JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 22 DE
ABRIL DE 1978
Marie e Richard captando a essência da alma latina |
Resultado da viagem que realizam
pela América do Sul, há mais de três anos, onde a cada país que conhecem
procuram captar a sua naturalidade através da arte, Marie Le Glatin, francesa, e
Richard Keis, norte-americano, reuniram os seus trabalhos, que constam de 30
desenhos e 30 fotos, e, sob o patrocínio da Fundação Cultural do Estado, estão
expondo no Solar do Unhão até o próximo dia 27.
O casal, que se conheceu durante
a viagem, pensa agora em retornar à Europa e analisar a importância da
experiência para a sua criatividade. Em Salvador eles estão há cinco meses e
aqui encontraram, segundo afirmaram, excelentes fontes de inspiração, pois
procuramos destacar em nosso trabalho a natureza.
BICO-DE-PENA
Marie, que tem 28 anos, apresenta
30 desenhos de bico-de-pena em preto e branco. Durante cinco anos ela estudou
gravura em metal na Escola de Belas Artes de Paris, mas explica que deixou a
gravura, quando começou a viajar, na busca de novas formas, cores e horizontes. "O meu desejo de desenhar começou, quando cheguei à Argentina e escolhi o
bico-de-pena pela proximidade com a gravura em metal."
Durante a sua viagem, expôs
individualmente em Buenos
Aires , Lima e Quito, sendo que nesta última capital conheceu
Richard e prosseguiram juntos a viagem.
Marie conta que elege as plantas
como fonte de inspiração, pois a sua essência de vida, o movimento, todas as
formas figurativas, com o pretexto de mostrar a harmonia de todos os elementos.Entende que desenhar é como jogar
com as linhas, correr, mover livremente sobre o papel até fazer uma dança entre
uma árvore, uma planta e um corpo humano.
Tanto Marie como Richard
consideram que a viagem é um estímulo de inspiração. Para ele, é importante a oportunidade
de retratar tipos culturais, opinião compartilhada por Marie que considera ser
país, cada raça e ambiente nova inspiração, nova energia dentro dos desenhos.
Richard fotografa preferencialmente,
a gente e em particular, os velhos e crianças. Da sua exposição, as fotos na
maioria, é de moradores dos Andes, mas apresenta também algumas paisagens.
Ele justifica a sua preferência
pela figura humana para a fotografia dizendo que "cada rosto tem uma história
singular e reflete a vida na fisionomia que expressa. São vivos e simples.As crianças, explica, são puras,
refletem a simplicidade que as pessoas perdem ao chegar a idade adulta. Os
velhos fazem retornar a esta época de pureza e simplicidade com a sabedoria da
vida e as rugas da experiência."
Richard nasceu em St. Paul , Minesota e
estudou fotografia na Escola de Belas Artes da Universidade de Minesota, já
tendo participado de duas exposições coletivas e, uma individual no seu país.Na sua opinião, a fotografia é
uma forma de arte relativamente nova e aberta à exploração.
Mas, agora, ele só tem uma ideia
imediata: seguir para a Europa com Marie e descansar juntos da viagem, que
segundo revelaram foi até certo ponto difícil, porque tínhamos que escolher
sempre, transportes baratos, nem sempre confortáveis.Viagem de avião, só do tipo de
carga, como revelou Marie, acrescentando que o artista só sobrevive com
dificuldade porque não recebe uma recompensa à altura.
CINCO VISÕES DO BRASIL NO MUSEU
DE ARTE MODERNA
Obra de Margaret Mead |
Uma mostra promovida pela
Bahiatursa, Embratur e Fundação Cultural do Estado, apresentará trabalhos de
quatro artistas internacionais e da equipe do Centro Brasileiro de Informação
Turística - Cebtur. Ela se propõe a mostrar aos brasileiros e estrangeiros o
melhor da imagem brasileira, para que estas se tornem mais conhecidas e provoquem
no admirador o desejo de visitá-las.
Serão apresentados trabalhos
fotográficos, pintura a óleo e nanquim. As pinturas a óleo são de autoria de
Margaret Mead pintora americana que vive há 25 anos no Brasil é especialista em flora tropical. Segundo
Margaret Mead, a força brasileira é pouco conhecida no resto do mundo e é
preciso fazer-se uma maior divulgação da beleza e do interesse científico das
plantas brasileiras. Suas telas retratam espécimes da flora encontradas nos
igarapés, rios e florestas, explorando sempre os mistérios da região Amazônica.
São João de Paraitinga, desenho de Tom Maia |
As fotografias apresentadas em Cinco Visões do
Brasil são de autoria de Arne Sucksdorff, Neil Montanus e da equipe da Cebitur.
Os temas variam de acordo com o interesse e abordagem de cada artista. Arne Sucksdorff é sueco, emigrou para o Brasil em 1967 depois de conhecer o pantanal: matogrossense. Conhecido por muitos como pai do cinema novo brasileiro, por suas realizações diretamente ligadas ao cinema no Brasil, Arne Sucksdorff demonstra suas fotografias em preocupação com a natureza virgem, mostrando em seus trabalhos a vida selvagem dos animais em seu habitat natural, na região do pantanal de Mato Grosso.
Os temas variam de acordo com o interesse e abordagem de cada artista. Arne Sucksdorff é sueco, emigrou para o Brasil em 1967 depois de conhecer o pantanal: matogrossense. Conhecido por muitos como pai do cinema novo brasileiro, por suas realizações diretamente ligadas ao cinema no Brasil, Arne Sucksdorff demonstra suas fotografias em preocupação com a natureza virgem, mostrando em seus trabalhos a vida selvagem dos animais em seu habitat natural, na região do pantanal de Mato Grosso.
Bela fotografia do sueco Arne Sucksdorff no Pantanal |
As diversas manifestações
folclóricas, festas populares e religiosas serão mostradas na exposição pela
equipe do Cebitur que prima pelo instantâneo em termos fotográficos. Através
destas fotos, que apresentam bem típicos e característicos de cada região
brasileira, o Cebitur esclarece o turista sobre os principais eventos de
interesse no Brasil.
LITOGRAFIAS DOS IMPRESSIONISTAS FRANCESES
Litografia de bailarina de Edgard Degas |
Agora o Museu Britânico está
pondo à mostra esta obra, depois de 75 anos de obscuridade.A mostra de Manet a
Toulouse-Lautrec apresenta um conjunto de 175 obras produzidas pelas mais
célebres impressionistas franceses. Nelas porém não se vê nenhum sinal de
papel.
Todas as obras são litografias e
a mostra do museu de Londres parece revelar uma espécie de mundo perdido do
impressionismo francês.
A litografia é uma técnica de
pintura ou desenho com a utilização de substâncias graxas e pedra calcária.
Depois de passar as substâncias graxas sobre a pedra, esta e mergulhada em
água.Devido ao fenômeno da repulsão
entre a água e as substâncias gordurosas, a pintura feita a óleo só adere às
partes não umedecidas.
Uma litografia de Touluose-Lautrec |
Toulouse-Lautrec não inventou a
litografia descoberta cem anos antes nem foi primariamente o responsável pela
explosão de interesse por esse tipo de pintura entre os meios artísticos de
Paris em 1890.
Mas todas as suas litografias
datam dessa década em que o entusiasmo contagiou todos os grandes artistas. Mas
a onda terminou tão bruscamente que os especialistas atuais chegam a considerar
estranho o colapso como o surgimento rápido desse movimento. Outro ponto que
intriga os especialistas é o motivo porque essas obras atraentes e luminosas
caíram em quase total esquecimento. O museu britânico diz que sua coleção
jamais foi exibida é quase totalmente desconhecida. Apesar disso, grande
números dessas 175 litografias atrai imediatamente a atenção do visitante. Seus
traços vivos e a pureza de sua cor raramente aparecem mais famosas telas a óleo
desses mesmos artistas.
Les Grands Baigneurs (The Large Bathers), de 1896,
litografia de Paul Cézanne
|
Nem todas as litografias expostas
foram feitas nessa década explosiva. Elas começam na década de 1850, com
paisagens de cores escuras carregadas, pintadas por Rodolphe Bresdin que era um
extravagante, cujas obras não correspondem absolutamente a nenhum padrão
conhecido como diz o catálogo da exposição preparado por Francis Carey.
Edouard Manet foi o primeiro a se
interessar seriamente e a se dedicar realmente a litografia de 1860 em diante. Mas Manet
trabalhou isoladamente até chegar a década dos grandes trabalhos de Toulouse
Lautrec.A maioria dos artistas que adotou
técnica usou apenas de modo superficial. Mas não Toulouse-Lautrec.
Para Lautrec a litografia não era
uma forma inferior de arte, diz o catálogo. Ele tratava a litografia com a
mesma seriedade pintura.Conseguiu o domínio total da
técnica litográfica e produziu 357 litografias desde cartazes e quadros
exclusivos para colecionadores até obras para distribuição ao público durante
essa década.
Cézanne ao contrário, fez somente
três litografias umas delas está exposta. Renoir produziu umas 25 Gauguin 14,
Degas parece nunca ter ficado satisfeito com suas 20 litografias e tentou
refazê-las diversas vezes. Uma de suas obras foi refeita 20 vezes.
O Museu Britânico adquiriu todas
essas obras como legado de Campbell Dodgson, antigo encarregado da conservação
de quadros e desenhos do museu. Ao morrer em 1948. Dodsen deixou ao museu bem
mais de cinco mil peças dando a instituição inglesa uma riqueza de quadros,
desenhos e litografias, a qual muito poucas coleções européias se podem
comparar.
A mostra dessas litografias do
valioso tesouro de Dodgson ficará aberta até o dia 1º de outubro. Quem pode
pagar a Europa e gosta de arte, não deve deixar de ver esta exposição.As litografias acima servem apenas como ilustração, já que na época não tivemos acesso as expostas na época.
PAINEL
CAPELA VIRA GALERIA- Em Juiz de
Fora uma velha e tradicional capela foi adquirida restaurada e transformada em
galeria de arte para o desespero das beatas. A inauguração ocorreu em dezembro
do ano passado e muitos se manifestaram contra a iniciativa, que terminou
vencendo aqueles que acham que arte é profanação. Assim as telas ocupam hoje o
lugar dos bancos e em vez de imagens sacras encontramos figuras humanas e mesmo
trabalhos abstratos para serem vistos. Seu nome é Capela Galeria de Arte e
conta com modernos sistemas de telefonia, som, luz e alarme contra roubo.
Várias exposições fá foram ali realizadas e devido o grande incentivo que vem
dando as artes visuais estão sendo apelidada de o templo da cultura.
WILLIAN MACOMBER JR- O diplomata de carreira Willian Macomber Jr. Foi nomeado para a presidência do Museu Metropolitano de Arte (MMA) de Nova York. Macomber, de 57 anos, será o primeiro presidente de tempo integral do museu de acordo com uma reforma na estrutura administrativa do organismo aprovada
Macomber ocupou os cargos de
embaixador dos Estados Unidos, na Jordânia e na Turquia e vários postos no
Departamento de Estado.
Vaso de xá , obra recente de Gomes de Souza |
Nasceu em Goiás e desde 1975 vem
apresentando trabalhos em exposições coletivas recebendo alguns prêmios, entre
eles, O Prêmio de Aquisição do III o IV Concurso Nacional de Artes Plásticas de
Caixego (Goiânia-Go) em 1976 e 1977; Prêmio de Aquisição na Semana da Cultura
de Goiânia em 1977; Primeiro Prêmio, em 1976, no IV Salão de Inconfidência de
Brasília. No Rio, já expôs no II Salão da Casa da Bahia, do MEC, em 1976 e no I
Salão de Ferrovia.
Esta exposição, segundo Miguel
Jorge, significa muito na vida de Gomes. É uma visão, ampliada e melhorada, de
seu lado criativo, de seus olhos de suas mãos de sua técnica. Amadurecido e
conscientes, Gomes de Souza só os apresenta suficientemente preparado para
integrar-se, como parte importante, no cenário artístico do país. A mostra permanecerá na Galeria
Macunaíma até o dia 12 de maio, e abre de segunda a sexta-feira das 10 às 18
horas.
DESENHOS DE SÔNIA- Há muito tempo
estou para responder a carta de Sônia Maria da Costa residente na Liberdade,
sobre os desenhos que me enviou solicitando uma critica. Quero dizer que
realmente que você deve prosseguir desenhando e procurar a Escola de Belas Artes
onde poderá tomar um curso livre de desenho ou pintura. Deve também visitar
exposições e trocar ideias com artistas jovens, ler para ficar informada sobre
as coisas que estão acontecendo a seu redor, porque o artista não pode e não
deve ficar alheio à realidade que lhe cerca. Acho que você tem talento e que
seus desenhos, embora ainda ingênuos, podem ser trabalhados.
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