JORNAL A TARDE SALVADOR,
TERÇA-FEIRA, 13/03/2001
AS MULHERES SENSUAIS DE NIDE
Falar da sensualidade da mulher
brasileira é cair no lugar comum. Mas não posso deixar de falar da sensualidade
que Nide consegue transmitir nas negras que ela pinta enaltecendo a beleza da
raça dessas mulheres, que no seu mundo onírico povoam as suas telas.
Reprodução da obra que ilustra o catálogo. Está perfeita...
Segundo a artista, as negras
escravas utilizavam a sensualidade para conquistar os amos e muitas conseguiram
posições privilegiadas com esse artifício. Verdade ou não, o que observamos nas
figuras pintadas por Nide são mulheres belas e muito sensuais, com olhares
fortes, penetrantes e corpos perfeitos. Os seios parecem furar as vestes e
quando estão desnudos mostram rigidez e plasticidade. Atualmente, ninguém na
Bahia pinta tão bem as mulatas e negras como a artista Nide.
Ela tem muita sensibilidade, e a
leveza de traço permite detalhar ao limite as rendas utilizadas por suas
personagens.
O jogo que faz com a indumentária
das mulheres, os belos e coloridos torços com movimentos múltiplos contribuem
para dar às composições maior beleza. Vale a pena visitar a exposição de Nide,
que está na Casa do Comércio, na Avenida Tancredo Neves, até 25 do corrente.
INTERMÉDIO, DE MAXIM MALHADO
O artista plástico Maxim Malhado
está apresentando até 18 de abril, no Instituto Cultural Brasil Alemanha,
mostra que tem como título Intermédio. É composta de três obras dispostas da
seguinte forma: na sala 1 está a instalação Procuro um Texto Azul, resultado de
uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo há algum tempo, que tem como ponto
de partida uma observação a respeito do grafismo que ele mesmo divide e de
certa forma faz um confronto psicológico, social e antropológico entre o que
ele chama de Grafismo Urbano e Grafismo Rural. Apropriando-se das paredes da
galeria, Maxim desenha e escreve textos de sua autoria, repetindo dessa forma o
mesmo gesto feito pelos grafiteiros, refletindo questões do próprio cotidiano.
Segundo o artista, no grafismo
Urbano a necessidade é de existência, ou seja, o grafiteiro quer dizer “eu
existo”, enquanto q eu no grafismo Rural
a necessidade é de expressar e de tornar real a idéia e a própria vida, no qual
quer dizer “eu vivo”. A segunda obra- Intermédio- parte do princípio
construtivo da própria linha, debruçado, sobre a ação dos lenhadores do
Recôncavo. Já na terceira- Sobressalto-, ele utiliza ripas, barrotes, sarrafos
de madeira, em que amplia o próprio gesto e dá continuidade à construção da
linha.
MOSTRA DE ROSA CRAVO
Será no próximo dia 20 a abertura da exposição de
Rosa Cravo, a qual permanecerá até o dia 31 na Galeria Panorama, no Rio
Vermelho. Nascida em 1926, portanto com 75 anos, em Aracajú, Sergipe, porém a
maior parte de sua existência viveu e ainda vive em Salvador, onde está passando
atualmente por uma fase repleta de criatividade e de vontade de se expressar.
As suas aptidões para a pintura foram reveladas em 1972, quando Rosa começou a
pintar na Panorama, com o professor
Euler de Pereira Cardoso. Para a artista, foi Euler o responsável pelas
primeiras lições sobre a pintura e quem a despertou para as artes. Em 1974,
Rosa Cravo Guimarães fez sua primeira exposição individual, na mesma galeria, e
após todos estes anos em que pintou, esporadicamente, com o objetivo de
presentear os filhos, afilhados e parentes, ela resolveu mostrar ao público o
resultado de sua persistência.
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