JORNAL A TARDE , SALVADOR, SÁBADO, 28 DE
JANEIRO DE 1978
Talvez os burocratas estejam com
receio que esses novos profissionais venham concorrer no mercado arrebatando-lhes
o ganha-pao, ou quem sabe, são mais inteligentes e isto é um perigo num país
desmemoriado. Enquanto isto os estudantes mostram a todos que o mercado de
trabalho existe, que nossos museus estão sem profissionais e nada adianta.
Fecharam as portas e assim o nosso país vai atravessando os anos desmemoriado.
Aliás, sofre desta doença há séculos.
Fazendo parte de um trabalho de
esclarecimento ao público, sobre a vida cultural da comunidade e a necessidade
de continuação do curso de Museologia da UFBa, ameaçado de extinção, os
estudantes de Museologia da Universidade Federal da Bahia promoveram
recentemente um encontro, no Museu de Arte Sacra. A reunião contou com
exposição, palestra e debates sobre a Preservação da Memória Nacional e a
Importância do Museólogo na Preservação da Memória Nacional.
A Museóloga Mercedes Rosa kruchevsky,
diretora do Museu Costa Pinto, abordou o tema Preservação da Memória Nacional,
e a estudante de Museologia, Mary Rodrigues, do Rio de Janeiro, falou sobre a
Importância do Museólogo na Preservação da Memória Nacional.
Estas fotos são de um curso sobre objetos de prata no Museu Carlos Costa Pinto |
A omissão do curso provocou a
apreensão entre os estudantes de Museologia, que, como principal tarefa de
esclarecimento, encaminharam um documento à Universidade, à comunidade baiana e
ás autoridades governamentais e educacionais locais, justificando a necessidade
de o curso ser preservado. Ao lado do pedido de reinclusão do curso, como opção
para a área três, a partir do vestibular de 1979, dirigido à Universidade, os
estudantes pediram, também, fossem incluídas disciplinas que consideram
específicas, para uma melhor formação do museólogo, bem como a complementação
da carga horária, no total de 2.700 horas, conforme determinação do Conselho
Federal de Educação, que estabelece, também para o curso, um total de 114
créditos.
O curso de Museologia que existe
no Rio de Janeiro, e o da UFBa. São os únicos que se dedicam à formação de
técnicos no setor, em nível universitário. Os estudantes procuraram enfatizar,
no documento, a importância desses profissionais no trabalho de preservação da
memória nacional, que tem sido a preocupação constante dos últimos governos.
Diante disso, os futuros,
museólogos consideram indispensável a reinclusão do curso na lista de opção da
UFBa.
Apesar de todo o trabalho que vem
sendo desenvolvido até o momento, nenhum pronunciamento da Universidade foi
divulgado sobre a reivindicação dos universitários, que desejam e esperam uma
solução favorável. Para a Universidade Federal da Bahia há insuficiência de
oferta de mão-de-obra no setor, e esta teria sido uma das razões porque
preferiu vetar o curso de Museologia.
Segundo informam os próprios
estudantes, na pesquisa realizada pela UFBa, dos 12 museus que identificou, a
Universidade comprovou que apenas quatro deles possuem técnicos de nível
superior, com apenas um ocupando cargo de direção. Os estudantes contestam
estes dados e afirmam que três diretores possuem formação superior, e que os 12
encarregados de museus entrevistados alegam falta de condições adequadas para o
funcionamento dos órgãos que dirigem.
Com a falta de condições
qualificadas de infra-estruturais pelos estudantes, eles concluem que existe
mercado de trabalho. E o que ficou evidenciado é a falta de aproveitamento dos
diplomados, que poderiam ser importantes auxiliares na dinamização dos museus.
Os estudantes defendem a
necessidade de colocação do pessoal diplomado nos lugares que lhes são
próprios, por direito, nas atividades técnicas ou de direção nos museus, sugerindo
que isso seja objeto de atenção das autoridades.
FALTA DE RECONHECIMENTO
São inúmeras as queixas, tanto
dos estudantes como dos professores, que reclamam, principalmente, a falta de
reconhecimento do curso pelo Conselho Federal de Educação, e a falta de locais
adequados para as aulas e estágios e de falhas de natureza curricular. Os
estudantes alegam, por exemplo, que o curso não está tendo sua carga horária
prevista, não havendo tempo de duração definido. No currículo, faltam
disciplinas específicas, consideradas indispensáveis para a formação adequada
do museólogo. As aulas são ministradas na Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas e a parte prática, principalmente no Museu de Arte Sacra.
Durante o encontro de ontem,
tanto os professores como os alunos tentaram mostrar que o museu é um elemento
vivo dentro da comunidade fundamental no estudo, conservação e divulgação do
patrimônio artístico e cultural, não apenas na Bahia, mas de todo o Brasil.
Durante os debates, tanto a Museóloga Mercedes Rosa, como a estudante Mary
Rodrigues, afirmaram que este patrimônio, embora seja uma essência, á memória
do País, está ameaçado de perder-se exatamente, por falta de meios técnicos e
administrativos adequados para a sua conservação e controle. Neste sentido, destacaram
a importância do Museólogo, especialmente formado com essa finalidade.
Também foi dito que durante a
existência do curso de Museologia da UFBa, já diplomou um total de 37
profissionais segundo dados oficiais, e mais de 80 estão em fase de formação,
e, estes profissionais poderão ser totalmente absorvidos pelas entidades
atualmente existentes em Salvador, como as Fundações Culturais do Estado,
Departamento de Cultura do Município, Igrejas, Monumentos, Escolas, Museus e
outros órgãos distribuídos pela Capital e interior. Tudo isso, sem se falar em
outras cidades do Nordeste, onde existem cerca de 50 museus, e nos quais
trabalham, apenas, quatro ou cinco museólogos, conforme pesquisa feita pelos
estudantes de Museologia da UFBa.
Estas palavras são dedicadas aos
novos museólogos: Anna de Vecchi,
Castro Nogueira, Jacy, Passin Franco,
Maria Conceição Berbert Tavares de Carvalho, Maria de Fátima Magalhães
Guimarães, Marilene Cerqueira Santos e Regina Helena Bandeira de Carvalho
Pereira.
QUADRINHO BAIANO JÁ TEM ATÉ CURSO
O artista baiano Jorge
Nascimento, de 21 anos, elaborou e imprimiu, em livro, um Curso de Desenhos
Animados, destinado a todas as pessoas, de qualquer idade, que desejam
iniciar-se ou mesmo especializar-se na elaboração de criações dessa natureza.
Ele afirma que o curso tem a finalidade de promover e incentivar a formação e o
aprimoramento de profissionais ou amadores do desenho animado.
Segundo o desenhista, o livro
torna possível a aprendizagem das técnicas de elaboração e filmagem dos
desenhos, mediante a amostragem de inúmeras ilustrações, com os primeiros
traços de cada série de desenho, mostrando-se, também, dos fundamentos da
animação. Esse livro, informa o autor, preencherá uma lacuna existente na
Bahia, onde existe carência de material didático sobre o assunto. O livro custa
CR$65 e pode ser adquirido, por enquanto, na Rua Chile, 7, com o Sr. Zito, no
horário comercial.
BIBLIOGRAFIA
O livro de Jorge Nascimento, além
de oferecer a vantagem de ser escrito em língua portuguesa, por um baiano, ao
contrário do que acontece com a maioria da bibliografia sobre o assunto,é
bastante acessível e inclui tudo que se refere às noções de filmagens do
desenho, bem como acerca do material que é utilizado. O autor afirma que, a
partir de março, o livro será lançado em todas as livrarias da cidade, podendo
ser adquirido por qualquer pessoa interessada no aprendizado.
O mercado para animadores, na
Bahia, ainda inexplorado, segundo Jorge
Nascimento, mas bastante promissor, havendo muitas possibilidades, na área de
cinema e no setor publicitário, principalmente, como já ocorre em algumas
capitais do Sul, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. O artista queixa-se,
porém, da falta de divulgação da importância do desenho animado e apoio ao
setor, notadamente, por parte do governo, como acontece com os festivais de
cinema, onde se incluem, também, os desenhos animados.
O AUTOR
Jorge Nascimento afirma que se
dedica aos desenhos animados desde criança e aos 15 anos já pretendia fundar
uma escola. Começou fazendo pintura artística e entregou-se à pesquisa sobre
animação no desenho. Já participou, com a apresentação do trabalho, em vários
festivais de filmes Super-8, em Fortaleza, Aracaju, Curitiba, Recife e outros.
Atualmente trabalha como desenhista publicitário, numa agência de Salvador.
Seu livro é escrito em linguagem
simples, impressão offset, com quase 40 páginas, no formato 22cmx27,5cm.
CARONA ROUBA GRAVURA E ESCULTOR
FOI PRESO
Eis ai o belo Kimbell Art Museum, no Texas |
O escultor não identificado,
telefonou às autoridades do museu para dizer que havia encontrado a gravura no
valor de mais de 55 mil dólares ( 882 mil cruzeiros) numa revista que tinham
deixado no seu carro.
As gratas autoridades do Museu de
Arte Kimbell afirmaram que o escultor devia receber uma recompensa. No entanto,
a polícia o prendeu enquanto investiga o roubo e anunciou posteriormente que o
individuo não conseguiria passar pelo teste do polígrafo.
A gravura, Paisagem com um Chalé
e Celeiro, assinada pelo mestre holandês e datada de 1641, foi rasgada de uma
proteção de papel e de uma peça de plexiglas, que a protegia.
A polícia afirmou ter encontrado
impressões digitais do escultor numa moldura ligada a gravura. A moldura foi
deixada no museu quando a gravura foi roubada. O escultor afirmou ao diretor do
museu Richard Brown, que julgava que a gravura de 337 anos havia sido comprada
pelo caronista num museu até que viu a
fotografia pela televisão do Rembrandt perdido naquela noite.
Brown elogiou o homem por
notificar as autoridades do museu e apesar da medida da polícia, o museu
elogiou-o.Ainda somos favoráveis as
declarações do Dr. Brown no sentido de que acreditamos em sua inocência e que
ele fez uma boa ação de cidadão, afirmou um porta voz do museu.
Brown declarou que a gravura havia
sido enrolada ficando ligeiramente rasgada numa extremidade, mas que isso
poderia ser reparado.
OITENTA MIL POR UM BOM CARTAZ
Este o belo e histórico Teatro da Paz,de Belém |
Será a maior premiação nacional
para criação nesse gênero, sob o patrocínio da Funarte em conjunto com o
Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Estado de Cultura,
Desportos e Turismo.
O concurso, de âmbito nacional, tem
por objetivo a criação de cartaz Inédito que servirá como peça de promoção
turística do Estado do Pará. O vencedor receberá CR$ 50 mil, o 2º. Colocado,
CR$20 mil e o terceiro, CR$10 mil, além das menções honrosas a critério da
Comissão Julgadora.
A inscrição e entrega dos
trabalhos deverão ser feitas até o dia 28 de fevereiro na Sede da Secretaria de
Estado de Cultura Desportos e Turismo do Pará, Avenida Governador José Malcher,
295-CEP 66.000- Belém-Pará.
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