JORNAL A TARDE SALVADOR,
TERÇA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2001
MUNDO ABSTRATO
E este artista, com a
sensibilidade inata, consegue reproduzir flagrante de um mundo marcado por
rabiscos, anotações, pinturas, colagens. Ele cria um mundo abstrato, no qual,
de quando em vez, aparecem volumes de objetos indefinidos. Tenho admiração pela
obra de Elder e, nessa mostra, o que mais me chama a atenção é a capacidade
dele em combinar cores.
A tela Abstrato , em acrílica de 80cm x 120cm.Parecem duas telas distintas.
Não são cores cruas, elas surgem
diluídas determinando espaços, o que nos permite até imaginar vários quadros
numa só tela. Diante de uma delas, pude fazer um exercício lúdico e construir
cinco pequenas obras verticais, caso fosse possível reparti-la.
Claro que é um mero exercício.
Suas telas em acrílica não são simples obras decorativas, porque elas têm um
significado muito mais profundo. Merecem estar em qualquer conjunto de obras
que se deseje escolher para compor o acervo de uma importante coleção ou mesmo
de um museu de obras contemporâneas.
FERJÓ E SUA CAMINHADA
O artista baiano Ferjó, radicado
nos Estados Unidos há vários anos, continua a carreira de sucesso, e, vez por
outra, retorna a Salvador, para fortalecer as raízes e visitar a família e amigos.
O artista tem um contato com uma rede de galerias, que somam 33, espalhadas por
várias cidades americanas, a Wentworth Gallery. Devido a este contrato,
atividade de pintor é muito intensa porque, além de comercializar as telas, ele
trabalha também visando à reprodução de algumas delas, que são vendidas a preço
mais acessíveis. Posso afirmar que Ferjó é um dos artistas de origem brasileira
mais bem sucedido nos Estados Unidos. Muitos trabalhos dele mostram salas,
corredores e quartos, tendo nas paredes obras de artistas consagrados, como
Picasso, Leonardo Da Vinci, Miró, Magrite e muitos outros. Essa capacidade tem
chamado muito atenção de críticos e colecionadores americanos, além, é claro,
da qualidade técnica. Os efeitos da luz, o detalhismo dos objetos, são também
destaque nas obras.
OLNEY SÃO PAULO
A história do País Basco está
longe de ser tranqüila. Pela localização geográfica, esta terra de pastores viu
passar povos e governantes diversos. È o que garante atualmente a presença de testemunhos
históricos muitos ricos, misturados com a incerteza de suas origens, sobretudo
da língua basca, euskara. O País Basco- assim denominado e reivindicado pelos
bancos- é hoje dividido em duas partes. Uma, sob ocupação francesa, depois de
1879, que são as províncias de Labourd, Basse Navarre e Soule; outra, sob
domínio espanhol depois de 1800, que são Guipuzcoa, Biscaye, Alava e
Haute-Navarre. Destas, são pseudoautônomas: Guipuzcoa, Biscaye e Alava, mas a
preço de sangue, num conflito marcado pela intolerância dos governantes franco-
espanhóis, que se recusam a negociar com os líderes separatistas do povo basco,
gerando uma guerra com os extremistas bascos, outrora livres da
clandestinidade.
Esta exposição recebe o nome de
EusKadi To Askatasuma ou País Basco e Liberdade. O interesse pelo o tema nasceu
por causa das origens bascas do baiano Olney São Paulo, filho do cineasta do
mesmo nome, e que tem um desejo de paz que só pode ser encontrado a partir da
própria liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário