JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO 17
DE JANEIRO DE 979
Obra do artista Jorge Viriato focando o candomblé |
Este artista é um grande
divulgador da Bahia através dos seus trabalhos. Tudo que tinha feito era fruto
de suas pesquisas em publicações e fotografias e agora vem pela primeira vez a
Salvador, exatamente quando aconteciam a Lavagem do Bonfim e outras festas
populares.
Sua vinda à Bahia, certamente,
vai influenciar na elaboração dos seus trabalhos, alguns dos quais não retratam
toda a realidade de nossas festas e nossa gente, exatamente porque faltava este
contato, esta vivência. Viriato é um artista cuidadoso, primoroso nos detalhes.
É um primitivo, mas não totalmente, porque ele tem algumas noções de mistura de
cores e também de desenho.
Quero aproveitar esta
oportunidade para falar do trabalho que vem realizando ultimamente a Casa da
Bahia, através de sua nova Presidente Ivette Brito na divulgação das coisas da
Bahia, com o objetivo de fortificar no Rio de Janeiro, as raízes da baianidade.
IDEIAS E NÃO A NATUREZA
Rompendo uma tradição de
cinqüenta anos, está sendo realizada em Washington, uma exposição, onde a arte
visual escolhida foi conceitual, expressando ideias, e não imitando a natureza.
Assim grupos de música e dança apresentaram trabalhos que foram resultado de
experiências ou processos em formas não tradicionais.
Está havendo inclusive
apresentações de vídeo-arte e filmes e uma exposição de fotografias.
Foram apresentados cerca de 30
trabalhos visuais criados por artistas, muitos dos quais ainda jovens com
exposições realizadas na Europa e nos estados Unidos.
Os trabalhos apresentados atestam
a extensa linha coberta por conceitos e materiais contemporâneos. Todos os
artistas tomaram a experiência como norma, embora não aceitem a classificação
dos trabalhos de avant-garde. Todavia, muitos visitantes acharam o festival
inovador e fascinante exigindo novas respostas a perguntas antigas.
As fronteiras da pintura e a escultura,
da escultura e o teatro, da dança e o filme invadidos várias vezes.
A exposição foi intitulada Art
Now. Serviu para aumentar o prestígio do Centro Kennedy e foi considerada como
1º Festival Norte-Americano Interdisciplinar. Ela foi inspirada em outras
realizada em Edimburgo, Spoleto e Roma.
LATINO-AMERICANOS EM NEW YORK
Quarenta e sete artistas
latino-americanos, inclusive a brasileira Lydia Okumura, participam de uma
exposição representando 12 países no Centro de Relações Interamericanas, sob os
auspícios do Instituto de Arte Hispânica Contemporânea.
A exposição permanecerá até o dia
22 de fevereiro, e conta com o apoio financeiro de doações recebidas pelo
Instituto, uma das nove organizações que formam a Associação de Artes
Hispânicas, e de outras entidades. Esta associação com apenas dois anos de
funcionamento interessa-se pela experiência hispânica manifestada através das
artes e busca promover uma divulgação maior desta experiência: despertar a
atenção para a mesma nos colégios e universidades, em todos os Estados Unidos.
PIRES E MEDEIROS NO MUSEU DA
CIDADE
Dois jovens artistas: Gérson
Pires Nascimento (Gérson) e Renato Medeiros, estarão expondo a partir do próximo
dia 23 na Galeria do Museu da Cidade. São dois talentos jovens que juntos pretendem
mostrar os seus quadros. Dois jovens amigos, mas que trabalham conservando suas
individualidades artísticas. O Gérson ficou no bico de pena. Um trabalho
meticuloso, e acima de tudo criativo. Os trabalhos que pude examinar me deram
uma ideia da seriedade com que o Gérson concebe seus quadros. É preciso olhar
com muito cuidado, especialmente os com a temática óptica senão você pensa que
foi feito por uma máquina. Na realidade aqueles espaços foram preenchidos por
um jovem artista que também o concebeu em toda composição plástica.
Ao seu lado, o Renato Medeiros,
que é um estreante. Sua preocupação é com o homem. Seus quadros apresentam
tonalidades que se misturam, ora mais fortes, ora mais fracas. Como fundo
trazem pedaços do céu que lembram naturezas mortas. As figuras são distorcidas
propositadamente e sobressaem os olhos grandes e vivos. A primeira vista gostei
dos quadros do Medeiros, é claro com o cuidado de resguardar elogios tendo em
vista que é um estreante, que inicia a sua carreira artística, portanto com
muita coisa e corrigir.
É um talento, que dentro de pouco
tempo será reconhecido em Salvador.
A Galeria do Museu da Cidade, que
foi inaugurada no último dia 10 merece aplausos, porque vem a atender a uma
necessidade e um pensamento moderno do que seja um museu. Tenho debatido nesta
coluna que museu não é apenas um depositário de obras de arte. Ele tem uma
função maior perante a comunidade que é desenvolver as artes e educar. A
Galeria de Arte do Museu da Cidade, foi inaugurada com a exposição Os deuses africanos, com desenhos e pinturas de Raul Giovanni. Os trabalhos focalizam
Orixás, Voduns e Inkices, presente na cultura popular baiana.
MÍRIAM ABDON NO SOLAR DO UNHÃO
"Em parte conscientemente, digo
daquilo que me sensibiliza e intriga. Aquela permanente insatisfação do homem
consigo mesmo, que me obriga a uma constante e cansativa busca de plenitude
temático-formal. Pela representação de elementos vegetais, tento vivenciar o
drama do ser. O meu drama de existir, a vida. Buscar, relacionar-me com os
mistérios do Universo. Estar no topo para compreender a necessidade de criar
formas novas que sempre existiram em nossa mente...Me extasio ante a natureza
grandiosa em seus mecanismos de reprodução, nascimento e morte, em sua
perfeição de formas e cores."Estas palavras de Míriam
demonstram uma identidade perfeita com a natureza, aquela posição contemplativa
e participante do artista que vive preocupado com o ciclo vital: o nascer, o
crescer, o morrer.
É a primeira vez que Míriam Abdon
mostra seus trabalhos reunidos ao público baiano. São trinta trabalhos onde a
artista utilizou uma técnica mista de desenho e monotipia, todos em torno da
natureza. Sua mostra será aberta hoje, às 21 horas.
MIXEL NA GALERIA SEREIA
Foi aberta no último dia 15 a exposição de Mixel, na
Galeria Sereia. É a primeira vez que Mixel expõe seus quadros, depois de alguns
anos pesquisando uma melhor forma de expressão e composição. Tem alguma
experiência com cenários e a temática utilizada varia muito, de acordo com os
momentos em sua vida de artista. Sua pintura reflete também um pouco do
introvertido Mixel que viaja para dentro de si através de seus quadros.
O NU COMO TEMA
O nu da mulher, os instintos e o
comportamento humano são os temas de duas exposições de desenhos montadas no Museu
de Arte de São Paulo. Os desenhos são de Meire Levin e Maty Vitar. A primeira
procura transformar a mulher no símbolo de seu trabalho acentuando em contornos
às vezes abstratos, expressões de sofrimento, grito, repressão e aprisionamento
íntimo de que a mulher sempre é vítima na sociedade dos homens. Já Maty Vitar
define seus trabalhos como figurativos fantásticos onde os personagens
incorporam detalhes animalescos. São cenários medievais onde as figuras humanas
surgem em grotescas composições.
A DESCOBERTA
Um restaurador está trabalhando
há vários dias na Igreja de São Lourenço, onde está enterrada quase toda
família dos Médicis. Ali foram
encontrados alguns trabalhos do Michelangelo, os quais serão aproveitados 80% do
original. Este é um dos trabalhos encontrados, que está sendo cuidadosamente
restaurado. Uma grande figura anatômica com saliências musculares.
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