JORNAL A TARDE SALVADOR SÁBADO,
01 DE MAIO DE 1976
O primeiro museu do mundo
consagrado à arte latino-americana contemporânea Museu de Arte das Américas -Ama está sendo instalado, em
Washington, como uma contribuição da Organização dos Estados Americanos (OEA)
às comemorações do Bicentenário da Independência dos Estados Unidos.
O curioso é que embora alguns
museus dos Estados Unidos e na América Latina possuam coleções de arte latino
americana, não existe nenhum inteiramente dedicado à arte deste Continente.
A exposição inaugural já está
sendo organizada e incluirá trabalhos de Cândido Portinari (Brasil); Raquel
Rorner, Adolfo de Ferraria, Vicente Forti e Miguel Angel da Vida todos da
Argentina; Amélia Pelaez y Cundo Bermudez de Cuba; Alejandro Obregon e Henrique
Grau da Colômbia; Roberto Matta do Chile, Alejandro Otero, Jesus Soto e Hector
Poleo da Venezuela; os precursores uruguaios Joaquim Torres Garcia e Pedro
Figari; Rufino Tamoyo e Jospe Luis Cuevas do México; Carlos Mérida da Guatemala;
Arnaldo Morales da Nicarágua; Maurício Aguilar de El Salvador, entre outros.
A ideia partiu do representante
da Venezuela, Embaixador José Maria Machin, membro do Conselho Permanente da
Organização dos Estados Americanos. A criação do museu estaria desta forma
associada às comemorações do Bicentenário da Independência dos Estados Unidos,
o que foi aceito pelo Secretário Geral da OEA, Alejandro Orfilla.
ONDE SERÁ
O museu está sendo instalado num
prédio vizinho ao edifício principal da OEA, construído em princípios deste
século para servir de residência ao Diretor da União Panamericana, e
posteriormente, ao Secretário Geral da Organização. Com a compra da nova
residência para o então Secretário-Geral da OEA, Galo Plaza, o edifício foi
ocupado por escritórios da entidade.
Agora, está sendo readaptado,
onde serão empregados cerca de 100 mil dólares. As obras estão a cargo do
arquiteto argentino German Framinam.
Além de dispor de vários salões
para as exposições permanentes, contará com uma galeria de esculturas e uma
sala de projeções, onde serão exibidos películas sobre assuntos artísticos. Os
jardins que circundam o prédio serão também utilizados para exposições de peças
de escultura. Sabe-se agora que quem primeiro pensou na criação deste museu foi
o chefe do Departamento de Artes Visuais da OEA, José Gomez Sicre, que dedicou
toda sua vida ao fomento das atividades artísticas. Amigo de grandes mestres
como Picasso, Matisse e Henry Moore, e um dos mais renomados conhecedores e
críticos da arte latino-americana, Gomez Sicre considera a criação deste museu
o ponto culminante das atividades empreendidas pela OEA no setor das artes
visuais neste últimos 30 anos.
O museu contará a princípio com
obras da coleção permanente da organização, cujo acervo teve início há cerca de
20 anos, por iniciativa do Sr. Luís Quintanilha, então Embaixador Permanente do
México no Conselho da OEA.
As obras foram obtidas por
aquisição direta aos artistas, doações de entidades privadas e de
colecionadores particulares, entre eles o Sr. Nelson Rockefeller, atual
Vice-Presidente dos Estados Unidos.
A inauguração do museu está
prevista para 12 de outubro, data em que foi descoberta a América.
Por outro lado, além da criação
do museu a OEA está pensando em realizar um seminário de intelectuais
especialistas em história da arte no Século XVIII e museografia.
CENAS DA VIDA BRASILEIRA
1930-1954
A série Cenas da Vida Brasileira
1930/1934 foi iniciada em janeiro de 1974 e nada mais é do que um conjunto de
telas que retratam momentos importantes da vida do país. Ele ampliou com uma
suíte litográfica de 100 imagens, a maioria em preto e branco, em uma técnica
direta, quase de um ilustrador, como define o autor João Câmara Filho. Já dois
anos depois o artista tinha concluído uma série de litografias em seu estúdio
no Recife.
A exposição está no Museu de Arte
Moderna, do Rio de Janeiro, onde vem sendo alvo de grande afluência de público
e recebe os aplausos da crítica especializada do sul do país.
Ele faz questão de ressaltar que
as cenas retratadas não devem ser tomadas como um documento de época, mas uma
projeção pessoal sobre um conjunto de fatos, imagens e efígies mais ou menos
atemporais. Daí a explicação da mistura num mesmo trabalho de pessoas que
ocupam cargos e estiveram em postos, em épocas diferentes. Assim ele transita
livremente sobre os fatos históricos sem a preocupação de que suas telas devem
ser vistas como documentos.
Em certos trabalhos notamos
principalmente a encenação como um ato teatral onde não foi obedecida como no
documentário, aqueles parâmetros necessários que determinam a autenticidade do
objeto. Luís Câmara Filho quis criar, e conseguiu livre de qualquer norma, que
viesse influir ou melhor delimitar o seu trabalho.
A teatralidade das cenas importou
como uma técnica de composição surgida no mesmo momento da revelação
psicológica ou dramática da presença de personagens ou cenas traumáticas. A
teatralização esses traumas é paralela à própria enumeração de eventos
históricos do período, um assassinato em 1930, o centro da cidade do Recife, A
deflagração de uma revolução, a estabilização e o exercício da força do poder
revolucionário, a domestificação e o ruir deste poder, um atentado, um suicídio
no Rio de Janeiro. Nesse espaço convulso instala-se um espírito de new deal e
de modernização e atualização da vida no país, burocrática e culturalmente.
Cristaliza-se a arte moderna Portinari dá sua versão desta modernidade.
A passagem traumática desse
período; a transformação da domesticidade, a falência do espírito urbano em
face da nostalgia e do cerco agrário, a freqüência da anedota política e
burocrática como resposta à inadequação da vida doméstica à visa pública, são
atos da cenas históricas que terão seu equivalente nas cenas inventadas. Não
são cenas agradáveis. Por mecanismo de defesa, as más lembranças se apagam,
deixando apenas as amenidades.
Mas isto é válido para quem viveu
o período e não para quem veio depois, tropeçando nas seqüelas.
Neste sentido, as cenas pretendem
uma contemporaneidade. Não a contemporaneidade da paródia, pois tudo mudou, mas
a contemporaneidade lançada pela sua própria presença.
Esta presença, que corresponde a
própria estrutura visual das Cenas ou à sua teatralidade de quadro vivo com
atores imobilizados, constituiu-se em arco reflexo durante a própria elaboração
da série. Era preciso que cada atorou cada situação correspondesse a um plano
geral concebido, mas ainda em
formação. Como no teatro, era previsto vestir-se no
personagem para operar num campo de situações reais. Desdobrar esse instinto
paranóide em uma estrutura crítica, ou melhor, numa estrutura técnica, foi
tantoo meio como a finalidade responsável pela condução da série.
Morreu aos 85 anos de idade o
pintor norte-americano Mark Tobey, em conseqüência de uma forte gripe seguida
de bronquite, segundo informou seu secretário Henrich Ritter.
Este artista ficou famoso somente
aos 65 anos de idade, como um grande pintor abstrato. Por isso costumava
aconselhar aos jovens colegas que tivessem paciência e perseverança.
Ele foi carpinteiro e seguiu para
Paris onde uniu-se a um grupo de artistas terminado por abraçar a pintura como
profissão, da qual tornou-se um dos expoentes da atualidade. Ele morou em
várias cidades da Europa, terminando por se fixar em Basiléia, na Suíça, onde
veio a falecer.
Ao lado o pintor Mark Tobey e algumas obras desua autoria.
Ao lado o pintor Mark Tobey e algumas obras desua autoria.
MUSEU DO ESPAÇO TEM MURAL GIGANTE
Vai ser inaugurado nos Estados
Unidos, na cidade de Washington, o Museu Nacional de Aeronáutica e Espaço. ( National Air and Space Museum - Nasm). Uma
pintura denominada The Space Mural - A Cosmic View, de autoria do artista norte americano
Robert McCall, saudará os visitantes no saguão do novo museu. Como uma
dependência da tradicional Instituição Smithsoniana, o museu deverá ser aberto
ao público no próximo dia 4 de julho, quando se celebrará o 200.º aniversário
da Independência dos Estados Unidos. O enorme mural em forma de L, exibe a
colocação da bandeira norte-americana em solo lunar, pelos astronautas da Apollo II.
WALDO ROBATTO, UM ESTREANTE
Desde o início de sua
escolaridade que o jovem Waldo Robatto Filho vem se dedicando à pintura. Já
participou de alguns salões infanto-juvenis onde tem se destacado,
especialmente pela expressão que consegue colocar em suas telas. A princípio
quem observa os quadros de Waldo pensa ser ele uma pessoa angustiada, mas na
realidade é um garoto cheio de vida e completamente integrado.
É claro que não posso negar a
qualidade do trabalho de Waldo levando-se em conta sua pouca idade. Porém, não
podemos apenas render excelências porque ele tem muito a percorrer, inclusive
na escolha ou no encontro de uma temática livre e criativa. A cópia de figuras,
mesmo que esteja bem feita tecnicamente é sempre uma cópia. É preciso criar porque
somente assim ele será um artista respeitado.
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