JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO, 04 DE
NOVEMBRO DE 1978

A ideia da realização desta
bienal remonta algum tempo e foi pensada por Francisco Matarazzo Sobrinho e
alguns críticos latino-americanos. Assim a Bienal Nacional foi absorvida por
esta, passando a acontecer nos anos pares, enquanto a internacional continuará
a ocupar os anos ímpares.
Para muitos a primeira
contradição está na própria filosofia desta transformação, outros consideram
indigesta e limitada do ponto de vista geográfico. Esses últimos são contra os
regionalismos que não levam a nada porque a arte deve ter fronteiras. Mas os impasses vão além
das discussões conceituais sobre os objetivos da bienal pois muitos criticam a
temática central Mitos e Magia a qual não foi bem recebida por grande número de
artistas.
Os organizadores pretendem
diferenciá-la dos anos anteriores com a ideia de que esta deve ser mais
informativa, com orientação ao público que a visitará. Logo na entrada colocaram
um grande painel, didático sobre a promoção.
Não houve inscrição para
participação, porque os artistas foram convidados, e das 99 manifestações
enviadas à bienal, o Conselho selecionou 15. Dez propostas participaram da área
de documentação, entre elas um filme da atriz Norma Benguel. Paralelamente
acontece um simpósio que vai até o próximo dia 6 do corrente, sob a
coordenação, de Juan Acha, onde se discutirá os temas Mitos e Magia na Arte
latino-americana, Problemas gerais de arte latino-americana e as propostas das
próximas bienais latino-americanas.
Um detalhe curioso é que o
critico e diretor do MASP, Pietro Maria Bardi, considerado um ferrenho
condenador de bienais estará expondo numa sala seus conceitos sobre Mitos e
Magia, tudo exemplificando com obras artísticas dispostas pelo seu espaço nesta
Latino-americana.
Outro detalhe é que
inexplicavelmente não foi confeccionado o cartaz costumeiro. Isto porque dos 83
cartazes que concorreram ao prêmio em agosto último o júri não aprovou nenhum
deles alegando ausência de nível das propostas e da qualidade gráfica dos
trabalhos inscritos.
Fruto de uma estrutura de 27
anos, e mesmo sofrendo algumas modificações a bienal carrega o grave peso da
deteriorização do sistema administrativo. Lembro apenas que em julho deixaram a
Fundação o crítico Jacob Klintowitz e a artista Maria Bonino membros do
Conselho de Arte e Cultura e ainda a crítica Ernesta Karman e o artista Antônio
Lizarraga.
Assim para vencer alguns
obstáculos a bienal recorre a uma campanha publicitária produzida por uma
agência especializada a DPZ.
Portanto, a bienal abre suas
portas debaixo de uma grande avalanche de críticas e descontentamentos. Vamos
aguardar os resultados com certa atenção já que nela se pretende mostrar um
painel da arte latimo-americana.
GRUPO ARGENTINO CAYC
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Jorge Glusberg, já falecido, que dirigiu o Caic |
O trabalho agora apresentado está
centralizado em Mitos do Ouro.Para o grupo, o ouro, a prata e o cobre foram
utilizados pelos índios para elaborar jóias, adornos e certos utensílios. A
idade do ferro jamais foi um produto autocno no continente sul-americano. Das
150 substâncias provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral que a
humanidade tem utilizado, o ouro é a mais apreciada. Estimam em 80 mil
toneladas de ouro que tenha sido extraído da terra, os quais tem múltipla
virtudes, desde a sua resistência e maleabilidade.
O ouro é uma substância palpável,
escassa e tem o valor intrínseco porque revela segurança e prestígio.
O poder humano como todas as
relações sociais, é simbolizado em substâncias significativas que se convertem
na manifestação semiótica de tais relações.
È dentro desta visão que o grupo
CAYC vê o ouro, dentro de um sistema de relações sociais que estão imersos.
Basta lembrar que muitos trabalhos acerca deste metal, desde a época dos faraós egípcios até os nossos
dias tornam exótico e fascinante, além de determinar regras do sistema
econômico mundial.
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Obra de Alfredo Portillos |
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Alfredo Portillos |
O ouro é o objeto de arte valem
pelo que são, isto é por seu lugar em uma rede de critérios de prestígio,
socialmente determinados.
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Obra de Jorge Gonzalez Mir |
O ouro existe em todos os
continentes e debaixo dos mares. É uma substancial universal, da mesma forma
que a arte que está também está presente em qualquer ato da vida humana e é
indissociável dela.
É dentro desta ideia que se
desenvolve o trabalho dos integrantes do CAYC com trabalhos de Jorge Gonzalez
Mir, Victor Grippo, Vicente Marotta, Leopoldo Maler, Jorge Glusberg, Alfredo
Portilos e Clorindo Testa.
INIMÁ DE PAULA E AS PAISAGENS



Ele expõe em 1954 em Salvador no Salão Baiano de Arte Moderna. Em
1954, recebeu a Medalha de Prata, além de expor em vários países e ter
conquistado muitos prêmios em salões oficiais. Esta é a sua segunda mostra
individual porque em 1952 fez uma mostra na saudosa Galeria Oxumaré, na Ladeira
de São Bento.
Ele volta com a apresentação de
Wilson Rocha que fala de sua vinculação com a terra," pintor de um mundo
abundante. Mas esse mundo está ameaçado por catástrofes, por fatais violências
desencadeadas contra o homem."
Sua exposição será aberta no
próximo 9 de novembro com 20 óleos, na Galeria Katya, no salvador Praia Hotel.
Nota - Nascimento: 7 de dezembro de 1918, Itanhomi, Minas Gerais
Falecimento: 13 de agosto de 1999, Belo Horizonte, Minas Gerais
Morte: 13 de agosto de 1999 (80 anos); Belo Horizonte
PAINEL
MANU - é a mais nova casa de arte
que inicia sua existência em pleno centro nervoso de Salvador, a Rua Chile. O
que se desliza das suas paredes, o que encanta os olhos, o que invade o seu
espaço são alternativas diante deste mundo industrializado e estereotipado. Ela
fica na Rua Chile, 3, sala 209. Vá lá.
O Dircinho estará à sua espera.
DESENHOS- Cildo Meireles está
expondo na Pinacoteca do Estado de São Paulo. São 17 obras realizadas no ano
passado, em técnica mista das séries Brasília e Campos. O artista pertence ao
núcleo dos jovens da década de 60, época do florescimento do Objeto e das
aberturas da arte experimental.
EXPERIÊNCIA- O Nuclearte no
Parque da Cidade, e pertencente à Secretaria Municipal de Educação e Cultura iniciou sua primeira
experiência com um atelier de xilogravura sob a orientação de Isa Aderne. Os
trabalhos são realizados aos sábados das 9 ás 11 horas com duração de três
meses. Poderão participar jovens e adultos. No máximo 15 pessoas.

CONVIDADO- O tapeceiro Juarez
Maranhão acaba de ser convidado para fazer uma exposição em Montevidéu, na
Galeria Aramaio através do seu diretor Roberto Pérez Soto. A mostra deverá
acontecer em fevereiro do próximo ano e seria feita simultaneamente com a
pintora Lygia Milton e poderá contar com ajuda das embaixadas do Brasil no
Uruguai. Foto.
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