JORNAL A TARDE, SALVADOR , SÁBADO, 26 DE
OUTUBRO DE 1974
O sergipano Jenner Augusto está
comemorando 50 anos de idade e 30 de pintura. Sem dúvida é um dos pintores da
Bahia com trabalhos nos principais museus do Brasil e do mundo. Ele recria a
paisagem de Alagados, e suas figuras são realmente palpitantes. A retrospectiva
partiu da iniciativa de Jorge e James Amado, mas coube ao crítico Roberto
Pontual o planejamento e a montagem da exposição e também a coordenação de sua
obra. Foram expostas 200 peças,
ocupando grande parte do Museu de Arte Moderna do Rio, com grande sucesso da crítica e público.
ocupando grande parte do Museu de Arte Moderna do Rio, com grande sucesso da crítica e público.
O livro de Roberto Pontual sobre
Jenner é o segundo volume da coleção que a Editora Civilização Brasileira,
dedica aos grandes artistas brasileiros.
Integrando o livro há um ensaio
crítico de Roberto Pontual sobre o artistas e a arte moderna na Bahia, com mais
de uma centena de reproduções de quadros e desenhos, além de depoimentos de
pessoas de destaque na intelectualidade brasileira.
MESTRE RÉSCALA EXPONDO NA CAÑIZARES
O mestre Réscala está
apresentando alguns trabalhos na Galeria Cañizares, até o próximo dia 31 do
corrente mês. Réscala é um pintor amadurecido, pois seus trabalhos mostram o
domínio da técnica e da cor. Suas telas bem cuidadas apresentam as figuras de tal
forma que confundimos com o real. Tudo é devidamente pensado. Desde o traço à
maneira de distribuir as cores. São pinturas suaves, singelas. Podemos afirmar
que suas telas traduzem também a calmaria que é Réscala. No seu trabalho de
restaurador passa horas e horas em frente a uma velha tela reparando àquelas
partes danificadas por insetos ou pela umidade. É um trabalho de mestre, mas
que acima de tudo exige paciência e abnegação. Sem dúvida todos os trabalhos
elaborados pelo mestre Réscala, por sua técnica, pela distribuição da cor, pela
perfeição do desenho demonstram amor e abnegação de artista.
ÁLVARO APOCALYPSE VAI EXPOR NO RIO
O mineiro Álvaro Apocalypse está
fazendo sua primeira exposição individual na Guanabara, na Galeria Grupo-B. São
bicos de pena que sintetizam trabalhos expressionistas e surrealistas, ás vezes
buscando apoio no próprio cubismo. Há muitos anos que vem trabalhando em Belo Horizonte ,
onde realizou algumas coletivas e individuais, ilustrações. Detém doze
importantes prêmios, entre os quais o Grande Prêmio de Viagem à Paris do Salão
da Aliança Francesa, em 1969, onde permaneceu um ano estagiando no Seminário de
Sociólogia da Arte (Jean Cassou na École Pratique des Hautes Études, na
Sorbonne. Ao lado reprodução de obra de Álvaro Apocalypse, tirada no Google.
Biografia extraída da enciclopédia Itaú Cultural.
Álvaro Brandão Apocalypse (Ouro Fino MG 1937 - faleceu em Belo Horizonte MG 2003). Pintor, ilustrador, gravador,
cenógrafo. Em 1956, estuda gravura em metal e litografia na Escola Guignard e inicia curso de
direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Realiza desenhos e atua como ilustrador
em várias publicações. Em 1959, leciona na recém-criada Escola de Belas Artes da Faculdade
de Arquitetura da UFMG, da qual se torna professor titular em 1981. A partir da década de 1960,
as festas populares são temas constantes em seus desenhos. Em 1962, torna-se professor da Fundação
Mineira de Arte. Sua obra apresenta caráter surrealista, a partir de 1965. Recebe o prêmio de viagem
ao exterior no 3º Salão da Aliança Francesa em 1969, então viaja para Paris e realiza curso de história
do desenho na Escola do Louvre. Cria o Grupo Giramundo de Teatro de Bonecos, em 1970, e produz cenários,
figurinos e marionetes para várias peças teatrais. Coordena o Ateliê de Tecnologia do Instituto
Internacional de Marionetes, em Charleville-Mèziéres, França, entre 1990 e 1991. Publica o álbum
de gravura Minas de Guimarães Rosa,
em 1977, pela Imprensa da UFMG, entre outros. Em 2001, é lançado o livro Álvaro Apocalypse:
Depoimento, coordenado por Marília Andrés Ribeiro e Fernando Pedro da Silva, pela
editora C/Arte.
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