um envelope lacrado contendo o título do trabalho, nome e
endereço completos do autor, assinatura e Xerox autenticado do registro no
CREA.
Os trabalhos serão julgados por uma Comissão de
cinco membros, sendo dois designados pela Funarte, dois pelo IAB e presidida
pelo diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Além da
premiação estabelecida, o trabalho vencedor terá uma edição de 3 mil exemplares
por conta da Funarte. Os resultados do concurso serão conhecidos um mês após o
término das inscrições.
Concurso Nacional de Monografias sobre Arquitetura no Brasil a Fundação Nacional de Arte do Ministério da Educação e Cultura,
Funarte, instituiu o presente concurso anual de Monografias, de âmbito
nacional, sobre Arquitetura no Brasil, destinado a premiar trabalhos inéditos,
elaborados por arquitetos brasileiros.O concurso ora instituído se regerá pelas seguintes
normas:
DOS CONCORRENTES: Os concorrentes deverão ser brasileiros, natos ou naturalizados.
Os concorrentes poderão inscrever apenas um trabalho
de sua autoria.
DOS TEXTOS considera-se inéditos para fins deste
concurso, o texto não editado, no todo ou em parte em qualquer forma impressa.
O texto, de caráter monográfico, deverá possuir extensão mínima de 90 (noventa)
páginas datilografadas em espaço dois, folha tamanho A/4, sendo livre a parte
iconográfica. O texto deverá ser apresentado sob pseudônimo e sem título, em
número de cinco vias datilografadas, acompanhado de envelope lacrado contendo:
a) título da monografia; b) pseudônimo usado pelo autor; c) nome, endereço
completo, Xerox autenticado do registro do CREA e assinatura do autor.
DAS INSCRIÇÕES: As inscrições deverão ser realizadas
diretamente mediante protocolo ou enviadas por via postal, sob registro, na ou
para a sede da Funarte-Instituto Nacional de Artes Plásticas, á Rua Araújo
Porto Alegre, nº80, Centro, Rio de Janeiro, ou na sede do Instituto de
Arquitetos do Brasil, á Rua Conde de Irajá, nº122, Botafogo, Rio de Janeiro. O
concorrente, ao se inscrever, concordará automaticamente com o direito de
preferência da Funarte para editar seu trabalho, em edição de no máximo 3.000
Três mil exemplares, estando compreendido no pagamento do prêmio, a quitação
dos direitos autorais dessa edição.
DA COMISSÃO JULGADORA: A Comissão Julgadora será
composta de 5(cinco) membros, sendo 2 (dois) designados pela Funarte, 2(dois)
pelo IAB e presidida pelo diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas, com
direito a voto de qualidade e desempate. A decisão da Comissão Julgadora é
Irrecorrível.
DA PREMIAÇÃO: Para a melhor monografia será
atribuído um Prêmio no valor de CR$50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). Além da
premiação estabelecida do item anterior serão concedidas 2 (duas) Menções
Honrosas. Além da vencedora, a Funarte poderá editar as duas monografias que
obtiveram Menção Honrosa, pagando, neste caso, os direitos autorais
correspondentes. A entrega dos prêmios será realizada em ato público, em data a
ser fixada pela Funarte, de comum acordo com o Instituto de Arquitetos do
Brasil.
DOS PRAZOS: As inscrições no local ou enviadas pelo Correio serão aceitas até o dia 31 de agosto de 1978. O prazo para julgamento,
será de 30 (trinta) dias a partir do encerramento das inscrições, podendo, no
entanto, ser prorrogado em função do número de originais ou qualquer outra
razão de força maior plenamente justificada.
DAS CONDIÇÕES GERAIS: Não poderão concorrer pessoas
vinculadas ao Instituto Nacional de Artes Plásticas, e os que mantenham vínculo
empregatício com a Funarte. Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão
Julgadora.
A inscrição no concurso implica na aceitação de
todos os itens deste Edital.
PAINEL
ÂNGELA E BEL- Ângela Cunha e Bel Borba estão expondo
no Berro D’água, na Rua Barão do Sergy, 27-A, na Barra. São gravuras e
trabalhos feitos em spray com muita maestria.
Dois jovens artistas que vem apresentando uma
produção regular e de qualidade.
Acabou, numa exposição da Fundação Museu da Cidade,
esteve aberta ao público até o último dia 21 a exposição de Figueiredo (não confundir com
o candidato à presidência. Natural de Maracás, Antonio Figueiredo estuda
Licenciatura em Desenho e Plástica na Escola de Belas Artes da UFBA. Apresentou
bons trabalhos em bico de pena.
LATINI- Nascido em Nova Friburgo , no
Rio de Janeiro, Anelio Latini Filho aprendeu a pintar com seu pai o mestre
Anelio Latini. Aos vinte anos fez sua primeira individual. Percorreu diversos
estados na coleta de material pictórico e cinematográfico. Em 1970 retomou a
pintura com temas figurativos e na técnica espátula. Esta expondo na Signo até
11 de junho.
QUADRINHOS- Conhecido artista baiano está elaborando
várias tiras com um personagem baiano o Zeferino Paraguaçu. Espera publicar em
jornais da cidade. Aguardem.
IMPOSTO E ARTE - O paternalismo que buscam alguns
querendo isenção total do imposto na está dando certo. Agora na Grã-Bretanha o
Instituto Courtauld de Arte poderá perder uma coleção de quadros, incluindo
obras de Michelangelo e Rubens avaliada em mais de 20 milhões de libras, que
equivale a 672 milhões e oitocentos mil cruzeiros para pagar o imposto devido.
CADASTRAMENTO- O Instituto Nacional de Artes
Plásticas da Funarte realiza a partir deste mês o cadastramento dos artistas
plásticos profissionais residentes no Brasil, para fins de registro e memória.
Para tanto confeccionou uma Ficha Cadastral de Artista Plástico Profissional,
que já se encontra à disposição dos interessados na sede do órgão, Rua Araújo
Porto Alegre, 80, Rio de Janeiro. Essas fichas serão enviadas para escolas,
museus e instituições culturais nos respectivos estados. Procure quem estiver
interessado.
VOLPI- O Museu de Arte de São Paulo está organizando
um catálogo geral e raisonné da obra de Alfredo Volpi. Os proprietários dos
Volpi podem-se dirigir ao IPHAN, Rua São Francisco, 32, tel 3243-8861 ou
3243-8403. No catálogo constgará o nome do proprietário da obra.
DEIXOU- Malba Vellame deixou a Galeria de Arte do
Hotel Meridien , logo depois a galeria virou loja de artesanato. O afastamento
da Malba quase põe fim a galeria.
FALECEU – George Stout, ex-Diretor do Museu Isabele
Stewart Gardiner, de Boston. Foi o pioneiro da restauração de obras de arte
danificadas durante a Segunda Grande Guerra. Morreu na Califórnia aos 80 anos.
CÉSANNE – Para quem pode pagar os 22 mil estão
expostas no Grand Palais , em Paris, 60 pinturas e 40 aquarelas do grande
mestre Césanne. Foi um trabalho duro reunir tantas obras e a ideia inicial é do
Diretor do Museu de Arte Moderna da Nova Iorque. Aqui não tem disto não...A Busca da Sabedoria, obra de Paul Cézanne.
CRISTIANO – Um dos integrantes da nova geração de
artistas mineiros, o Cristiano impressiona pela espontaneadade das pinceladas
que fazem brotar das manchas produzidas
cavalos e pássaros em
liberdade. São rápidas as pinceladas, co0mo os movimentos
livres de suas figuras que percorrem os espaços sem empecilhos. A cada para em
frente a uma de suas telas descubro uma nova figura que parece insistir pela
liberdade. Aliás, tem muita gente por ai que precisa olhar os quadros do
Cristiano que encontrará contemporaneidade. Foto
Nenhum comentário:
Postar um comentário