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domingo, 12 de agosto de 2012

VISUAIS - JOSÉ ARTHUR INOVA A PRODUÇÃO - 22 DE FEVEREIRO DE - 2000


JORNAL A TARDE, TERÇA-FEIRA, 22 DE FEVEREIRO DE 2000.


                          JOSÉ ARTHUR INOVA A PRODUÇÃO

Podemos dizer que Zé Arthur tem o temperamento do pacato cidadão. Daqueles que, calmamente, vão buscando espaço sem muito alarde e concorrência acirrada. Vai, calmamente, construindo a sua passagem sem os atropelos, comuns a tantos outros artistas. O conjunto de sua obra nos dá uma prova concreta de que nada acontece por acaso. Tudo é construído com racionalidade, com convicção, num procedimento coerente e, assim, vai criando um mundo imaginário, rico em criatividade. 
Olhando sua trajetória pictórica, podemos dizer que J. Arthur vem evoluindo a cada exposição, a cada série de trabalhos que apresenta, desde as paisagens marinhas, naturezas-mortas e, agora, com um grupo de obras em que a pintura sobressai.
No silêncio do atelier, o artista concretiza aquele momento da espiritualidade criativa e o materializa em cores e formas que não se repetem, surgem com um conteúdo inovador. Diz Arthur que “a proposta do artista deve sempre trazer no seu conteúdo uma verdade; principalmente para consigo próprio, pois estará contribuindo com a cultura, ampliando de maneira que seus subsídios nos façam ser atendidos na sua função, no seio de qualquer sociedade”.
Acima reprodução da obra recente de José Arthur.

                                                  MODISMO
Não podemos conceber J. Arthur abraçando modismos. Estes ismos passam quase ao largo. Está mais preocupado com as transformações. Com a influência de movimentos que venham realmente traduzir-se em contribuições valiosas para o desenvolvimento da arte. Portanto, além de pintar, J. Arthur é um artista engajado no conhecimento, engajado na atividade. Esse engajamento não nos confunde com o engajamento político, que tanto desgasta.
Na realidade, o artista deixou o figurativo e o paisagismo para construir uma série de obras com tendência à verticalidade e inspiradas no bambu ou mesmo na cana-de-açúcar, planta tão ligada ao desenvolvimento do nosso País.
O mestre Wilson Rocha, pelo qual tenho um apreço especial, escreveu sobre o artista: “Autonomia plástica e vigor criativo sustentam a lúcida e experiente linguagem para a pintura de J. Arthur, artista de uma dimensão temporal considerável, agora subordinando o efeito decorativo a uma ação dramática eminentemente pictórica, que evidencia uma maior potencialização das formas em sua força gravitacional e mais pureza no lirismo na cor”.
Para finalizar, fiquei muito feliz com essa evolução de J. Arthur, principalmente, porque sua obra tem qualidade e movimento. Vejo os elementos com belas transparências, vejo-os como se fossem um canavial etéreo, onde as folhas cortantes não aparecem, mas apenas os caules adocicados, que dançam como verdadeiros bailarinos ao som das notas de Tchaikovsky. As composições nos encantam e o movimento convida nosso olhar a bailar também.


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