JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO,
19 DE JUNHO DE 1976
Mulata, de Joselito Duque |
O seu desenho é apurado e Joselito
tem consciência do seu trabalho e preocupação com as formas. Uma pintura forte
e cheia de alegria mesclada com o calor tropical. O colorido é sem dúvida um
dos mais bonitos e suas telas falam por si.
Joselito Duque é antes de tudo um
boêmio, um homem voltado à contemplação da natureza em toda sua grandiosidade. É difícil uma intimidade tão
grande entre o artista e a temática. Mas ela existe no trabalho de Joselito que
está sempre em contato com esta gente.
Quanto à natureza ela invade a
sua casa humilde, desde os fundos, à frente e as laterais. Tudo é verde. Os
pássaros gorjeiam e os sapos coaxam. É neste ambiente de trabalho que Joselito
está instalado. Na solidão das noites ele tem sua companhia os gritos e gemidos
de pássaros misteriosos que singram os céus da República Livre de Itapuã, como
afirma o gravador Calasans Neto.
É difícil falar de toda a beleza
e da grandeza das telas de Joselito Duque. É preciso vê-las para senti-las e apalpá-las. Além de encher os
olhos do espectador, suas telas, são juntas um canto de alegria. Alegria de
viver, de falar através das tintas e do pincel. As mulheres seminuas pululam os
espaços entremeados de verde, azul e outras cores que são tão bem usadas pelo
artista. Simples e criativo o Joselito Duque é a expressão da própria
liberdade.
DOIS CARIOCAS NO NEPAL
Uma xilo de anônimo nepalês |
Atualmente vivo em Salvador, para
onde vim à procura de um esquema de vida mais calmo, e aqui pretendo fazer um
trabalho arquitetônico aliado à natureza que não precisa ser destruída para que
se construa.
O que pretendo é conseguir uma
integração perfeita entre as duas coisas, o que sempre é possível. Por isto o
Horto Florestal foi o local escolhido para ser o primeiro projeto que será
ambientado por jardins de Sônia Aguiar.
Os xilos foram trazidos de Nepal
e de lá para Salvador e para a redação de A Tarde onde ele chegou numa manhã
com dois trabalhos debaixo do braço. Tivemos um rápido contato e depois o
Cláudio desapareceu. Estive ausente de Salvador e quando retornei encontrei essas
declarações do arquiteto guardadas em minha gaveta. Agora a exposição que
Cláudio anunciara já está acontecendo na Galeria Sereia no Pelourinho.
O Nepal fica ao norte da Índia e
seu centro cultural é o vale de Kathmandu a 1.400 metros de
atitude, onde ficam cerca de quatro quintos dos monumentos históricos do país.
Unificando como reino há duzentos anos o Nepal é um mosaico geográfico, étnico
e cultural.Os costumes e os trajes variam de
região para região.
Os seus habitantes falam três
línguas e uma dúzia de dialetos, praticam duas religiões: o hinduísmo e o
budismo. O curioso é que os templos são erguidos lado a lado havendo mistura de
ritos. A religião para os habitantes do Nepal é mais que uma crença. É um
estilo de vida integrada em todas as atitudes. É exatamente desta gente mística
e religiosa que Cláudio e Sônia trouxeram alguns trabalhos de autores anônimos
que dão uma ideia aproximada desta arte que está acima de tudo calcada em cenas
da vida cotidiana. Desde o século XVII que o dia a dia é a preocupação maior da
arte de Nepal. Na Galeria Sereia estão sendo apresentadas xilogravuras em papel
arroz de antigas matrizes de madeira impressas, segundo métodos tradicionais e
transmitidos através gerações.Nelas podemos, sentir a
influências dos chineses e indianos.
Bom dia Sr Reynivaldo,
ResponderExcluirPor gentileza o Sr possui informações ref ao artista Joselito Duque?