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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O FASCÍNIO DE MARCO AURÉLIO - 26 DE JULHO DE 1982.

JORNAL A TARDE ,TERÇA FEIRA , 26 DE JULHO DE I982.


O FASCÍNIO DE MARCO AURÉLIO NO HOTEL MÉRIDIEN
O Fascínio começou cedo. Seu primeiro trabalho foi uma gravura em tamanho natural da eterna Miss Brasil, a baiana Marta Rocha. Por volta de 1962, chegou a Salvador para curtir a paisagem tropical que tem direito. Reapareceu continuando a fascinar o público já conquistado em sua vida como modelo ajudando a vender perfumes, panos, camisas, saias e vestidos completos nos quais vinham pintados desenhos seus. A paisagens mais fascinantes, com sereias, pavões, fundo de mar, o azul do mar e as tonalidades do pôr do Sol visto do Porto da Barra.  Era a Bahia dando régua e compasso ao artista, segundo ele.
São vinte trabalhos que estarão sendo mostrados a partir do dia 30 no Hotel Méridien, lado a lado com as araras, uma feliz coincidência, porque as pessoas poderão confrontar o real com as fantasias. Certamente o ambiente estará mágico no dia da vernissage, com o artista revelando gostar de pintar a mulher, transformada em sereia, “ como se elas estivessem saindo da água”.
Quando um artista se dispõe a falar de outro, é porque no mínimo, reconhece valor no seu trabalho, gosta, aprecia ao ponto de recomendá-lo ao público e foi assim que o pintor baiano Carlos Bastos falou do emergente artista plástico macaeense Marco Aurélio.
“Não estou aqui para julgar o artista e sim para apontar no meio das artes plásticas locais sua aparição. O próprio pintor é naturalmente um denunciador da sua própria alma, da sua própria existência interior e Marco Aurélio se vê, através da sua multiplicidade, uma herança de vida cheia de herança prematura, uma vida sofrida em um ser alegre. As influências e os “ leit motives” herdados das suas experiências anteriores, tecidos, em movimento com a moda e conhecimento vasto da espécie humana.
Esta é a primeira apresentação de seu trabalho ao público e isto para todo artista é como encontrar-se em estranhos labirintos, do qual ele certamente encontrará saída no decorrer da sua própria carreira. Sua pintura, nem folclórica nem tropicalista, emana a alegria e a nostalgia carnavalesca, irreverente da nossa época e dos nossos jovens, como uma acrobacia circense de força alucinatória, criando fundos e cenários de folhinhas de calendário kitsch.
Julgar um artista é difícil para outro, especialmente quando se é confundido com a admiração pelo seu modo de viver e ser. Sua personalidade desengajada, livre, boêmia, sábia e inteligente.
Conheço-o há vários anos, nas noites do Rio, nos vôos internacionais de viagens de sonhos... me lembro uma vez, ouvi alguém me chamando em uma noite em Londres , há uns dez anos. Era ele saindo de um nevoeiro , fog, como um fantasma Apolínio no meio da noite sorridente. Como é cheio de surpresa, vivo, inteligente e curioso, se espera sempre que ela saía de repente de uma e entre em outra.Possa mudar totalmente o estilo, de forma e de desenho porque nele há este fogo na procura do saber, da liberdade de mudar quando quer e é preciso. Desta vontade frenética de transmitir o seu mundo e sua alma ao outro, ele é capaz de desagregar a ordem racional das coisas, das cores, e das formas convencionais. Aonde estava um olhar, já sobre uma dilatação fixa e estúpida pupila militante. Aonde está a cavidade de um olho há agora um arrepio de loucura, de doçura, de medo ou de amor, porque são agora: sereias, virgens ou mulheres, podem ser inconseqüentes demônios tentadores, envolvidos pela natureza irremediavelmente tropical.
Suas personagens se instalam provisoriamente entre frutos, flores, pavões, bicos e pássaros e paraísos e repousam no estado de alma atual. Sua fantasia não é gratuita.Ela é desejada, pura e autêntica. Por isso não podem julgá-lo apressadamente. É fascínio.(José Heraldo)
INFLAÇÃO GALOPANTE ATINGE MERCADO
DE ARTE ARGENTINO
 
Nos últimos dias foram registrados em Buenos Aires excepcionais operações no mercado de arte, tendo os principais lances triplicado frente às estimativas iniciais.
As quantias alcançadas por pinturas, pratarias antigas, moedas, antigos relógios de ouro e esmalte, jarros, tapetes, móveis, biombos pintados com miniaturas de paisagens e pássaros, e outros objetos artísticos raros superaram as espectativas mais otimistas dos vendedores, e causaram surpresa, mesmo que possa parecer que já não existe mais surpresas num país onde o dólar subiu 300 mil por cento desde 1948.
Os especialistas, àqueles que dizem entende  a kafkiana - mais que esotérica - economia argentina, acreditam que a incerteza no mercado financeiro habituais e expectativa de alta taxa de inflação constituem duas das principais causas do espetacular auge no mercado de obras de arte.
Estão reduzindo - senão desaparecendo -  as alternativas convencionais de investimentos, pelo que o argentino muito ávido de dólar se apressa em colocar seu dinheiro em outros meios de reprodução, já que não pode adquirir as verdes divisas norte americanas porque as agências de tropa proibem sua venda a particulares por decreto oficial.
Quem pode comprar dólar na Argentina, quando a mirífica moeda dos Estados Unidos acaba de bater todos os recordes de alta da história do país, colocando-se a 36 mil pesos com aumento de 300 mil por cento desde 1948, um e oitocentos por cento em um ano, 260 por cento em seis meses e 140 por cento em 48 horas?
Os argentinos - os que podem -  claro, estão se lançando à compra de terra, automóveis, quadros, jades,ou estatuetazinhas de Tânagra. A febre de investimento, de economizar, de capitalizar-se, está para substituir a febre do dólar, divisa a ponto de converter-se, agora mais que nunca, na essência da alma dos argentinos. Vamos às provas: em um primeiro leilão realizado recentemente na Naom , uma das mais tradicionais casas do ramo, algo assim como a Sotheby’s portenha foram pagos 3 mil dólares por uma mesa colonial de jacarandá, um trabalho criolo com românticas flores violetas. Outra mesa , esta no estilo Luiz XVI foi vendida exatamente pelo dobro, é importada, disse um entendido.
Mas o recorde de móveis foi batido por uma cômoda, também importada, francesa, estilo regence,por 10 mil dólares.
Em matéria de pinturas, as obras européias alcançaram os lances mais altos. Um Corost, por exemplo foi vendido por 8 mil dólares.O recorde local, rio-platense  pelo menos, foi estabelecido pelo uruguaio Carlos Gallero, que vendeu um óleo por 3.500 dólares.
Em outra sala pagaram 3.500 dólares por uma escultura de Rodin. Os especialistas do mercado de obras de arte sublinharam que os investidores estão retirando-se do sistema financeiro e atirando-se como o gavião sobre a pomba -  sobre bens poupáveis.
Destacaram , ainda, que nas últimas operações importantes a maioria dos compradores não era colecionadores conhecidos, nem mesmo afeiçoados à arte, mas pessoas mais ou menos jovens e mais ou menos ricas que queriam comprar para investir.
                                                      MURAL
ZÉ MARIA – Está expondo na Galeria O Cavalete o  pintor Zé Maria, ( não confundir com o outro das belas telas enfocando os canaviais pernambucanos). Este que expõe agora é natural de Conceição do Coité e ainda não tem a bagagem artística do xará. Fui à abertura de sua exposição que marcou a volta da Galeria O Cavalete a seu antigo lugar.Jacy conseguiu reunir muita gente que aprecia os quadros de Zé Maria. Ele mostra marinhas e casarios ( Foto1).
 ANA PINTO – está comunicando que continua escrevendo seu livro sobre cores onde colocará 2.500 tonalidades diferentes e fornecerá informações para os interessados conseguirem até 10 mil variações de cor. Quantos às críticas emitidas pela artista ao professor Israel Pedrosa e às pessoas que o convidaram a dar um curso na Bahia não procedem e não devem ter ressonância.
 RECICLAGEM – Com o objetivo de proporcionar especialização aos professores da área de Educação Artística da rede oficial de ensino o GT Art /  Fundação Cultural do Estado está realizando, no 3º andar da Biblioteca Central, o Curso de Reciclagem que se estende até o dia 6 de agosto com atividades práticas e teóricas diárias. O curso tem a participação de 30 professores que aprimoram seus conhecimentos em Teatro, com o professor Ilo  Krugli; Artes Plásticas , professor Waldir Sarubbi; Dança, professor Rolf Werner Gelewski;Redação Criativa, professora Ana Maria Soares Marinho; Cultura Popular – Música, professor Fernando Léleis e Metodologia do Ensino Criativo, que encerra as atividades do curso, será ministrado pela professora Fanny Abramovich.   Para Maria Mutti, coordenadora do curso. "É no aprimoramento do recurso humano que teremos de centrar nossas expectativas de uma reconstrução de arte / educação, como o estudo do homem através da arte. A Lei de Diretrizes e Base da Educação, de 20 de dezembro de 1961 , teria propiciado largas possibilidades de mudanças nos critérios do ensino de arte, se tivesse sido acompanhada de uma preocupação e de um instrumento eficaz para a formação de professores de arte. A ausência de uma política de formação e treinamento de recursos humanos impede a renovação, dando lugar apenas a uma mudança de rótulos”.
ROUBADO E RECUPERADO – O Frontal do altar todo em mármore do famoso escultor da Renascença italiano Andrea Della Robbia foi reoubado e agora recuperado pelos Carabineiros, do Departamento Tutela do Patrimônio Artístico. O precioso Tríptico mostra a figura de Jesus Cristo que sai do sepulcro, tendo ao lado  a Madonna de São João. Os ladrões roubaram a peça do Convento de Santa Maria das Graças de Arezazo, a qual está estimada em cerca de 2 bilhões de liras italianas ( Foto 2).
 MAGNÓLIA EXPÕE – A Fundação Museu da Cidade do Salvador, da Prefeitura, no Largo do Pelourinho, 3, reabre sua galeria com a exposição da artista plástica Magnólia Arnaut de Andrade, que dá continuidade ao projeto de Eco Museu criado em 1968 para promover os novos artistas baianos. Magnólia Arnaut, artista plástica, primitiva, expõe 28 telas sobre o tema Instante de Mim, que aborda motivos profanos e religiosos, transmitindo uma atmosfera de magia e descontração, aspectos típicos da art bruit.
A exposição pode ser visitada das 8 às 12 e das 14 às 18 horas, durante vinte dias. Além das telas de Magnólia, o público terá oportunidade de conhecer o variado acervo do Museu que apresenta a Bahia e principalmente a Cidade de Salvador em todos os     aspectos culturais.

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