JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 23 DE
SETEMBRO DE 1978
É necessário que a Bahia cresça e
se desenvolva. É necessário que seja aumentado o número de empregos, que o
turismo cresça. Enfim, a Bahia tem que acompanhar o desenvolvimento do país.Mas, também é necessário que não
seja permitida mais agressões e descaracterização.
O fato é que subi com um grupo de
amigos para observar a paisagem da Lagoa do Abaeté do mirante Dorival Caymmi
que foi construído a poucos anos e, é desconhecido de muitos. Tão logo cheguei
ao mirante tive uma desagradável surpresa. Um prédio feio agredia a paisagem.
Ele aparece altaneiro por entre a vegetação rasteira das dunas brancas. Um
verdadeiro monstro que deixaram construir por essas e outras razões que ninguém
sabe explicar. O pior é que o tal prédio, ainda inacabado, é um hotel de uma
grande empresa. Ora vejam só que aberração! O turista vai ter um contato
direto com a agressão.
Quero daqui chamar a atenção do Oceplan
e de outros órgãos da Prefeitura responsáveis pela concessão de alvarás e
licenças para construção, que é preciso maior critério, que a cidade merece
respeito, que Salvador é um patrimônio não dos burocratas, mas de todos os
brasileiros. Todos ficam tristes com a descaracterização desenfreada e reclamam
daqueles que podem falar, escrever e formar uma posição. É dentro desta visão
que daqui faço este apelo, publicando esta foto que fala por si.
UM TORTURADOR NA JORNADA DE CINEMA
A tesoura ( arma do crime) e o periquito morto |
Sentado no Teatro do ICBA ele
tomou a postura de um grande cineasta se negando a responder algumas questões,
e agressivo, quando os debatedores não concordavam com sua tortura. A meu ver
este indivíduo deve sofrer de alguma distorção mental e não tem nada de gênio. É
um doente e como tal deve ser tratado, porque
como torturou e matou um periquito é capaz de fazer com uma pessoa na
sua próxima experiência. Esta posição de torturar para denunciar é insólita,
despropositada, danosa e acima de tudo criminosa. Não entendo como os responsáveis
pela Jornada deixaram exibir tal filme. Um detalhe é que ele está talvez
influenciado por grupos que filmam cenas e encontros eróticos e depois
aniquilam alguns dos participantes, o que foi motivo de uma matéria no Pasquim.
Todos condenam tal atitude e quem sabe, em vez do periquito o Sr. Fernando
Beléns poderia assumir a posição de torturado porque assim estaríamos livres de
outra possível agressão, e outros animais irracionais estariam salvos de sua
tara
FOTOBAHIA 78 REÚNE 50 FOTÓGRAFOS
Foto de Agliberto integrante da Fotobahia 78 |
A maioria enfoca o homem dentro
de seu contexto social, embora a mostra não tenha um tema definido e assim o
público terá oportunidade de sentir melhor a capacidade de captação das
imagens.
São jovens fotógrafos que de
câmara em punho que fixaram na película cenas que normalmente as pessoas
apressadas, que andam pelas ruas deixam passar despercebidas. São flagrantes do
cotidiano da Grande Cidade que encanta muitos e atormenta outros. Esta mostra
serve também para uma troca de experiências entre os fotógrafos que dispõem das
mais variadas informações e visões acerca de problemas vividos por nós.
Nos dias 29 e 30 do corrente
haverão dois seminários sobre o tema Perspectiva Cultural e Profissional do
Fotógrafo na Bahia, e que serão coordenados por Mário Cravo Neto, Oldemar
Victor, Vito Diniz, Sílvio Robatto,constando com a participação de muitos
convidados, inclusive representantes das duas associações de fotógrafos
profissionais existentes na Bahia.
A mostra deverá ser levada também
para Recife onde os pernambucanos terão oportunidade de ver os trabalhos dos
fotógrafos baianos, além de arquitetura, da gente e costumes e as tendências da
fotografia em nosso estado. Também será editado um catálogo, um total de mil
exemplares constando pelo menos duas fotografias de cada concorrente. A
Fotobahia 78 é coordenada pelo fotógrafo Aristides Alves e patrocinada pelo
Teatro Castro Alves, Fundação Cultural da Bahia (Coordenação da Imagem e do
Som) contando ainda com a colaboração da Bahiatursa, Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia, do jornal A Tarde e Gráfica Universitária.
A NATUREZA NA OBRA DE GILBERTO
SALVADOR
O paulista Gilberto Salvador está
expondo na Galeria O Cavalete alguns desenhos e pinturas com uma temática ligada
a preservação da natureza, ao índio sofrido e espoliado de nosso país. Porém, sua obra é forte e tem uma conotação de latino-americanidade. Forte e simples
com seus traços gestuais e o uso equilibrados dos espaços e movimentos.
Gilberto é um artista criterioso e consciente que maneja com visão da realidade
as tintas, os pincéis e os lápis.
Tem consciência da mutilação de
nossa paisagem, da flora e da fauna e principalmente não concorda com estas e
outras aberrações.
Faz algum tempo que não tenho visto
um trabalho tão forte e que tenha me emocionado. Os elementos simples ação
jogados de tal forma que fornecem uma visão plástica que transporta do suporte
e chega a provocar emoções de tristeza, de revolta e até alegria. É um trabalho
que fala a todos aqueles que tem sensibilidade para decodificar sua mensagem
transmitida às vezes através de um desenho ou pintura, onde estão presentes as
linhas acadêmicas e que são cercadas por traços e formas gestuais.
A tua na área de artes plásticas
desde 1964 em exposições individuais e coletivas. Já representou o Brasil em
diversas bienais e salões, assim como em mostras no exterior. É detentor de
alguns prêmios oficiais obtidos em salões, e está preparando alguns trabalhos
para a próxima Bienal Latino-Americana.
EXPOSIÇÃO NA CAÑIZARES DOS INTEGRANTES DO
GRUPO OPUS QUAVRO
GRUPO OPUS QUAVRO
Os artistas Quaresma, Pedro Roberto, Juracy
Dórea e Antônio Brasileiro integrantes do Grupo Opus Quavro, estão expondo na Galeria Cañizares até o dia 4 de outubro.
Os participantes de Opus Quavro
são artistas experimentados e conhecidos do público baiano, Juracy Dórea, por
exemplo, é poeta e escritor já com livros editados, arquiteto, pesquisador das
artes e das letras, já fez três exposições individuais e tem participado de
inúmeras coletivas aqui em Salvador, Feira de Santana e até no Paraná.Pedro Roberto artista plástico
também com inúmeras exposições entre individuais e coletivas, com desenho a
bico-de-pena. Quaresma com trabalhos estruturados, geométricos, inseridos numa
conotação aproximada do suprematismo, estilo metafísico, e Antônio Brasileiro
poeta e escritor musicista participa de Fraxem e outras exposições coletivas no
Estado da Bahia.
" a constante participação desses talentosos jovens no setor plástico/visual e em outras manifestações culturais nas principais cidades do interior baiano é prova inequívoca de que a cultura tem resposta em nível de contemporaneidade, quando nessas cidades existem fortes personalidades, cujas luzes de metrópoles jamais poderão ofuscá-las. Quatro artistas fazem parte de Opus Quavro: O jovem Quaresma que em 1975 chamou a atenção do público e dos críticos baianos com a sua pintura neo-surrealista; Pedro Roberto é de uma extraordinária ordem técnica em bico-de-pena; Juracy Dórea tem forte ligação com a realidade que o cerca, nos seus escudos/couros de ousada riqueza formal, ele registra a sua escrita plástica signográfica, esquematizações de todo um complexo cultural, cujo principal fator de civilização foi a criação do gato; e Antônio Brasileiro, talentoso expressionista/abstrato."
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