Capa do catálogo da exposição |
Quando falamos em outono lembramos da estação quando as árvores perdem suas folhas e começam a serem levadas ao sabor dos ventos. Primeiro elas vão ficando amareladas e começam a cair muitas vezes num ritmo frenético, noutras mais devagar, a depender de cada espécie de árvore. Lembro de ter visto no Central Park, em Nova York ,as trilhas cobertas por folhas amareladas de carvalhos, ciprestes e de outras árvores típicas da América . É um espetáculo bonito, porque as árvores perdem as folhas para enfrentar o rigor do inverno que se aproxima. Coisas da natureza.
Artista Leda Catunda |
Mas, vamos falar da exposição Outono, de Leda Catunda . Estive frequentando durante anos muitas da bienais internacionais realizadas na capital paulista e fora daqui, salões nacionais e locais , já visitei museus por este mundo afora. Para cada tela, escultura ou outro objeto de arte que olhei sempre procurei examinar com vagar e muitos me emocionaram , outros nem tanto. Lembro que ao ficar diante da escultura de Davi, de Michelangelo , em Florença, na Itália, senti grande emoção. Sensação indescritível.
Céu com Sol, em acrílica sobre tecido |
Nas obras expostas Leda Catunda não utiliza uma variedade de objetos . Vejo que trabalhou com tela e tecidos usando ainda tintas acrílica e esmalte para dar o colorido desejado e deixar que o observador de sua arte viaje com percepção e sensibilidade neste universo plástico . A princípio pode até lhe causar espanto, mas a tendência é que procure a compreensão, a aceitação ou não. O que importa é que suas obras instigam as pessoas a pensar e a reagir.
Obra Montanha |
Na obra Céu com Sol, tanto o céu quanto o sol são como se fossem detalhes, e os vários elementos superpostos lembram línguas onde predominam as cores verdes e azuis. Foi produzido em acrílica sobre tecido, e também nos remete a tapetes de retalhos que estamos acostumados a ver . Mas, esta obra tem refinamento de uma artista que conhece o seu ofício, e também repassa para os jovens os seus ensinamentos perceptivos e o fazer da arte .
Como a leitura de uma obra de arte permite várias interpretações, lembrei da construção de um romance onde o autor descreve seus personagens, e se você perguntar a vários leitores como idealizam tal personagem vamos perceber que cada um cria seu próprio personagem, tais as diferenças de percepção. Esta mesma visão serve para a leitura das obras expostas pela Leda Catunda.
Defendo a importância das referências e o respeito pelo passado. Não existe presente sem passado. Para acompanharmos a evolução é preciso entender o passado. Nada começa do zero. Vi recentemente movimentos extremistas querendo destruir museus e estátuas de navegadores portugueses e espanhóis. A História tem que ser vista dentro do seu contexto de tempo. Claro que não concordamos hoje com a maneira e as formas desses colonizadores tratarem pessoas e a própria terra. Mas, temos que ver o contexto e a época. No criminoso incêndio do Museu Nacional, de perda inestimável para o nosso país, li manifestações absurdas de extremistas achando uma coisa trivial o fogo consumir milhares de objetos históricos e de arte. Inclusive o responsável pelo museu era um extremista que está fugido da Justiça. Coisas do nosso Brasil.
Tigrão, esmalte e acrílica sobre tecido. |
Lembro que nos anos 80 houve um explosão de artistas em todo o mundo fazendo assemblage , que é um termo francês que significa montagem. Assim, os artistas reuniam os mais diferentes objetos de plástico, tecidos, madeiras, ferro e com cola , solda ou até pregos fixavam numa placa de madeira, plástico , tecido ou metal e expunham. É bom salientar que os objetos reunidos representavam algo novo, mas conservavam sua originalidade.
Quem usou pela primeira vez a assemblage foi o artista francês Jean Dubuffet que nasceu em 1901 e faleceu em 1985. Era adepto do dadaísmo, que era um movimento vanguardista surgido no início do século passado. A palavra dadaísmo vem da palavra dadá que não significa nada, embora aqui no Brasil muita gente tem este apelido afetivo.
Já o movimento dadaísmo surgiu exatamente em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial como contestação aos valores culturais vigentes. Uma das características principais das obras dos dadaistas é que elas são desconexas, sem um sentido aparente, uma forma de protesto contra o absurdo da guerra.
ResponderExcluirReynivaldo, o texto está magnífico, trazendo pra nós, tudo que apreciou na exposição OUTONO, da artista plástica paulista Leda Catunda, com seu trabalho diferenciado em materiais e técnicas, que até então eu desconhecia.
Da forma como fala desta exposição, descrevendo com tanta segurança, e sensibilidade, nos passou detalhes que só de perto poderíamos observar.
A impressão que tive ao ler o texto, é que eu também estava presente na galeria de arte, apreciando as obras de perto, vendo alem da beleza das formas, até o colorido deslumbrante.
Para nós leitores do seu blog, é perfeito, o que traz nos seus textos servem de aprendizados, pois nos traz conhecimentos, com riqueza de detalhes sobre a vida e obras de artistas plásticos, pintores, e também falando sobre as galerias, e colecionadores de arte da Bahia.
Lendo seus textos, nossos conhecimentos se ampliam, e ainda saímos em busca de saber mais sobre estes, e outros assuntos, alguns até então desconhecidos para muitos , inclusive para mim .
Você talvez não se considere um crítico de arte, mas é um jornalista que estende muito, traz pra nós nos seus textos comentários enriquecedores, e tem bom gosto para a arte.
Eu em particular, através deste blog estou conhecendo os artistas, suas obras, outras coisas mais, e isto tem despertado em mim o interesse de buscar mais sobre os assuntos trazidos aqui.
Continue trazendo seus textos atraentes para nós leitores, e seguidores deste blog.
O desconhecimento e o desinteresse pela leitura se tornou um fenômeno que estamos vivenciando agora, devido à falta de estímulo, e conteúdo que torne a leitura mais prazeirosa.
Genilda Braz de Macedo
ResponderExcluirParabéns! Texto maravilhoso! Parabéns.
Edna Silva
ResponderExcluirMuito interessante.
Domingos Brito
ResponderExcluirBacana .
Moema Garcia
ResponderExcluirInstigante, interessante,
e bonito!
Ivo Neto
ResponderExcluirParabéns
Ivo Neto
ResponderExcluirMuito bom amigo Reynivaldo parabéns
Astor Carneiro de Lima
ResponderExcluirEm se falando de arte é sempre bom ler e ouvir às vezes os seus comentários Reynivaldo; Acrescenta-me sobremaneira.
Forte abraço,
Washington Arléo
ResponderExcluirParabéns
Graça Barreto
ResponderExcluirGosto muito das suas aulas, amo pinturas mas entendo muito pouco, em minhas viagens sempre visito museus e o mais importante é como a minha mente entende os trabalhos
Liane Katsuki
ResponderExcluirÓtimo
Edvaldo Gato
ResponderExcluirDesejo forte de chegar perto !!!
Guel Silveira
ResponderExcluirValeu amigo ! Grande aabraço
Maria Das Graças Santana
ResponderExcluirInteressante
Antoneto Souza
ResponderExcluirBelissimo texto!!! saúde e paz ✌
Jorge Nascimento Silva Nascimento
ResponderExcluirMeu caro prof. amigo de muitas datas Reynivaldo Brito . A leitora Graça, começa o comentário, agradecendo suas " aulas". Começo o meu agradecimento pelo belo texto, assim TB pois é uma verdadeira aula seus comentários de/ sobre Artes Visuais. Reflete a experiência de anos no jornalismo, vendo as Artes Visuais como um globo, que reflete todas as incertezas e tendências dos "momentos" e movimentos Sociais!! Mais uma vez irmão, parabéns e obrigado pela magnífica aula.
Jodevania Alves
ResponderExcluirMais uma vez, fico maravilhada com tantas descobertas apresentadas com tamanha sensibilidade.
Bia Jacobina
ResponderExcluirTop
Murilo Ribeiro
ResponderExcluirÓtimo texto,parabéns! Abraço meu amigo! Exposição realmente instigante , criativa e livre .