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domingo, 7 de julho de 2013

ZANINI: UMA EXPOSIÇÃO MAIOR

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO, 03 DE ABRIL DE 1976

Zanini e seus móveis inteiriços
Zanini inaugurou ontem no Solar do Unhão sua exposição de móveis em madeira rústica, que ele define como objetos utilitários, que devem ter uma forma agradável, porque a beleza é uma grande necessidade do ser humano.
Ele é considerado como um dos mais importantes artesões do País, pela sua habilidade em confeccionar móveis em madeira maciça e oca, sem a utilização de pregos.  Zanini projeta os móveis e faz as maquetes. Daí então os marceneiros de canoas de Nova Viçosa confeccionam os móveis em toros de madeira que não são aproveitados pela indústria.
Autodidata, tem apenas o curso ginasial, mas estuda desenho arquitetônico desde 1940, já lecionou nas Universidades de São Paulo e do Brasil. Sua especialidade é maquete. Atualmente ele trocou as grandes cidades, para viver no interior da Bahia, para um maior contato com a natureza.
Nasceu em Belmonte, porém, escolheu Nova Viçosa para viver. Lá faz um trabalho de investigação da madeira abandonada, que não tem utilidade industrial, principalmente a ocada. Está fazendo um aproveitamento da mão-de-obra ociosa do marceneiro de canoas, que ficou sem trabalho com venda indiscriminada da madeira e a vinda dos caminhões. Faz uma denúncia do que vem acontecendo no extremo sul da Bahia, que vive uma situação triste, suas terras estão ficando sem valor, e não existe reflorestamento com relação a madeira de lei. Não há mais jacarandá e as outras madeiras de lei dentro de 2 anos também não vão ser encontradas. "Diariamente saem daquela região mais de mil caminhões carregados de madeira", diz ele.
Na sua opinião "a arte de vanguarda tem que fazer força para se impor, já o artesão primitivo tem o seu lugar assegurado em todo o Brasil, pois é encontrado em toda a parte do território."
Afirma ainda que "todo indivíduo tem a necessidade humana de executar alguma coisa. Os conhecimentos estão no local por onde ele passa. Por isso tem mais validade quando  tem pouco recurso e muita vontade, porque o instrumento maior do indivíduo é a sua inteligência."  "Eu poderia, continuou, comprar mil máquinas e trabalhar no Rio de Janeiro, porém a máquina é limitada, o cérebro humano tem imaginação e mais necessidade de descobrir e crescer."
Zanini diz que " tem necessidade de ser egoísta, por isso se esforça muito. Para mim tem importância todos aqueles que estão ao meu redor."
Desde os 13 anos de idade que não preciso de religião, acho que o paraíso está aqui na terra.Há cinco anos estou em Nova Viçosa onde desenvolvo um trabalho. Fico realizado porque estou em contato permanente com a natureza.
Sobre o seu trabalho, continua: os móveis tem boa aceitação em todo o Brasil, minha produção é pequena e não pretendo industrializar.Faço o projeto e maquete dos móveis na escala 1:10, e os marceneiros de canoas de Nova Viçosa confeccionam em grande porte. Uso a própria forma da madeira, porque a minha preocupação é respeitar a madeira. Sua técnica principal é o encaixe com auxílio da cola. As madeiras mais usadas em seu trabalho são: pequi, juerana, oiticica, vinhático e gonçalo alves.
José Zanini Caldas tem 57 anos de idade, começou com desenho arquitetônico em 1939. De 40 a 1945 fez maquetes, daí passou para móveis industrializados em São Paulo. Trabalhou em projetos arquitetônicos na construção de Brasília de 1959 a 1962, e lecionou maquete nas Universidades de São Paulo e Brasília.
No próximo ano vai expor seus trabalhos em Paris, a convite do Ministro da Cultura da França, através do Itamaraty. Atualmente, em Nova Viçosa, ele desenvolve um projeto de casas pré-elaboradas prontas em madeira. Ele faz a casa em madeira depois vende aos seus clientes. Este tipo de casa é desmontada facilmente e tem vários tipos para opções.

          O GIGANTISMO DE UM MURAL BRASILEIRO

Estamos vivendo a época do gigantismo. O maior, o melhor sempre estão destaques em todos os setores da atividade humana.Muitas vezes esta conotação do superlativo prejudica a coletividade e também a qualidade do conteúdo que esta coisa encerra. Mas, acabo de receber uma informação de que o pintor Moacir Andrade, é o autor do projeto da maior escultura de madeira do mundo e agora cuida de outro que trata da Paz Mundial. O autor quer que o mundo desfrute dessa facilidade que todos sonhamos. A minha obra será um permanente mensagem de amor. Cada pessoa que olhar o meu quadro, ficará impregnado de muita tranqüilidade interior passará a ser um sacerdote a serviço da paz universal, que tenho certeza, desfrutaremos antes de findar este século.
Quanto as convicções do artista Moacir Andrade, embora não comungue com o que penso, nada tenho contra, acho que o que interessa é a qualidade. Quanto ao maior, apenas uma preocupação com o superlativo.
Diz ele que o seu mural representará toda a angustiante história das lutas humanas desde épocas pré-históricas até os dias atuais, sintetizadas neste trabalho. Ele será dividido em secções de nove metros de largura por três e meio de altura.
            
                AGRESSÃO A OBRA DE REMBRANDT
Atualmente está assim a grande obra o mestre Rembrandt


 
O perito em restauração L. Kuiper, do Museu de Artes Clássicas de Amsterdam, posa em frente da maior das telas de Rembrandt, A Ronda Noturna, que acaba de ser restaurada. A grande tela, a obra prima do pintor holandês, fora golpeada doze vezes por um doente mental, um antigo professor, no ano passado. Radiofoto UPI- A Tarde.

                      A CAPOEIRA COMO TEMA MAIOR

Está expondo na Galeria Panorama, o artista Lizar que hoje vive totalmente dedicado a pesquisa dos movimentos da capoeira. Ele estuda e lança na tela toda aquela movimentação e agressividade desta luta que é vida. Lizar tem o necessário aprendizado do desenho e isto facilita as mil formas e movimentos que ele consegue com a temática capoeira. Com poucos traços ele consegue transmitir toda a agilidade que carregam os mulatos baianos, homens fortes e acostumados a enfrentar o perigo. Toca o berimbau e Lizar pega no pincel e os homens começam a dançar e pular, a jogar as pernas e os braços, a gingar e rodopiar na tela branca.
Em piuco tempo a luta desses homens suados acabou e mais uma tela que era branca tornou-se palco de uma luta gravada nas cores de Lizar.

         UM QUADRO E CINCO SELOS AMERICANOS

Uma tela que focaliza a Independência dos Estados Unidos foi tema para a edição de cinco novos selos postais dispostos em uma única folha, com perfurações para o destaque de cada um deles. O tema, retratado na pintura de autoria de Johm Trumbull 1756-1843, mostra o presidente do Congresso Continental, John Herbeck sentado à direita tendo diante dele cinco membros da comissão designada para dirigir a Declaração. São eles, a partir da esquerda: John Adms, Roger Herman, Robert Livingston, Thomas Jefferson e Benjamin Flanklin.Cada um dos novos selos tem o valor de 18 centavos de dólar. Trata-se de uma homenagem do Serviço Postal ao Bi-Centenário da Independência dos EUA.
Este é o histórico  quadro do pintor John Trumbull ( 1756-1843) retratando a Indepéndência dos Estados Unidos

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