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segunda-feira, 8 de julho de 2013

ARTISTAS ADORAM FALSOS ELOGIOS

JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 28 DE AGOSTO DE 1976.

Os artistas baianos estão acostumados com os falsos elogios. É muito simpático fazer um elogio. É até cômodo. Porém, muitas vezes o elogio é prejudicial e deve ser evitado. As pessoas sem qualquer talento artístico não devem ser elogiadas. Devemos mostrar que o seu trabalho não acrescenta nada, mesmo que esta atitude a princípio seja desagradável. Este comentário que faço tem muita importância porque as pessoas detestam críticas e adoram elogios. Tenho notado isto quando folheio algumas pastas de recortes de artistas baianos e nelas não encontro uma só criticando o seu trabalho. Simplesmente elas não são anexadas porque refletem na realidade a fraqueza de seus trabalhos.
É preciso ter humildade para receber a crítica. Lembro-me agora de um estudante de arte que tive a oportunidade de fazer uma apreciação sobre o seu trabalho, antes de viajar para os Estados Unidos. Gostou e recortou o que escrevi. Retornando, ele montou uma exposição no Museu do Unhão e novamente fui chamado para apreciar seus novos trabalhos feitos na terra do tio Sam. Lá chegando observei alguns deslises que abordei quando falei da exposição. Foi o bastante. O estudante simplesmente ficou aborrecido e deitou por aí afora um palavreado comum aos que só gostam de elogios. Está mal acostumado, como está a maioria dos artistas baianos, que gosta de elogios gratuitos. Não elogio simplesmente para agradar. Posso até estar errado ao elogiar algum artista, mas fiquem certos que é dentro de um critério em busca do acerto. Se errei, paciência, pelo menos não foi gratuito. Continuarei criticando e a cada dia vou acrescentando algo em meus conhecimentos, os quais estarão a serviço das artes da Bahia. Todos aqueles que gostam de elogios, só de elogios, não nos procure.

         

           VAMOS TODOS VISITAR OS MUSEUS

Estudantes visitando o Museu de Arte Sacra
Com o objetivo de criar o hábito do estudante de visitar os museus e colocá-lo dentro da nova filosofia museóloga dos nossos dias.O museu é uma extensão da escola, e por isto o Museu de Arte sacra da UFBa., através do Setor Educativo, tem visitas programadas para alunos de diversos colégios, entre eles Manoel Devoto, Luiz Tarquínio, Sofia Costa Pinto, Instituto Águia e Colégio Militar de Salvador.
Em turmas de 30 alunos do 2º grau, os estudantes assistirão a uma aula com projeção de slides das peças mais atraentes do acervo do Museu de Arte Sacra e de museus estrangeiros tornando-os uma fonte didática de conhecimento. Contando com uma monitoria especializada, que explica as dúvidas e expõe o histórico do Convento de Santa Tereza, os alunos começam a visitar o acervo do museu. De maio até agora mais de 1.500 estudantes desses colégios visitaram o museu.
Como ideia para atrair um público novo para o Museu de Arte Sacra, a museóloga Neusa Maria Campos Borja, distribui entre os alunos visitantes dois ingressos, que eles poderão passar para outras pessoas que desejam visitar o museu.
Por outro lado visando desenvolver e ampliar a criatividade através de pinturas, o Museu de Arte Sacra tem um Clube de Arte que é uma atividade correlata ao setor educativo. Implantado no museu em 21 de março desse ano, os alunos da Escola Nova dispõem de material e de local para o trabalho, necessitando apenas que o professor de Educação Artística aí trabalhe com os seus alunos, a técnica que ele desejar.

   OS TAPETES DE THOR NA POUSADA DO CARMO


O tapeceiro pernambucano Thor, que recentemente expôs em Salvador na Galeria da Pousada do Carmo, está com uma mostra na Oca, no Rio de Janeiro, apresentando seus tapetes-objeto.
Um criativo tapete-objeto de Thor
Sem dúvida seus tapetes apresentam uma individualidade e personalidades próprias. É uma procura do artista em ganhar o espaço e assim sua tapeçaria parte para uma dimensão quase escultural. Depois de exercitar a função de decorador de interiores em Recife, Thor abraça a tapeçaria tomando um novo caminho, isto é fugindo da maioria dos tapeceiros que estava presa aos motivos florais e tropicais como temática. Ele vê a tapeçaria além das talagarças e das lãs. Vieram os vasados geométricos e a colocação de outros materiais que contribuíram para sua fase atual onde os espaços são buscados com maior intensidade.
Thor já realizou quase uma dezena de exposições individuais em pouco mais de três anos de vida artística. Perdeu a timidez característica do iniciante e hoje, é o dono absoluto de sua arte, que está crescendo e amadurecendo e os materiais já são utilizados com maior liberdade. Numa mostra onde estão expostos os tapetes de Thor temos vontade de tocá-los para sentirmos toda a alegria e sensação do lúdico. Seus trabalhos são ligados á abstração sem a apelação dos falsos decorativos, que hoje é uma verdadeira febre na tapeçaria nacional. Ele busca principalmente o tridimensional e estes últimos tapetes já demonstram um longo caminho a seguir.
Sua apresentação no Rio de Janeiro é feita pelo crítico Geraldo Edson de Andrade, que em certo trecho afirma: Continuam presentes no seu trabalho as principais características que fazem Thor um inovador no gênero. Invertendo os cânones, ele se liberta e integra plasticidade os vazados, os macramês, as franjas tingidas em degradé, sem gratuidade ou falsos efeitos decorativos, complementando com isso o desenho, os pontos, o bordados.

                              O CASAL 

A comunicação necessária à sobrevivência humana é responsável pela união de pessoas de sexos opostos. As revistas estão lotadas de belos casais, cheirosos e bem vestidos. Esses casais lotam as boates, os bares e outros locais que comumente são buscados na sociedade urbana. Mas, longe do tráfego, dos museus, das galerias de arte, das boates e dos bares vivem milhares de casais da zona rural. Este casal foi fotografado por Lourival Custódio, fotógrafo deste jornal, em suas andanças pelo interior da Bahia. É um casal autêntico que está ao lado de seus instrumentos: a faca, o pilão e o caçuá. Ao lado do marido que corta o fumo de corda, a mulher dá gostosas baforadas num cachimbo feito de barro.

                               PAINEL
O OVO- O Ovo, uma ópera de autoria de Gian Carlo Menotti, compositor italiano naturalizado norte-americano, teve sua primeira audição realizada na Catedral de Washington. Com a ação desenrolada em uma corte bizantina, a ópera aborda as impossibilidades de se quebrar um ovo sagrado, a fim de se descobrir os segredos da vida em seu interior. Mas, o que nos interessa em particular, é o estilo gótico da estrutura que abriga a sede da igreja Episcopal da Capital norte-americana que é de uma beleza rara.

ASCÂNIO- Sessenta peças, entre esculturas e relevos formam a exposição de Ascânio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Quase todas as peças são de produção recente e representam espirais ou seqüências de ripas de madeira pintadas de branco, onde o artista explora o jogo de luz e sombra.

RECUPERADO- Depois de um sério tratamento médico o Chico voltou. É o conhecido pintor primitivo cearense Chico da Silva, que foi alvo de um dos mais sérios escândalos de falsificação de obras. Chico, o Conheci Chico numa exposição realizada em Salvador, há cerca de três anos atrás. É uma das mais curiosas figuras do meio artístico nacional.
Sua doença foi provocada devido à constante bebedeira em que vivia. Hoje, recuperado deixa a bebida, e volta-se de corpo e alma a seu trabalho.

MAIS UMA DO BARDI- O velho Bardi cometeu uma das maiores bobagens de sua vida ao denunciar a falsidade de algumas telas de clássicos que foram enviadas pelo Governo francês para uma exposição no Brasil. Pietro Maria Bardi estava errado, o que não é novidade. Assim os quadros Mulher Com Dois Brincos, de Modigliani; Retrato do Pintor Carmoins, de Paul Cézanne, considerados falsos por Bardi, são realmente autênticos. Mais uma do Bardi...

RAYMUNDO AGUIAR- O velho mestre Raymundo Aguiar está expondo no Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia desde o último dia 24. É preciso maior respeito para com o mestre. Os responsáveis pela organização de sua mostra não a promoverm como merecia. Jogaram os seus trabalhos belíssimos no museu e cruzaram os braços.
Só na Bahia acontece tal coisa.

DEZ NA PANORAMA- Antônio Rebouças, Calasans Neto, Carlos Bastos, Carybé, Floriano Teixeira, Jenner Augusto, João Carrera, Mirabeau Sampaio, Réscala e Sante Scaldaferri estão reunidos numa coletiva na Galeria Panorama até o dia 5 de setembro próximo.


HELENA MATOS- Helena Matos vai expor na Galeria Cavalete no Rio Vermelho a partir de 10 de setembro, quando terminará a mostra de Adelson do Prado.

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