JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 20 DE NOVEMBRO DE 1976.
Fotos Google
Nunca
é tarde para falar de Alexander Calder, este grande artista que faleceu
recentemente. Calder foi o responsável pela ideia de dar movimento as
esculturas.Era
um inquieto por natureza e dificilmente ia ao cinema porque assim teria que
ficar parado. Gostava de movimento, e, foi dentro desta filosofia de vida que
criou os móbiles, os stabiles e pintou os aviões de uma empresa comercial de
aviação, considerando as aeronaves como esculturas voadoras.
Ele
faleceu em Nova Iorque
aos 78 anos de idade e morreu vítima de enfarte.
Calder
voltou da França para Nova Iorque em setembro do ano passado para inaugurar uma
retrospectiva de meio século de suas obras. A exposição retrospctiva tinha o
nome de O Universo de Calder e foi apresentada no Whitney Museum Of Art.
Calder
ganhou fama internacional há uns 40 anos atrás principalmente por suas
monumentais esculturas de aço, chamadas por ele mobiles e stabiles.
Nascido
em Filadélfia, Calder tinha a arte da escultura no próprio sangue. Era filho do
escultor Alexander Stirling Calder, conhecido por seu monumento de William Penn
na municipalidade de Filadélfia, e neto de Alexander Milne Calder, outro
escultor nascido na Escócia.
Recentemente,
uma companhia aérea contratou o artista para decorar seus aviões. Calder
concebeu e dirigiu a pintura de diversos aviões, convertendo-os em obras de
arte voadora, com suas brilhantes e vivas cores.
Quando
tinha apenas cinco anos de idade, o artista começou a desenhar jóias e a fazer
figuras em arames e pedaços de madeira para a boneca de sua irmã, o que já era
um verdadeiro protótipo das miniaturas de arame, exóticas ouriversarias em
metal que seriam a característica de um faceta menor em sua produção como artista
adulto.
Calder
estudou no Instituto Tecnológico onde seu interesse foi estimulado antes de
viajar para o centro artístico mundial que era Paris de 1922, local em que
recebeu a influência de Piet Mondrian, Jean Miró e outros.
Logo
no início de sua carreira concebeu a ideia de criar seu próprio universo,
programa que seguiu toda sua vida depois de escolher em 1931 a abstração como seu
meio de expressão.
Dentro
deste universo eram importantes as esferas e os círculos e o dinamismo no
movimento foi também traço essencial de
sua arte, o que o levou a construir blocos esculpidos tão delicadamente unidos
com tal equilíbrio, que podem se mover com uma leve corrente de ar.
Uma obra instigante de Calder |
Foi
um mestre na criação de quinquilharias caprichosas, pinturas, desenhos em
tapetes e almofadas, jóias, esculturas, trabalhos em bronze madeira e aço. Quanto
ás suas obras monumentais, elas decoram lugares públicos e praças em Nova Iorque , Los
Angeles, Gotemburgo (Suécia), Spoleto (Itália), Montreal, Cambridge Grand Rapids (Michigan) México e Chicago.
Calder
era um homem extremamente simples e dotado de um gênio do qual não fazia
ostentação, afável mas bem pouco comunicativo com estranhos.
Em
seus últimos anos adquiriu uma presença e patriarca ou de avó de todos,
bonachão e vestido informalmente.
ESCULTURAS
VOADORAS
A
tela para esta criação, na qual se fundem a arte e a funcionalidade, é uma
aeronave a jato de grande porte.Segundo
Hardling L. Lawrence, presidente da companhia, este trabalho está sendo visto
por um maior número de pessoas do que qualquer outro trabalho artístico
original, em toda a história da humanidade.
Aeronave
pintada por Calder voou para a Cidade do Panamá, Guaiaquil e Lima, a 1º de
novembro de 1975, regressando aos Estados Unidos no dia seguinte, via Quito,
Cali e Cidade do Panamá. Depois visitou cidades latino-americanas incluídas na
rota internacional da companhia aérea. A linha aérea serve também Bogotá, La Paz , Assunção, Santiago,
Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro.
O
famoso artista a incumbência de pintar a aeronave intitulada Cores Voadoras,
para concentrar a atenção do público na América Latina, como uma região pata
férias tão coloridas e empolgantes como a arte de Calder.
Para
manter-se fiel à expressão artística do pintor, a aeronave não tem qualquer
outra identificação além da gigantesca assinatura de Calder, em amarelo. Vermelhos ,
amarelos e azuis são as cores dominantes da fuselagem do avião, enquanto que
nas asas predominam o verdadeiro azul e branco.
Jerry
Cox, um dos diretores da companhia relembra o entusiasmo do pintor ao ser
convidado para executar a tarefa, principalmente pelo fato de que a aeronave
seria escalada para a rota da América Latina, região que lhe é muito cara.
Calder observando a paisagem do Rio de Janeiro |
Calder
já visitou três vezes a América Latina, inclusive o Brasil 1969, nos últimos 25
anos. A última vez foi em 1970, quando acompanhou uma exposição patrocinada
pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, denominada uma Saudação a Alexandre
Calder.
Este
museu possui uma das maiores coleções de seu trabalhos móbiles, stabiles e
guaches.
Frank
Stanton, presidente do Busines Committee for the Arts, integrado por 118
diretores de empresas norte-americanas, e cujo objetivo é incentivar um apoio
maior ás artes por parte do mundo dos negócios, disse que a ideia de criar um
mural voador que deverá contribuir para incentivar o envolvimento das artes nas corporações
comerciais. O que a empresa fez ao contratar Calder, foi lembrar-nos da antiga
associação entre a arte e a funcionalidade, da tradicional aliança entre o
artista e o homem de negócios.
O
grande artista aceitou a incumbência, apesar de seus 75 anos de idade e de se
encontrar, na época, trabalhando em vários outros projetos em Detroit, Los
Angeles, Fort Worth, Hartford, Chicago, Nova Iorque e Filadélfia, onde montou
um móbile de mais de 42
metros de altura, o maior do mundo, no pátio interno do
Banco da Reserva Federal.
EXPOSIÇÃO
DE ROBERTO FRANCO
O
artista Roberto Franco está expondo vinte desenhos da série alquímica na Sala
de Exposição da Cultura Inglesa, no Rio de Janeiro. Este ano Roberto já se
apresentou individualmente no Museu Nacional de Belas Artes. Nascido em
Caracas, Venezuela, filho de brasileiro residiu durante muitos anos em
Salvador, onde estudou na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.
Posteriormente, frequentou, em Paris, cursos livres de arte e literatura.
As
diversificações da proposta anterior de Roberto Franco, vistas na sua
individual no Museu Nacional de Belas Artes, cederam vez e uma louvável
coerência temática. São imagens inusitadas, segundo Geraldo Edson de Andrade,
as narrações gráficas de Roberto Franco, pelas quais procura interpretar e
transmitir ceros aspectos da simbologia junguiana, seu atual interesse.
Transferi-la para o papel, segundo o artista, significa não só a lenta
aquisição de uma temática adequada como, sobretudo, uma constante vigilância
moral.
PAINEL
JORGE
BANDEIRA- Em 1975 fiz um comentário sobre o trabalho de Jorge Bandeira. Ele
estava expondo no Praiamar Hotel. Naquela época escrevi : Um primitivo autêntico
onde os traços simples e o colorido enchem a vista do espectador. As igrejinhas
simples e o casario colonial em toda sua exuberância vão surgindo
espontaneamente nos quadros de Jorge Bandeira. Ao fundo o colorido da vegetação
tropical e bem á frente as figuras humanas a desfilar, com seus trajes sacros.
Essas
foram algumas das palavras, que, agora, foram inseridas no catálogo de sua nova
exposição que está acontecendo no Hotel Meridien.
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