JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO, 13 DE
DEZEMBRO DE 1975
Floriano ao lado de um de seus últimos trabalhos |
Aqui chegado em 1965 vai se
instalar no bairro do Rio Vermelho com sua mulher Alice e sete filhos. Uma
prole tão grande quanto seu trabalho artístico que já ultrapassou fronteiras.
Nos quadros de Floriano todos os
espaços são preenchidos dentro de uma composição plástica onde predominam os
detalhes equilibrados. Em quase todos, uma figura maior é complementada por
outras menores que são concebidas separadas, mas que fazem parte de um todo. É
uma composição apurada, como também as tonalidades e as misturas de cores que
ele consegue. É um trabalho lírico, de um
poeta da pintura um poeta que trocou a pena pelo pincel.
Maranhense de nascimento,
Floriano Teixeira desde cedo que vem se dedicando a pintura, tendo iniciado as
primeiras aulas de desenho em
São Luís , com o professor Rubens Damasceno. Daquele ano datam
as primeiras aquarelas e caricaturas.
Em 1940 junta-se a um grupo de
artistas liderado por J. Figueredo e parte para a pintura de cavalete. No ano
seguinte realiza sua primeira exposição no I Salão de Dezembro, recebendo o
primeiro prêmio com o quadro Bêbados. Continuou pintando e em 1974 participa
da fundação do Núcleo Eliseu Visconti, um atelier coletivo que era frequentado
por Lago Burnet Lucu Teixeira e outros. Em 1950 transfere-se para o Ceará
participando ativamente com Antônio Bandeira, Goebel Weyne, Jairo Martins
Bastos, e fundam o Grupo Independentes. Em 1962 a Universidade Federal
do Ceará organiza o seu Museu de Arte Moderna e Floriano é convidado para
dirigir. Logo depois vem à Bahia, numa exposição realizada no Museu de Arte
Moderna e os convites insistentes terminaram por trazer definitivamente
Floriano Teixeira para o bairro do Rio Vermelho. Hoje é um homem ligado a Bahia
e a sua gente.
Estou repetindo pouco algumas
passagens na vida de Floriano porque recentemente publiquei nesta coluna uma
matéria resultante de uma entrevista que fiz com o artista e com base em
pesquisas num dicionário de Artes Plásticas. Acontece que os dados retirados do
dicionário estavam errados segundo informou-me Floriano. Agora corrigimos o
engano, que cometemos confiado na publicação que é considerada uma das mais
importantes no setor.
MINO CARTA, O PINCEL E A PENA
As dificuldades do exercício
pleno, do jornalismo estão desviando a criatividade de Mino Carta para outro setor: a pintura. Aos
42 anos de idade Mino Carta é responsável pelo sucesso das revistas: Quatro
Rodas, Edição de Esportes de O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Veja.
Hoje, vemos renascer com muita
força o pintor Mino Carta. Este renascimento segundo declarou é devido ao
desânimo do qual vê cercados os caminhos atuais do jornalismo, diz Mino, que é "marinheiro de uma rota difícil, quando não impossível, entre o Cabo Sem
Esperança do poder público, acostumado a assaltar a verdade, e o Cabo
Tormentoso do poder privado, representado pelo empresário, normalmente
envolvido em suas preocupações e nas de sua categoria."
Nascido em Gênova, em setembro de
1933. Mino Carta já rabiscava aos 9 anos de idade. Já no Brasil começou a
pintar. Sua família chegou em julho de 1946, a convite de Chiquinho Matarazzo, que
tentava assumir o controle e acionário do jornal Folha de São Paulo.
Seu pai Giannino Carta ia dirigir
a redação. Surgiram alguns problemas e Giannino é dispensado e daí passou a
trabalhar em editoras e outros jornais. Em 1954 foi convidado para expor seus
trabalhos no Museu de Arte Moderna, ao lado de Pancetti, Portinari, Guinard e
membros do Grupo Santa Helena. Seguiu para a Itália para trabalhar no exercício
da profissão de jornalista. Em 1960, deixa temporariamente a pintura. Mas, foi
em abril de 1974, o seu novo despertar para a pintura. Sua pintura é
estritamente metafísica, com as influências naturais do impressionismo.
A luz e a sombra tem papel
preponderante no lirismo da paisagem, da qual os homens não participam. As
fábricas e outras paisagens da sociedade tecnológica aparecem geometrizadas na
pintura de Mino Carta, um homem que sabe usar bem a pena e o pincel.
COLETIVA NA GALERIA O CAVALETE
Uma coletiva de Mini Quadros dos
artistas: Carlos Bastos, Costa Lima, Carlo Barbosa, Mirabeau Sampaio, J. Cunha,
Leonardo Alencar, Lygia Milton, Antoneto, Vivaldo Lima, Babalu, Capelotti,
Adelson do Prado, Luís Britto, Edson da Luz e outros, vai ser aberta ao público
a partir de hoje na Galeria O Cavalete. A mostra permanecerá até o dia 24.
OFICIALIZADA A SEMANA PORTINARI
A Semana Cândido Portinari anualmente
comemorada em Brodósqui, cidade natal do artista, foi oficializada esta semana
pelo Governo paulista. Uma homenagem merecida tendo em vista que Portinari é um
dos valores mais notáveis da arte brasileira, não só na virtude da alta
qualidade de sua pintura mais também em decorrência da temática nacionalista de
sua obra. A Semana Portinari será realizada anualmente na primeira quinzena de
agosto.
ÁGUA-FORTE E NANQUINS
O sergipano Zé Melo inaugurou uma
mostra de água-forte e nanquins na Galeria Gentilli, no Rio Vermelho, a qual
permanecerá até o dia 18 próximo. Segundo o artista sua arte explora uma
temática que social, através de uma fantasia mística numa linguagem
contemporânea. Ele já participou de alguns salões e está preparando trabalhos
para um salão que será realizado em Sergipe.
TRINTA E DOIS NA BASE NAVAL
Em comemoração ao Dia do
Marinheiro a Galeria Rag organizou uma mostra de trinta e dois artistas que
estarão expondo na Base Naval de Aratu em comemoração ao Dia do Marinheiro. A mostra será aberta hoje, às 20
horas, e conta com a participação de obras de Emídio Magalhães Juarez Paraíso, José
Artur, Joselito Duque, Calixto Sales, Pedroso, Antoneto ,Lafita, dentre outros.
A mostra foi organizada por Roberto Araújo e pelo tenente Sodré.
JOVENS ARTISTAS EXPÕEM NA SEMANA
DA MARINHA
Jovens expõem suas obras na Cabana da Barra |
O HOMEM DA ROSA DE PLÁSTICO
Franco Maria Ricci, está no
Brasil. É o homem que usa uma rosa de plástico de cor vermelha na lapela. É um dos mais famosos editores de livros de arte do mundo.
O editor Franco Maria Riici em ação,com sua rosa vermelha |
Ele não pretende apresentar
Picasso ou Michelangelo e sim desvendar coisas. Não gosta dos projetos feito
por Aleijadinho de pedra-sabão, mas ama as
lindas esculturas em madeira pintada. Para ele essas imagens tem grande influência oriental, os olhos são puxados, doces e grotescas. São alguns dos documentos
mais importantes da escultura brasileira. O editor vai reservar um ano só para
ele. Há sempre uma razão cultural atrás de seus livros. E a arte brasileira só
tem a ganhar com a presença do homem da rosa de plástico vermelha na lapela que
começa a descobrir nossas riquezas.
IRA DE FARO DE VOLTA
Encontra-se em Salvador a artista
Ira de Faro, cujo nome é civil é Iranice de Faro Teles.Ela está fora há vários anos
realizando exposições coletivas e individuais no sul do país.Agora ela volta e está pintando
sem parar para uma exposição que fará ainda este ano.O local da mostra ainda não foi
definido.Seus trabalhos exploram a
temática folclore e são muitos disputados na Praça da República e em galerias
paulistas.
COLETIVA NO HOTEL BAHIA DO SOL
Um grupo de artistas baianos está
expondo no hotel Bahia do Sol, entre os quais Rosa Alice, Dulce Schaeppi,
Roberto Alcântara e Ana Georgina. A mostra foi inaugurada ontem, às 21 horas.
Eles estão unidos com o mesmo objetivo: pintar.
Acontece porém que cada um se
manifesta completamente independente do outro. É um grupo homogêneo, na
unidade, nos objetivos, na amizade e heterogêneo no momento da criação. As diferenças existem na individualidade dos trabalhos apresentados pelos sete
expositores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário