JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 14 DE
JANEIRO DE 1978
Todos que tem comparecido ao
Solar do Unhão ficam admirados da grandiosidade da exposição, que está aberta
ao público, comemorativa do Centenário da Escola de Belas Artes. Grandiosa não
somente pelo número e tamanho dos trabalhos, mas sobretudo, pela qualidade e
confronto entre os vários artistas acadêmicos e de outras correntes, todos
convivendo num mesmo ambiente.
Estudo de Nu, de Raymundo Aguiar |
Em primeiro lugar, é bom lembrar
a presença de trabalhos de Miguel Navarro Y Cañizares, o espanhol que fundou a
Escola de Belas Artes, e que é um nome que figura em todos os compêndios ou
retrospectivas que foram ou venham a ser feitas sobre as artes plásticas na
Bahia.
Vaqueiro Encouraçado, de Emídio Magalhães |
Mas, certamente, o que a atual
diretoria da Escola vem reclamando é o mínimo de condições, como por exemplo,
um laboratório fotográfico digno, para que aqueles alunos que gostam da
fotografia possam exercitar. Não podemos continuar ministrando aulas teóricas,
principalmente, quando falamos de arte.
A arte exige criação, uma criação
orientada onde o professor possa mostrar ao aluno o que ele fez analisando e
aceitando as novas proposições.
Obra de Manoel Ignácio. |
Obra de Oscar Caetano |
Já pensou no professor de escultura
ensinando seus alunos a soldar num barraco de madeira? Um verdadeiro perigo.
Somado à falta de condições das instalações, vem o problema da falta constante
de materiais necessários ao aprendizado.
|Obra de Manuel Lopes Rodrigues |
acadêmicos, expressionistas ou integrantes de qualquer uma corrente determinada. Os professores desejam que os alunos criem livremente, recebendo apenas a orientação das técnicas. Não é verdade que a Escola de Belas Artes não acrescenta nada. Isto é conversa de pessoas incapazes de aprender, incapazes compreender o papel de uma escola de nível
Quadro de João Carrera |
Tela de Henrique Oswald |
BOLSAS PARA ALUNOS DA
UNIVERSIDADE / BA
Estudantes de todas as áreas da
UFBA, independente do curso em que esteja matriculados, poderão candidatar-se à
Bolsa de Trabalho/Arte, no valor aproximado de Cr$850, e que terá
vigência a partir de março próximo. Esse programa começou na UFBA em 1977,
através de convênios com o MEC/DAC/DAE, e será renovado, graças ao pleno êxito
alcançado, segundo informou o Assessor para Assuntos de Extensão, professor
Hélio Augusto Ribeiro.
Pelo Programa Bolsa de
Trabalho/Arte, a UFBA terá um mínimo de 50 bolsas, no valor aproximado de Cr$850 mensais. Segundo explicou o professor Hélio Ribeiro, poderão
participar estudantes de todas as áreas, desde que tenham interesse em
atividades artísticas,
Comentou ele que, quando o
Programa começou, no ano passado, muitos estudantes entenderam que as bolsas
somente se destinavam aos da Área de Artes. Porém por essa razão, praticamente não
surgiram candidatos de outras áreas, mas agora, as explicações estão sendo
dadas com maior ênfase, a fim de que o Programa possa alcançar candidatos de
todas as outras áreas.
A condição é apenas a de que o
estudante realmente tenha interesse em desenvolver um trabalho artístico, e ao
se candidatar à bolsa ele deverá comprovar a maneira como se dedicará a isto.
As instruções básicas do Programa foram incluídas no Manual do Estudante, que
se encontra à disposição de todos. Acrescentou, ainda, o Assessor para Assuntos
de Extensão da UFBA que tão logo seja assinado o novo convênio com o MEC para
as bolsas de 1978, serão dadas maiores informações.
ANTÔNIO MAIA FAZ EXPOPSIÇÃO EM BANGKOK
Bangkok - Inaugurou-se no Hotel
Oriental desta cidade, uma exposição de pintura do artista brasileiro Antônio
Maia.A mostra, que veio revelar a arte
brasileira de hoje ao povo tailandês, tem o patrocínio da Princesa Real
Chumbhot de Nagor Svarga, que compareceu a vernissage e recebeu junto com o Embaixador
Ovídio Melo os trezentos convidados presentes à festa
O estilo da pintura de Antônio
Maia provocou muitos comentários na imprensa de Bangkok. Dos vinte e um quadros
mostrados, mais da metade foi adquirida no dia da inauguração. Todos os quadros
da mostra foram pintados por Antônio Maia, em Bangkok. O fato de em
geral não ter quadros disponíveis, no Brasil, onde sua produção costuma ter
saída imediata, bem como problemas de transporte, levaram o artista a preferir
aceitar o oferecimento da Embaixada para que chegasse a Bangkok dois meses
antes da exposição e pudesse, assim pintar mesmo em Bangkok os trabalhos
necessários.
Cercado pelo ambiente tailandês,
os temas de Antônio Maia continuaram sendo os do Brasil, com suas figuras de
ex-votos e os símbolos mais recentes de sua obra - cogumelos e borboletas, por
exemplo- formando o motivo principal dos quadros
Falando sobre sua estréia na Ásia, disse
Antônio Maia: "Foi importante para mim ter vindo
aqui ter pintando aqui e ter mostrado aqui minha pintura.Um povo alegre e feliz como o
tailandês lembra muito o do nosso nordeste, com o ambiente físico plantas,
flores, frutos, coqueiros, mangueiras também parecidos.
Sou gratíssimo ao Itamaraty por
me ter proporcionado a oportunidade da exposição e pelo modo como me estimulou
a trabalhar pelo Brasil num ponto do globo tão distante do nosso."
MARIA LUIZA SERTÓRIO NA GALERIA BONINO
A artista Maria Luiza Sertório fez sua
última exposição em dezembro, na Galeria Bonino. Uma artista que vem
conquistando o mercado em todo o País pela sua criação, onde aparecem grandes
formas sugerindo afloramentos de metais ou mesmo pedaços de vegetais selecionados
e coloridos. São amplas telas de cores quentes, que nos permitem observar que
esta artista precisava do momento exato para eclodir, para mostrar o que vinha
carregando dentro de si. Sua primeira mostra foi surpresa para muita gente, e
logo a seguir, todos passaram a admirar seus trabalhos. Sertório figura entre a
ala de mulheres que hoje traz um traço ou a pincelada marcante de abertura, da
busca de novos horizontes, e concorre em pé de igualdade com seus colegas do
sexo masculino. É uma artista perfeitamente integrada com seu trabalho, uma
artista que observa, capta e transmite através de seus trabalhos a beleza
extraída da natureza que nos cerca.
Maria Sertório e grandes manchas equilibradas |
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