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quinta-feira, 4 de julho de 2013

KAU MASCARENHAS EXPÕE 37 OBRAS NO BROTAS CENTER

JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SEGUNDA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 1989

As obras de Kau Mascarenhas demonstram
intuição e são figurativas
Poucos artistas ousam trabalhar com o papel com suporte.Alguns por preconceito. Outros porque o papel precisa de alguns cuidados para que sua potencialidade seja realmente aproveitada, e ainda por cima, necessita de alguns cuidados especiais para garantir alguma durabilidade e enfrentar as intempéries deste País tropical. Agora surge mais um artista, um estudante de Arquitetura, de 22 anos, que está trabalhando tendo o papel como suporte. Trata-se de Kau Mascarenhas que ora expõe 37 trabalhos no Brotas Center, 1º piso. Ele tem alguma experiência no campo da comunicação visual, pois já desenvolveu alguns trabalhos para uma empresa de consultoria que  atua na área da siderurgia. Teve portanto oportunidade de ilustrar manuais e periódicos de empresas como a Usiba, Cosipa e até a Xerox/Nordeste. Mas, sua grande atração não é a Arquitetura e nem mesmo a ilustração, mas a pintura. Pretende dedicar toda  sua potencialidade e talento á arte de pintar.
Já participou de algumas coletivas realizadas na Faculdade de Arquitetura e mais recentemente, teve dois trabalhos selecionados no Salão Universitário de Artes Visuais. Confesso que fui um dos jurados deste salão, mas não conhecia o Kau Mascarenhas e não lembrava de seus trabalhos, entre tantos que tivemos que examinar. Portanto, sua seleção foi fruto da qualidade de suas obras, mesmo porque se conhecesse antes de nada valeria ou influenciaria no meu julgamento. Porém chamo a atenção para não deixar qualquer dúvida, porque temos que estar prevenidos contra qualquer insinuação.
Esta é a sua primeira individual.Ele me foi apresentado por Eliane Varjão, encarregada do setor de marketing do shopping. Kau Mascarenhas está satisfeito com a presença de suas obras num espaço aberto por estar sendo vista por pessoas dos mais variados status e níveis de conhecimento.
Ele diz que no instante em que está pintando não realiza um desenho ou uma base para iniciar.
Tudo surge espontaneamente e vai dando as soluções conforme as coisas vão surgindo. É um trabalho intuitivo figurativo, mas que já demonstra uma grata possibilidade da simplificação. Isto pode se sentir com o envolvimento das figuras em manchas e contornos suaves.

JEAN DUBUFFET O CRIADOR DA CHAMADA ARTE BRUT

Uma obra de Jean Dubuffet
O fundador da Arte Bruta, Jean Dubuffet, nasceu no Havre, em 31 de julho d 1901, e desde 1908, no liceu onde estudava, tornou-se amigo de Raymond Queneau e Armand Salacrou, que se tornaram conhecidos, um pela sua poesia, humor e descrição de personagens insólitos, e o outro, pela fantasia e como um dos mais originais criadores do teatro de vanguarda. Na infância, Jean Dubuffet se divertiu em criar uma linguagem pele vermelha, imaginária e descobriu a pintura contemplando um quadro ao pastel verde espinafre, que uma mulher executava, instalada em plena natureza com seu cavalete. Em 1916, seu caminho já está traçado. Inscreve-se na Escola de Belas-Artes.
Em 1944, Dubuffet faz, em companhia de Jean Paulhan e de Paul Budry, uma viagem de prospecção a Lausanne e visita as coleções dos hospitais psiquiátricos. Descobre Wolffi, o prisioneiro de Basiléia, Aloise, os clássicos da Arte Bruta, e vê neles a projeção muito imediata e direta do que se passa nas profundezas de um ser.
Dubuffet definirá claramente essa arte em julho de 1945, em L’Art Brut Préféré Aux Arts Culturels ( A Arte Bruta de Preferência Às Artes Culturais). Com essa expressão designamos obras executadas por pessoas desprovidas de cultura artística, nas quais o mimetismo, contrariamente ao que acontece com os intelectuais, tem parte mínima ou nula de modo que seus autores tiram tudo (temas, escolha dos materiais empregados, meios de transposição, ritmos, modos de escrita etc.) de seu próprio fundo e não dos modelos propostos pela arte clássica ou pela arte em moda. Arte em que, por conseguinte, só se manifesta a função inventiva.

NOVAS INFORMAÇÕES DE EXPOSIÇÃO NA CALIFÓRNIA

Usando cipó trançados,Edson da Luz
criou Saga do Nordeste
"A exposição aqui no museu parece que vai ser um dos eventos de artes plásticas mais badalados e comentados do ano. Dezoito artistas americanos e 14 brasileiros, representando os seus países, mostrando uma variedade de técnicas e temáticas. Este será o segundo confronto entre artistas brasileiros e americanos. O primeiro foi realizado no ano passado quando da comemoração dos
100 Anos da Abolição da Escravatura.Este é o segundo, no Califórnia Afro-American Museum Foudation." Estas são algumas palavras da correspondência que recebi do artista baiano Terciliano Jr., que ora encontra-se nos Estados Unidos, onde realizará quatro exposições de suas obras recentes.
Informa ainda o artista que a expectativa dos americanos é muito grande em relação às obras dos brasileiros. Para muitos deles foi uma surpresa, para outros, a alegria do reencontro. Em seguida lembra Terciliano que a arte contemporânea afro-americana tem uma linguagem calcada em cima de poucos elementos e está em volta em sua realidade cotidiana.
Aí entram as suas limitações, porque os elos, as chamadas raízes da Mãe África já estão distantes e foram apagadas pelo processo de desenvolvimento e envolvimento cultural com uma sociedade moderna e tecnologicamente avançada. Daí a justificativa da expectativa, da surpresa, e da emoção que as obras dos artistas baianos causam aos americanos que tem alguma identidade com o afro.
Na sua linguagem simples, Terciliano nos chama a atenção que podemos ver uma obra de um Ed Clark, Bing Davis ou do mestre Claude Clark ou Mary O’Neil, os quais partiram para outros canais na tentativa de fazer o belo ou o bonito. Belo - insiste -  é a própria história deles e de seus ancestrais que criaram e criam formas artísticas expressando suas alegrias e tristezas. E o bonito é o apanhado de um movimento de uma época, onde eles fazem uma reciclagem e mostram ao mundo sua obra.
Ele ressalta que neste confronto, o artista brasileiro tem demonstrado maior riqueza, porque sofre uma influência da cultura africana muito maior, especialmente o baiano. No seu linguajar cheio de emoção. Terciliano me diz ainda:
Por isso nós artistas baianos brasileiros somos mais felizes do que os artistas afro-americanos. Eles mantém a idéia de expressão acesa, mas nós temos mas elementos e ligações e somos mais versáteis.
Movimento,acrílica ,
óleo e nanquim

Relata ainda Terciliano que os trabalhos do artista Edson da Luz foram muitos apreciados pelos americanos. Edson enviou esculturas que integraram o projeto Etsedron, que fez inclusive muito sucesso e foi premiado numa das bienais de São Paulo. Um dado importante é que o trabalho do artista baiano está exposto sem uma ambientação adequada, mesmo assim, está sendo muito apreciado.
Essa exposição irá para o Bronx Museu of the Arts, em New York, em fevereiro do próximo ano, e, depois, virá para o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.



MUSEU DO ECONÔMICO LANÇA UM GUIA PARA 
O CENTRO HISTÓRICO
O Guia do Museu Econômico serve
tanto a pesquisadores como a turistas
O Museu Eugênio Teixeira Leal e a Fundação Econômico Miguel Calmon lançaram, na última quarta-feira, no prédio do museu, um Guia de Instituições Culturais do Centro Histórico de Salvador, que será distribuído a todas as bibliotecas, arquivos e museus que constam no catálogo e á empresas oficiais de turismo da Bahia, Emtursa e Bahiatursa. A publicação visa auxiliar o trabalho de técnicos e pesquisadores das mais diversas áreas culturais, História, Antropologia, Sociologia etc, e a visitação de turistas.
Sobre as instituições citadas, todas aquelas situadas entre o Convento do Carmo e o Palácio Rio Branco, constam dados sucintos referentes ao seu histórico, acervo, condições de acesso, atividades que desenvolve, entidade mantenedora, horário de funcionamento e nome do responsável. Os dados foram coletados através de questionários, aplicados aos responsáveis pelas instituições, durante um ano, por uma equipe de técnicos (Miriam Beatriz Collares, Marina Salomé Bastos e Ângela Petitinga, coordenada pelo professor José Calasans, do Departamento de Estudos e Publicações do Museu Eugênio Teixeira Leal.
A ideia de editar o guia levou, principalmente, em consideração, que divulga essas instituições e como é possível se ter acesso a elas, pode ajudar no seu desenvolvimento e ampliação. Para prejudicar este primeiro guia percorremos uma área restrita. No próximo, pretendemos aumentar o número de instituições citadas. Porém, não sabemos ainda qual a periodicidade da edição, afirmou durante o lançamento a historiógrafa Miriam Collares. Entre as bibliotecas visitadas, estão algumas criadas há pouco tempo, como a da Fundação Casa de Jorge Amado, e outras antigas, como o Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro. Na parte de museus, 14 foram visitados, entre os quais a Casa do Benin, Fundação Pedro Calmon (Centro de Memória da Bahia, o Memorial da antiga Escola de Medicina da UFBa, e o Museu Afro-Brasileiro. Na parte de arquivos o da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Municipal da Cidade de Salvador e Casa de Ruy Barbosa, entre outros.

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