JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 07 DE AGOSTO DE 1976
Visando
uma participação maior, tanto na qualidade como na quantidade, o Conselho da
Bienal de São Paulo acaba de transformá-la numa mostra que reunirá as
expressões da arte latino americana. Esta decisão foi tomada pelo novo Conselho
de Arte e Cultura da Fundação Bienal de São Paulo que é composto de Romeu
Mindlin (presidente), Yolanda Mohalyi (vice), Alberto Buttenmuller
(secretário), Clarival Prado Valadares, Maria Bonimi, Leopoldo Raimo e Flexa
Ribeiro.
Maria Bonimi encarregada de fazer convite aos artistas |
Esperamos
que o novo conselho venha realmente indicar novos caminhos artísticos para o
país principalmente apoiando novas correntes visuais.
Por
outro lado, a gravadora Maria Bonimi foi indicada para manter os contatos
internacionais necessários à realização de uma Bienal voltada para as
proposições contemporâneas. Outra informação gratificante é que os conselheiros
pretendem realizar vários debates durante a realização da mostra internacional,
inclusive a questionar da existência para própria bienal.
UMA
EXPOSIÇÃO PROGRAMADA
O
escultor e pintor Antônio Rebouças está trabalhando para a sua próxima
exposição onde mostrará vários casarios com utilização de uma técnica própria.
Desde a tinta e a preparação das telas é tudo feito por este artista, curioso e
pesquisador incessante.
Ninguém
melhor do que Rebouças para definir o seu trabalho. Diz ele: " o meu casario é
diferente. As casas fitam o espectador com suas janelas parecendo olhos e suas
portas como se fossem bocas a emitir sons, ora graves, ora agudos enchendo a
paisagem de ecos. Esses ecos vão escapando no horizonte..."
As
telas expressionistas de Antônio Rebouças são fortes sem deixar de ser líricas
e belas. Elas serão vistas e também o espectador terá oportunidade de ouvir os
sons imaginários de que fala o pintor. Uma pintura, sem dúvida, pesquisada e
bem cuidada, onde as cores são jogadas com cuidado e equilíbrio.
A
ARTE BRASILEIRA NA GALERIA GLOBAL
Pancetti,
Di Cavalcanti, Lygia Clark, Milton de Costa, Frans Krajcerb que reside no
município de Nova Viçosa, interior da Bahia, Hélio Oiticica, Djanira e Tarsila
do Amaral estão reunidos numa importante exposição na Galeria Global em São Paulo. Uma
exposição de caráter didático e histórico onde estão reunidos os principais
expoentes de artes plásticas do país. Eles foram escolhidos pelos organizadores
da exposição, de acordo com sua representatividade na história da arte
brasileira no século XX. As telas forma escolhidas de acordo com a definição do
estilo de cada um dos artistas participantes. São obras originais, entre
pinturas, esculturas e relevos de vinte e dois artistas, pertencentes a museus,
galerias e coleções particulares. São apresentados também filmes em 16 e 8 milímetros ,
audiovisuais e sequências de slides, também referentes aos expositores. Assim,
o visitante terá uma visão dos principais caminhos percorridos pela arte
brasileira neste século além da possibilidade de analisar suas tendências mais
significativas., esta exposição que está sendo amplamente noticiada pelos
jornais e estações de televisão do sul do País, poderá servir de exemplo para
que os dirigentes da Fundação Cultural realizem em Salvador uma mostra coletiva
dos principais expoentes das artes visuais em nossa terra. Uma mostra onde
poderiam ser reunidos desde Presciliano Silva
a Mariozinho, uma exposição que mostrasse os caminhos percorridos pelos
artistas baianos, o que já fizeram, o que estão fazendo e o que se propõem a
fazer, este último através de palavras e debates informais.
PAINEL
GALERIA O CAVALETE- Adelson do Prado inaugurou exposição, ontem, na Galeria O Cavalete, no
Rio Vermelho e hoje transcrevo um trecho da crítica de Jaime Maurício: "O
trabalho incessante e a liberdade temática em que se movimenta por todo o país,
torna difícil acompanhar a pintura de Adelson do Prado nestes últimos 10 anos.
É evidente porém, o progressivo desenvolvimento do ingênuo para o erudito, num
processo quase sincrético, em sentido inverso. Da poética da natureza e do
paisagismo da interpretação instintiva, o pintor caminhou para uma
transfiguração mais apurada, sem perda de sua essência original." Quis
propositadamente transcrever estas palavras do crítico sulista para entendermos
melhor a importância deste artista, que saído do interior baiano, veio para
Salvador e daqui para o sul do país e permanece fiel às suas origens, tratando
os temas que instintivamente lhes inspiraram a pintar.
Hoje,
embebido pela sociedade de consumo na metrópole ele continua fiel a sua terra e
a sua gente, pintando com mais acuidade e responsabilidade.
CAÑIZARES- Está expondo na Galeria Cañizares Edson Barbosa que tem apresentação
do professor Ivo Vellame, Diretor da Escola de Belas Artes.
É
a sua segunda exposição individual onde expõe pastéis com a temática dunas,
praias e barcos tratando-as com lirismo. Participou do Festival de Artes
Contemporânea da Bahia, Exposição Itinerante de Artistas Baianos, promovido
pelo MEC e outras mostras coletivas.
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