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sábado, 20 de julho de 2013

A ÓTICA DE UM CASAL ESTRANGEIRO

JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 22 DE ABRIL DE 1978

Marie e Richard captando a essência da alma latina
Resultado da viagem que realizam pela América do Sul, há mais de três anos, onde a cada país que conhecem procuram captar a sua naturalidade através da arte, Marie Le Glatin, francesa, e Richard Keis, norte-americano, reuniram os seus trabalhos, que constam de 30 desenhos e 30 fotos, e, sob o patrocínio da Fundação Cultural do Estado, estão expondo no Solar do Unhão até o próximo dia 27.
O casal, que se conheceu durante a viagem, pensa agora em retornar à Europa e analisar a importância da experiência para a sua criatividade. Em Salvador eles estão há cinco meses e aqui encontraram, segundo afirmaram, excelentes fontes de inspiração, pois procuramos destacar em nosso trabalho a natureza.
BICO-DE-PENA
Marie, que tem 28 anos, apresenta 30 desenhos de bico-de-pena em preto e branco. Durante cinco anos ela estudou gravura em metal na Escola de Belas Artes de Paris, mas explica que deixou a gravura, quando começou a viajar, na busca de novas formas, cores e horizontes. "O meu desejo de desenhar começou, quando cheguei à Argentina e escolhi o bico-de-pena pela proximidade com a gravura em metal."
Durante a sua viagem, expôs individualmente em Buenos Aires, Lima e Quito, sendo que nesta última capital conheceu Richard e prosseguiram juntos a viagem.
Marie conta que elege as plantas como fonte de inspiração, pois a sua essência de vida, o movimento, todas as formas figurativas, com o pretexto de mostrar a harmonia de todos os elementos.Entende que desenhar é como jogar com as linhas, correr, mover livremente sobre o papel até fazer uma dança entre uma árvore, uma planta e um corpo humano.
Tanto Marie como Richard consideram que a viagem é um estímulo de inspiração. Para ele, é importante a oportunidade de retratar tipos culturais, opinião compartilhada por Marie que considera ser país, cada raça e ambiente nova inspiração, nova energia dentro dos desenhos.
Richard fotografa preferencialmente, a gente e em particular, os velhos e crianças. Da sua exposição, as fotos na maioria, é de moradores dos Andes, mas apresenta também algumas paisagens.
Ele justifica a sua preferência pela figura humana para a fotografia dizendo que "cada rosto tem uma história singular e reflete a vida na fisionomia que expressa. São vivos e simples.As crianças, explica, são puras, refletem a simplicidade que as pessoas perdem ao chegar a idade adulta. Os velhos fazem retornar a esta época de pureza e simplicidade com a sabedoria da vida e as rugas da experiência."
Richard nasceu em St. Paul, Minesota e estudou fotografia na Escola de Belas Artes da Universidade de Minesota, já tendo participado de duas exposições coletivas e, uma individual no seu país.Na sua opinião, a fotografia é uma forma de arte relativamente nova e aberta à exploração.
Mas, agora, ele só tem uma ideia imediata: seguir para a Europa com Marie e descansar juntos da viagem, que segundo revelaram foi até certo ponto difícil, porque tínhamos que escolher sempre, transportes baratos, nem sempre confortáveis.Viagem de avião, só do tipo de carga, como revelou Marie, acrescentando que o artista só sobrevive com dificuldade porque não recebe uma recompensa à altura.

CINCO VISÕES DO BRASIL NO MUSEU DE ARTE MODERNA

Obra de Margaret Mead
Entre os dias 19 a 29 de abril será realizado no Museu de Arte Moderna, no Solar do Unhão, a exposição Cinco Visões do Brasil. A abertura da exposição será no dia 19, às sete horas da noite e contará com a presença do governador do Estado.
Uma mostra promovida pela Bahiatursa, Embratur e Fundação Cultural do Estado, apresentará trabalhos de quatro artistas internacionais e da equipe do Centro Brasileiro de Informação Turística - Cebtur. Ela se propõe a mostrar aos brasileiros e estrangeiros o melhor da imagem brasileira, para que estas se tornem mais conhecidas e provoquem no admirador o desejo de visitá-las.
Serão apresentados trabalhos fotográficos, pintura a óleo e nanquim. As pinturas a óleo são de autoria de Margaret Mead pintora americana que vive há 25 anos no Brasil é  especialista em flora tropical. Segundo Margaret Mead, a força brasileira é pouco conhecida no resto do mundo e é preciso fazer-se uma maior divulgação da beleza e do interesse científico das plantas brasileiras. Suas telas retratam espécimes da flora encontradas nos igarapés, rios e florestas, explorando sempre os mistérios da região Amazônica.

São João de Paraitinga, desenho de Tom Maia
Os trabalhos de Tom Maia são exclusivamente em bico-de-pena (nanquim) e sua preocupação é documentar a paisagem arquitetônica tradicional através de fachadas de igrejas, velhos casarios e antigas ruas. Desenhar sempre foi um hobby para o artista que a partir de 73 afastou-se do Ministério Público para se dedicar ao desenho, ilustrando o livro Paraty, Região e Folclore premiado no Concurso de Iconografia e Folclore do Ministério da Educação e Cultura.
As fotografias apresentadas em Cinco Visões do Brasil são de autoria de Arne Sucksdorff, Neil Montanus e da equipe da Cebitur.

Os temas variam de acordo com o interesse e abordagem de cada artista. Arne Sucksdorff é sueco, emigrou para o Brasil em 1967 depois de conhecer o pantanal: matogrossense. Conhecido por muitos como pai do cinema novo brasileiro, por suas realizações diretamente ligadas ao cinema no Brasil, Arne Sucksdorff demonstra suas fotografias em preocupação com a natureza virgem, mostrando em seus trabalhos a vida selvagem dos animais em seu habitat natural, na região do pantanal de Mato Grosso.
Bela fotografia do sueco Arne Sucksdorff no Pantanal
Neil Montanus é considerado um profissional dos mais importantes da Divisão da Kodak Internacional foi agraciado com o título de Mestre de Fotografia pela Associação dos Fotógrafos Profissionais dos Estados Unidos. Suas fotografias abordam diversos aspectos paisagísticos do Brasil tendo sempre presente a regionalidade através do elemento humano, contraste de luz e formas.
As diversas manifestações folclóricas, festas populares e religiosas serão mostradas na exposição pela equipe do Cebitur que prima pelo instantâneo em termos fotográficos. Através destas fotos, que apresentam bem típicos e característicos de cada região brasileira, o Cebitur esclarece o turista sobre os principais eventos de interesse no Brasil.

       LITOGRAFIAS DOS IMPRESSIONISTAS FRANCESES

Litografia de  bailarina de Edgard Degas
Basta citar nomes como o de Gauguin, Cézanne ou Renoir e as pessoas familiarizadas com a arte imaginam imediatamente pinturas a óleo avaliadas a preços altíssimos. Mas, durante uma década isolada, estes grandes artistas, juntamente com Degas e Manet, se dedicaram a outro tipo de pintura.
Agora o Museu Britânico está pondo à mostra esta obra, depois de 75 anos de obscuridade.A mostra de Manet a Toulouse-Lautrec apresenta um conjunto de 175 obras produzidas pelas mais célebres impressionistas franceses. Nelas porém não se vê nenhum sinal de papel.
Todas as obras são litografias e a mostra do museu de Londres parece revelar uma espécie de mundo perdido do impressionismo francês.
A litografia é uma técnica de pintura ou desenho com a utilização de substâncias graxas e pedra calcária. Depois de passar as substâncias graxas sobre a pedra, esta e mergulhada em água.Devido ao fenômeno da repulsão entre a água e as substâncias gordurosas, a pintura feita a óleo só adere às partes não umedecidas.
Uma litografia de Touluose-Lautrec
O conde Henri de Toulouse-Lautrec, considerado um cronista da vida mundana de Paris, foi o maior mestre dessa técnica. Toulouse-Lautrec constitui o astro principal dessa mostra, com 53 litografias, que vão desde seus famosos cartazes dos seus finos desenhos tão delicados que mais parecem esboços feitos a lápis.
Toulouse-Lautrec não inventou a litografia descoberta cem anos antes nem foi primariamente o responsável pela explosão de interesse por esse tipo de pintura entre os meios artísticos de Paris em 1890.
Mas todas as suas litografias datam dessa década em que o entusiasmo contagiou todos os grandes artistas. Mas a onda terminou tão bruscamente que os especialistas atuais chegam a considerar estranho o colapso como o surgimento rápido desse movimento. Outro ponto que intriga os especialistas é o motivo porque essas obras atraentes e luminosas caíram em quase total esquecimento. O museu britânico diz que sua coleção jamais foi exibida é quase totalmente desconhecida. Apesar disso, grande números dessas 175 litografias atrai imediatamente a atenção do visitante. Seus traços vivos e a pureza de sua cor raramente aparecem mais famosas telas a óleo desses mesmos artistas.
Les Grands Baigneurs (The Large Bathers), de 1896, 
litografia de Paul Cézanne


Nem todas as litografias expostas foram feitas nessa década explosiva. Elas começam na década de 1850, com paisagens de cores escuras carregadas, pintadas por Rodolphe Bresdin que era um extravagante, cujas obras não correspondem absolutamente a nenhum padrão conhecido como diz o catálogo da exposição preparado por Francis Carey.
Edouard Manet foi o primeiro a se interessar seriamente e a se dedicar realmente a litografia de 1860 em diante. Mas Manet trabalhou isoladamente até chegar a década dos grandes trabalhos de Toulouse Lautrec.A maioria dos artistas que adotou técnica usou apenas de modo superficial. Mas não Toulouse-Lautrec.
Para Lautrec a litografia não era uma forma inferior de arte, diz o catálogo. Ele tratava a litografia com a mesma seriedade pintura.Conseguiu o domínio total da técnica litográfica e produziu 357 litografias desde cartazes e quadros exclusivos para colecionadores até obras para distribuição ao público durante essa década.
Cézanne ao contrário, fez somente três litografias umas delas está exposta. Renoir produziu umas 25 Gauguin 14, Degas parece nunca ter ficado satisfeito com suas 20 litografias e tentou refazê-las diversas vezes. Uma de suas obras foi refeita 20 vezes.
O Museu Britânico adquiriu todas essas obras como legado de Campbell Dodgson, antigo encarregado da conservação de quadros e desenhos do museu. Ao morrer em 1948. Dodsen deixou ao museu bem mais de cinco mil peças dando a instituição inglesa uma riqueza de quadros, desenhos e litografias, a qual muito poucas coleções européias se podem comparar.
A mostra dessas litografias do valioso tesouro de Dodgson ficará aberta até o dia 1º de outubro. Quem pode pagar a Europa e gosta de arte, não deve deixar de ver esta exposição.As litografias acima servem apenas como ilustração, já que na época não tivemos acesso as expostas na época.

                              PAINEL

CAPELA VIRA GALERIA- Em Juiz de Fora uma velha e tradicional capela foi adquirida restaurada e transformada em galeria de arte para o desespero das beatas. A inauguração ocorreu em dezembro do ano passado e muitos se manifestaram contra a iniciativa, que terminou vencendo aqueles que acham que arte é profanação. Assim as telas ocupam hoje o lugar dos bancos e em vez de imagens sacras encontramos figuras humanas e mesmo trabalhos abstratos para serem vistos. Seu nome é Capela Galeria de Arte e conta com modernos sistemas de telefonia, som, luz e alarme contra roubo. Várias exposições fá foram ali realizadas e devido o grande incentivo que vem dando as artes visuais estão sendo apelidada de o templo da cultura.



WILLIAN MACOMBER JR- O diplomata de carreira Willian Macomber Jr. Foi nomeado para a presidência do Museu Metropolitano de Arte (MMA) de Nova York. Macomber, de 57 anos, será o primeiro presidente de tempo integral do museu de acordo com uma reforma na estrutura administrativa do organismo aprovada em outubro. O diploma substituirá Douglas Honque com a reorganização, passou a ocupar o cargo de Diretor-Executivo do museu.
Macomber ocupou os cargos de embaixador dos Estados Unidos, na Jordânia e na Turquia e vários postos no Departamento de Estado.

Vaso de xá , obra recente de Gomes de Souza
GOMES DE SOUZA- Numa nova fase de seu trabalho renovado, enriquecido,  mostrando uma série de nus com ondulações sensuais, com pluri-significados dentro de uma realidade: o corpo como tecido oposto, Gomes de Souza, pintor, autodidata, abrirá sua primeira exposição individual no dia 27 de abril, às 18 horas, na Galeria Macunaíma da Funarte, no Rio.
Nasceu em Goiás e desde 1975 vem apresentando trabalhos em exposições coletivas recebendo alguns prêmios, entre eles, O Prêmio de Aquisição do III o IV Concurso Nacional de Artes Plásticas de Caixego (Goiânia-Go) em 1976 e 1977; Prêmio de Aquisição na Semana da Cultura de Goiânia em 1977; Primeiro Prêmio, em 1976, no IV Salão de Inconfidência de Brasília. No Rio, já expôs no II Salão da Casa da Bahia, do MEC, em 1976 e no I Salão de Ferrovia.
Esta exposição, segundo Miguel Jorge, significa muito na vida de Gomes. É uma visão, ampliada e melhorada, de seu lado criativo, de seus olhos de suas mãos de sua técnica. Amadurecido e conscientes, Gomes de Souza só os apresenta suficientemente preparado para integrar-se, como parte importante, no cenário artístico do país. A mostra permanecerá na Galeria Macunaíma até o dia 12 de maio, e abre de segunda a sexta-feira das 10 às 18 horas.

DESENHOS DE SÔNIA- Há muito tempo estou para responder a carta de Sônia Maria da Costa residente na Liberdade, sobre os desenhos que me enviou solicitando uma critica. Quero dizer que realmente que você deve prosseguir desenhando e procurar a Escola de Belas Artes onde poderá tomar um curso livre de desenho ou pintura. Deve também visitar exposições e trocar ideias com artistas jovens, ler para ficar informada sobre as coisas que estão acontecendo a seu redor, porque o artista não pode e não deve ficar alheio à realidade que lhe cerca. Acho que você tem talento e que seus desenhos, embora ainda ingênuos, podem ser trabalhados.







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