JORNAL A TARDE SÁBADO, 06 DE
DEZEMBRO DE 1975
Uma das mais famosas telas de
Pablo Picasso a Guernica poderá ficar definitivamente nos Estados Unidos, de
acordo com o desejo da viúva do pintor.
A tela foi pintada depois de um
bombardeiro da aviação franquista que arrasou a cidade basca do mesmo nome,
permanecerá no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque até que o regime
republicano volte a ser instaurado na Espanha.
A decisão foi tomada esta semana
pela viúva do artista, Jacqueline Picasso, devido a algumas afirmações surgidas
em todo o mundo segundo as quais, com a morte de Franco, a tela deveria ser
enviada à Espanha.
Para ela nada mudou na Espanha
adiantando que Picasso lhe recomendara que o quadro pertencia à República Espanhola
um regime que, obviamente nada tem a ver com o governo instalado em Madri.
A TELA
Guernica foi pintada no dia 26 de
abril de 1937, logo depois que Picasso soube da destruição da pequena cidade
medieval basca pela aviação das forças franquistas.
O autor dava tanta importância a
obra que pouco antes de morrer ditou ao advogado da família as disposições
referentes à posse do trabalho, acentuando, segundo sua esposa Jacqueline, que
em hipótese alguma poderia ser levada para a Espanha enquanto persistissem
neste país resquícios do regime instaurado por Franco.
NA GALERIA CAÑIZARES
Vários estudantes de Belas Artes
selecionaram alguns trabalhos numa mostra intitulada Exposição Didática em
homenagem ao Eng. Américo Furtado Simas, no centenário do seu nascimento.
ARTE AGORA 1/BRASIL 70-75
Numa promoção do Jornal do Brasil
está sendo programada a exposição Arte Agora 1/ Brasil 70-75 que terá lugar no
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Esta mostra ia substituir o Salão de
Verão, que vinha sendo realizado desde 1969.
A nova exposição é de âmbito
nacional, admitindo com o objetivo de divulgação e desenvolvimento das artes
plásticas. As inscrições estão abertas até o próximo dia 15 do corrente.
Além dos concorrentes inscritos
serão convidados vários artistas pela Comissão Coordenadora, e este convite
ocorrerá na primeira quinzena de janeiro de 1976 para isto os membros da
comissão se deslocarão para várias capitais brasileiras.
Os interessados devem enviar
toda a documentação curricular ou seja: roteiro biográfico, críticas,
catálogos, fotografias para o crítico Roberto Pontual Jornal do Brasil, Avenida
Brasil, 500, redação do Caderno B. Rio de Janeiro.
Serão conferidos prêmios aos
primeiros colocados.
Prêmio Conde Pereira Carneiro
oferecido pelo Jornal do Brasil e constituído de uma passagem aérea
Rio-Paris-Rio e Cr$ 10 mil cruzeiros de ajuda de custo.
Serão conferidos Prêmios de Aquisição Light, no total de CR$ 50 mil. Os artistas que desejarem participar
da mostra e não concorrer a qualquer um dos prêmios poderão fazê-lo.
Esta mostra é a mais flexível que
o conhecido Salão de Verão, dedicada em cada ano a um aspecto distinto da
criação no âmbito das artes visuais, de acordo com a análise prévia das
circunstâncias e constantes do momento. Para esta primeira mostra, que será
realizada em março de 1976, o tema já fixado será uma tentativa de levantamento
dos artistas que surgiram e/ou se afirmaram no Brasil entre os anos de 1970 e
1975, nas diversas modalidades da criação visual.
ANA PINTO NO SHOPPING CENTER
Ana Pinto com obra de sua autoria |
Espero que a agressividade de Ana
Pinto seja encaminhada, ou melhor seja canalizada para a criação.
Confesso que gosto muito do
trabalho dela embora não concorde com suas afirmações ás vezes até
despropositadas contra seus colegas. Minha opinião é que se um trabalho é bom
que seja imitado. Se é imitado é porque tem algo de positivo. Então vamos tocar
o barco para a frente e tentar criar,
inventar coisas novas. Não adianta esbravejar no deserto. É preciso ter
serenidade porque inclusive o ato de criar exige de certa forma uma calma
espiritual que não se consegue esbravejando.
UMA RARIDADE EM EXPOSIÇÃO
Dentro de sua programação
cultural, a Galeria Sereia, localizada no Largo do Pelourinho apresentará aos
baianos uma raridade bibliográfica : o livro O Paraíso, O Purgatório e o Inferno,
escrito por Dante Alighieri, com ilustrações do surrealista Salvador Dali. A
tradução é do professor Alexandre O’Neill, de naturalidade portuguesa. Este
livro tem apenas 100 exemplares e um desses será apresentado pelo marchand
Dimitri Ganzelevitch, antes do Natal.
ANTUNES DE VOLTA
Rosa Verde, trabalho do pintor e arquiteto Antunes |
Um grande detalhe nos seus
trabalhos é o jogo do quadro intitulado Trapiche Branco, que está reproduzido
no catálogo de sua exposição.
Antunes nasceu na cidade de Bebedouro,
estado de São Paulo. Formou-se em Arquitetura em 1961, pela Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, assumindo o cargo de professor assistente
da cadeira de Paisagismo, até 1973.
Freqüentou vários cursos de arte,
gravura e desenho, além de realizar um vasto trabalho no campo de paisagismo.
Pouco a pouco Antunes vem se desligando da Arquitetura e dedicando-se de corpo
e alma a pintura, um a grande realização individual.
Este artista, embora paulista de
nascimento, e residindo por lá, está intimamente ligado à Bahia, porque sua
primeira exposição do ponto de vista profissional foi na Galeria Círculo. É certo que já tinha participado de
alguns salões, mas não com uma preocupação profissional porque seu trabalho
mais efetivo era a arquitetura.
Daí em diante realizou outras
exposições: setembro de 1974, mostra individual na Galeria Itaú, São Paulo,
setembro de 1975, participa do 7º salão de Ecologia, São Paulo; outubro de
1975, mostra individual Galeria Itaú.
Ele trabalha num espaço quase
irreal! Onde o casario surge ao fundo tendo à frente árvores com suas copas
volumosas e o piso destacado. O trabalho de um arquiteto capaz de recriar e
mesmo de jogar para a tela uma cidade mágica como Salvador. Muitos já pintaram
a Bahia, especialmente Salvador, mas afirmo que Antunes é um dos poucos que
soube pintá-la, com sua sensualidade , tranqüilidade.
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